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quarta-feira, 14 de março de 2012

Pe. Paulo Ricardo libera comunicado sobre fatídicas calúnias

Por John Lennon J. da Silva
Acompanhando os desdobramentos que se seguiram as calúnias que foram orquestradas por clérigos e religiosos, 27 ao total da Arquidiocese de Cuiabá/MT, contra o Revmo. Padre Paulo Ricardo de Azevedo Junior, fato que todos sabem foi noticiado aqui em nosso site, venho informar a todos(as) os leitores(as), com um pouco de atraso, me perdoem; que o caríssimo sacerdote liberou em seu site um comunicado a respeito do assunto e de sua postura com relação as acusações que foram levantas contra sua pessoa, e os trabalhos que por eles são organizados. Abaixo repasso na integra o texto do comunicado dado pelo Pe. Paulo Ricardo aos seus amigos e leitores.
Continuemos a rezar incansavelmente por este digníssimo sacerdote para que tudo se encaminhe para paz e conforme os desejos de Deus. Exultemos no Senhor pela participação de mais de 13 mil católicos(as) que assinaram a petição pública de apoio ao Padre Paulo Ricardo.

Queridos irmãos,
Após as recentes manifestações ao redor de minha pregação no dia 20 de fevereiro de 2012, durante o 26º Vinde e Vede, pedi ao senhor Arcebispo para me ausentar de Cuiabá durante esta semana e procurar conselho espiritual e assistência jurídica.
Agora que o senhor Arcebispo se manifestou super partes no sentido de paz e de reconciliação, sinto o dever de comunicar o seguinte:
1) Lamento que as minhas palavras tenham sido mal interpretadas;
2) Penso que seja esclarecedor que as pessoas levem em consideração as circunstâncias da pregação. Aquele dia do encontro era voltado para a espiritualidade do Movimento Sacerdotal Mariano, fundado em 1972 pelo Padre Stefano Gobbi. O áudio de toda a pregação foi postado na internet, link aqui, e nele se pode notar o contexto em que aquelas palavras foram pronunciadas. Note-se, por exemplo, que me incluo sempre entre os padres pecadores e que a finalidade daquelas palavras era levar as pessoas à oração pela santificação dos sacerdotes. É sabido que um dos principais carismas do Movimento Sacerdotal Mariano é a oração pela santificação dos sacerdotes;
3) Sem querer acrescentar uma ferida àquelas já abertas, mas também sem dissimular minha posição, devo atestar que não me reconheço na imagem que foi apresentada de minha pessoa, de meu pensamento e de meu ministério;
4) Reconheço que as pessoas têm o direito de questionar a prudência e a oportunidade de uma pregação como aquela. Não tenho pretensão de estar sempre certo em minhas decisões práticas. Mas continua sendo minha opinião, aberta ao questionamento e à revisão, que seja uma verdadeira caridade para com os fiéis adverti-los para o fato de que a Igreja luta atualmente contra uma crise do clero. Sou da posição que, neste caso, o escândalo do silêncio seria muito maior do que a sincera e honesta admissão do problema, por doloroso que isto seja;
5) Que esta crise do clero não atinja todos os padres, com ou sem batina, me parecia uma coisa tão óbvia, que não achei necessário comentar. Mas prometo ser mais cauteloso no futuro. É evidente que eu não tinha pretensão de expor naquela breve palestra toda minha visão a repeito do atual estado do clero católico. Creio que os numerosos fiéis que me acompanharam nestes 20 anos de ministério viram em mim um padre que, reconhecendo os próprios pecados, procura amar a Igreja em geral e o sacerdócio em particular. Foi à formação de irmãos no sacerdócio que dediquei as melhores energias de minha vida;
6) É importante também ressaltar que de minha parte não pretendo divulgar os nomes dos 27 signatários da carta. Cumpre porém ressaltar o seguinte: não é verdade que o clero incardinado em Cuiabá se revoltou em massa contra minhas posições. Para uma mais exata avaliação da realidade divulgo apenas que são 5 padres diocesanos incardinados em Cuiabá, 5 em outras circunscrições e 17 religiosos;
7) Quanto à reconciliação e à restauração da justiça, serão dados passos pastorais e, se necessário, jurídicos. Mas não creio que a internet seja o lugar apropriado para este caminho de reparação. Sei que nos tempos do Big Brother, do Twitter e do Facebook minha visão pode parecer antiquada. Peço, no entanto, que compreendam minha opção de silêncio, ao menos até a solução final que, uma vez alcançada, comunicarei aos amigos;
8) Esta comunicação não seria completa sem que terminasse num agradecimento de coração pelos inúmeros e variados sinais de amizade, confiança e solidariedade que recebi. A todos um sincero e comovido “Deus lhes pague!”
Nestes dias, o nosso site recebeu um número imenso de mensagens oferecendo apoio de toda espécie: orações, jejuns, sacrifícios e provas sinceras de amor e estima. Meu celular não parava de tocar e de receber SMS. Foram literalmente milhares de fiéis, centenas de sacerdotes, alguns bispos e amigos de várias proveniências (um bispo anglicano, vários pastores evangélicos, cristãos em geral e até agnósticos!).
Uma palavra especial para os inúmeros blogs e páginas da internet que manifestaram o seu apoio. Com toda sinceridade não sei como expressar o peso da gratidão a não ser reconhecendo que lhes sou muito obrigado.
Agradeço ao meu Arcebispo pela paciência e o carinho paterno manifestado a ambas as partes envolvidas neste triste episódio.
Quanto a meus pais e minha família… não tenho palavras. No céu vocês verão o meu coração.
Espero poder corresponder, com a graça de Deus, a toda esta expectativa. Asseguro que todos estão muito presentes em minha Eucaristia diária. Continuemos unidos na gratidão a Deus, à Virgem Maria, aos anjos e aos santos de nossa devoção. Continuem a interceder por esta nossa luta e que Deus abençoe a todos.
Várzea Grande, 11 de março de 2012.
Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior

terça-feira, 6 de março de 2012

Padre Paulo Ricardo enfrenta perseguição!

Por John Lennon J. da Silva.

Queridos leitores(as) do nosso site, hoje fiquei a saber pelas redes sociais sobre a divulgação de uma “carta aberta” [confiram] contra o Revmo. Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Junior, a carta foi segundo informações assinada por alguns religiosos e membros do clero arquidiocesano de Cuiabá e integrantes de outras dioceses mato-grossenses, No Estado em que o Pe. Paulo Ricardo exerce suas funções sacerdotais e também seu longo apostolado intelectual, além de também ministrar aulas em diversos seminários de formação de sacerdotes no Mato Grosso.
O conteúdo é absurdamente estarrecedor, são levantadas muitas críticas ao conhecidíssimo Pe. Paulo que têm além de trabalhos de catequese pela internet, também têm participado em diversos momentos de pregações, missas e programas da TV Canção Nova.
Na carta menciona-se o sacerdote como “um homem amargurado, fatigado, raivoso, compulsivo, profundamente infeliz e transtornado”, “homem de verbo fácil, de muitos artifícios oratórios e também de muitas falácias e sofismas” e “dono de uma personalidade no mínimo controversa”.
Como querido pelos escritores da carta solicita-se o afastamento do padre e de suas atividades docentes nos seus diversos âmbitos, inclusive entre os “meios de comunicação social”. Pedido segundo os editores da carta fundado na falta de “saúde mental para ser formador de futuros presbíteros”, da parte do Pe. Paulo Ricardo.
O motivo de toda esta raiva é logo inicialmente trazido a tona na carta: Trata-se das palavras sãs e realistas do querido sacerdote durante o evento “Vinde e Vede”, que aconteceu em Cuiabá/MT. Neste ano foi comemorado a 26º edição do mencionado evento, nele estiveram presentes diversos pregadores entre eles, o Pe. Paulo Ricardo que durante a festa realizou uma brilhante e consternadora pregação destinada aos maus filhos da Igreja. Na carta é divulgado um trecho da palestra, que foi proferida pelo Padre. Divulgamos também um vídeo que registrou parte da mesma palestra; sugiro que os leitores assistam clicando aqui:
Abaixo transcrevo um comentário do escritor católico  Everth Queiroz Oliveira, retirado seu site:
“O que há de mais nas palavras de padre Paulo? Bom, qualquer examinador ortodoxo não veria nada absurdo em seu discurso, mas há quem fique incomodado com as verdades proferidas pelo sacerdote. Afinal, padre Paulo fala de “padres [que] foram tomados completamente pelo espírito do mundão”, de “padre que não honra a batina porque, aliás, nem usa a batina”, de “padre que deixou de ter fé”, de padres que fazem do pecado um apostolado, um modelo de vida. Todos estes exemplos não são coisas fantasiosas, criadas pela imaginação de padre Paulo. Estes exemplos são reais… E as palavras de Nossa Senhora ao Pe. Stefano Gobbi servem para ilustrar a triste situação na qual caíram muitos consagrados do nosso tempo: “Quantas são as vidas sacerdotais e religiosas que se tornaram áridas pelo secularismo que as possui completamente”.

Diante deste episodio ridículo, que não é mais do que um pretenso ataque a figura pública do Pe. Paulo Ricardo no Brasil. Provavelmente o ataque deve vir de simpatizantes da Teologia da Libertação, chamada de “heresia singular”, como disse certa vez o atual papa Bento XVI, quando era cardeal. Fato típico deve também ter sido movimentado, por conta, dos trabalhos e conscientização católica que têm promovido o Pe. Paulo Ricardo entre os fieis católicos. Como não seria diferente o Pe. Paulo Ricardo por sua coragem e ortodoxia quanto à fé católica, esta propenso a críticas das mais variadas e alheias, mas críticas tão descabidas e centradas no argumento “ad hominem”, só podem ter surgido da mentalidade distorcida e de má fé de progressistas.

Sendo assim muitos católicos estão se solidarizando com o trabalho e com a pessoa do Pe. Paulo Ricardo, não só através de suas orações mais também estão organizando-se e assinando uma “petição pública em apoio ao padre Paulo Ricardo”. Convoco todos os leitores(as) e admiradores do Pe. Paulo Ricardo e os bons católicos da rede à assinarem tal petição.

domingo, 18 de setembro de 2011

Quem denunciou o Papa Bento XVI à Corte de Haia?




Certamente há fiéis católicos perplexos diante da denúncia apresentada contra o Papa Bento XVI na Corte de Haia. O Papa e alguns cardeais foram acusados de cúmplice omissão ou acobertamento nos casos de pedofilia e, como tais, réus de crimes contra a humanidade.

Não deixa de ser curioso que o abuso sexual contra crianças, que viola a integridade física, moral e espiritual das mesmas, seja considerado um crime contra a humanidade (e penso que o deva ser), e o aborto, que viola a mesma integridade em grau extremo, venha se tornando um direito humano universal. Será que algum dia veremos os aborteiros e abortistas – fautores, promotores e cúmplices – no banco dos réus de Haia? Bem que estes criminosos poderiam se juntar aos verdadeiros pedófilos e o mundo seria um lugar melhor de se viver! Mas vamos aos fatos.

Bento XVI é reconhecidamente o campeão da tolerância zero com pedófilos na Igreja. Deve-se a ele uma significativa mudança no tratamento do problema, de tal modo que acusá-lo de acobertamento de pedofilia é bastante revelador das reais intenções de seus acusadores.

Quem acusa Bento XVI pouco se importa realmente com a sorte das crianças; na verdade, para eles é mesmo bom que haja abusos. Havendo abusos e muitos, mais facilitado será seu trabalho de acusar e sua pretensão de destruir a Igreja. Bento XVI é um inimigo na medida em que lhes tira a “bandeira”, prontamente hasteada quando se pretende atacar a Igreja, não importando sobre que argumentos. Recentemente o governo comunista de Pequim usou a “bandeira” da pedofilia para justificar sua intervenção na Igreja chinesa. O expediente é simples: quer defender uma tese contrária à doutrina da Igreja, não se preocupe com argumentos, basta começar recordando casos de pedofilia.

Quer conhecer quem denunciou o Papa ao tribunal de Haia? Leia o artigo “Eis quais são os dois lobbies anticlericais que denunciaram o Papa a Haia”abaixo:

“Duas associações que se declaram ‘pelos direitos das vítimas de abusos sexuais por parte de religiosos’ apresentaram à Corte penal internacional de Haia um dossiê em que se pede que o Papa Bento XVI, o Cardeal Tarcisio Bertone, o Cardeal Angelo Sodano e o Cardeal William Levada sejam processados por crimes contra a humanidade, porque teriam tolerado e tornado possível a cobertura sistemática e difusa de estupros e crimes sexuais contra crianças em todo o mundo. Uma operação exagerada e utópica muito interessante, porque revela finalmente o imenso esforço de manter a todo custo a ofensiva secularista contra a Igreja.

A Unione Cristiani Cattolici Razionali (UCCR) criou prontamente um dossiê apropriado em que são recolhidas todas as notícias mais interessantes sobre o assunto. É muito significativo notar como a maioria dos jornais se pôs prontamente ao lado do Pontífice, sublinhando as incontáveis iniciativas de Bento XVI para combater este terrível defeito presente na Igreja e os seus inúmeros mea culpa pela grande desatenção havida da parte de numerosos bispos. Muitos preveem que esta iniciativa logo se revelará um bumerangue para a cultura anticlerical e, infelizmente, também um distanciamento da atenção midiática sobre as crianças abusadas e sobre o fenômeno da pedofilia, grande mal da sociedade ocidental (secularizada segundo alguns) e em contínua expansão.

Entre os artigos mais interessantes está seguramente o ótimo trabalho desenvolvido pelo blog “Papa Ratzinger”, onde já foram examinados todos os argumentos de acusação contra o Papa contidos no dossiê apresentado a Haia e já refutados um a um. Outro artigo digno de nota apareceu noL’Occidentale em que se mostra quais são realmente estes lobbies anticlericais que estão na origem da denúncia. Exatamente para dar uma ideia de quem são aqueles que têm interesse de levar adiante esta operação difamatória e auto-publicitária.

A SNAP (Survivors Network of those Abused by Priests) é um associação débil cujos métodos de condução de suas atividades não convenceram a BBB, uma agência de avaliação das entidades filantrópicas americanas (não-lucrativas), e que sequer foi considerada digna de ser definida como “filantrópica” [charity no original]. Não parece ser muito amada pelas vítimas de pedófilos, alguns dos quais abandonaram a associação, como Michael Baumann (aqui seu artigo no seu blog) ou Key Ebeling (seu artigo). A SNAP ademais é financiada por advogados para cujo trabalho contribui mandando-lhes as pretensas vítimas como clientes em potencial. E a lista é óbvia e necessariamente longa. E ainda, como observou aqui um comentarista, um dos maiores colaboradores da SNAP, Dr. Steve Taylor, foi preso em 2008 pela posse de mais de 100 vídeo-imagens pedo-pornográficas. A fundadora e atual presidente da associação para as vítimas de pedófilos, Barbara Blaine, escreveu imediatamente diversas cartas em sua defesa pedindo aos magistrados para fecharem os olhos e voltarem a atenção para o trabalho desenvolvido por Taylor ao longo dos anos. Todavia, a SNAPrecorda em seu site que, quando um padre é acusado, os paroquianos que o defendem deveriam fazê-lo “em privado”. Mas evidentemente as regras não são iguais para todos. E ainda, mesmo depois da prisão de Taylor, a SNAP promoveu-o abertamente, definindo-o como um dos “chefes” de sua organização. Não obstante os pedidos, nem Barbara Blaine nem qualquer responsável da SNAP jamais se desculpou ou expressou alguma dor por haver colocado as pessoas seguidas por eles em íntimo contato com um aficionado por imagens pedo-pornográficas e potencial pedófilo, por tê-lo apoiado e celebrado como seu responsável mesmo depois da prisão. Nesta página um elenco de ulteriores acontecimentos controversos ligados à associação anticlerical.

Quanto ao CCR (Center for Constitutional Rights), foi fundado por radicais de esquerda e comunistas nos anos 60. Em seu passado defendeu os membros da Black Panther, organização terrorista, marxista-leninista-maoísta dos Estados Unidos. Dois de seus fundadores, Kinoy e Kunstler, eram declaradamente pró Fidel Castro, o impiedoso ateu ditador cubano. Muitos definem estes personagens “anti-sionistas até a medula, se não anti-semitas”. O CCR não parece sequer desdenhar os financiamentos do subversivo e anti-sionista George Soros.”

Tradução: OBLATVS

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sequelas da Heresia.


Por. John Lennon J. da Silva

É quase que habitual aos católicos bons de “percepção” como diria o teólogo norte-americano Scott Rahn. Se defrontarem com a proclamação ou propagação de falsas doutrinas recheadas de heresias, ao ligar a televisão ou em conversas informais com não católicos e também na internet. Parece comum lermos ou escutarmos especulações ditas “teológicas” vindas de diversos grupos, movimentos e comunidades sejam protestantes ou não. Estes acontecimentos, digamos que corriqueiros têm encontrado enorme repercussão em nossos dias. Oriundas das sequelas deixadas pelas grandes heresias; a última delas historicamente remonta os tempos da Reforma Protestante do fim do século XVI.

O termo “heresias” provém etimologicamente do latim haerĕsis. Versado do grego αἵρεσις, [escolha, partido ou opção]. Existem várias designações para o que é heresia. Podemos enfim aludir a heresia “como desvio, equivoco e erro teológico oposto a ortodoxia¹ cristã, contrariando aos dogmas e preceitos da Igreja Católica, e que pode ter como centralidade a deturpação, má interpretação e propagação de falsa doutrina não alinhada a sã doutrina como deixada pelos apóstolos e mantida pelos cristãos antigos”.

O Catecismo com uma linguagem mais prática e objetiva diz que “Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do Batismo, de qualquer verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou dúvida pertinaz a respeito dessa verdade” (CIC 2089).

O adjetivo “heresia” aparece em citação de São Paulo aos Coríntios; “É necessário que entre vós haja partidos para que possam manifestar-se os que são realmente virtuosos” (I Cor 11,19). Originalmente a palavra “partido” em algumas traduções é versada para o termo “heresias”. O Apostolo Paulo Também enumerara entre as obras da carne a; “idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos²” (Gl 5,20).

As heresias sempre estiveram presentes ao longo dos séculos dentre o Cristianismo, consequentemente todas repelidas pela autoridade da Igreja Católica através de concílios êcumenicos e erforço de Papas, Bispos e teológos. Lembremos os vários movimentos que foram condenados por seus equivôcos, erros e pela promungação de falsas doutrinas como gnosticos, donatistas, arianos e outros. Sem esquecer os pseudo-movimentos encabeçados pelos Valdenses, Albigenses, Anabatistas e Reformadores Protestantes.

Já no I século levantavam-se homens que deturpavam a pregação apostolica e os evangelhos. Ensinavam e pronunciavam doutrinas não ortodoxas, por isto S. Paulo alertava “se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado!” (Gl 1,9) constituía umas das primeiras medidas disciplinares da Igreja primitiva. Aos indivíduos que desviavam-se da pregação dos Apóstolos, tarefa mais tarde que será brilhantemente guardada pelos Padres Apostólicos em especial chamo a atenção S. Irineu de Lião.

"Suponhamos que se levante uma questão sobre algum importante ponto entre nós, e não possamos recorrer às mais primitivas comunidades com as quais os apóstolos mantiveram constante relacionamento, as quais aprenderam deles o que é certo e claro a respeito dessa questão. O que aconteceria se os próprios apóstolos não nos tivessem deixado escritos? Não seria necessário (nesse caso) seguir o curso da tradição que transmitiram àqueles aos quais entregaram às Igrejas?" (Irineu de Lião. Contra as Heresias III,4,1).

Ainda nos tempos apostólicos, João o Teólogo como é chamado no Oriente, o autor do quarto evangelho, exorta biblicamente “Se alguém vier a vós sem trazer esta doutrina, não o recebais em vossa casa, nem o saudeis” (II Jo 1,10) era mais uma atitude pastoral. Na antiguidade cristã, muitos falsos profetas e homens (cf. Jud 1,10-11); afastaram-se da Igreja, separavam-se da comunhão com as primeiras comunidades e fundavam partidos e difundiam suas ideias em algumas regiões causando conflitos com as Igrejas locais, por isto é memorável as palavras de S. João Evangelista “Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, ficariam certamente conosco. Mas isto se dá para que se conheça que nem todos são dos nossos.” I Jo 2,19.

Os padres da Igreja mantiveram papéis essenciais na condenação de vários erros teológicos e heresias durante os VII primeiros séculos da Igreja, por intermédio dos concílios e da autoridade dos primeiros bispos de Roma. Desta forma lembra o historiador francês Geoges Duby “todo herético tornou-se tal por decisão das autoridades ortodoxas.” (DUBY, 1990, p. 177). Mesmo nestas condições as seitas como eram consideradas as correntes que mantinham estas posições, não coerentes com a doutrina católica penduravam-se e desenvolviam-se por longas décadas de forma isolada até que se extinguissem ou não. E outras seitas surgissem; a convivência com as heresias era estreita e vetada, versando as condições religiosas e jurídicas da época. No séc. XIII Tomás de Aquino exortava aos fieis católicos que não mantivessem relações algumas com os hereges, nem mesmo conversas para que não se corrompessem tomando com citação (I Co 15,33).

Atualmente verifica-se que as comunidades eclesiais surgidas da Reforma comungam das doutrinas heréticas dos primeiros reformadores como o heresiarca³ Martinho Lutero no séc. XVI. E ainda mais o neo pentecostalismo têm manifestado outros modismos teológicos nas novas “igrejas”, cercados comumente de aversão aos ensinamentos católicos e alguns outros fenômenos do anticatolicismo. Para enumerarmos existem hoje muitas crenças heréticas como a não consciência dos que já faleceram, o batismo pelos mortos, o milenarismo, o Espirito Santo desprovido de Divindade e etc. Além das crenças originadas na Reforma a solo fides, solo graça, solo escritura, livre exame e assim vai...

Interessante e que em nossos tempos estas doutrinas tem encontrado acessibilidade junto às pessoas como que em um rodízio, existem crenças e “igrejas” para todos os gostos e como é necessidade moderna a “novidade” esta se encontra em alta atualmente. Muitos tem se entregado as sagazes e falaciosas novidades “abandonando a lei santa que lhes foi ensinada” (II Pd 2,21). O Apostolo Pedro profetizou sobre as heresias, dizendo que “Muitos os seguirão nas suas desordens e serão deste modo a causa de o caminho da verdade ser caluniado” (II Pd 2,2). E como é difícil para os bons católicos hoje cercados de adversidades manterem-se intactos e ortodoxos; apegados a verdade revelada a Igreja “Coluna e sustentáculo da verdade” (II Tm 3,15); perante as atuais e corriqueiras consequências trágicas, reflexo das heresias como salientei no início do artigo. Que tornam os verdadeiros cristãos os personagens caluniados, injuriados e os vilões dos últimos séculos.

Notas:

Ortodoxia¹: Adjetivo povém do grego "orthós" (retos) e "dóxa", (opinião). Resultando na tradução “crença correta” como salientam alguns linguistas.

Partidos²: O termo corresponde a “heresias” como aparente em algumas versões da bíblia. Cf. I Cor 11, 19:

Heresiarca³: Significa mentor, iniciador ao melhor “pai” de uma doutrina ou pensamento herético, o termo pode ser endendido e usado para designar um chefe ou cabeça de uma seita herética.

Referencias;

DUBY, Georges. Heresias e Sociedades na Europa Pré-Industrial, séculos XI-XVIII in Idade Média – Idade dos Homens. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. p.175-184 [original: 1988].

IRINEU DE LIÃO. Contra as Heresias III. 4,1.

sábado, 25 de junho de 2011

Os Jesuítas na América latina

História da presença jesuítica na América latina.


Por. Prof. Carlos Ramalhete

Introdução

Para o brasileiro médio de hoje, é dificílimo sequer imaginar o ambiente mental dos europeus, especialmente íberos, do século XVI. Tudo, na concepção do homem da época, passava pela religião. Não havia sequer a possibilidade mental de imaginar o mundo de maneira materialista ou secular.

Isto não era, entretanto, como hoje em dia é comum acusar, um totalitarismo religioso imposto sobre a população. A religião regrava as vidas não por imposição externa, mas por crença real e livremente aceita. As autoridades religiosas não detinham senão uma parcela ínfima do poder que hoje tem qualquer guarda de trânsito. As autoridades civis no nível nacional espanhol e português estavam apenas começando a ter o seu poder aumentado lentamente, às custas do poder tradicionalmente mantido pelas instâncias inferiores. Mesmo assim, o poder dos reis era infinitamente menor que o poder exercido por um prefeito moderno. Um rei não poderia dizer a uma Universidade o que fazer, o que ensinar, quem contratar e a quem admitir como aluno. Um rei não poderia dizer a um pai de família como e onde educar seus filhos.

Toda a sociedade estava organizada tendo como pólo principal não as leis e regulamentações estatais, mas a religião. Ao contrário de hoje, havia um acordo completo dentro de todos os segmentos da sociedade, até mesmo os criminosos, acerca do que era certo e do que era errado, do que era permissível e do que não era. Os criminosos não viam com orgulho seus atos criminosos, como hoje muitos fazem; os atos desonestos que cometiam eram por eles vistos como atos desonestos e não justificáveis.

Ao mesmo tempo surgia mais ao norte a sombra da Era Moderna; com a Revolta protestante, seguida pelo dito "Iluminismo", a era de ouro da civilização européia cedia o lugar aos primeiros sinais do que viria a tornar-se a barbárie genocida do século XX. Na Espanha e em Portugal, contudo, a longa batalha, finalmente concluída, contra as tropas muçulmanas instaurava um período de grandeza espiritual e material. O Século de Ouro espanhol se iniciava.

No mesmo ano em que Cristóvão Colombo descobriu a América, foi concluída a Retomada. A Península Ibérica, que passara oitocentos anos sob dominação muçulmana, estava finalmente de volta às mãos dos cristãos. A longa guerra pelo domínio da Península fizera com que a mentalidade espanhola e portuguesa fosse radicalmente diferente da mentalidade do resto da Europa. Enquanto para a maioria dos europeus o mundo era a Cristandade, para os ibéricos a lembrança recente dos duros combates contra os muçulmanos, e até a presença de muçulmanos nos territórios recém-retomados, eram fatores importantes na formação da mentalidade do povo. Os íberos eram povos guerreiros, povos de soldados.

Estes soldados, entretanto, eram profundamente religiosos. Em suas guerras eles cometiam crimes hediondos, como aliás o fazem quase todos os soldados. Raramente, porém, encontraríamos alguém que os quisesse justificar. A noção de “guerra total”, não podemos esquecer, é uma invenção do século XX.

Os Jesuítas

A Societas Jesu, ou Companhia de Jesus, foi fundada em 27.IX.1540 pelo ex-militar espanhol Santo Inácio de Loyola. Um de seus primeiros seguidores foi o jovem São Francisco Xavier. Organizada em moldes militares, era dedicada à obediência à Igreja ao ponto de adicionar um quarto voto, de obediência direta ao Papa, aos tradicionais votos de pobreza, obediência e castidade. Dispensando muitas práticas tradicionais em prol de uma maior mobilidade, a Companhia de Jesus foi a primeira congregação regular a não ter hábito próprio, não ter canto comum dos Horas litúrgicas e não ter eleições internas, adotando um regime monárquico baseado na obediência. O superior Geral da Companhia é chamado "Papa Negro" (por usar a batina negra dos padres diocesanos), e só presta obediência ao Papa. Do mesmo modo, os jesuítas (termo originalmente ofensivo mas depois adotado pelos membros da Companhia) só prestavam obediência ao Papa e a seus superiores dentro da Companhia. Eles também não faziam votos solenes, de modo a poderem ser mais facilmente dispensados pelo Papa em caso de necessidade.

Antes mesmo do reconhecimento canônico da Companhia, seus membros já foram encarregados pelos Papas de várias missões difíceis, especialmente a luta contra as heresias dentro da Cristandade e a evangelização de povos distantes e agressivos. Coube aos jesuítas a evangelização do Japão, da China (onde envolveram-se em uma questão controversa por adotarem uma versão achinesada da liturgia), da Índia, da América do Norte (onde tombaram vários, martirizados pelos índios na Flórida, em Nova Iorque, na Virgínia e no Canadá). A eles também couberam as tentativas de re-catolicização da Inglaterra, onde vários foram martirizados pelos protestantes. A Companhia teve ao todo mais de oitocentos de seus membros martirizados in odium fidei.

Por adotarem intransigentemente a defesa da Fé e a obediência ao Romano Pontífice, muitas foram as inimizades conquistadas pelos Jesuítas. Os protestantes, os jansenistas, os iluministas, os traficantes de escravos; todos, em um ou outro momento, levantaram-se contra estas vozes da pura Fé, que preferiam entregar sua vida a ceder na defesa da verdade.

A questão ética

Quando foram descobertas as novas terras das Américas, os Reis de Espanha e Portugal receberam permissão papal para evangelizar estes territórios. Os soldados que haviam sido enviados, porém, por mais religiosos que fossem, não eram de modo algum a elite moral da sociedade ibérica. Eram bandidos anistiados, eram aventureiros em busca de fortuna, eram, em suma, a escória da sociedade.

Dois foram os modos de exploração econômica e evangelização das novas terras. Portugal manteve-se na costa, buscando primordialmente o comércio com as tribos nativas. A Espanha, que encontrou quase imediatamente grandes impérios, procurou dominá-los e submetê-los à Coroa. O raciocínio que foi empregado para justificar esta dominação era multiforme. Por um lado, os nativos deveriam ser evangelizados, o que fazia com que fosse necessário manter uma presença forte na terra nova para garantir a segurança dos missionários. Por outro, os nativos tinham hábitos que provocavam nos espanhóis uma justa indignação, como o sacrifício humano. Assim, fazia-se necessário intervir violentamente para fazer cessar estes sacrifícios, que atingiam a casa das dezenas de milhares de pessoas por ano. Ao mesmo tempo, a cobiça dos soldados fazia com que estas razões, que por si seriam justas em algumas circunstâncias, fossem freqüentemente invocadas sem razão.

O Rei da Espanha estabeleceu então um sistema de comendas, que deveria assegurar ao mesmo tempo os interesses financeiros dos espanhóis e o bem-estar dos índios. Os índios seriam empregados pelos espanhóis, a força se preciso fosse, mas sendo sempre pagos, alimentados e educados por seus patrões. A escravização deles não seria permitida. Em breve, porém, os supostos “empregos” tornaram-se mais e mais semelhantes a condições de real escravidão, o que provocou a justa indignação do Bispo de Chiapas, D. Bartolomeu de Las Casas, OP, que chegou a excomungar os maus patrões.

A questão do modo como estavam sendo tratados os índios chegou então às Universidades espanholas, centro do pensamento moral e teológico da época. Vivas questões foram suscitadas acerca do tratamento dado aos índios. Os professores que eram ligados à Corte ou que de alguma maneira tinham ligação com as forças colonizadoras procuravam minimizar a gravidade dos crimes. Os teólogos mais independentes, como Francisco de Vitória e Molina, aplicavam de maneira mais justa a Teologia Moral no tocante a estes casos.

A importância destes debates não pode ser hoje menosprezada, assim como não podemos deixar de perceber a enorme importância e gravidade de que era revestida a excomunhão ministrada por D. Bartolomeu, ou uma simples definição de que tal ou tal ação constitui pecado mortal. Mesmo os mais gananciosos e empedernidos criminosos apavoravam-se com a simples idéia de serem excomungados.

As possessões espanholas eram governada por vice-reis, que detinham prerrogativas de Padroado; a eles competia nomear bispos e instalar dioceses e paróquias. O clero que acompanhava estes vice-reis e era posto sob sua tutela direta pertencia predominantemente às ordens mendicantes (franciscanos e dominicanos). Os jesuítas, porém, operavam de maneira bastante diferente. A Companhia de Jesus operava sob as ordens diretas do Papa, não estando portanto sujeita à tutela direta dos vice-reis espanhóis. Os jesuítas eram aceitos de bom grado pelos espanhóis, mas não faziam parte do sistema. Ainda que obedecendo às determinações legais de colocar os índios sob a suserania do Rei de Espanha, eles não procuraram em momento algum mesclar as populações indígenas às populações espanholas, como havia sido e era ainda feito pelo clero diretamente às ordens dos vice-reis.

Tendo percebido os horrores advindos do sistema de comendas e da exploração da mão-de-obra indígena por parte dos colonos espanhóis, os jesuítas preferiram agir em prol dos índios. A entrada de espanhóis nas reduções jesuíticas só podia ocorrer em circunstâncias especiais, requerendo permissão. Os índios não eram entregues aos colonos, nem tampouco o eram as terras indígenas.

Neste contexto histórico, é fácil perceber tanto a importância do trabalho dos jesuítas quanto as dificuldades por eles enfrentadas.

A América Espanhola

Quando os espanhóis chegaram às Américas continentais, eles encontraram civilizações relativamente avançadas, de alto nível de organização: os Astecas e os Incas. Para os padrões europeus, ambas eram extremamente primitivas em termos tecnológicos; a tração animal era-lhes desconhecida, assim como não conheciam nem as armas de fogo nem o ferro, fundamental para a construção das armaduras que tornavam os espanhóis virtualmente imunes às flechas e espadas de obsidiana dos nativos.

Aproveitando-se das rivalidades tribais, os conquistadores espanhóis lograram subjugar, em tremenda inferioridade de números, os numerosíssimos e aguerridos exércitos idólatras. Em sua justa indignação, causada pelo horrendo espetáculo dos morticínios rituais astecas, os conquistadores desfizeram em grande medida as instituições e a hierarquia social presente antes de sua chegada. Esta organização, porém, não tinha uma história muito longa. Os povos do México haviam sido subjugados pelos astecas há relativamente pouco tempo, e o domínio asteca não estava demasiadamente imbricado no tecido social. Cada povo não-asteca ainda tinha seus próprios reis e príncipes, que pagavam aos astecas impostos em homens e mulheres a serem sacrificados aos ídolos.

Havia porém uma sociedade organizada, de tal forma que a chegada dos espanhóis às praias rapidamente chegavam aos ouvidos dos governantes no altiplano. Isso forçou um confronto maior e levou a uma rápida penetração espanhola em território asteca. Esta penetração, seguida por sucessivas vitórias militares com o auxílio dos povos subjugados pelos astecas, incentivados pelos espanhóis a levantar-se contra seus opressores, fez com que uma governança espanhola fosse logo estabelecida.

Devido ao direito de Padroado de que gozavam os reis de Espanha, foram imediatamente estabelecidas circunscrições não apenas administrativas civis e militares, mas também religiosas. As dioceses eram estabelecidas à medida que o era o governo civil. Enviados em autoridade pelo governo espanhol, os vice-reis tinham o poder de estabelecer novas dioceses e paróquias, facilitando tremendamente o trabalho de evangelização.

Quando da chegada espanhola na costa oeste sul-americana, foi igualmente encontrada uma civilização de grande complexidade administrativa. Assim, a chegada dos primeiros espanhóis foi imediatamente levada ao conhecimento dos Incas em Cuzco, nas altas montanhas andinas. Enviados espanhóis foram imediatamente buscar a conversão dos príncipes, sendo recebidos com injúrias e desprezo. Os espanhóis então atacaram com força. Movidos igualmente pelo desejo de reparar o ultraje a Nosso Senhor e pelo desejo do ouro, farto naquelas terras, imediatamente encetaram a conquista dos territórios dominados pelos Incas, destruindo assim o outro grande Império latino-americano pré-colombiano.

Neste primeiro contato com as civilizações mais avançadas das Américas, cabe lembrar, ainda não estavam presentes os jesuítas. As primeiras excursões espanholas tiveram como seus capelães principalmente franciscanos e, em menor quantidade, dominicanos.

A América Portuguesa

Na América Portuguesa a situação foi bastante diferente. Nas terras cuja evangelização foi confiada aos portugueses, a leste das Tordesilhas, não haviam nenhuma civilização avançada. Centenas de tribos indígenas primitivíssimas, inimigas umas das outras, digladiavam-se e entregavam-se ao canibalismo. Nestas circunstâncias, não havia evidentemente um governo central ao qual a chegada dos portugueses fosse noticiada, não houve tropas enviadas do interior para a costa, não houve, em suma, nenhum motivo para uma rápida penetração além da costa. Somando-se ainda o fato de Portugal ser um país pequeno, já engajado em colonização e comércio costeiros com enorme parcela da África e do Sul da Ásia o que fazia com que os recursos humanos portugueses já estivessem esticados ao limite é fácil perceber a razão por que a colonização portuguesa inicialmente restringiu-se a uma estreitíssima faixa costeira. Até a chegada dos primeiros missionários jesuítas, havia apenas dois franciscanos em Porto Seguro, chegados em 1516, e outros dois em São Vicente (litoral paulista), chegados em 1530.

Com a chegada dos jesuítas à obra da evangelização americana, porém, esta situação se modificou em grande parcela. Levados pelo desejo de evangelizar os índios, livrando-os do canibalismo e de similares costumes bárbaros, os jesuítas rapidamente encetaram fascinante obra de evangelização dos territórios em domínio português. Foram eles os primeiros a avançar a pé pelo litoral, buscando evangelizar as tribos indígenas e inculturar para aqueles povos a mensagem do Salvador. Devemos aos jesuítas a fundação e o estabelecimento não só de grande parcela da povoação costeira no Brasil, como a costa capixaba, como também a fundação de São Paulo, o primeiro estabelecimento ocidental no interior brasileiro. Desta vila, porém, em amarga ironia, viriam mais tarde ataques assassinos contra as futuras reduções jesuítas no Paraguai.

No Ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1549, no dia de Santo Inácio (1o de fevereiro) partiu de Lisboa a primeira missão jesuíta portuguesa para a terra do Brasil. Seis eram os jesuítas que nela vieram, incluindo o superior, Pe. Manuel da Nóbrega. No ano seguinte seis mais padres vieram. Sendo tal número de padres insuficiente para tão vasto território, foram enviados em 1553 mais dois padres e quatro irmãos, dentre eles o Bem Aventurado José de Anchieta (1534-1597), o mais novo da expedição.

Contrariamente ao que ocorria nas terras espanholas, a evangelização do Brasil começou principalmente com os jesuítas. Apesar de terem os reis de Portugal direito também de Padroado, só muito indiretamente era este direito exercido; não foram por estes reis nomeados vice-reis que pudessem exercê-lo, o que fazia com que fossem necessárias ordens vindas da Europa (viagem de meses de barco em cada sentido) para a ereção canônica de uma paróquia. Assim, continuou o Brasil por muito tempo a ser território de Missão. Até 1676 a única diocese em território brasileiro era a da Bahia, fundada em 1551.

A penetração do território português

Em aberta desobediência às determinações da Igreja, era costume entre os portugueses a escravização de indígenas. Somando-se este mau e criminoso hábito às tremendas guerras movidas pelos colonizadores e às doenças provocadas nos índios pelo contato com os brancos, houve rapidamente grande diminuição da povoação indígena no território brasileiro. As tribos do sertão foram exterminadas quando do início da criação de gado na região, com os colonos acusando os nativos de roubar-lhes o gado. Poucas foram as zonas em que a colonização portuguesa foi feita em paz com os índios. Um exemplo é a colonização do Ceará, que nos primeiros anos do século XVII foi pacificado sem morticínios por um jovem capitão, Martim Soares Moreno, acompanhado por apenas cinco soldados e um capelão.

A regra nas terras sob domínio português era a barbárie aberta contra os índios. Contra isso levantaram-se logo os jesuítas, o que lhes causou não poucos problemas. O Pe. António Vieira (1608-1697), nascido em Lisboa mas criado no Brasil desde tenra idade, ao voltar em 1653 de sua formação em Portugal (onde chegou a ser confessor do Rei D. João IV) e ver a situação dos índios no Maranhão e no Pará, causou furor ao dizer com todas as letras aos portugueses que estavam todos em pecado mortal e iriam diretamente para o Inferno.

Quando voltou a Portugal exigiu do Rei que fossem protegidos os índios, conseguindo então em 1655 nova legislação coibindo os fortíssimos abusos cometidos contra estes povos. Com este poderoso auxílio, foi possível para os jesuítas evangelizar e aldear em 54 reduções cerca de duzentos mil índios. O próprio Pe. Antônio Vieira conseguiu pacificar, pela prédica sincera da Palavra, quarenta mil nativos da Ilha de Marajó. Os nativos eram aldeados e dedicavam-se, sob a tutela espiritual dos bons padres jesuítas, à criação de gado. Cedo, porém, a riqueza em gado e em terras dos índios provocou a inveja dos colonos portugueses, que viam seus antigos escravos em situação melhor que a deles próprios. Em 1661, os jesuítas (inclusive Pe. Antônio Vieira) foram expulsos do Maranhão e tiveram que voltar a Portugal. Cedendo aos colonos, o Rei permitiu que os índios fossem distribuídos para o serviço dos colonos. Apenas dezessete anos mais tarde, em 1680, conseguiu Pe. Antônio Vieira do novo Rei, D. Pedro II, nova legislação concedendo a terra aos índios "como senhores originais e naturais dela".

Em 1684, contudo, estourou nova revolta. Os colonos maranhenses, encabeçados por Manoel Beckman (o "Bequimão") e Jorge Sampaio, conseguiram novamente expulsar os jesuítas. Depois de debelada a rebelião e devidamente punidos (com a pena de morte) os líderes desta insurreição escravagista, os jesuítas viram-se contudo forçados a ceder parcialmente e permitir que os índios trabalhassem para os colonos seis meses por ano. Infelizmente foram também autorizadas expedições armadas para o interior, que na prática nada mais eram que expedições em busca de escravos em tempo integral.

Pe. Antônio Vieira foi também o responsável pela redação do Regimento das Missões, o regulamento que foi desde 1686 a regra a ser seguida pelos missionários, que passaram a buscar a evangelização e aldeamento dos índios nos seus lugares de origem, mantendo-os longe dos colonos. Quando chegaram outras congregações missionários, foi também por elas adotado este Regimento. A imensa maioria das cidades mais antigas do Norte brasileiro começou como aldeamento jesuíta.

É impressionante notar a relação direta entre a atividade missionários jesuíta e a formação étnica das regiões brasileiras. Nas regiões onde o contato inicial foi feito pelos jesuítas e por eles mantido (ou ao menos segundo o Regimento jesuítico), a imensíssima maioria da população é de origem étnica indígena; nas regiões onde os jesuítas chegaram após os colonizadores brancos, a população é mestiça de índio e branco; onde os jesuítas foram expulsos cedo, ou onde não houve presença jesuíta, a população indígena foi praticamente dizimada.

O mesmo pode ser dito acerca das regiões espanholas em que as tribos indígenas não estavam organizadas. Enquanto nas áreas sob domínio Inca e Asteca foi possível aos espanhóis a manutenção de uma estrutura hierárquica local, reformada para ser posta a serviço da Coroa espanhola, nas áreas anteriormente ocupadas por índios selvagens só persiste um largo componente étnico ameríndio nas regiões cuja evangelização foi feita pelos jesuítas. No Paraguai, território de responsabilidade quase exclusiva dos jesuítas, não apenas foi mantida ilesa a população nativa, como sua língua nativa é até hoje a língua comum.

As técnicas de penetração

Aos jesuítas não agradavam as técnicas espanholas que os franciscanos e dominicanos em geral aceitavam. A simples leitura por um intérprete de um texto que poderia ser resumido grosseiramente em "aceite a Deus e ao Rei como seus superiores por bem ou o faremos aceitar por mal" não lhes condizia em absoluto. As técnicas dos colonizadores portugueses eram-lhe ainda mais repulsivas. O objetivo dos jesuítas era, antes de mais nada, a conversão verdadeira dos índios. Tanto espanhóis quanto portugueses queriam reduzir os índios a escravidão; a única diferença era a maior honestidade dos portugueses, que não disfarçavam sob títulos pomposos e pseudo-misericordiosos os seus intentos.

Assim, os jesuítas procuraram manter-se longe dos colonizadores, trabalhando por conta própria. Armados apenas com seus utensílios sacros e alguns instrumentos musicais, os jesuítas adentravam as matas e caminhavam enormes distâncias, de modo a serem os primeiros a encontrar os índios. Encontrando-os, tocavam música para atraí-los. Atraindo-os, procuravam contar a eles a Boa Nova e convencê-los, sem jamais usar da força, a aderir à religião cristã.

Para isso eles aprenderam as línguas indígenas, compilaram dicionários e gramáticas, e chegaram ao ponto de criar uma língua nova, amálgama das línguas faladas pelos índios da costa brasileira, para que se tornasse possível a comunicação entre todas as tribos. A esta língua foi dado o nome de "Nheengatu", ou Língua Geral.

O objetivo dos jesuítas era a evangelização, não a europeização dos índios. Isso causou enormes dificuldades com os colonizadores, pois apesar da aceitação geral pelos índios evangelizados da suserania do Rei eles não se tornavam pequenos espanhóis ou pequenos portugueses. Não aprendiam a falar as línguas européias e mantinham todos os seus hábitos culturais que não fossem contrários à Lei Cristã. Era, em suma, criada uma nova cultura cristã de base indígena.

As missões e reduções

Em 1604, pregando aos colonizadores espanhóis em Assunção, o Pe. jesuíta Lorenzana despertou o ódio geral ao ameaçar com a cólera divina os espanhóis se não libertassem os índios que haviam escravizado em incursão pelo interior. Esta foi a gota d'água. A situação tornou-se tensa demais entre os jesuítas e a população espanhola; calúnias surgiram por toda parte, e algo precisava ser feito.

Por mais desagradável que tenha sido, entretanto, este incidente causou indiretamente um grande bem. Afinal, o Rei D. Felipe III já havia proibido em 1601 a escravidão indígena. Em 1606 ele exigiu o desenvolvimento do sistema reducional nos novos contatos com nativos, e reiterou esta ordem em 1609. Três anos depois, em 1607, o superior geral da Companhia, Pe. Cláudio Aquaviva, erigiu uma província nova da Companhia de Jesus: a Província do Paraguai, dedicava à evangelização dos índios no interior. Esta província, que começou com oito padres, já contava com 113 sacerdotes sete anos depois. Seu primeiro superior provincial foi o Pe. Torres, a quem o Visitador do Rei , D. Francisco de Alfaro, sugeriu a vinculação direta das novas reduções à Coroa, para libertar os jesuítas dos entraves causados pelos colonizadores e pelas autoridades cúmplices do tráfico de escravos.

Partindo assim das regiões dominadas pela Espanha, missionários jesuítas avançaram rumo ao sudeste, adentrando as amplas planícies dos Pampas e do Chaco. Nestas planícies, encontraram tribos indígenas semelhantes às existentes no território dominado pelos portugueses, não culturas desenvolvidas e hierarquizadas como haviam anteriormente encontrado os espanhóis no México e nos Andes.

Atraindo-os pacificamente, os jesuítas lograram construir o que já foi chamado "a utopia de mais longa duração": a República das Missões. "Reduzindo" os índios, ou seja, convencendo-os a viver em "reduções", em cidades construídas de pedra, os jesuítas edificaram uma verdadeira civilização cristã indígena em um território que hoje faz parte do Paraguai, Uruguai e Brasil. A língua dos índios - o guarani, até hoje falado por ampla parcela da população paraguaia - foi mantida; a autoridade de seus caciques foi respeitada; suas regras de vida, quando não contrárias ao Evangelho, permaneceram em prática. Uma nova civilização começou a desenvolver-se.

Estas missões, ou reduções, foram certamente um fenômeno único na história da América Latina. Afastando-se dos bárbaros colonos europeus, os jesuítas avançaram da antiga terra dos Incas a oeste, penetrando no atual território paraguaio, uruguaio, brasileiro e argentino. A "República Guarani", estabelecida pelos jesuítas sob a suserania do Rei da Espanha, tinha características administrativas ímpares. Séculos antes de qualquer outro Estado proibir a pena de morte, já era tal a regra nas Missões. A música, as artes, os ofícios mais variados eram ensinados pelos jesuítas aos índios. O talento natural dos nativos para as artes foi descoberto e desenvolvido à perfeição por seus mestres jesuítas. Basta dizer que foram construídas belíssimas catedrais, dotadas de órgãos de tubos; que foram organizados, treinados e ensaiados à perfeição corais de por vezes mais de mil cantores; que foram feitas orquestras; que até hoje a harpa, instrumento aristocrático por excelência, é no Paraguai instrumento popular entre os descendentes dos índios missioneiros.

Nas missões era a priori proibida a entrada de brancos; apenas os padres e irmãos jesuítas transitavam livremente por estes territórios. Esta medida visava evitar não apenas a captura dos índios pelo escravagistas espanhóis, como também a proteção dos nativos evangelizados contra o deletério efeito da pouquíssima moral da ralé colonizadora. Este foi um trabalho dificílimo em seu início; os feiticeiros, evidentemente, buscavam rebelar os índios contra os jesuítas; freqüentemente os índios que não haviam nascido nas reduções relapsavam em antigos hábitos e entregavam-se à embriaguez, ao canibalismo, ao assassinato. Com o tempo, porém, à medida que as novas gerações foram crescendo e suplantando os antigos, que lembravam da vida selvagem, estes problemas foram acabando, apenas para serem substituídos pelos choques com os espanhóis e, mais grave, com as criminosas excursões dos bandeirantes com o propósito de seqüestrar índios missioneiros e reduzi-los à escravidão.

A organização social das missões era, inicialmente, uma versão cristianizada da organização tribal; os caciques mantinham a sua autoridade, que pouco a pouco diminuía até ser atingida uma quase igualdade entre os índios. O padre não participava diretamente da administração secular senão como consultor com poder de veto. Suas sugestões eram evidentemente acatadas, mas as minúcias do governo eram deixadas nas mãos dos índios, que elegiam livremente seus líderes (os caciques viram-se aos poucos transformados em uma nobreza honorífica, sem direito de mando real).

Este não foi um trabalho fácil. Os padres chegavam a pé, sozinhos, armados apenas com seus utensílios litúrgicos, e atraíam os nativos pela música. Falando com eles em suas próprias línguas - para isso foram compostas pelos jesuítas gramáticas e dicionários -, era-lhes anunciada a Boa Nova. Atraídos então pelos padres para uma vida sedentária, os índios construíam, sob a orientação dos missionários, aldeias e cidades cujas ruínas até hoje não deixam de impressionar os visitantes. Estas cidades de pedra eram feitas do nada; cada ferramenta, cada martelo, era construído pelos índios com os materiais de que pudessem dispor, sob as instruções de mestres jesuítas.

As missões eram completamente auto-sustentadas. Criava-se gado, plantava-se o necessário, minerava-se e fundia-se o ferro. Os impostos eram pagos à Coroa espanhola em espécie, visto não circular dinheiro nas Missões. Tudo nestas vastas cidades indígenas era comum; não havia bens particulares, não havia selvageria. Os raros criminosos eram levados, ou melhor, iam de bom grado ao padre, que determinava sua punição. Após serem punidos, normalmente voltavam os índios para agradecer ao sacerdote.

Não se trata de pequenas comunidades de hippies com algumas dezenas de pessoas; o território missioneiro contava em 1700 com 73 religiosos nas 30 reduções já fundadas: 8 no atual Paraguai, 15 na atual Argentina e 7 no atual Rio Grande do Sul. Nelas viviam noventa mil índios, que formavam vinte e três mil famílias. Nos 158 anos que durou a República Guarani, houve apenas sete visitações episcopais.
Confrontos e inimizades

O maior inimigo das missões em seus primeiros anos foram os bandeirantes paulistas. As incursões escravagistas destes mercenários provocavam tamanho terror entre os índios que aqueles eram comparados por estes a demônios encarnados. Há até mesmo uma interessante amostra desta percepção - não de todo errônea - a ser vista ainda hoje em uma igreja gaúcha: uma escultura de S. Miguel Arcanjo em que ao invés de representar o Santo pisando em um demônio vencido ele é mostrado pisando em um bandeirante.

Os ataques bandeirantes tinham na verdade duas causas. Além da busca de escravos, objetivo primeiro dos aventureiros na ausência de ouro e pedras preciosas, havia por trás de tudo uma dura questão política. Os bandeirantes não eram mais portugueses; consideravam-se antes de mais nada paulistas. Somando-se a esta identidade primordialmente local o fato de que o Trono de Portugal esteve em mãos espanholas de 1580 a 1640, diminuindo mais ainda qualquer reconhecimento de autoridade superior por parte dos aventureiros, e o apoio dos colonos portugueses e espanhóis, que não viam com bons olhos as reduções cheias de índios enquanto eles trabalhavam sem auxílio escravo, as incursões bandeirantes eram também afirmações do domínio territorial que desejavam ter naquelas regiões. A Coroa Espanhola, que acabaria por lucrar mais cedo ou mais tarde com os frutos das minerações bandeirantes, fechava normalmente os olhos a tais incursões. Estavam assim os índios e os jesuítas forçados a defender-se por sua própria conta e risco, com as armas que pudessem fabricar e valendo-se apenas de suas próprias forças, sem esperança de auxílio exterior.

Durante o período de união das coroas ibéricas foram muitos os ataques dos bandeirantes. A partir de 1628 eles foram se tornando progressivamente mais graves; em uma só incursão, certa feita, foram capturados e escravizados pelos paulistas trinta mil índios missioneiros. No período de dois anos que vai de 1628 a 1630 foram raptados ao todo cerca de sessenta mil índios. As reduções da região de Guaíra, no atual território brasileiro, tiveram que ser abandonadas em 1631, quando os padres Montoya e Mendoza encabeçaram uma multidão de doze mil índios, atravessando selvas e lugares onde até hoje não há estradas para fugirem da sanha bandeirante e refugiar-se nas missões situadas juntos aos rios Paraná e Alto-Uruguai.

Em 1639, às vésperas da separação de Portugal e Espanha, a Coroa espanhola permitiu que os índios usassem armas de fogo. Foram então fabricados arcabuzes e outras armas leves, com as quais poderiam finalmente defender-se das incursões predadoras dos bandeirantes.

A maior batalha entre os missioneiros e os paulistas, com avassaladora derrota destes, foi a Batalha de Mbororé, no dia 11 de março de 1641. No Rio Uruguai enfrentaram-se 800 bandeirantes acompanhados por seis mil índios tupis, seus aliados, e quatro mil guaranis missioneiros. Os bandeirantes portavam todos armas de fogo; os tupis usavam azagaias e flechas, e os guaranis tinham, ao todo, 57 arcabuzes. A estes, porém, somavam-se engenhosos canhões feitos de bambu grosso envolto em couro, que atiravam balotes de pedra com peso e força suficiente para fazer naufragar uma canoa.

Ao ver aproximarem-se os bandeirantes, o líder guarani, Cacique Inácio Abiaru, avançou com poucos guerreiros e bradou ser uma vergonha que gente que se dissesse cristã quisesse escravizar a outros cristãos. A isso nada respondeu o chefe bandeirante, capitão-mor Manoel Pires. A batalha então começou. Dois dias de batalha ininterrupta depois, vendo as balas de pedra dos canhões de bambu arrasando suas tropas; recebendo o fogo certeiro dos arcabuzes dos guaranis; sofrendo tamanha chuva de flechas que mal podiam sair de seus abrigos, os bandeirantes procuraram convencer os missioneiros que não eram escravagistas, estavam apenas em busca de outros bandeirantes desaparecidos naquela região. De nada lhes valeu a artimanha. Foram desbaratados, e fugiram de volta ao planalto paulista com os guaranis em seus calcanhares. Durante muito tempo não voltaram os bandeirantes a atacar as reduções.

Começava então a fase áurea das reduções. A maior parte dos índios já havia nascido nas missões; os antigos hábitos de canibalismo, roubo, estupros já haviam sido abandonados, e tudo isso já não mais ocorria.

Um problema de natureza diferente, porém, impedia o pleno florescimento desta belíssima civilização cristã guarani. A incerteza das fronteiras traçadas pelo Tratado de Tordesilhas fazia do direito de posse o verdadeiro indicador de soberania. Portugal e Espanha cobiçavam aquelas terras férteis, consideradas como suas de direito por ambos os lados. Como os jesuítas que povoaram a região haviam saído de território espanhol e pertenciam a uma província eclesiástica sediada em Assunção, cidade incontestavelmente pertencente à Espanha, a vassalagem da República Guarani era prestada aos Reis de Espanha. Seus impostos iam para a Coroa Espanhola, e pela Coroa Espanhola foram nomeados defensores da fronteira oriental.

Isso não era visto com bons olhos pela Coroa portuguesa, que ambicionava aquelas terras. Durante cem anos persistiu a questão de fronteira, com os índios guaranis das Missões defendendo ardorosamente seu território contra os ataques das tropas portuguesas e paulistas e dos maus colonizadores espanhóis.

O fim das Missões e da Companhia

Os colonizadores portugueses e os paulistas, como já vimos, não viam com bons olhos aquele gigantesco enclave armado e auto-suficiente em uma terra que consideram sua por direito. Os colonizadores espanhóis, porém, tampouco aceitavam de bom grado a presença das reduções, que os privavam de mão-de-obra escrava (ilegal, mas amplamente utilizada). Além disso, quando de uma sublevação em Assunção em 1753, quando se instaurou uma Comuna independente, o exército guarani sitiou a cidade e a fez retornar à submissão à Coroa, o que evidentemente não contribui para aumentar sua popularidade entre os habitantes. As acusações foram tamanhas que foi ordenada em Madri uma investigação completa, cujo resultado foi favorável aos guaranis.

Em 1750, finalmente, foi assinado o Tratado dos Sete Povos, que expulsou do atual território brasileiro as sete reduções jesuíticas. Foram expulsos de nosso território os trinta mil habitantes que se viram forçados a abandonar os corpos de seus ancestrais em cemitérios tomados depois pelo mato, a abandonar suas imensas plantações, a esvaziar edifícios lindíssimos construídos pelo trabalho de gerações de índios cristãos. Foi forçado a sair do atual território brasileiro, por medo de ser escravizado, o único povo que não tinha pena de morte em sua legislação, o povo que fazia as mais belas obras de arte, o povo que produziu os primeiros impressos de toda a América.

Doze anos depois, em 1762, o Tratado foi revogado e o território dos Sete Povos voltou à Coroa espanhola. Os índios puderam voltar, mas por pouco tempo. Em 1767, o Conde de Aranda determinou a expulsão dos jesuítas dos territórios da Coroa da Espanha. O Marquês de Bucarelli, governador de Buenos Aires, recebeu a incumbência de efetuar a expulsão, com instruções determinando que ele fosse morto se ao fim do ano restasse algum jesuíta, ainda que doente ou à beira da morte, em sua área. Esquadrões de cavalaria fizeram ser cumprida a ordem, levando embora os jesuítas - muitos dos quais já haviam esquecido suas línguas nativas e só sabiam o guarani e o latim - em meio às lágrimas dos valentes índios, que não ousavam levantar-se contra o Rei de Espanha que tantas vezes haviam defendido.

As reduções passaram à administração colonial espanhola, terminando com o belo trabalho de já mais de século e meio dos jesuítas. Os índios aos poucos foram se afastando, e hoje as Missões são apenas as impressionantes ruínas de elevadíssima civilização.

Nos territórios submetidos à Coroa portuguesa, a queda dos jesuítas foi quase simultânea. O Marquês de Pombal, maçom fervoroso e iluminista às raias da caricatura, ordenou a expulsão sumária dos jesuítas de todo o território português, acusando-os de tentativa de regicídio. Em 19.I.1759 foram confiscados todos os bens da Companhia nos territórios portugueses. Em 3.IX.1759, foram expulsos todos os padres. Isso foi feito de maneira tão violenta e brutal que o próprio Voltaire afirmou que "l'excès du ridicule et de l'absurdité y fut joint à l'excès d'horreur".

A campanha contra os jesuítas, na verdade, era universal. Alvo dos mais ferozes ataques de todos os hereges, dos protestantes aos iluministas, os filhos de Santo Inácio de Loiola acabaram por sofrer o mais baixo de todos os golpes pela mão do Papa Clemente XIV (1769-1774), que fôra eleito com apoio dos governos antijesuítas. O irmão do Marquês de Pombal foi feito Cardeal, e a Companhia de Jesus foi extinta. O superior Geral da Companhia, Pe. Lourenço Ricci (1758-1773), foi encarcerado no Castel Sant'Angelo, onde passou o resto de seus dias. Foi o momento mais negro da história do Papado, e o fim da Companhia de Jesus tal como estabelecida por Santo Inácio. O caminho estava livre para Revolução que alguns anos mais tarde banhou a França em sangue. Abriram-se as portas para a lenta transformação da Cristandade na barbárie do Século XX.

Fonte:

RAMALHETE, Carlos. Os Jesuítas na América latina. Blog A Hora de São Jerônimo. Disponível em: http://hsj-online.blogspot.com/2011/03/os-jesuitas-na-america-latina.html Acesso em: 25 Junho 2011.

terça-feira, 7 de junho de 2011

13 Declarações de líderes judeus em defesa do Papa Pio XII

O site forumlibertas.com, publicou em 16 de abril de 2007, declarações 13 grandes líderes judeus em defesa do grande Papa Pio XII, acusado injustamente por muitos de ter sido omisso na defesa dos judeus diante de Hitler. Na verdade a Igreja, por orientação do Papa, agindo de maneira diplomática, conseguiu salvar cerca de 800 mil judeus de serem mortos pelos nazistas. Segundo o site citado, essas declarações desmentem esta calúnia que foi fortemente propagada pelos adversários da Igreja católica. Elas começaram com a propaganda comunista nos anos 60 e se transmitiram pela “nova esquerda” por toda a Europa , junto com a obra financiada pela União Soviética “O Vigário”, de Huchhoth. Nela se baseia o filme “Amém”, de Costa-Gavras.

As declarações a seguir (tradução nossa para o português), são testemunhos desde 1940, desde Einstein até os grandes rabinos de Bucarest, Palestina e Roma. Os historiadores judeus afirmam que Pio XII salvou a vida de muitos judeus.

As declarações dos líderes judeus:

1 - Albert Einstein:

“Quando aconteceu a revolução na Alemanha, olhei com confiança as universidades, pois sabia que sempre se orgulharam de sua devoção por causa da verdade. Mas as universidades foram amordaçadas. Então, confiei nos grandes editores dos diários que proclamavam seu amor pela liberdade. Mas, do mesmo modo que as universidades, também eles tiveram que se calar, sufocados em poucas semanas. Somente a Igreja permaneceu firme, em pé, para fechar o caminho às campanhas de Hitler que pretendiam suprimir a verdade. Antes eu nunca havia experimentado um interesse particular pela Igreja, mas agora sinto por ela um grande afeto e admiração, porque a Igreja foi a única que teve a valentia e a constância para defender a verdade intelectual e a liberdade moral.”

[Albert Einstein, judeu alemão, Prêmio Nobel de Física, na Revista norte-americana TIME, em 23 de dezembro de 1940. Einstein teve que fugir da Alemanha nazista e foi acolhido nos EUA na universidade de Princeton]

2 – Isaac Herzog

“O povo de Israel nunca se esquecerá o que Sua Santidade [Pio XII] e seus ilustres delegados, inspirados pelos princípios eternos da religião que formam os fundamentos mesmos da civilização verdadeira, estão fazendo por nossos desafortunados irmãos e irmãs nesta hora , a mais trágica de nossa história, que é a prova viva da divina Providência neste mundo.” [Isaac Herzog, Gran Rabino da Palestina, em 28 de fevereiro de 1944; “Actes et documents du Saint Siege relatifs a

la Seconde Guerre Mondiale”, X, p. 292.]

3 – Alexander Shafran

“Não é fácil para nós encontrar as palavras adequadas para expressar o calor e consolo que experimentamos pela preocupação do Sumo Pontífice [Pio XII], que ofereceu uma grande soma para aliviar os sofrimentos dos judeus deportados; os judeus da Romênia nunca esqueceremos estes fatos de importância histórica.”

[Alexander Shafran, Gran Rabino de Bucarest, em 7 de abril de 1944; “Actes et documents du Saint Siege relatifs a

la Seconde Guerre Mondiale”, X, p. 291-292]

4 – Juez Joseph Proskauer

“Temos ouvido em muitas partes que o Santo Padre [Pio XII] foi omisso na salvação dos refugiados na Itália, e sabemos de fontes que merecem confiança que este grande Papa estendeu suas mãos poderosas e acolhedoras para ajudar aos oprimidos na Hungria”.

[Juez Joseph Proskauer, presidente do “American Jewish Committee”, na Marcha de Conscientização de 31 de julho de 1944

em Nova York]

5 – Giuseppe Nathan

“Dirigimos uma reverente homenagem de reconhecimento ao Sumo Pontífice [Pio XII], aos religiosos e religiosas que puseram em prática as diretrizes do Santo Padre, somente viram nos perseguidos a irmãos, e com arrojo e abnegação atuaram de forma inteligente e eficaz para socorrer-nos, sem pensar nos gravíssimos perigos a que se expunham.”

[Giuseppe Nathan, Comissário da União de Comunidades Israelitas Italianas, 07-09-1945]

6. A. Leo Kubowitzki

“Ao Santo Padre [Pio XII], em nome da União das Comunidades Israelitas, o mais sentido agradecimento pela obra levada a cabo pela Igreja Católica em favor do povo judeu em toda a Europa durante a Guerra”.

[ A.Leo Kubowitzki, Secretario Geral do “World Jewish Congress” (Congresso Judeu Mundial ), ao ser recebido pelo Papa em 21-09-1945]

7. William Rosenwald

“Desejaria aproveitar esta oportunidade para render homenagem ao Papa Pio XII por seu esforço em favor das vítimas da Guerra e da opressão. Proveu ajuda aos judeus na Itália e interveio a favor dos refugiados para aliviar sua carga”.

[William Rosenwald, presidente de “United Jewish Appeal for Refugees”, 17 de março de 1946, citado em 18 de março no “New York Times”.

8 – Eugenio Zolli

“Podem ser escritos volumes sobre as multiformes obras de socorro de Pio XII. As regras da severa clausura cairam, todas e cada uma das coisas estão a serviço da caridade. Escolas, oficinas administrativas, igrejas, conventos, todos têm seus hóspedes. Como uma sentinela diante da sagrada herança da dor humana, surge o Pastor Angélico, Pio XII. Ele viu o abismo de desgraça ao qual a humanidade se dirige. Ele mediu e prognosticou a imensidão da tragédia. Ele fez de si mesmo o arauto da voz da justiça e o defensor da verdadeira paz”.

[Eugenio Zolli, em seu livro “Before the Dawn” (Antes da Aurora), 1954; seu nome original era Israel Zoller, Gran Rabino de Roma; durante a Segunda Guerra Mundial; convertido ao cristianismo em 1945, foi batizado como "Eugenio" em honra de Eugenio Pacelli, Pío XII]

9 – Golda Meir

“Choramos a um grande servidor da paz que levantou sua voz pelas vítimas quando o terrível martírio se abateu sobre nosso povo”.

[Golda Meier, ministra do Exterior de Israel, outubro de 1958, ao morrer Pío XII]

10 – Pinchas E. Lapide

“Em um tempo em que a força armada dominava de forma indiscriminada e o sentido moral havia caído ao nível mais baixo, Pio XII não dispunha de força alguma semelhante e pôde apelar somente à moral; se viu obrigado a contrastar a violência do mal com as mãos desnudas. Poderia ter elevado vibrantes protestos, que pareceriam inclusive insensatos, ou melhor proceder passo a passo,

em silêncio. Palavras gritadas ou atos silenciosos. Pio XII escolheu os atos silenciosos e tratou de salvar o que poderia ser salvo.”

[Pinchas E. Lapide, historiador hebreu e consul de Israel em Milão, em sua obra "Three Popes and Jews" (Três Papas e os Judeus), Londres 1967; ele calcula que Pío XII e a Igreja salvaram com suas intervenções 850.000 vidas].

11 – Sir Martin Gilbert

“O mesmo Papa foi denunciado por Joseph Goebbels - ministro de Propagando do governo nazista – por haver tomado a defesa dos judeus na mensagem de Natal de 1942, onde criticou o racismo. Desempenhou também um papel, que descrevo com alguns detalhes, no resgate das três quartas partes dos judeus de Roma”.

[Sir Martin Gilbert, historiador judeu inglês, especialista no Holocausto e a Segunda Guerra Mundial, em uma entrevista em 02-02-2003 no programa "In Depth", do canal de televisão C-Span].

12 – Paolo Mieri

“O linchamento contra Pio XII? Um absurdo. Venho de uma família de origem judia e tenho parentes que morreram nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Esse Papa [Pio XII] e a Igreja que tanto dependia dele, fizeram muitíssimo pelos judeus. Seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas e quase um milhão de judeus salvos graças à estrutura da Igreja e deste Pontífice. Se recrimina a Pio XII por não ter dado um grito diante das deportações do gueto de Roma, mas outros historiadores têm observado que nunca viram os antifacistas correndo à estação para tratar de deter o trem dos deportados. Um dos motivos por que este importante Papa foi crucificado se deve ao fato de que tomou parte contra o universo comunista de maneira dura, forte e decidida.”

[Paolo Mieri, periodista judeu italiano, ex-diretor do “Corriere della Será”, apresentando o livro “Pio XII; Il Papa degli ebrei” (Pio XII; O Papa dos hebreus), de Andrea Tornielli, a 6 de junho de 2001. ]

13 – David G. Dalin

“Pio XII não foi o Papa de Hitler, mas o defensor maior que já tiveram os judeus, e precisamente no momento em que o necessitávamos. O Papa Pacelli foi um justo entre as nações a quem há de reconhecer haver protegido e salvado a centenas de milhares de judeus. É difícil imaginar que tantos líderes mundiais do judaísmo, em continentes tão diferentes, tenham se equivocado ou confundido a hora de louvar a conduta do Papa durante a Guerra. Sua gratidão a Pio XII permaneceu durante muito tempo, e era genuína e profunda.

[David G. Dalin, rabino de Nova York e historiador, 22 de agosto de 2004, entrevistado em Rímini, Itália]

Contra essas declarações inequívocas de ilustres judeus, é impossível alguém mais sustentar as antigas calúnias contra o Papa Pio XII; se assim o fizer, será por ignorância histórica ou maldade consumada.

Fonte:

Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br

sábado, 7 de maio de 2011

Supremo Tribunal Federal e sua decisão sobre a "união homoafetiva"

Ainda têm repercutido a recente decisão do STF sobre a união estável de homossexuais e a concessão dos mesmos direitos dos casais heteros, aos casais "homoafetivos". Neste video que passo aos leitores o Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Junior, comenta o assunto.

Fato que levantou duras críticas dos cristãos brasileiros, a CNBB reprovou leia. Dom Henrique Soares Bispo auxiliar da Arquidiocese de Aracajú, também escreveu artigo em que trata da inconstitucionalidade de tal deliberação feita pelos ministros do Supremo Tribunal Federal.



Dê ao STF cartão vermelho! “Entre aqui e escreva para o STF com respeito e firmeza. Faça uso de seu direito de exprimir-se diante das autoridades públicas para lhes manifestar sua inconformidade com aquelas disposições que afetam sua vida e a de seus filhos”.


Contamos com vocês cristãos, homens e mulheres deste país.