quarta-feira, 7 de julho de 2010

Repouso no Espírito Santo, Visões e Dom de Línguas.

Entendendo a "RCC", os Novos Carismas e os Dons Extraordinários do Espírito Santo.

Serie sobre a RCC dividida em IV Partes, esta é a III Parte

Repouso no Espírito Santo, Visões e Dom de Línguas.


Bem há muitas provas do repouso (êxtase, arrebatamentos, sonos profundos) entre muitas Santas e Santos ao decorrer dos séculos, iremos aqui citar alguns, mais numerosos outros Santos anteriores, dos primeiros séculos em especial, que não estão aqui citados, infelizmente há muitas pessoas que dizem não haver homens ou mulheres no decorrer da história da Igreja que experimentaram alguma pratica semelhante a dons extraordinários do espírito como exemplo a oração em línguas, vamos procurar um pouco de esclarecimento a respeito.


“Ao experimentar Minha Divindade, os olhos derramam lagrimas de suavidade. Como é Feliz, filha querida, o homem que ultrapassou o mar proceloso do pecado e chegou ao oceano da paz, o homem que encheu seu coração com a Minha Divindade. Qual aqueduto, os olhos satisfarão o coração derramando lagrimas. Este é o ultimo estado no qual o homem é, ao mesmo tempo, feliz e sofredor. Feliz por achar-se unido a mim, gozando do Amor divino; sofredor ao ver que me ofende”. (Jesus diz à Santa Catarina de Sena).

“Quem receber do Senhor esta graça não se desconsole quando vir o corpo atado por muitas horas e, às vezes, o intelecto e a memória distraídos. Verdade é que o comum é estarem inebriados em louvores a Deus ou procurando perceber e entender o que se passa”. Ainda diz a mesma: “A alma percebe, com clareza, o grande proveito que traz cada um desses arrebatamentos”. (Santa Teresa)

“Fiquei numa cela, em longa ação de graças, deitada de bruços e derramando lagrimas de gratidão. Não podia levantar-me do chão, porque a cada vez que queria levantar-me, a luz divina dava-me um novo conhecimento de graça divina; somente na terceira vez, pude levantar-me do chão. Ele mesmo me levantou até o seu coração”.(experiência vivida e descrita por Santa Faustina, no seu diário).

“Fiquei refletindo sobre o que isso poderia significar; sinto e percebo que deve ser alguma graça excepcional. Quando reflito sobre ela, desfaleço por Deus, mas, nesse desfalecimento, a mente está clara e repassada de luz. Quando estou unida a Ele, desfaleço de excesso de felicidade, mas a minha mente permanece clara e pura, sem nada que a perturbe. Rebaixada a Vossa Majestade para conviver com uma pobre criatura. Agradeço-vos, Senhor, por essa grande graça, que me torna capaz de conviver convosco. Jesus, vosso Nome é minha delicia, sinto de longe o meu amado e a minha alma saudosa descansa no seu amplexo”.

“Muitas vezes, nos meus transportes de amor, faltava-me as forças e eu exclamava: ah, não posso resistir mais ao lembrar-me que Jesus faz-me assim sentir-me a última de suas criaturas e manifesta-me, em prodigiosa expansão de amor paternal, todos os esplendores do Seu amabilíssimo coração” E, dizendo isso, caía desfalecida nos braços de sua companheira que, prevendo estes casos, sabia dispor as coisas de tal modo que ninguém, na Igreja, notava nada. (Santa Gema Galgani em seu livro “A Flor da Paixão”).

Bem devemos ter muito cuidado para não, chegarmos ao exagero, pois que a perfeição na fé não consiste unicamente nestas praticas, apesar de tais manifestações muitas vezes serem temporárias na vida dos cristãos e da Igreja surgindo como única e desejosa missão de Edificar espiritualmente aos fieis e a Igreja.

"É evidente que a absoluta perfeição não consiste nas alegrias interiores, nem nos grandes êxtases, visões, nem no espírito da profecia. Consiste em tornar nossa vontade de tal modo conforme a de Deus, que abracemos de todo o coração o que cremos querido por ele e que aceitemos com a mesma alegria o que é amargo e o que é doce, desde que compreendamos que Sua Majestade o quer" (TERESA DE JESUS. Fundações, cap. 5, n.10).

A exegese de alguns teólogos destaca referencias bibliológicas sobre o “repouso” ou experiência parecida.

“Em verdes prados ele me faz repousar. Conduz-me junto às águas refrescantes, restaura as forças de minha alma.” Sl 22, 2-3;

“Nesse lugar veio à mão do Senhor sobre mim” é o que confessa o profeta Ezequiel quando entrou em êxtase. cf. Ez 1, 28.

Também destaca o profeta sobre esta experiência “A Visão que eu contemplava então recordava-me a que me havia aparecido quando eu tinha vindo para a destruição da cidade,e a que me havia aparecido nas margens do Cobar. Caí com a fase por terra.” Ez 43,3

“Sou eu que apascentarei minhas ovelhas, sou eu que as farei repousar, oraculo do Senhor Javé.” Ez 34, 15.

“Fiquei, portanto sozinho a contemplar essa grandiosa aparição. As forças me abandonaram: a tez do meu rosto torno-se lívida e eu desfaleci. Ouvi então esse homem falar, e, ao som de suas palavras caí desmaiado com o rosto por terra” experiência de Daniel em suas revelações remontando as experiências vividas pelo profeta Ezequiel. Cf. Dn 10,8-9;

O Apostolo João segundo o Evangelho em certo momento encontrava-se em repouso junto ao peito de Jesus cf. Jo 13, 23.

“Mal saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe, dos olhares do eunuco, que cheio de alegria continuou o seu caminho.” At 8, 39.

A Experiência destacada quando Paulo em viagem a Macedônia e à Grécia encontrava-se em Trôade, em que ele estava reunido com os demais para partir o pão, o mesmo prolongou-se e um moço que encontra-se ali na janela possivelmente ouvindo a pregação de São Paulo caiu em sono profundo, e despencou de uma certa altura, mas não morreu. Esta experiência remonta aparências com o “repouso”. Cf. At 20, 7-12:

“De fato, se ficarmos arrebatados fora dos sentidos, é por Deus...” 2Cor 5, 13

Explica-nos e ensina-nos a epístola aos Efésios “Por esta causa dobro os joelhos em presença do Pai, ao qual deve sua existência toda a família no céu e na terra, para que vos conceda, segundo seu glorioso tesouro, que sejais poderosamente robustecidos pelo seu Espírito em vista do crescimento do vosso homem interior” Ef 3,14-16;

S. João no Apocalipse menciona “Num Domingo fui arrebatado em êxtase, e ouvi, por trás de mim, voz forte como trombeta” Ap 1, 10:

As visões. Quantos Santos não a tiveram ou quantos religiosos não as tiveram e experimentaram o êxtase, desta graça em sua vida. Negar que a bíblia não fala destas experiências mostra a falta de conhecimento e manuseio da Palavra Inspirada por Deus. Mas requer atenção, pois que aqui não se justifica que todas as experiências que são tidas por muitos como sendo do Espírito; tratam-se legitimamente de uma graça especial do Espírito Santo, deve se analisar a comunhão com a Igreja e se fora mesmo um efeito produzido pelo Espírito ou por Homens?

A Questão das línguas

Bem durante o inicio da Historia da Igreja o Espírito Santo exprimi-se como ajudante, consolador e foi assim que o mesmo deu aos apóstolos a graça de falar Línguas estrangeiras, como visto nas Sagradas Escrituras no Cap. 2 do Atos, sem nunca antes terem aprendido, qualquer destas novas línguas, tudo para evangelização dos povos, a tradição da Igreja é unânime neste sentido.

Santo Irineu, Padre da Igreja, também se refere ao dom de línguas dos apóstolos e da época em que vivia. Cita II Cor. 2:6, explicando que “os perfeitos” falam em “todos os tipos” as línguas:

“... nós também ouvimos muitos irmãos na Igreja,... e que através do Espírito, falam todos os tipos de línguas, e trazem à luz para o benefício geral as coisas escondidas dos homens, e declaram os mistérios de Deus...”. (Contra Heresias V,VI,1)

No século IV, Cirilo de Alexandria (c.315-387), Doutor da Igreja em seus Sermões Catequéticos (sermão XVII: 16), interpreta o dom de línguas do Pentecostes como idiomas estrangeiros. Isto indica que, pelo começo do quarto século, a glossolalia apostólica também era tida como um idioma comum. Cita por nome alguns idiomas falados pelos apóstolos:

“O Galileu Pedro ou André falavam persa ou medo. João e o resto dos apóstolos falavam todas as línguas para aquela porção de gentios (...) Mas o Santo Espírito os ensinou muitas línguas naquela ocasião, línguas que em toda a vida deles nunca conheceram” (Sermões Catequéticos (sermão XVII: 16).

Para Gregório Nazianzeno (c.330-390), Doutor da Igreja, fala sobre o dom de línguas em Atos: “Eles falaram com línguas estranhas, e não aquelas de sua terra nativa; e a maravilha era grande, uma língua falada por aqueles que não as aprenderam”. Gregório ainda argumenta que o dom foi de falarem línguas estrangeiras e não dos ouvintes as entenderem. Segundo ele, se fosse assim, o milagre não seria dos que “falam” em línguas, mas “dos que ouvem”. (Do Pentecostes, oração XLI:16)

Para Agostinho (Doutor da Igreja) (354-430), o dom de línguas concedido aos apóstolos no Pentecostes se tratava da capacidade sobrenatural de falar línguas. "Nos primeiros tempos, o Espírito Santo descia sobre os fiéis e estes falavam em línguas, sem as ter aprendido conforme o Espírito lhes dava a falar. Foram sinais oportuno para esse tempo... o sinal dado passou depois" (Comentário da Primeira Carta de São João, Tratado IV, 10).

Ambrósio (330-397), também Doutor da Igreja, embora não discuta a natureza do dom de línguas, ressalta que cada pessoa recebe dons espirituais diferentes. Para ele,

“Todos os dons divinos não podem existir em todos os homens, cada um recebe de acordo com a sua capacidade ao deseja ou merece” (Do Espírito Santo II, XVIII, 149)

Se Ambrósio também quer dizer com isto que o falar em línguas não se manifesta em todos os cristãos.

Manifestação do dom de línguas entre Grandes Santos sempre existiu como, por exemplo, como;

Santo Antônio de Pádua:

Segundo conta-se S. Antônio de Pádua pregava para o Papa Gregório IX e para alguns cardeais num consistório em que havia homens de diversas nações: gregos, latinos, franceses, alemães, eslavos, ingleses e de diversas outras línguas do mundo. Embora naquela ocasião pregasse na sua própria língua todos aqueles que estavam no consistório entenderam perfeitamente o discurso de Frei Antônio, como se ele estivesse falando a cada um na sua língua, admirados todos comentaram entre si: “esse que está pregando não veio da Espanha? Como é que todos ouvimos sua fala em cada uma das línguas de nossa terra?”

São Vicente Ferrer:

São Vicente ferrer, na época em que houve o grande Cisma que dividiu os cristãos em duas obediências Roma e Avignon, pregava a unidade da Igreja quando um milagre aconteceu enquanto falava em sua língua materna, muitos que não eram do país ouviram-no e sua própria língua.

Santa Tereza d’Ávila:

“Pronunciam-se estão muitas palavras para o louvor de Deus, mas sem ordem, a menos que Deus queira ai colocar ordem; a mente humana por si não é capaz de fazê-lo. A alma desejaria proclamar bem alto a glória de Deus. Ela fica fora de si mesma no mais suave delírio... ela quisera ser, por inteiro, línguas para louvar o Senhor” (Vida, cap. 16, 3-4).

A Bíblia se compraz também da Idéia de Línguas faladas pelos Apóstolos e fiéis nos primeiros séculos estas línguas não eram entendidas, dar-se a ver que havia duas classes no dom de Línguas o de falar Línguas estrangeiras e o de falar Línguas incompreensíveis isto a qual Santa Teresa acima se refere.

Bem o Evangelho de São Marcos enuncia, “falarão nova línguas” Mc 16, 17b;

“Pois aquele que fala em línguas não fala aos homens, mas a Deus, ninguém o entende, pois ele, em espírito, enuncia coisas misteriosas” I Cor 14,2. ver também I Cor 14 18-19; 39-40.

O mesmo Paulo fala a esta comunidade que era rica em dons carismáticos e observa S. Tomas de Aquino, a respeito do Dons de línguas.

“Porém, os coríntios, que eram de indiscreta curiosidade, prefeririam esse dom ao dom de profecia. E aqui, por ‘falar em línguas’ o Apóstolo entende que em língua desconhecida e não explicada: como se alguém falasse em língua teutônica a um galês, sem explicá-la; esse tal fala em línguas. E também é falar em línguas o falar de visões tão somente, sem explicá-las, de modo que toda locução não entendia, não explicada, qualquer quer seja, é propriamente falar em língua” (S. Tomas de Aquino, Comentario a la primera espistola a los Conrintios, Tomo II, pg 178-179.).

“Assim também o Espírito socorre nossa fraqueza; pois não sabemos o que pedir como convém; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis; e aquele que perscruta os corações sabe qual o desejo do Espírito; pois é segundo Deus que ele intercede pelos Santos.” Rom 8, 26-27.

Afirmou certa vez o fundador da Comunidade Obra de Maria,

“Acredito que para todos os carismas fazem-se necessário o discernimento e a sabedoria. Há pessoas que possuem carismas maravilhosos, porém não sabem como usá-los e no lugar de ser uma coisa boa, tornam-se uma coisa má. Ao invés de servir ao povo de Deus termina prejudicando-os.” (Dom de Línguas, Gilberto Gomes Barbosa 2ª Edição, ano 2006, pág. 23, Gráfica Dom Bosco.).