terça-feira, 17 de junho de 2014

O consumo de carne, o pecado, as heresias e os rumos do cristianismo

Por:

Eduardo Moreira

Créditos da imagem:

Rafael Vitola Brodbeck

Não é de hoje que critérios totalmente superficiais são adotados como nível máximo de santidade por grupos sectários que estão infiltrados na Igreja. Quando alguns franciscanos se viram sem seu fundador, formaram eles uma seita de fanáticos de certo caráter gnóstico que foram duramente (e com razão) combatidos pela Igreja. Eles alegavam praticamente que era impossível ter posses e ser bom católico, quando nem mesmo Deus negou o direito de propriedade. Isso é bem evidente no decálogo descrito no capítulo XX do livro do Êxodo quando Deus manda que não se roube nada do próximo. Ora, só é possível roubar algo que é propriedade de outro, portanto, Deus impede por esse mandamento que se tome a propriedade privada. Assim fica fácil perceber o caráter herético desse grupo primitivo de franciscanos que, em nome da virtude do desapego, tentaram impostar a todos os cristãos essa virtude como caráter fundamental para se ser bom católico.
            De forma análoga, o apego à saúde faz com que muitos condenem o álcool e o fumo. O uso dessas substâncias não é considerado pecado pela moral católica, o que não significa que é mandatório fumar ou beber para ser bom católico. Significa tampouco que uma pessoa possa discordar desses hábitos. Aos que assim agem, deixo a frase do grande escritor católico, Gilbert K. Chesterton:

            ˗ "Idolatria é cometida, não apenas através da criação de falsos deuses, mas também através da criação de falsos demônios, fazendo os homens terem medo de guerra ou álcool, ou das leis econômicas, quando deveriam ter medo da corrupção espiritual e da covardia."

            Com o advento do politicamente correto vêm nascendo uma enxurrada de heresias brancas pautadas no respeito humano, o que pode ser pecado mortal. Palavrões, cigarros, bebidas e até o consumo de carne vêm sendo alvos de crítica dos puritanos. Que é belo e moral querer se afastar de tudo isso, sem se afastar da verdade, não se pode negar. Aquele que deseja ser perfeito e que deseja unir-se inteiramente a Deus pode optar por desapegar de todas essas coisas e de mais tantas outras por amor ao Criador. Entretanto, não é lícito, nem belo, nem moral condenar quem faça uso de tudo o que já foi citado aqui. Tivemos santos na Igreja que eram doces e suaves, como Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, assim como tivemos verdadeiros doutores da Igreja que não economizaram palavras duras no trato com os traidores. São Gregório Nazianzeno, por exemplo, em pleno Concílio de Constantinopla dirigiu-se a bispos traidores chamando-os de vagabundos, porcos, despudorados, falsos e oportunistas sem escrúpulos. São Jerônimo chamava seus adversários, dentre outras coisas, de asnos bípedes. São Josémaria Escrivá, fundador do Opus Dei, convidava as pessoas a aprenderem o apostolado dos palavrões. Quer dizer, a Santa Ira é Dom de Deus e pode ser usada sem moderação contra os hereges que buscam desvirtuar as almas.
            A bola da vez parece ser a corrente dos cristãos veganos. Como não era pra ser diferente, sempre que há uma modinha mundana superficial ela busca refúgio no cristianismo para crescer, para apropriar-se das virtudes de Cristo e não raro para dizer que “o cristianismo primitivo era assim”. Assim sendo, o problema não é deixar de comer carne e continuar sendo cristão. O problema é fazer isso e condenar todos os que não fazem o mesmo.
            Primeiramente, não há argumentação científica suficiente para sustentar o vegetarianismo. As pessoas que escolhem viver comendo apenas vegetais têm que seguir uma dieta muito mais rígida e diversificada para suprir a deficiência de carne. Em termos de evolução (e a Igreja não nega que essa teoria possa estar correta), o ser humano evoluiu consumindo carne e sofreu mutações ao longo do processo evolutivo para se adaptar a isso. As presas e o apêndice são evidências de que o ser humano se adaptou ao consumo de carne. Apenas animais carnívoros ou de histórico carnívoro recente (como o Panda) possuem presas, que servem para perfurar a carne. O apêndice é encarado pela ciência como uma adaptação do intestino ao consumo de carne, pois, tendo abandonado hábitos exclusivamente herbívoros, o ser humano teve uma diminuição do intestino que antes era mais longo para digerir apenas vegetais.
            Alguns argumentam que nenhum ser humano nasce carnívoro. Isso é verdadeiro, mas é impossível afirmar que o ser humano nasce herbívoro partindo do fato do ser humano, nos primeiros meses de vida, alimentar-se apenas de leite. Aliás, o leite e a carne têm algo em comum: ambos são de origem animal, muito embora sejam totalmente distintos. Esse argumento é um tiro no pé de quem o usa, porque segundo os veganos, o ser humano não pode consumir leite também. Ora, o ser humano nasce exclusivamente mamífero!
            Ainda há aqueles de coração mole que dizem que os maus tratos com os animais impedem a pessoa com consciência cristã de consumir carne. A esses deixo apenas uma coisa: nenhum animal, por mais fofinho que seja, está acima do ser humano, por pior que seja, nos planos de Deus. O homem é o “animal” mais querido por Deus e não foram poucos os doutores da Igreja que trataram das diferenças dos animais e dos seres humanos.
            Evocam eles São Francisco de Assis sem ao menos terem lido uma vírgula do que deixou esse glorioso santo. Ora, São Francisco, embora tratasse toda a criação como irmã do homem, fez questão de dizer que o restante da criação era uma irmã desengonçada do ser humano. São Francisco de Assis não partiu do princípio de que a natureza é igual ao homem, pois se assim tivesse feito, teria caído no mesmo erro dos pagãos panteístas. São Francisco, tal qual a Igreja, convidou o homem, como um ser ímpar, a olhar a natureza e a ser capaz de perceber um grau crescente de complexidade que leva a chegarmos à conclusão inevitável oriunda da filosofia de Platão: Deus, o criador está acima de todas as coisas.
            Portanto, não é pecado de forma alguma consumir carne de animais confinados desde que esse processo seja necessário para manter a dignidade do homem, saciando a fome e as necessidades dele. Também não é pecado consumir carne alegando que, por não ser um alimento saudável, é pecaminoso. Não é pecado porque o consumo de carne dentro de limites seguros é saudável e mesmo que não fosse saudável, isso por si não seria motivo para haver pecado.

            A verdade é que esses “cristãos” não conseguem conviver bem em um mundo real e, por isso, tentam usar o cristianismo para justificar seu proceder e para proibir aquilo que em sua mentalidade é pecaminoso. Felizmente o cristianismo é a religião da verdade, não dos achismos. Vale sempre lembrar nessa ocasião que Jesus Cristo multiplicou peixes, e não brócolis, bem como sua primeira refeição após a ressurreição foi... peixe. E qual foi a refeição que Deus pediu que os judeus tivessem na páscoa? Cordeiro!

domingo, 27 de outubro de 2013

A Imitação de Maria: Parte XIV

Do apego inquebrável à Santíssima Virgem

Por: Eduardo Moreira

            Maria é a árvore firme na qual estão ligados os galhos frágeis que somos nós, miseráveis pecadores. Falo da árvore, porque a árvore aponta para o céu em seu crescimento, mas está na Terra. Assim também é Maria, isto é, da Terra, próxima dos homens, mas apontando sempre para o alto, que é Deus, de modo firme e inabalável.
            Aquele que se vincula à Santíssima Virgem se abastece do que ela oferece: a fortaleza espiritual. Quem Dela se aproxima toma parte de seus méritos que ela cede gentilmente e torna-se forte por seu auxílio.
            Os cristãos têm, pois, a missão de tornarem Maria mais conhecida e amada. É falta de caridade de um cristão se este conhecer o segredo da Santidade e não revela-lo. Um cristão que assim se comporta age como o homem que tendo recebido talentos os escondeu, conforme narra o Evangelho.
            Quantas almas se perdem em meio às heresias por terem recusado o auxílio maternal de Maria? E quantas almas poderiam se fortalecer mais se estivessem apegados com a Santíssima Virgem? Quantos méritos poderiam conseguir, se reduzissem seu orgulho a pó e, reconhecendo as virtudes de tão boa mãe, as implorassem?
            Temos que quebrar nosso orgulho e implorar o auxílio de Maria diariamente e várias vezes. Não devemos pedir esse auxílio apenas para nós, mas também para outros, em especial os hereges que julgam conhecer a Cristo sem conhecerem sua bondosa mãe.
            Não consegue se salvar aquele que não busca de todo o coração ser reflexo do Espelho da Justiça que é Maria. Ninguém se salva por seus próprios méritos e de forma idêntica, não consegue se salvar pela conduta que ele mesmo julga adequada. Apenas a força de Deus e capaz de salvar aos homens e essa força se mostra acessível ao homem graças à Virgem Santíssima, que mostra a santidade mais próxima da natureza humana.
            Ter fé e amor inquebrável por Maria não é exagero, é cuidado. Maria, como boa mãe mostra-nos o caminho para a salvação e mostra que é possível ser totalmente humano e ser santo. Se Deus quis depender de Maria para encarnar, porque haveria de não querer depender dela para salvar os homens?
            Maria é o espelho fiel de Deus e Ela pode, por misericórdia, mostrar-nos o Pai. Maria, Mãe de Deus, ensina-nos a amar a Deus e a servi-Lo como filhos e escravos vossos.

Oração pedindo o apego a Maria


Concedei-nos, Senhor, a nós que militamos sob o estandarte da Virgem, aquela plenitude de fé em Vós e de confiança em Maria, que nos assegurem a conquista do mundo. Dai-nos uma fé viva, animada pela caridade, que nos leve a praticar as nossas ações, unicamente por amor de Vós, e a ver-Vos e a servir-Vos sempre no nosso próximo; uma fé firme e inabalável como a rocha, que nos conserve calmos e resolutos no meio das cruzes, trabalhos e decepções da vida; uma fé corajosa que nos anime a empreender e prosseguir, sem hesitação, grandes coisas, por Deus e pela salvação do próximo; uma fé que seja a Coluna de Fogo da nossa Legião que nos guie avante unidos, - para acender em todos a chama do Amor divino, - iluminar os que estão nas trevas e sombras da morte, - animar os indecisos - restituir a vida aos mortos no pecado; e nos dirija os passos no caminho da paz; de forma que, terminada a batalha da vida, a nossa Legião possa reunir-se sem uma só perda, no Reino de Vosso Amor e Glória. Amém.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Desmistificando um São Francisco que nunca existiu

Por: Eduardo Moreira

Os adeptos do modernismo, da Teologia da Libertação e das correntes de pensamento ligadas à defesa extremada dos animais e da natureza tentam muitas vezes usar figuras populares da Igreja Católica para justificar seus péssimos procedimentos. Dentre esses procedimentos está o hábito de dizer que não se devem usar paramentos litúrgicos luxosos e para defender essa posição alegam que São Francisco, um dos sublimes santos que já existiram, viveu pobre.
Que São Francisco viveu pobre, isso é fato. Coisa bem diferente era sua posição quanto aos paramentos litúrgicos. O que lhe faltava em riqueza própria era dado por ele mesmo ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Abaixo divulgamos uma carta desse santo aos membros de sua ordem onde ele mesmo defende o uso do luxo no Culto Divino.

Carta de São Francisco aos Custódios da Ordem Franciscana, sobre o Culto Divino.

               “A todos os Custódios dos frades menores que receberem esta carta, Frei Francisco, pequenino servo vosso em Jesus Nosso Senhor, deseja a salvação com os novos sinais do céu e da terra, que, grandes e excelentíssimos aos olhos do Senhor, são contudo tidos em conta de vulgares por muitos religiosos e outros homens.
               Peço-vos ainda com mais insistência do que se pedisse por mim mesmo, supliqueis humildemente aos clérigos, todas as vezes que o julgueis oportuno e útil, que prestem a mais profunda reverência ao Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo bem como a seus santos nomes e palavras escritos, que tornam presente o seu Sagrado Corpo.
               Os cálices e corporais que usam, os ornamentos do altar, enfim tudo quanto se relaciona ao sacrifício, sejam de execução preciosa.
               E se em alguma parte o Corpo do Senhor estiver sendo conservado muito pobremente, reponham-no em lugar ricamente adornado e ali o guardem cuidadosamente encerrado segundo as determinações da Igreja, levem-no sempre com grande respeito e ministrem-no com muita discrição.
               Igualmente os nomes e palavras escritos do Senhor deverão ser recolhidos, se encontrados em algum lugar imundo, e colocados em lugar decente.
               E em todas as pregações que fizerdes, exortai o povo à penitência e dizei-lhe que ninguém poder salvar-se se não receber o Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor.                                                                                                                                              .              E quando o sacerdote o oferecer em sacrifício sobre o altar, e aonde quer que o leve, todo o povo dobre os joelhos e renda louvor, honra e glória ao Senhor Deus vivo e verdadeiro.                                                                                                    
               Anunciai e pregai a todo o povo o seu louvor, de modo que a toda hora, ao dobrar dos sinos, o povo todo, no mundo inteiro, renda sempre graças e louvores ao Deus onipotente.                                                                                                                                     
                 E todos os meus Irmãos custódios que receberem esta carta e a copiarem e guardarem consigo e a fizerem copiar para os Irmãos incumbidos da pregação e do cuidado dos Irmãos, e pregarem até o fim o que nela está escrito, saibam que terão a bênção do Senhor Deus e a minha.

               E isto lhes seja imposto em virtude da verdadeira e santa obediência. Amém.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A Imitação de Maria: Parte XIII



Do apego às coisas do alto e desapego às coisas da Terra: deseje as primeiras, use as segundas

Por: Eduardo Moreira

Uma das tristes consequências do capitalismo desenfreado é a busca do homem em satisfazer seus anseios nas coisas, esquecendo-se de Deus. Temos, pois, dois mundos, um sensível aos olhos e outro sensível à alma e ao espírito. Um é o mundo da carne, dos prazeres, das coisas que passam, o outro é o mundo não sensível ao corpo, o deleite da alma onde enfim nosso espírito cansado encontra refúgio. Como disse o sermão da montanha, o mundo onde os fracos, os que choram, os que têm fome e os demais sofredores serão consolados (Mt 5, 1-12).
Certamente, se Nossa Senhora tivesse pensado na dimensão carnal não teria aceitado ser mãe de Deus e com isso sabe-se lá por quais vias Deus nos salvaria. Ao contrário, Ela que foi desejada pelo Pai antes dos séculos disse seu sim a Deus, enterrando para sempre as riquezas da Terra, mas ajuntando um tesouro infinito junto ao Pai, tesouro esse dispensado diariamente aos seus fiéis imitadores.
Novamente, aos pés da Cruz Deus lhe deu outra missão, mas dessa vez falando pela boca de Deus Filho: a missão de ser mãe de todos os batizados. Mais uma vez Maria nos dá um sinal de fidelidade porque sozinhos, isto é, sem o amparo de Nossa Senhora, embora o Céu estivesse já aberto seria muito difícil atingi-lo porque seríamos como cegos procurando por uma porta em um quarto gigante.
Mais uma vez Nossa Senhora deu uma prova de seu desapego às coisas do mundo e de seu amor a Deus. Maria, melhor que ninguém, usou as coisas da Terra e viveu intensamente as coisas do Céu, desejando-as mais que o ouro ou a prata.
Exatamente por isso, basta fazermos uma simples comparação para entendermos que Maria foi o mais sábio dos seres humanos. Por um acaso não é considerado um tolo o homem que troca todo um rebanho de gado por uma galinha? Então, por que consideramos sábio o homem que em busca das riquezas da Terra esquece-se de Deus, trocando os bens que passam pelos que não passam? Ora, muito mais insensato é esse homem do que os piores negociantes porque esses perdem seus bens, o outro perde sua alma. Assim sendo, ninguém usou tanta sabedoria para levar sua vida.
Oxalá tivéssemos, ao invés de comida perdendo nos celeiros do mundo afora, essa mesma comida transbordando pelas portas das despensas das casas dos pobres e esfomeados, porque, dessa forma saberíamos que o homem estaria enfim disposto a partilhar o que tem, tornando-se um fiel imitador de Maria e encontrando um tesouro no Céu.
De fato, nas Sagradas Escrituras não vemos, em momento algum, citações de Nossa Senhora partilhando o pão com as pessoas muito embora ela certamente o tenha feito inúmeras vezes ainda mais naquele tempo de grande miséria na Palestina. Entretanto, o pão era o bem mais pobre que Ela tinha. Ela partilhou conosco seu único Filho para que Ele pudesse nos salvar. Além disso, Ela partilhou com os homens seu amor de Mãe, dispensado carinhosamente ao homem-Deus, Jesus Cristo Vivo e Encarnado.
Maria partilhou, pois, sua maior riqueza. Partilhou conosco o Deus escondido em Seu Divino Filho, o qual só Ela conhecia. Ela nos Deus Jesus que nos salvou, portanto, Maria deu ao mundo a Salvação de Deus. Ela, que por ser livre da mancha do pecado já estava salva mas, não satisfeita com a salvação de si mesma nos deu também o Cristo, o homem-Deus para que Ele nos salvasse, compartilhando assim a Graça com toda a humanidade.
Maria, melhor que ninguém soube abraçar as coisas do alto e fazer com que os talentos dados por Deus a Ela frutificassem de forma abundante. Seu talento de ser Mãe foi frutificado de tal forma que quando se completou o tempo, tornou-se Ela mãe de todos nós. Como diz a Escritura, a quem é fiel no pouco Deus muito confia. Maria, sendo Mãe fiel do Salvador e cumprindo religiosamente suas obrigações maternais, foi dada a todos nós como mãe, muito embora já o fosse quando se deu como Mãe a Jesus Cristo tornando-se Mãe de Seu Corpo Místico do qual somos parte pelo Batismo.
De forma idêntica, em sua pureza cada vez mais voltada para o Altíssimo, Maria conseguiu ser mais pura que os anjos, as mais perfeitas criaturas do Altíssimo.
A questão não é ignorar a vida na Terra ou os bens materiais. A Terra e a matéria são criações de Deus e Deus, sendo bom, não pode criar nada ruim. Nem mesmo o diabo é ruim porque até ele é obra de Deus. O diabo é moralmente ruim, mas não é o mal em si mesmo porque esse não existe. Assim sendo, podemos viver até com certo conforto na Terra, não nos esquecendo jamais que essa Terra, embora boa, passa ao passo que a vida eterna é eterna e, portanto, não passará jamais. Por essa razão, o bom cristão deve priorizar sempre as coisas do alto.
Certamente um dos maiores ódios das almas desgraçadas no Inferno é justamente o ódio de verem, com pesar, que preferiram as coisas da Terra às coisas do Alto. Ah, se tivessem se entregado ao bom Deus e se tivessem se colocado a imitar Sua Santíssima Mãe, quão felizes estariam hoje no Céu...
Deus, entretanto, permite que façamos escolhas. Muitas vezes escolhemos mal e justamente por causa disso podemos perder boas oportunidades na vida, oportunidades dadas por Deus para que tivéssemos melhores condições. Às vezes ficamos tão cegos pela ambição, que, no desejo às coisas do mundo acabamos perdendo todas elas, mesmo que as busquemos intensamente.
Ora, se entregarmos nossa vida a Deus e se n’Ele confiarmos, o que de mal nos poderá acontecer? Na pior das hipóteses, a morte, mas não é ela que nos levará para junto do Pai? Pensemos, pois, nisso e passemos a nos comportar com confiança buscando aspirar as coisas do alto com a vontade mais profunda de nosso ser.

Oração a Nossa Senhora do Sagrado Coração

Coração de Maria, perfeita imagem do Coração de Jesus, fazei que nossos corações sejam semelhantes aos vossos. Amém

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Sola Scriptura: uma doutrina insustentável em si mesma

Por: Eduardo Moreira.


Uma das doutrinas que é de aceitação unânime no meio protestante é a Sola Scriptura. Essa doutrina diz que a Bíblia é a única fonte infalível de doutrina e cada um deve ser inspirado pelo Espírito Santo para lê-la. É sobre essa doutrina e seus equívocos que faremos uma breve exposição nos parágrafos abaixo.

Em primeiro lugar devemos dizer que é importante reconhecer o grande amor às Sagradas Escrituras que nossos irmãos protestantes têm. De fato, se pretendemos vencer o protestantismo devemos reconhecer suas virtudes e essa é uma delas. Entretanto, isso não nos isenta da obrigação de corrigir os equívocos e exageros originados nessa doutrina a fim de mostrar aos nossos irmãos separados o caminho reto que leva a Deus, isto é, a Santa Igreja Católica, o Corpo Místico de Cristo.

            A doutrina protestante se baseia em interpretações distorcidas de vários versículos da Bíblia que, de fato, é um livro inspirado. Para uma refutação mais detalhada que a exposta nesse artigo, recomendamos ao leitor que leia o livro “Somente a Bíblia? 21 razões para rejeitar a Sola Scriptura” que pode ser encontrado nesse link.

Deus nos deixou Sua palavra para nos instruir e essa palavra é, em parte, a Bíblia. Entretanto, por mais sagrada que seja, a Bíblia é um texto e sendo um texto Ela possui interpretações. Os protestantes alegam que o Espírito Santo é quem deve guiar o leitor para uma correta interpretação da Bíblia. No entanto, dizer isso é, na prática, o mesmo que dar a quem a lê o direito à Livre Interpretação, doutrina abertamente condenada por São Pedro em II Pd I, 20. O resultado dessa livre interpretação protestante é uma divisão cada vez maior no seio do protestantismo com os mais variados tipos de doutrina. De fato, as doutrinas protestantes vão desde a negação da divindade de Cristo a aceitação do casamento homossexual.

            Não obstante aos efeitos catastróficos da livre interpretação, é importante notar também que a doutrina da Sola Scriptura é pautada em um absurdo chamado “raciocínio circular”. O raciocínio circular coloca uma causa como efeito num momento e em outro coloca o efeito como causa de forma e não dar uma resposta lógica. Dessa forma, os protestantes afirmam que creem na Bíblia porque ela é inspirada. Quando se pergunta a eles o porquê da inspiração, eles dizem que a própria Bíblia diz isso. Se perguntarmos novamente por que creem no que está escrito nela, respondem que é porque ela é inspirada. Assim sendo, o raciocínio fica andando em círculos.

            Além disso, se o simples fato de “estar escrito” torna um texto inspirado, qualquer um pode escrever qualquer coisa e no fim da coisa escrita dizer que a mesma é inspirada. Entretanto, mesmo os protestantes admitirão, sem problemas, que isso é um absurdo. Além do problema da inspiração, não há na Bíblia um cânon definido de livros citado em nenhum lugar, portanto, nem mesmo a Bíblia define o que é Bíblia.

            Houve, pois, alguém que definiu quais livros compõem a Bíblia e que disse que ela é inspirada. Esse “alguém” é a Igreja Católica que, guiada infalivelmente pelo Espírito Santo, definiu a lista dos Livros Sagrados ao longo dos séculos. Ora, essa mesma Igreja que escreveu e selecionou os livros da Bíblia deixou-nos também uma riquíssima Tradição, tão sagrada quanto a Bíblia e com documentos de mesma autoria daqueles que escreveram as Sagradas Escrituras. Se os autores sagrados deixaram ensinamentos fora da Bíblia e pediram para que os seguíssemos como seguimos as Sagradas Escrituras, por que então os protestantes seguem uma parte e rejeitam outra? Se os mesmos autores, os mesmos bispos disseram sob a mesma inspiração que ambas as coisas são sagradas, por que então aceitar apenas uma parte do que eles disseram?

            A verdade é que existe aqui uma clara negação às origens do cristianismo por parte dos protestantes. Os autores sagrados sob ação do Espírito Santo deixaram não apenas o Livro Sagrado, mas também uma rica Tradição igualmente inspirada. Basta vermos que antes do Novo Testamento ser escrito ele foi anunciado por vários anos na forma de Tradição até passar a forma escrita e só depois de tudo isso passar a fazer parte das Sagradas Escrituras, antes compostas apenas pelos livros do Antigo Testamento.

            Alguns podem objetar: Se Deus queria mesmo que a Tradição fosse considerada Sagrada, por que ela não está na Bíblia? A resposta para essa pergunta está em Mt. XVI, 18: Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja. Ora, Jesus fundou uma Igreja para transmitir a fé aos fiéis, não uma biblioteca. Fazemos, pois, parte de uma Igreja que é um Corpo Místico, não de uma Biblioteca que é um Corpo Místico. Essa Igreja, fundada por Cristo em São Pedro, é a Igreja Católica, a coluna e sustentáculo da verdade (I Tm III, 15).

            Os protestantes tentam negar a fundação da Igreja em São Pedro dizendo que a pedra à qual Cristo se refere é Ele mesmo e não São Pedro. Para isso usam algumas interpretações errôneas do idioma grego, interpretações essas refutadas aqui, em um artigo de Alessandro Ricardo Lima. Entretanto, mesmo sem explicações teológicas profundas conseguimos ver que, se a pedra é Jesus e não Pedro, a sentença de Mt. XVI, 18, perde completamente seu sentido.

            Deus nos deixou, portanto, uma Bíblia que atesta os primeiros anos do Cristianismo, as primeiras definições e certamente uma fonte riquíssima de verdades sobre Jesus Cristo que não deve ser desprezada. Entretanto, a Igreja vive e no decorrer da história e vivência da Igreja foi estruturada a Tradição em plena concordância com o Evangelho. Ademais, a própria Bíblia é parte dessa Tradição, mas em forma escrita. Por fim, todo esse tesouro não só é guardado como também é ensinado pela Igreja de forma infalível através do Espírito Santo. Também a essa Igreja, formada por homens santos e pecadores, foi incumbida a missão de interpretar todo o tesouro da fé, dando ao mesmo seu real significado. Apoiada nesses três pilares: a Bíblia, a Tradição e o Magistério, está sustentada toda fé da Santa Igreja, a única instituída por Cristo para a Salvação dos homens.