domingo, 31 de outubro de 2010

Sobre a Vitoria de Dilma Rousseff e nossa lealdade apologética pela “Vida”

A todos os leitores e simpatizantes do VS, assim como todos os apologistas e fiéis católicos

A Senhorita Dilma Rousseff, pode até ter consolidado sua vitoria, mas nós apologistas da Vida não nos calaremos, nem muito menos todos os bons católicos e cristãos deste País, ficaram calados com esta política pro - legalização do Aborto que vem sendo proposta pelo PT junto a tentativas de instauração desta “política de Morte” como verificadas com a PL 1135/91 apresentada pelo PT em 2005 ao Congresso que previa a descriminalização do aborto até o nono mês de gravidez e no mesmo ano com o I Relatório do Brasil sobre o Tratado de Direitos Civis e Políticos, apresentados ao Comitê de Direitos Humanos da ONU em que o atual governo compromete-se a legalizar o aborto no Brasil.

Aqui o meu valoroso apoio incondicional aos corajosos Bispos Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo de Guarulhos, ao arcebispo de João Pessoa, Dom Aldo Pagotto e os Bispos da Comissão em Defesa da Vida da Regional 1 da CNBB Dom Nelson Westrupp, Dom Benedito dos Santos, Dom Airton José dos Santos e outros que denunciaram com ortodoxia toda esta corrente contra a vida desde sua concepção.

Se a Senhora Dilma, ludibriou a milhares de cristãos deste país, com suas infelizes posições cujo já conhecíamos desde o inicio de sua candidatura, o que fora drasticamente e estrategicamente modificados no 2º Turno das eleições, por precaução de não perder milhões de votos, os que no 1º Turno não concretizaram sua vitoria.

Lembramos também da famigerada apreensão do panfleto “Apelo a todos os Brasileiros e Brasileiras” dos Bispos da Regional I da CNBB, ato que contraria a “liberdade de expressão”, além de ser um verdadeiro inadmissível por tratar-se de um documento oficial da Igreja Católica no Brasil.

O Apostolado Veritatis Splendor lança apelo a todos os outros irmãos católicos especialmente aos apologistas de todo Brasil para que juntos “lutemos por nosso povo e nossa religião” (I Macabeus 3,42-43). Nós colocaremos juntos contra toda e qualquer iniciativa que vá contra a doutrina cristã e em pro da “descriminalização do Aborto” como já é previsto nas diretrizes da PNDH-3 apoiada incondicionalmente no IV Congresso realizado pelo PT em Fevereiro deste ano, tornando-se programa de Partido.

E ficaremos em alerta, prontos a denunciar quaisquer tentativas, seremos vozes de conscientização, lembramos que não nós colocaremos contrários a pessoa da Senhorita Dilma, mas a qualquer política pró-aborto vinda ou não dela ou de seu partido politico.

Rezemos e sejamos vigilantes (cf. Mt 26,41) para que a iniquidade profetizada por Jesus (cf. Mt 24, 12); não se instaure no Brasil. Confiemos em Deus nossas preces por intermédio de Nosso Senhor Jesus e que nossas orações sejam endereçadas a Cristo pela mãos carinhosas de Nossa Mãe Maria.

“Escolhe, pois, a vida” Dt 30,19:

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Dom Luiz Gonzaga Bergonzini fala sobre perseguição que tem sofrido, e sua posição em defesa da Vida.

Em uma recente entrevista à Revista Veja, aparecida no blog do jornalista católico Reinaldo Azevedo, o bispo de Guarulhos, Dom Luiz Gonzaga Bergonzini afirma ter sido “agredido por militantes do PT”, que, há dez dias, “fizeram um escarcéu” junto à casa do prelado “às duas da manhã, com palavrões e rojões”. “Cheguei até a ser ameaçado”, explica Dom Bergonzini, que também advertiu na entrevista que “ninguém pode botar um cadeado, uma mordaça, na minha boca. Podem apreender um papel, mas nada altera minhas convicções”.

A entrevista, como explica Reinaldo Azevedo, foi dada no contexto da liminar concedida pelo ministro Henrique Neves, do TSE, que permitiu à polícia federal apreender o “Apelo a Todos os Brasileiros e Brasileiras”, em que a Comissão em Defesa da Vida, da Regional Sul I da CNBB, exortava os católicos a não votar em políticos que defendam a descriminação do aborto. A impressão do texto foi encomendada por Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo de Guarulhos.

Diante disto, Azevedo denunciou que “o PT tentou acusar uma espécie de conspiração, afirmando que se tratava de uma iniciativa do PSDB, já que uma das sócias da gráfica Pana é filiada ao partido. Os petistas só se esqueceram de informar, como noticiou este blog, a empresa imprimiu material de campanha para outros partidos - inclusive para o PT. Num deles, uma central sindical exortava seus filiados a votar em Dilma, o que é ilegal”.

Na entrevista, o bispo de Guarulhos esclareceu que foi ele quem realmente encomendou a impressão do texto, não o PSDB. Dom Luiz revela também que os petistas tentaram intimidá-lo.

Na entrevista o repórter da Veja perguntou se foi Dom Bergonzini quem decidiu imprimir dois milhões de cópias do “Apelo a todos os brasileiros e brasileiras”. Diante da interrogante, o bispo respondeu afirmativamente e afirmou que fez “isso para tornar conhecida a minha posição política em defesa da Igreja e da vida. Essa publicação visava justamente defender a vida de seres humanos que não pediram para nascer e não têm condições de se defender. Trata-se de um documento oficial, assinado por três bispos. Não era um panfleto. É um documento autêntico da igreja”.

Ao ser perguntado se ele se sentiu censurado com a apreensão dos folhetos, o bispo respondeu:

“Claro que sim! Foi um ato totalmente antidemocrático, uma agressão à minha pessoa. Afinal de contas, eu tinha autorizado a publicação. Essa cassação impediu não só a impressão do documento como sua distribuição. Sinto que fui perseguido. O governo fala tanto em liberdade de expressão, mas esta apreensão foi um atentado a um princípio constitucional. A minha opinião foi censurada”.

Na seguinte pergunta a Revista indagou se o bispo “defende explicitamente que os fiéis não votem em Dilma Rousseff”. Em sua resposta, Dom Luiz asseverou: “Minha recomendação é essa por causa das idéias favoráveis ao aborto que ela tem. Em 2007, numa entrevista, ela chegou a dizer que era um absurdo a não-descriminalização do aborto no Brasil. Então ela é favorável a isso. Agora, depois do primeiro turno, ela se manifestou muito religiosa, se dizendo contra o aborto e contra a união de pessoas do mesmo sexo. Quer dizer: tudo aquilo que atrapalhou a sua eleição no primeiro turno, ela tirou da campanha. Você pode confiar numa pessoa que assume posições contraditórias? Ninguém muda de idéia deste jeito. O lobo perde o pêlo, mas não perde o vício. Ela não é confiável”.

Sobre os “indícios veementes” de participação do PSDB nas encomendas dos folhetos, como foi levantado pelo PT, Dom Luiz esclareceu que “em circunstância nenhuma eu agi de acordo com orientações partidárias”.

“Eu falei, repito, assino e afirmo: “Não tenho partido político”. Eu sou um ser político, sim, mas não partidário. Se tomei partido nesta eleição, não foi a favor do PSDB, foi contra o PT e a Dilma. As razões são claras: sou contra o aborto e a favor da vida. Não fui procurado por partido político nenhum! Fui apenas agredido por militantes do PT, que, há dez dias, fizeram um escarcéu debaixo da minha janela, às duas da manhã, com palavrões e rojões. Cheguei até a ser ameaçado”.

Dom Luiz, explicou estas ameaças em sua entrevista dizendo que recebeu cartas anônimas. “Uma delas dizia: “O Celso Daniel foi assassinado, tome cuidado”. Fiz um boletim de ocorrência por causa disso, mas não tenho medo. Se fizerem qualquer coisa contra mim, será um tiro no pé. Será pior para eles”, declarou o bispo.

Ao ser perguntado se é papel de um bispo se posicionar politicamente, o prelado afirmou que “o papel do bispo é orientar os seus fiéis sobre a verdade, sobre a justiça e sobre a moral. Ele deve apresentar a verdade e denunciar o erro. Foi o que fiz. Tenho todo o direito - e o dever - de agir do modo que agi. Não me arrependo de ter falado o que falei. Faria tudo de novo! Se surgir um candidato que seja contra os princípios morais, contra a dignidade humana e contra a liberdade de expressão, irei me levantar de novo”.

Finalmente, ao ser questionado se irá continuar distribuindo documentos similares aos apreendidos?

Dom Bergonzini afirmou que “se a Justiça liberar, vou”.

“De qualquer forma, vou continuar manifestando minha opinião. Ninguém pode botar um cadeado, uma mordaça, na minha boca. Podem apreender um papel, mas nada altera minhas convicções”.

Na quarta feira dia 20 de outubro de 2010, a Mitra Diocesana de Guarulhos entrou com um recurso para liberar o material apreendido irregularmente pela campanha do Partido dos Trabalhadores. O recurso afirma que o material foi encomendado pelo Bispo de Guarulhos, que é documento oficial da Igreja Católica, que as informações veiculadas são verídicas e denunciam, com base em ampla documentação, o envolvimento internacional do Partido dos Trabalhadores com a promoção do aborto no Brasil, e o fundamento jurídico para a divulgação do material nada mais é do que o direito à liberdade de expressão assegurado pela Constituição a todos os brasileiros.

O andamento do processo pode ser acompanhado no site do Tribunal Superior Eleitoral (http://www.tse.gov.br), no seguinte endereço, digitando, no espaço a preencher, o número do processo 352620:


Assim, membros do Movimento em Defesa da Vida (MDV) lançaram uma campanha pedindo a todos os cidadãos que escrevam, muito respeitosamente, à corregedoria geral eleitoral do tribunal superior eleitoral, no sentido de pedir que a sentença seja dada o mais rapidamente possível.

Os correios eletrônicos podem ser enviados aos endereços:

cge@tse.gov.br; cge@tse.jus.br;

Fonte:

SÃO PAULO, 25 Out. 10 / 02:14 pm (ACI).- Disponível em: http://www.acidigital.com/noticia.php?id=20411 Acesso em: 27 Outubro 2010.

domingo, 24 de outubro de 2010

Sentenças dos Padres da Igreja sobre a procedência do Espírito Santo

Vejamos algumas sentenças sobre a procedência e relação do Espírito Santo com o Pai e Filho, refletidos no Dogma da S. S. Trindade. Vindas de XII grandes figuras da Igreja, desde o II século até o séc. VII. Dentre estes alguns notáveis teólogos e Padres da Igreja do oriente e ocidente.

Atenágoras de Atenas

“Nós, porém, homens que consideramos a vida presente de curta duração e de mínima estima, que nos dirigimos pelo único desejo de conhecer o Deus verdadeiro e o Verbo que dele procede - qual é a comunicação do Pai com o Filho, que coisa é o Espírito, qual é a união de tão grandes realidades, qual a distinção dos assim unidos, do Espírito, do Filho e do Pai-;” (Petição em Favor dos Cristãos; Capítulo XII Atenágoras de Atenas).

S. Basílio de Cesareia

“Espírito de verdade (aletheia), Espírito de adoção, no qual clamamos Abba, Pai; que distribui e opera os dons de Deus em cada um conforme convém, conforme lhe apraz; que ensina e sugere tudo o que ouviu do Filho; que é bom, guiando cada um em toda a verdade (aletheia) e fortificando os fiéis na fé segura, na confissão exata, no culto santo e na adoração em espírito (pneuma) e verdade (aletheia), de Deus Pai, de seu Filho único, nosso Deus e Senhor Jesus Cristo, e dele mesmo.” (S. Basílio de Cesaréia, Profissão de fé;).

Dídimo de Alexandria.

"Ele não falará sem mim e sem a decisão do Pai, porque Ele não tem origem em si, mas é do Pai e de mim. Pois o que Ele é como subsistência e como palavra, Ele o é pelo Pai e por mim" (Dídimo de Alexandria, professava, comentando palavras de Jesus: De Spiritu Sancto 34)

S. Epifânio de Salamina.

"É preciso crer, a respeito de Cristo, que Ele vem do Pai, é Deus proveniente de Deus, e, a respeito do Espírito, que Ele provém do Cristo, ou, melhor; de ambos, pois Cristo disse: '...Ele procede do Pai' e 'receberá do meu'" (S. Epifânio de Salamina: Ancoratus 67).
"Já que o Pai chama Filho o que procede do Pai e Espírito Santo o que provém de ambos,... fica sabendo que o Espírito Santo é a luz que vem do Pai e do Filho" (S. Epifânio de Salamina: Ancoratus 71).

São Gregório de Tours

“Eu acredito que o Espírito Santo procedeu do Pai e do Filho, que não lhes é inferior, que não é verdade que não tenha existido antes, mas que é igual a ambos, e que, sempre coeterno com o Pai e o Filho, é Deus [...]” (História dos Francos - Livro I; Prefácio; São Gregório de Tours).

São Gelásio I de Roma

“Quanto ao Espírito Santo, não proveio apenas do Pai ou apenas do Filho, mas do Pai e do Filho; por isso está escrito: "Ele deleitou-se no mundo, o Espírito do Pai não está nele"; e novamente: "Entretanto, todo aquele que não possui o Espírito de Cristo, não lhe pertence". Assim, compreende-se que o Espírito Santo seja referido como provindo do Pai e do Filho, sendo que o próprio Filho, no Evangelho, diz que o Espírito Santo "procede do Pai" e "por Mim Ele é aceito e anunciado a vós".” (Decreto Gelasiano; Cap. I; 3; São Gelásio I de Roma:).

Santo Atanasio de Alexandria.

“A respeito do Espírito, que procede do Pai e que, sendo próprio do Filho, vem dado por este a seus discípulos e a todos os que crêem nele.” (Carta de Santo Atanásio a Serapião; Sobre a Divindade do Espírito Santo.)

São Cirilo de Alexandria.

"Espírito é o Espírito de Deus Pai e, ao mesmo tempo, Espírito do Filho, saindo substancialmente de ambos simultaneamente, isto é, derramado pelo Pai a partir do Filho” (S. Cirilo de Alexandria , De adoratione, livro I, PG 68,148).

Santo Agostinho de Hipona

"O Espírito Santo procede do Pai a título de princípio (principaliter), e, pelo dom intemporal do Pai ao Filho, procede do Pai e do Filho em comunhão (communiter)" (Santo Agostinho, De Trinitate XV 25,47).

Boécio de Roma

“Pois é uma regra básica a de que as distinções em realidades incorpóreas são estabelecidas por diferenças e não por separação espacial. Não se pode dizer que Deus se tornou Pai pelo acréscimo de algo; pois Ele nunca começou a ser Pai, já que a produção do Filho pertence à sua própria substância; embora o predicado Pai, enquanto tal seja relativo. E se nos lembramos de todas as proposições feitas sobre Deus na discussão prévia, devemos admitir que Deus Filho procede de Deus Pai e Deus Espírito Santo de ambos e que eles não podem ser espacialmente diferentes por serem incorpóreos. Mas já que o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus, e já que em Deus não há pontos de diferença que o distingam de Deus, Ele não difere dEles. Mas onde não há diferença, não há pluralidade; e onde não há pluralidade, há unidade. E, novamente, nada senão Deus pode ser gerado por Deus e, na realidade numerada, a repetição da unidade não produz pluralidade. E assim a unidade dos três está convenientemente estabelecida.” (Da Trindade; Cap. V; Boécio;).

São Leão Magno

“É verdade que, conforme as propriedades das Pessoas, um é o Pai, outro o Filho, outro o Espírito Santo, mas não há divindade diferente, natureza distinta. Assim como o Filho precede do Pai, igualmente o Espírito Santo é Espírito do Pai e do Filho.” (Sermão Sobre Pentecostes: São Leão Magno;).

São João Damasceno.

"O Espírito Santo provém das duas Pessoas simultaneamente" (S. João Damasceno, De recta fide 21, PG 76,1408).

Fonte:

DA SILVA. John Lennon José. Senteças dos Padres da Igreja sobre a procêdencia do Espírito Santo. Apostolado Veritatis Splendor. Disponível em: Acesso em:  http://veritatis.com.br/patristica/extratos/934-sentencas-dos-padres-da-igreja-sobre-procedencia-do-espirito-santo 24 Outubro 2010.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Inquisição exterminou 30 milhões de pessoas?

Para muitos estes supostos dados de “milhões de mortes” são as provas claras e literais do obscurantismo e corrupção da Igreja católica durante a “Idade das Trevas” podemos então afirmar a veracidade destes números que pressupõem que um verdadeiro “holocausto” foi promovido por parte do clero da Igreja Católica?

É comum verificarmos na literatura secular, em filmes e documentários, pior nas escolas do ensino fundamental e médio e até em faculdades e universidades, a afirmativa de que a Igreja “torturou e matou milhares”, alguns dizem milhões de pessoas aniquiladas pela Inquisição. Há também diversos ambientes acadêmicos no Brasil em que é nítido tal interpretação, são muitos autores e professores universitários a partilhar dessas objeções.

É inegável a atuação da Inquisição assim como os julgamentos, qualquer contraposição é uma aberração um erro grotesco de história, a crítica veiculada neste texto é dirigida aos números de mortes e incidentes referentes aos cerca de 386 anos de atuação, deste tribunal eclesiástico.

Muitos podem até dizer que números não importam, contudo ela “matou e torturou”, a questão é que nesta situação os números representam o maior pretexto e fonte de contradições a temática, pois tendem a alimentar e propagar a ideia de uma tragédia histórica, sem controle, um crime, um perverso e criminoso ato, vindo da Igreja contra a humanidade. Não levando em conta os fatores, o contexto e as posições religiosas da época estaria correto colaborar com estas argumentações e afirmações? Teria sido uma ferramenta de perseguição e extermínio de quem ousava pensar diferente? ou trata-se de posições subjetivas oriundas do homem contemporâneo?

Vale salientar que estas sociedades eram claramente ligadas ao bem e ‘alegria social’ (Pernoud, 1997) e da religião “em função da fé cristã” (Daniel Rops, Vol. III. p. 43), tinham como ferramentas de prevenção, a condenação de grupo ou individuo, para evitar a contaminação de confusões e divisões que ruíam ‘todo o sistema e ordem social da época’ (Gonzaga, 1994) além de evitar a propagação de heresias e divisões entre os fieis na Cristandade, assim os códigos penais abraçavam e previam comumente a tortura e a morte do réu. E o povo entendia que estes eram os princípios jurídicos e inquisidores (cf. Mt 18,6-7) que evitavam a expansão de cismas e heresias.

Mas seriam verdadeiros estes indicies sobre a Inquisição? Ou é maquinação vinda dos inimigos da religião que tiram proveito não só da Inquisição ou das Cruzadas, centram-se também nos erros e faltas morais de alguns filhos da Igreja para fazê-los de “cavalo de batalha na sua guerra contra a religião e para perpetuamente as estarem lançando em rosto à Igreja.” como disse o historiador e Pe. W. Devivier, S.J. Fato que "é da natureza da Igreja provocar ira e ataque do mundo" segundo Hilaire Belloc.

A principal finalidade do artigo não é amenizar os efeitos da Instituição ou fazê-la mais branda, mas trazer a tona os fatos e verdadeiros números da referida instituição, cujos estudiosos sérios testemunham para que possamos construir uma justa interpretação do tema, sem nos veicularmos a nenhuma propaganda anticatólica.

Vamos tomar como referência as Atas do grande Simpósio Internacional sobre a Inquisição, em que 30 grandes historiadores participaram vindos de diversas confissões religiosas, para tratar historicamente da Inquisição, proposta motivada pela Igreja. O Papa João Paulo II afirmou certa vez: “Na opinião do publico, a imagem da Inquisição representa praticamente o símbolo do escândalo”. E perguntou “Até que ponto essa imagem é fiel à realidade”.

O encontro realizou-se entre os dias 29 e 31 de Outubro de 1998. Com total abertura dos arquivos da Congregação do Santo Oficio e da Congregação do Índice. As Atas deste Simpósio, foram anos depois reunidas e apresentadas ao público, sob forma de livro contendo 783 paginas, intitulado originalmente de “L’Inquisione” pelo historiador Agostinho Borromeo, professor da Universidade de La Sapienza de Roma. O mesmo historiador lembrou “Para historiadores, porem, os números têm significado” (Folha de S. Paulo, 16 junho 2004).

As atas documentais do Simpósio, já foram utilizadas em vários obras de historiadores, e continuam a ser, tais documentos são resultados de uma profunda pesquisa sobre os dados de processos inquisitoriais: as seguintes afirmações foram declaradas pelo historiador Agostinho Borromeo.

Sobre a “famigerada e terrível” Inquisição Espanhola:

“A Inquisição na Espanha celebrou, entre 1540 e 1700, 44.674 juízos. Os acusados condenados à morte foram apenas 1,8% (804) e, destes, 1,7 (13) foram condenados em “contumácia”, ou seja, pessoas de paradeiro desconhecido ou mortos que em seu lugar se queimavam ou enforcavam bonecos.”

Sobre as famosas “caças as bruxas”.

“Dos 125.000 processos de sua historia [tribunais eclesiásticos], a Inquisição espanhola condenou a morte 59 “bruxas”. Na Itália. 36 e em Portugal 4.”

E a propaganda de que “foram milhões”.

Constatou-se que os tribunais religiosos eram mais brandos do que os tribunais civis, tiveram poucas participações nestes casos, o que não aconteceu com os tribunais civis que mataram milhares de pessoas.

Sentenças de uma famoso inquisidor:

“Em 930 sentenças que o Inquisidor Bernardo Guy pronunciou em 15 anos, houve 139 absolvições, 132 penitências canônicas, 152 obrigações de peregrinações, 307 prisões e 42 “entregas ao braço secular” ([citado em] AQUINO, Felipe. Para entender a Inquisição. 1 ed. Cleofas. Lorena. 2009, p. 23).

O Simpósio conclui que as penas de morte e os processos em que se usava-se tortura, representam números pouco expressivos, ao contrario do se imaginava e foi propagado. Os dados são uma verdadeira demolição e extirpação de muitas ideias falsas e fantasiosas sobre a Inquisição.

“Hoje em dia, os historiadores já não utilizam o tema da inquisição como instrumento para defender ou atacar a Igreja. Diferentemente do que antes sucedia, o debate se encaminhou para o ambiente histórico com estatísticas sérias” (Historiador Agostinho Borromeo, presidente do Instituto Italiano de Estudos Ibéricos: AS, 1998).

Bom que tudo isto tem mudado é sinal de esperança, tomara que haja uma nova reconstrução “hermenêutica”, sendo esta necessidade histórica. Que com uma justa crítica acurada, superem-se as ambiguidades historiográficas.

Pena que as correntes históricas penduram-se e os teóricos antigos, dizem eles os “conceituados” continuam a ser as referencias “fidelíssimas”, assim na prática pedagógica e histórica; seja superior (acadêmica) ou (média e fundamental) ensinos públicos, continua à ritualista tradição a-histórica, não transparente sobre os acontecimentos e de tom feiticista e alienado, incluindo dentre destes, muitos estudiosos, professores, e jornalistas brasileiros e do resto do mundo. “Há milhões de pessoas que odeiam o que erroneamente supõe o que seja a Igreja Católica” (Bispo americano, John Fulton Sheen).

Referencias:

AQUINO, Felipe. Para entender a Inquisição. 1º ed. Cleofas. Lorena. 2009.

DEVEVIER, W. A Historia da Inquisição, curso de apologética cristã. Melhoramentos, São Paulo, 1925.

L’INQUISIONI. Atas do Simpósio sobre a Inquisição, 1998.

PERNOUD, Régine. A Idade Média: Que não nos ensinaram. Ed. Agir, SP, 1964.

ROPS. Henri-Daniel. A Igreja das Catedrais e das Cruzadas. Vol. III. Ed. Quadrante, São Paulo. 1993.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Papa escreve carta aos seminaristas

Foi publicada nesta segunda-feira, dia 18 de outubro, a Carta que Bento XVI escvreveu aos seminaristas de todo o mundo. Publicamos o texto na íntegra.

Queridos Seminaristas,

Em Dezembro de 1944, quando fui chamado para o serviço militar, o comandante de companhia perguntou a cada um de nós a profissão que sonhava ter no futuro. Respondi que queria tornar-me sacerdote católico. O subtenente replicou: Nesse caso, convém-lhe procurar outra coisa qualquer; na nova Alemanha, já não há necessidade de padres. Eu sabia que esta «nova Alemanha» estava já no fim e que, depois das enormes devastações causadas por aquela loucura no país, mais do que nunca haveria necessidade de sacerdotes. Hoje, a situação é completamente diversa; porém de vários modos, mesmo em nossos dias, muitos pensam que o sacerdócio católico não seja uma «profissão» do futuro, antes pertenceria já ao passado. Contrariando tais objecções e opiniões, vós, queridos amigos, decidistes-vos a entrar no Seminário, encaminhando-vos assim para o ministério sacerdotal na Igreja Católica. E fizestes bem, porque os homens sempre terão necessidade de Deus – mesmo na época do predomínio da técnica no mundo e da globalização –, do Deus que Se mostrou a nós em Jesus Cristo e nos reúne na Igreja universal, para aprender, com Ele e por meio d’Ele, a verdadeira vida e manter presentes e tornar eficazes os critérios da verdadeira humanidade. Sempre que o homem deixa de ter a noção de Deus, a vida torna-se vazia; tudo é insuficiente. Depois o homem busca refúgio na alienação ou na violência, ameaça esta que recai cada vez mais sobre a própria juventude. Deus vive; criou cada um de nós e, por conseguinte, conhece a todos. É tão grande que tem tempo para as nossas coisas mais insignificantes: «Até os cabelos da vossa cabeça estão contados». Deus vive, e precisa de homens que vivam para Ele e O levem aos outros. Sim, tem sentido tornar-se sacerdote: o mundo tem necessidade de sacerdotes, de pastores hoje, amanhã e sempre enquanto existir.

O Seminário é uma comunidade que caminha para o serviço sacerdotal. Nestas palavras, disse já algo de muito importante: uma pessoa não se torna sacerdote, sozinha. É necessária a «comunidade dos discípulos», o conjunto daqueles que querem servir a Igreja de todos. Com esta carta, quero evidenciar – olhando retrospectivamente também para o meu tempo de Seminário – alguns elementos importantes para o vosso caminho a fazer nestes anos.

1. Quem quer tornar-se sacerdote, deve ser sobretudo um «homem de Deus», como o apresenta São Paulo (1 Tm 6, 11). Para nós, Deus não é uma hipótese remota, não é um desconhecido que se retirou depois do «big-bang». Deus mostrou-Se em Jesus Cristo. No rosto de Jesus Cristo, vemos o rosto de Deus. Nas suas palavras, ouvimos o próprio Deus a falar connosco. Por isso, o elemento mais importante no caminho para o sacerdócio e ao longo de toda a vida sacerdotal é a relação pessoal com Deus em Jesus Cristo. O sacerdote não é o administrador de uma associação qualquer, cujo número de membros se procura manter e aumentar. É o mensageiro de Deus no meio dos homens; quer conduzir a Deus, e assim fazer crescer também a verdadeira comunhão dos homens entre si. Por isso, queridos amigos, é muito importante aprenderdes a viver em permanente contacto com Deus. Quando o Senhor fala de «orar sempre», naturalmente não pede para estarmos continuamente a rezar por palavras, mas para conservarmos sempre o contacto interior com Deus. Exercitar-se neste contacto é o sentido da nossa oração. Por isso, é importante que o dia comece e acabe com a oração; que escutemos Deus na leitura da Sagrada Escritura; que Lhe digamos os nossos desejos e as nossas esperanças, as nossas alegrias e sofrimentos, os nossos erros e o nosso agradecimento por cada coisa bela e boa, e que deste modo sempre O tenhamos diante dos nossos olhos como ponto de referência da nossa vida. Assim tornamo-nos sensíveis aos nossos erros e aprendemos a trabalhar para nos melhorarmos; mas tornamo-nos sensíveis também a tudo o que de belo e bom recebemos habitualmente cada dia, e assim cresce a gratidão. E, com a gratidão, cresce a alegria pelo facto de que Deus está perto de nós e podemos servi-Lo.

2. Para nós, Deus não é só uma palavra. Nos sacramentos, dá-Se pessoalmente a nós, através de elementos corporais. O centro da nossa relação com Deus e da configuração da nossa vida é a Eucaristia; celebrá-la com íntima participação e assim encontrar Cristo em pessoa deve ser o centro de todas as nossas jornadas. Para além do mais, São Cipriano interpretou a súplica do Evangelho «o pão nosso de cada dia nos dai hoje», dizendo que o pão «nosso», que, como cristãos, podemos receber na Igreja, é precisamente Jesus eucarístico. Por conseguinte, na referida súplica do Pai Nosso, pedimos que Ele nos conceda cada dia este pão «nosso»; que o mesmo seja sempre o alimento da nossa vida, que Cristo ressuscitado, que Se nos dá na Eucaristia, plasme verdadeiramente toda a nossa vida com o esplendor do seu amor divino. Para uma recta celebração eucarística, é necessário aprendermos também a conhecer, compreender e amar a liturgia da Igreja na sua forma concreta. Na liturgia, rezamos com os fiéis de todos os séculos; passado, presente e futuro encontram-se num único grande coro de oração. A partir do meu próprio caminho, posso afirmar que é entusiasmante aprender a compreender pouco a pouco como tudo isto foi crescendo, quanta experiência de fé há na estrutura da liturgia da Missa, quantas gerações a formaram rezando.

3. Importante é também o sacramento da Penitência. Ensina a olhar-me do ponto de vista de Deus e obriga-me a ser honesto comigo mesmo; leva-me à humildade. Uma vez o Cura d’Ars disse: Pensais que não tem sentido obter a absolvição hoje, sabendo entretanto que amanhã fareis de novo os mesmos pecados. Mas – assim disse ele – o próprio Deus neste momento esquece os vossos pecados de amanhã, para vos dar a sua graça hoje. Embora tenhamos de lutar continuamente contra os mesmos erros, é importante opor-se ao embrutecimento da alma, à indiferença que se resigna com o facto de sermos feitos assim. Na grata certeza de que Deus me perdoa sempre de novo, é importante continuar a caminhar, sem cair em escrúpulos mas também sem cair na indiferença, que já não me faria lutar pela santidade e o aperfeiçoamento. E, deixando-me perdoar, aprendo também a perdoar aos outros; reconhecendo a minha miséria, também me torno mais tolerante e compreensivo com as fraquezas do próximo.

4. Mantende em vós também a sensibilidade pela piedade popular, que, apesar de diversa em todas as culturas, é sempre também muito semelhante, porque, no fim de contas, o coração do homem é o mesmo. É certo que a piedade popular tende para a irracionalidade e, às vezes, talvez mesmo para a exterioridade. No entanto, excluí-la, é completamente errado. Através dela, a fé entrou no coração dos homens, tornou-se parte dos seus sentimentos, dos seus costumes, do seu sentir e viver comum. Por isso a piedade popular é um grande património da Igreja. A fé fez-se carne e sangue. Seguramente a piedade popular deve ser sempre purificada, referida ao centro, mas merece a nossa estima; de modo plenamente real, ela faz de nós mesmos «Povo de Deus».

5. O tempo no Seminário é também e sobretudo tempo de estudo. A fé cristã possui uma dimensão racional e intelectual, que lhe é essencial. Sem tal dimensão, a fé deixaria de ser ela mesma. Paulo fala de uma «norma da doutrina», à qual fomos entregues no Baptismo (Rm 6, 17). Todos vós conheceis a frase de São Pedro, considerada pelos teólogos medievais como a justificação para uma teologia elaborada racional e cientificamente: «Sempre prontos a responder (…) a todo aquele que vos perguntar “a razão” (logos) da vossa esperança» (1 Ped 3, 15). Adquirir a capacidade para dar tais respostas é uma das principais funções dos anos de Seminário. Tudo o que vos peço insistentemente é isto: Estudai com empenho! Fazei render os anos do estudo! Não vos arrependereis. É certo que muitas vezes as matérias de estudo parecem muito distantes da prática da vida cristã e do serviço pastoral. Mas é completamente errado pôr-se imediatamente e sempre a pergunta pragmática: Poderá isto servir-me no futuro? Terá utilidade prática, pastoral? É que não se trata apenas de aprender as coisas evidentemente úteis, mas de conhecer e compreender a estrutura interna da fé na sua totalidade, de modo que a mesma se torne resposta às questões dos homens, os quais, do ponto de vista exterior, mudam de geração em geração e todavia, no fundo, permanecem os mesmos. Por isso, é importante ultrapassar as questões volúveis do momento para se compreender as questões verdadeiras e próprias e, deste modo, perceber também as respostas como verdadeiras respostas. É importante conhecer a fundo e integralmente a Sagrada Escritura, na sua unidade de Antigo e Novo Testamento: a formação dos textos, a sua peculiaridade literária, a gradual composição dos mesmos até se formar o cânon dos livros sagrados, a unidade dinâmica interior que não se nota à superfície, mas é a única que dá a todos e cada um dos textos o seu pleno significado. É importante conhecer os Padres e os grandes Concílios, onde a Igreja assimilou, reflectindo e acreditando, as afirmações essenciais da Escritura. E poderia continuar assim: aquilo que designamos por dogmática é a compreensão dos diversos conteúdos da fé na sua unidade, mais ainda, na sua derradeira simplicidade, pois cada um dos detalhes, no fim de contas, é apenas explanação da fé no único Deus, que Se manifestou e continua a manifestar-Se a nós. Que é importante conhecer as questões essenciais da teologia moral e da doutrina social católica, não será preciso que vo-lo diga expressamente. Quão importante seja hoje a teologia ecuménica, conhecer as várias comunidade cristãs, é evidente; e o mesmo se diga da necessidade duma orientação fundamental sobre as grandes religiões e, não menos importante, sobre a filosofia: a compreensão daquele indagar e questionar humano ao qual a fé quer dar resposta. Mas aprendei também a compreender e – ouso dizer – a amar o direito canónico na sua necessidade intrínseca e nas formas da sua aplicação prática: uma sociedade sem direito seria uma sociedade desprovida de direitos. O direito é condição do amor. Agora não quero continuar o elenco, mas dizer-vos apenas e uma vez mais: Amai o estudo da teologia e segui-o com diligente sensibilidade para ancorardes a teologia à comunidade viva da Igreja, a qual, com a sua autoridade, não é um pólo oposto à ciência teológica, mas o seu pressuposto. Sem a Igreja que crê, a teologia deixa de ser ela própria e torna-se um conjunto de disciplinas diversas sem unidade interior.

6. Os anos no Seminário devem ser também um tempo de maturação humana. Para o sacerdote, que terá de acompanhar os outros ao longo do caminho da vida e até às portas da morte, é importante que ele mesmo tenha posto em justo equilíbrio coração e intelecto, razão e sentimento, corpo e alma, e que seja humanamente «íntegro». Por isso, a tradição cristã sempre associou às «virtudes teologais» as «virtudes cardeais», derivadas da experiência humana e da filosofia, e também em geral a sã tradição ética da humanidade. Di-lo, de maneira muito clara, Paulo aos Filipenses: «Quanto ao resto, irmãos, tudo o que é verdadeiro, nobre e justo, tudo o que é puro, amável e de boa reputação, tudo o que é virtude e digno de louvor, isto deveis ter no pensamento» (4, 8). Faz parte deste contexto também a integração da sexualidade no conjunto da personalidade. A sexualidade é um dom do Criador, mas também uma função que tem a ver com o desenvolvimento do próprio ser humano. Quando não é integrada na pessoa, a sexualidade torna-se banal e ao mesmo tempo destrutiva. Vemos isto, hoje, em muitos exemplos da nossa sociedade. Recentemente, tivemos de constatar com grande mágoa que sacerdotes desfiguraram o seu ministério, abusando sexualmente de crianças e adolescentes. Em vez de levar as pessoas a uma humanidade madura e servir-lhes de exemplo, com os seus abusos provocaram devastações, pelas quais sentimos profunda pena e desgosto. Por causa de tudo isto, pode ter-se levantado em muitos, e talvez mesmo em vós próprios, esta questão: se é bom fazer-se sacerdote, se o caminho do celibato é sensato como vida humana. Mas o abuso, que há que reprovar profundamente, não pode desacreditar a missão sacerdotal, que permanece grande e pura. Graças a Deus, todos conhecemos sacerdotes convincentes, plasmados pela sua fé, que testemunham que, neste estado e precisamente na vida celibatária, é possível chegar a uma humanidade autêntica, pura e madura. Entretanto o sucedido deve tornar-nos mais vigilantes e solícitos, levando precisamente a interrogarmo-nos cuidadosamente a nós mesmos diante de Deus ao longo do caminho rumo ao sacerdócio, para compreender se este constitui a sua vontade para mim. É função dos padres confessores e dos vossos superiores acompanhar-vos e ajudar-vos neste percurso de discernimento. É um elemento essencial do vosso caminho praticar as virtudes humanas fundamentais, mantendo o olhar fixo em Deus que Se manifestou em Cristo, e deixar-se incessantemente purificar por Ele.

7. Hoje os princípios da vocação sacerdotal são mais variados e distintos do que nos anos passados. Muitas vezes a decisão para o sacerdócio desponta nas experiências de uma profissão secular já assumida. Frequentemente cresce nas comunidades, especialmente nos movimentos, que favorecem um encontro comunitário com Cristo e a sua Igreja, uma experiência espiritual e a alegria no serviço da fé. A decisão amadurece também em encontros muito pessoais com a grandeza e a miséria do ser humano. Deste modo os candidatos ao sacerdócio vivem muitas vezes em continentes espirituais completamente diversos; poderá ser difícil reconhecer os elementos comuns do futuro mandato e do seu itinerário espiritual. Por isso mesmo, o Seminário é importante como comunidade em caminho que está acima das várias formas de espiritualidade. Os movimentos são uma realidade magnífica; sabeis quanto os aprecio e amo como dom do Espírito Santo à Igreja. Mas devem ser avaliados segundo o modo como todos se abrem à realidade católica comum, à vida da única e comum Igreja de Cristo que permanece uma só em toda a sua variedade. O Seminário é o período em que aprendeis um com o outro e um do outro. Na convivência, por vezes talvez difícil, deveis aprender a generosidade e a tolerância não só suportando-vos mutuamente, mas também enriquecendo-vos um ao outro, de modo que cada um possa contribuir com os seus dotes peculiares para o conjunto, enquanto todos servem a mesma Igreja, o mesmo Senhor. Esta escola da tolerância, antes do aceitar-se e compreender-se na unidade do Corpo de Cristo, faz parte dos elementos importantes dos anos de Seminário.
Queridos seminaristas! Com estas linhas, quis mostrar-vos quanto penso em vós precisamente nestes tempos difíceis e quanto estou unido convosco na oração. Rezai também por mim, para que possa desempenhar bem o meu serviço, enquanto o Senhor quiser. Confio o vosso caminho de preparação para o sacerdócio à protecção materna de Maria Santíssima, cuja casa foi escola de bem e de graça. A todos vos abençoe Deus omnipotente Pai, Filho e Espírito Santo.

Vaticano, 18 de Outubro – Festa de São Lucas, Evangelista – do ano 2010.

Vosso no Senhor

Benedictus PP XVI

Fonte:

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Alegação Protestante de que os católicos “adoram” aos Santos e Maria

Há algumas semanas, certo jovem remeteu uma pergunta, a nosso apostolado em que se referia a alegação maciça que fazem os protestantes, a respeito dos Santos e Maria cujo dizem que os católicos prestam “adoração” vejamos a resposta:

Alegação que adoramos os Santos ou Maria

Os protestantes nos acusam de Adorar aos Santos esta acusação é muito antiga os primeiros a nós acusar foram os judeus que acusaram os cristãos de adorar os primeiros mártires o texto hagiográfico abaixo trata-se do mais antigo do Cristianismo narra os fatos que circundavam os discípulos do Bispo Policarpo após seu martírio, os mesmos foram acusados de adorar a Policarpo, por terem recolhido seus ossos e honrarem seu dia como atestado na carta.

“[...]Quando possível, é aí que o Senhor nos permitirá reunir-nos, na alegria e contentamento, para celebrar o aniversário de seu martírio, em memória daqueles que combateram antes de nós, e para exercitar e preparar aqueles que deverão combater no futuro.” (Martírio de Policarpo 18 +- 160 D.C)

Argumentaram contra os judeus os cristãos de Esmirna.

“Ignoravam eles que não poderíamos jamais abandonar Cristo, que sofreu pela salvação de todos aqueles que são salvos no mundo, como inocente em favor dos pecadores, nem prestamos culto a outro. Nós o adoramos porque é o Filho de Deus. Quanto aos mártires, nós os amamos justamente como discípulos e imitadores do Senhor, por causa da incomparável devoção que tinham para com seu rei e mestre. Pudéssemos nós também ser seus companheiros e condiscípulos!” (Martírio de Policarpo 17:2 +- 160 D.C).

Como pode ser ver tal pratica já era zelada pela Igreja Primitiva.

O culto que tributamos aos Santos é chamado de culto de (Dulia) termo eu quer dizer “honra” versado do grego "douleuo” assim como o culto de (Hiper dulia) tributado a Mãe de Deus Filho por ser mais digna e ser gerado e trazido em seu ventre a Jesus ao contrario do Culto de (Latria) que atribuímos só a Deus e significa Adorar do grego "latreuo".

O termo Dulia também corresponde a “Veneração” que os protestantes semanticamente confundem com a “Adoração” argumentando que ambos são as mesmas coisas, mas o termo não corresponde “adoração” em certas ocasiões remete a Carinho, zelo, admiração, respeito, reverencia , consideração etc. Se não fosse então S. Paulo ao dizer:

“Venerado seja entre todos o matrimônio” (Hb 13, 4). Estaria mandando “adorar” ao matrimonio obvio que não, como elucidado acima.

Ate Lutero honrava e tribuva respeito a virgem, pela que os neo-protestantes esquecem de suas raízes.

"As grandes coisas que Deus fez em Maria é reduzida para ser a Mãe de Deus. Com isso, foram concedidos muitos outros bens que ninguém pode entender. Daí segue toda honra, toda a sua felicidade e que ela está no meio de toda a raça humana de uma pessoa totalmente único e incomparável. Ela teve com o Pai Celestial uma criança e uma criança ... É que inclui toda a honra dele, quando é chamada Mãe de Deus. Ninguém pode dizer nada mais do mesmo, embora se tivesse tantas línguas quantas folhas é como capim estrelas do céu ou as praias de areia. Devemos refletir em nossos corações o que significa ser a Mãe de Deus ". (Martin Luther, Auslegung des Magnificat, 1522: LW 7,572).

Quando a Catecismo preconiza a ‘Veneração’ prestada a imagens diz que tal honra “é uma veneração respeitosa, e não uma adoração, que só compete a Deus:” CIC º 2132 como você é claro no ensino da Igreja que veneração não remonta adoração, especificamente no culto dos Santos e da Virgem cf. CIC 971, 61, 1090.

Podem também alegar também que qualquer genuflexão é ou ato de se ajoelhar é adoração, mas o AT, esta repleto de situações em que personagens bíblicos prostraram-se sobre terra em frente a homens e até anjos, é claro que estas ocasiões não são literalmente adoração, mas fazem com que estas alegações heréticas e que não passam de distorçam da verdade caiam por terra. Vejamos os casos.

"Pela terceira vez, mandou o rei [Ocozias da Samaria] um chefe com os seus cinqüenta homens, o qual, chegando aonde estava Elias, pôs-se de joelhos e suplicou-lhe, dizendo: Peço-te, ó homem de Deus, que a minha vida tenha algum valor aos teus olhos e a destes cinqüenta homens teus servos " (2Rs 1,13).

"Abraão levantou os olhos e viu três homens de pé diante dele. Levantou-se no mesmo instante da entrada de sua tenda, veio-lhes ao encontro e prostrou-se por terra" (Gn 18,2).

"Moisés saiu ao encontro de seu sogro, prostrou-se e beijou-o. Informaram-se mutuamente sobre a sua saúde e entraram na tenda" (Ex 18,7).

"Quando Abigail avistou Davi, desceu prontamente do jumento e prostrou-se com o rosto por terra diante dele" (1Sm 25,23).

Mais sobre atos de veneração podem ser encontrados em Gn 23,12; Gn 33,3; Ex 18,7; 1Sm 25,41; 2Sm 9,6; 14,4.

"Qual é o seu aspecto? É um ancião, envolto num manto. Saul compreendeu que era Samuel, e prostrou-se com o rosto por terra" (1Sm 28,14).

Por ultimo também apelam para os exageros e más práticas vindas da parte de alguns católicos alicerçados na piedade popular, que até fazem coisas entranhas, (ex. superstições, vestir as imagens e etc.) estas que contradizem o sentido da devoção e veneração aos Santos e a Maria que tem como finalidade o consumador de nossa fé Jesus Cristo, usando assim os estes erros de católicos que não possuem uma boa percepção da veneração aos Santos, para aludir que a Igreja ensina a adoração aos Santos, sobre estes erros queria trazer uma reflexão sobre estes comportamentos do hoje Teólogo Católico e ex-protestante Scott Hahn:

“Eu não vou fazer nenhum julgamento final sobre este comportamento, mas vou dizer que se isto é tudo o que você tem, está deforme. E com frequência católicos não só não tem uma percepção equilibrada do que é a veneração dos santos com relação a Cristo como eles têem pouca capacidade de articular o que eles realmente estão fazendo caso tenham um percepção equilibrada.” (A veneração dos santos através de uma perspectiva bíblica).

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Fusão do Apostolado São Clemente Romano ao Apostolado Veritatis Splendor

Foi confirmado ontem dia 13/out/2010 a fusão do Apostolado São Clemente Romano com o Apostolado Veritatis Splendor (www.veritatis.com.br) trabalho desenvolvido pelo conhecido apologista católico Alessandro Lima, que desempenha trabalhos frente à apologética católica no Brasil por intermédio da Internet há cerca de 8 anos;

O site do VS como é conhecido o Veritatis, já abrigou grandes apologistas e por convite do próprio Alessandro o coordenador do Apostolado São Clemente Romano também apologisa John Lennon J. da Silva, integrou-se ao site do VS assim como todo o seu trabalho, agora faz grande parceria nas atividades com o veritatis, o site conta hoje com um expressiva números de visitas além de ser tradicionalmente conhecido a quase uma década na Internet Por milhares de católicos de todo Brasil.

O Apostolado SCR, vai manter publicações e outros postagens em seu blog (www.apostoladosaoclementeromano.blogspot.com) em forma de (Im memoriam) ao antigo apostolado, enquanto a suas demais atividades no Twitter, facebook e comunidade no orkut serão paralisadas, assim com o Domínio Principal (www.apologeticacatolica.com.br) que pode vir a ser utilizado em outros projetos futuramente.

O Apostolado pede a oração de todos os seus leitores, amigos e colaboradores nesta mais nova fase do trabalho apologético de seu antigo coordenador John Lennon J. da Silva. Agora auxiliando o colega Alessandro Lima em um dos sites mais conhecidos em matéria de apologética católica no Brasil.

Fonte:

Redação do apostolado SCR

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Novo dicastério para levar a frente a Nova Evangelização

Conteúdo do motu proprio “Ubicumque et semper”

A Santa Sé publicou ontem a carta apostólica de Bento XVI, em forma de motu proprio, intitulada Ubicumque et semper, com a qual se institui um novo dicastério da Cúria Romana: o Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização.

O documento contém quatro artigos e uma reflexão do Papa sobre a necessidade de evangelizar e as particularidades da evangelização atual.

A finalidade do novo conselho pontifício, indicada no artigo 1 do motu proprio, inclui estimular "a reflexão sobre os temas da nova evangelização" e identificar e promover "as formas e os instrumentos adequados para realizá-la".

O motu proprio explica que a ação do novo conselho "está ao serviço das Igrejas particulares, especialmente nesses territórios de tradição cristã onde, com maior evidência, manifesta-se o fenômeno da secularização".

Entre as tarefas específicas do dicastério, o documento, datado de 21 de setembro, em Castel Gandolfo, indica "aprofundar no significado teológico e pastoral da nova evangelização".

Também busca favorecer o Magistério pontifício relativo às temáticas relacionadas à nova evangelização, dar a conhecer iniciativas ligadas a esta que já se realizam e promover novamente sua realização.

Tudo isso em estreita colaboração com as conferências episcopais interessadas e "envolvendo ativamente também os recursos presentes nos institutos de vida consagrada e nas sociedades de vida apostólica, assim como nas agregações de fiéis e nas novas comunidades.

Outra das tarefas do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização é "estudar e favorecer a utilização das modernas formas de comunicação como instrumentos para a nova evangelização".

Finalmente, o dicastério se encarrega também de "promover o uso do Catecismo da Igreja Católica, como formulação essencial e completa do conteúdo da fé para as pessoas da nossa época".

O novo dicastério é dirigido por um arcebispo presidente, o primeiro dos quais é o arcebispo italiano Rino Fisichella, que apresentou ontem publicamente, na Santa Sé, o Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização.

Também contará com um secretário, um subsecretário, "um adequado número de oficiais" e membros próprios. Além disso, pode dispor de consultores próprios, segundo estabelece Ubicumque et semper.

Sempre e em todos os lugares

O título do motu proprio faz referência ao dever que a Igreja tem de anunciar sempre e em todos os lugares o Evangelho de Jesus Cristo.

No documento, Bento XVI constata que a missão evangelizadora da Igreja "assumiu na história formas e modalidades sempre novas, segundo as épocas, as situações e os momentos históricos".

E continua explicando que, "em nossa época, um dos traços singulares foi confrontar-se com o fenômeno do afastamento da fé, que se manifestou progressivamente em sociedades e culturas que há séculos pareciam impregnadas pelo Evangelho".

Também cita algumas transformações sociais das últimas décadas, "que modificaram profundamente a percepção do nosso mundo".

Entre elas, o Papa destaca "os gigantescos progressos da ciência e da tecnologia", "a ampliação das possibilidades de vida e dos espaços de liberdade individual", "as profundas transformações no campo econômico", "o processo de misturas de etnias e culturas, causado por fenômenos migratórios massivos" e "a crescente interdependência entre os povos".

A seguir, constata as consequências - algumas benéficas, outras preocupantes - de tudo isso na dimensão religiosa da vida do homem.

"Por um lado, a humanidade conheceu inegáveis benefícios destas transformações e a Igreja recebeu posteriores estímulos para dar razão da esperança que tem", explica o Pontífice.

"Por outro - acrescenta -, verificou-se uma preocupante perda do sentido do sagrado, chegando inclusive a questionar-se esses fundamentos que pareciam indiscutíveis, como a fé em um Deus criador e providente, a revelação de Jesus Cristo como único salvador e a comum compreensão das experiências fundamentais do homem como o nascer, morrer, viver em uma família, a referência a uma lei moral natural."

Bento XVI indica que recolhe os ensinamentos do Concílio Vaticano II e dos seus predecessores sobre a questão da relação entre a Igreja e este mundo contemporâneo e "a necessidade de encontrar formas adequadas para permitir que nossos contemporâneos escutem ainda a Palavra viva e eterna do Senhor".

Particularmente, recorda que Paulo VI destacou a cada vez maior necessidade do compromisso da evangelização devido às frequentes situações de descristianização, assim como o conceito de "nova evangelização" no qual João Paulo II aprofundou.

O conceito de "nova evangelização", recorda Bento XVI na carta, "resume a tarefa que espera a Igreja hoje, em particular nas regiões de antiga cristianização", que, "ainda que não se refira diretamente à sua forma de relacionar-se com o exterior, pressupõe, no entanto, antes de tudo, uma constante renovação interior".

"Considero oportuno oferecer respostas adequadas para que a Igreja inteira, deixando-se regenerar pela força do Espírito Santo, apresente-se ao mundo contemporâneo com um impulso missionário capaz de promover uma nova evangelização", afirma o Papa.

E acrescenta: "Esta faz referência sobretudo às Igrejas de antiga fundação, que, no entanto, vivem realidades muito diferentes".

O Papa constata a necessidade de evangelizar de maneira diferente "territórios onde a prática cristã manifesta uma boa vitalidade e um profundo arraigamento; outros onde se nota um mais claro distanciamento da sociedade em seu conjunto com relação à fé, com um tecido eclesial mais fraco e, finalmente, regiões que parecem completamente descristianizadas".

Estas últimas terras, nas quais "a luz da fé se confia ao testemunho de pequenas comunidades - explica Bento XVI -, precisam de um renovado primeiro anúncio do Evangelho" e, ao mesmo tempo, "parecem ser particularmente refratárias a muitos aspectos da mensagem cristã".

O Papa acrescenta que "todas as Igrejas que vivem em territórios tradicionalmente cristãos têm necessidade de um renovado ardor missionário, expressão da nova generosa abertura ao dom da graça".

E conclui afirmando que, "para proclamar de maneira fecunda a Palavra do Evangelho, é necessário antes de tudo que se faça uma profunda experiência de Deus".

Fonte:

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 12 de outubro de 2010 (ZENIT.org) - http://www.zenit.org/article-26266?l=portuguese

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O problema fundamental do lefebvrismo

"... para não acontecer que, ofuscado pela vaidade, venha a cair na mesma condenação que o diabo." 1 Timóteo 3,6

O cisma lefebvrista começa em 1988, quando o Arcebispo Marcel Lefebvre (fundador da Fraternidade de São Pio X) ordenou quatro bispos sem mandato pontifício, incorrendo aos bispos ordenados a excomunhão "latae sententiae". O problema, no entanto, começou muito antes, quando, depois de repetidos atos de desobediência à Sé Apostólica, declarava sua posição: "Nós nos recusamos, e temos sempre se recusado a seguir a Roma de tendência neo-moderno e neoprotestante é claramente afirmado no Concílio Vaticano II e após todas as reformas que ele deixou” “Nenhuma autoridade, nem mesmo os mais elevados na hierarquia, pode restringir-nos a abandonar ou diminuir a nossa fé católica, claramente expressa e professada pelo Magistério da Igreja há dezenove séculos "

Em resumo: lefebvristas não apenas rejeitaram a autoridade de um Concílio Ecuménico, mas qualquer autoridade (incluindo o Papa), que segundo eles, não concordam com a noção de tradição. A este respeito, como diz a Carta Apostólica Motu Proprio "Ecclesia Dei" S.S. João Paulo II.

"As circunstâncias específicas, objetivas e subjetivas, que tem sido feitas pelo Arcebispo Lefebvre, proporcionam a todos uma oportunidade de refletir profundamente renovado o empenho de fidelidade a Cristo e sua Igreja.

Este ato foi em si um ato de desobediência ao Romano Pontífice em matéria gravíssima e de suprema importância para a unidade da Igreja, como a ordenação de bispos, na qual é mantida sacramentalmente pela sucessão apostólica. Assim, tal desobediência - o que implica a rejeição do primado romano - constitui um ato cismático. Em qualquer desses atos, apesar da advertência canônica formal enviada pelo Cardeal Prefeito da Congregação para os Bispos em 17 de junho do ano passado, Mons. Lefebvre e os sacerdotes Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfonso de Galarreta, incorreram na grave pena da excomunhão prevista pela disciplina eclesiástica."

Mais adiante:

A raiz deste ato cismático pode determinar uma noção imperfeita e contraditória de Tradição: imperfeita, porque não tem suficientemente em conta o caráter vivo da Tradição, que - como claramente ensinada no Concílio Vaticano II - originalmente iniciada pelos Apóstolos: "progredindo a Igreja, com a ajuda do Espírito Santo, isto é, a compreensão cada vez maior de coisas e as palavras passadas, quando a contemplação e estudos revisados em seu coração, entendendo internamente os mistérios que vivem, e a pregação dos bispos, sucessores dos apóstolos no carisma da verdade"

Nas presentes circunstâncias, desejo sobretudo dirigir um apelo ao mesmo tempo solene e comovido, paterno e fraterno, a todos aqueles que até agora têm sido associados de várias maneiras com o movimento do Arcebispo Lefebvre, para atender o grave dever de permanecerem unidos o Vigário de Cristo na unidade da Igreja Católica e parar sob qualquer forma parar o apoio, a estas formas condenáveis. Todos devem estar cientes de que a adesão formal ao cisma constitui em grave ofensa a Deus e leva a pena de excomunhão decretada pela lei da Igreja (8).

Breve Análise: Tradição, Escritura e Magistério

Explica o Catecismo (nos números 76-87) que a transmissão do evangelho foi feita de duas formas: oral e escrita (2 Tessalonicenses 2:15). Ele também explica que, para que o Evangelho pode-se ser sempre preservados vivos e inteiros na Igreja dos apóstolos nomearam como sucessores os bispos desejosos por seu encargo no magistério.

Esta transmissão viva do Evangelho que chamamos de tradição está intimamente ligada com a Escritura e a Igreja transmitida para todas as idades o que é e o que ela acredita. Tradição e a Sagrada Escritura estão estreitamente ligadas porque surgem da mesma fonte, se fundem de forma que tendem ao mesmo fim.

Embora a Escritura seja a Palavra de Deus escrita por inspiração do Espírito Santo, a Tradição recebe a palavra de Deus confiada por Cristo e pelo Espírito Santo aos apóstolos, e transmite integralmente aos sucessores, para que, iluminado pelo Espírito da verdade, a preservem, exponham e espalhem fielmente na sua pregação.

É importante notar que a tarefa de interpretar autenticamente a palavra de Deus, oral ou escrita, foi confiada ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo, isto é, pelos bispos em comunhão com o sucessor Pedro, o Bispo de Roma.

Desde os primeiros tempos da história da Igreja Cristã têm argumentado-se que a teologia deve ser formulada de acordo com esses princípios. Escritura e Tradição servir como matérias principais para a teologia, enquanto o Magistério serve como a principal forma, que significa que enquanto a primeira revelação está contida na segunda é o trabalho de dar a interpretação correta do mesmo . Assim, constituem a base do tripé que faz todas as verdades católicas.

O que acontece se você rejeitar a Tradição ou Magistério?

Assim como um tripé com uma perna faltando cai, assim que ele pretende fazer teologia, mas rejeita qualquer uma dos três elementos: Em suma, você corre o risco de interpretar mal as Escrituras, ou desvirtuar-se da Tradição, que expõe um risco adicional: o de cair na dissidência (afinal, rejeitando os ensinamentos do Magistério), aqui (em negar uma verdade que deve ser crida com fé divina e católica, ou dúvida pertinaz a respeito do mesmo) ou até mesmo em cisma (na recusa de submissão ao Sumo Pontífice ou na comunhão com os membros da Igreja a ele submetidos.)

Os Padres da Igreja sempre alertaram sobre os desvios de quem está tentando usurpar o lugar do Magistério, para impor a sua própria concepção de fé. Não admira que Santo Agostinho reafirmava seu apego à autoridade da Igreja, nos seus escritos, aos maniqueístas: "Eu não acredito no Evangelho, se não me movese a autoridade da Igreja Católica" (Santo Agostinho. C. ep. Man 5 , 6, cf. Faustum C. 28,2).

Santo Agostinho atribuída ao orgulho heresia (De Doct. Cristo., Praef. 2, Ep. 208,2), S.Tomas de Aquino a supervalorização do próprio julgamento (S. Th. II-II 5.3.) porque "dá o seu parecer favorável a tudo o que a Igreja ensina, mas admite que eles excluem aqueles que não querem, seguindo assim a sua própria vontade." E embora seja o objeto do presente estudo caem dentro do âmbito da responsabilidade específica de cada pessoa, podemos dizer com confiança que aquele nome que rejeita a autoridade do Magistério com a ignorância invencível termina usurpando para seus fins.

Se examinarmos a história, vemos que uma e outra vez as heresias e cismas tiveram fatores em comum: um cismático e / o heresiarca proclamam-se proprietários da verdade e convencem os outros que é. E essa história continua a repetir-se toda vez que alguém sobre passa seu exclusivo critério, sobre "o julgamento da Igreja.

Paralelos na história

1. O conflito judaízante

O primeiro conflito que enfrentou a igreja primitiva, é narrado em Atos 15 e que se referem várias vezes nas cartas de Paulo (particularmente Romanos e aos Gálatas).

Foi o que aconteceu depois que um grupo de fariseus convertidos ao cristianismo queriam forçar os primeiros cristãos para serem circuncidados segundo a lei judaica mandato que ordenou como um sinal da aliança eterna entre Deus e seu povo: "Esta é a minha aliança, que guardareis entre eu e você - a sua própria posteridade: Todo o homem entre vós será circuncidado [...] No oitavo dia será circuncidado entre vós, todos do sexo masculino, de geração em geração [...] como uma aliança eterna. "Gênesis 17,10-13.

Reúne-se o Concilio da Igreja e ocorre na primeira reformulação e atualização da tradição. O Magistério exercer o seu papel como intérprete autêntico da revelação sob aquilo que é temporal e aquilo que permanece. Naquele tempo, havia aqueles que resistiam aos decretos da Igreja rejeitando o concílio de Jerusalém, e continuando, no entanto suas doutrinas, hoje, suas doutrinas são poeiras.

2. Donatistas

Cisma do século IV. Os donatistas sustentavam que a Igreja é composta de bons e que os maus estavam excluídos, aqueles que tinham encontrado o martírio durante a perseguição das fases anteriores e não estavam dispostos a aceitar este legado não pertencem à Igreja e seus sacramentos eram portanto, inválido.

Para os donatistas a Igreja de Roma, e as Igrejas em comunhão com ela estavam condenadas por terem aceito no seu seio falsos cristãos, sendo eles o reduto fiel, à Tradição da Igreja verdadeira.

Os resultados foram desastrosos: seu fanatismo exagerado manifestou uma perseguição sangrenta aos católicos, matando e queimando os seus altares, os cães começaram a dar forma dedicada e gosto de martírio recorreram ao suicídio coletivo. (É impossível não notar aqui a semelhança entre a atitude dos então Donatistas, com os lefebvristas)
3. Tertulianitas e montanhistas

Mesmo os mais brilhantes escritores eclesiásticos caíram na tentação de supervalorizar seus próprios critérios, e passaram de guardiães da ortodoxia para cismáticos e hereges.

Tal foi o caso de Tertuliano, que chegou de ter sido um apologista de renome em sua época. Em De Praescriptione haereticorum rejeita aos hereges qualquer argumento, objetando que não têm o direito de apelar para as Escrituras, e argumenta que apenas nas Igrejas apostólicas, pode conter correta interpretação dos mesmos.

Seu extremo rigor, levou o mesmo a dizer que o adultério e a fornicação são pecados imperdoáveis, então mesmo o bispo de Roma como sucessor de Pedro, não tinha o poder de absolver. Finalmente, negou que o poder dado a Pedro forar transmitido aos seus sucessores (Tertuliano, Sobre Modesty 21).

Resultados: abraço escalador de heresias que viu Montano (outro herege) a encarnação do Espírito Santo, em seguida, fundou sua própria seita (os tertulianitas) que não existe mais.

4. Protestantismo

Sob este nome engloba todas as seitas e comunidades eclesiais que surgiram a partir do século XVI da Reforma Protestante.

Sob o tema das três "Solas" (solo fé, solo graça e solo escritura), os reformadores protestantes pregaram ensinamentos em oposição à tradição e o Magistério. Ser capaz de utilizar um ou outro acabou rejeitando tanto e substituí-los com a doutrina da Sola Scriptura (a Bíblia como única regra de fé) e de investigação individual, livre exame (que é cada crente que tem a última palavra em matéria de fé).

Quando todos os protestantes decidiram exercer o direito conferido dos reformadores, foi gerada a fragmentação exponencial que conhecemos hoje no protestantismo: milhares de denominações e seitas diferentes umas das outras, mas em quase todas unidas em um maior ou menor grau em sua rejeição a Igreja Católica e ao Papa.

5. Velhos católicos

Movimento inicialmente cismático e posteriormente, herético desde o Concílio Vaticano I em sequência a rejeição do dogma da infalibilidade papal. Posteriormente agrupados um conjunto de sacerdotes e teólogos, sob a direção do historiador Ignaz von Döllinguer. Devido a não terem em suas fileiras qualquer bispo e não contavam com a sucessão apostólica procuraram solicitaram a ajuda dos cismaticos de Utrecht que os sagrou um bispo...

Resultado: uma vez apartados da barca de Peter acabaram declarando a supremacia absoluta de concílios sobre o papa, e aceitando o casamento dos padres, e mais tarde vindo a negar o dogma da Imaculada Conceição e Assunção de Maria. Hoje ordenam mulheres ao sacerdócio.

O Lefebvrismo sofre do mesmo germe

Hoje o Papa Bento XVI concedeu a remissão da excomunhão dos bispos Lefebvristas e iniciou o diálogo sob o controle da Congregação para a Doutrina da Fé, no entanto, o problema subjacente continua (que não é só mas a natureza litúrgica doutrinal), porque a posição lefebvrista levada à sua conclusão lógica, implica que a Igreja Católica governada pelo Papa e pelos Bispos em comunhão com ele, afastou-se decisivamente da verdadeira fé (isso ao sedevacantismo onde acusa-seo Papa e os bispos em comunhão com ele de hereges, proclamando que a Sé Romana esta vacante, é apenas um passo.)

Enquanto lefebvristas persistir em praticar teologia, apelando para o passado contra o Magistério e ensino hoje, com uma espécie de "livre exame" semelhante ao protestantismo, os germes nocivos vai estar lá. A diferença é que os protestantes rejeitem o Magistério tentando impor sua própria interpretação da Escritura, enquanto eles fazem Tradição lefebvrista.

Pseudo-Lefebvrismo, ultra-tradicionalismo, o mesmo problema

Há um outro setor dentro da Igreja, que sem reconhecer os lefebvristas, comungam e promovem as posições lefebvristas. Professam ser fiel ao Papa, mas discordam publicamente do Concilio. O argumento: Porque o ensino do Concílio Vaticano II não pretende ser definitivo, é possivel ter diferentes graus assentimento, e isto traduz que na prática existe uma discordância persistente e sistemática.

Neste contexto, esclarece a Carta Apostólica dada como "Motu Proprio" Ad Tuendam Fidem, do Papa João Paulo II, que a adesão de assentimento religioso dos fiéis às doutrinas estabelecidas pelo Magistério é devido não só às doutrinas definidas com Carter definitivo:

“A Profissão de fé, devidamente precedida pelo Símbolo Niceno-Constantinopolitano, tem além disso três proposições ou parágrafos que pretendem explicitar as verdades da fé católica que a Igreja, sob a guia do Espírito Santo que lhe "ensina toda a verdade" (Jo 16, 13), no decurso dos séculos, perscrutou ou há-de perscrutar de maneira mais profunda (3).

O primeiro parágrafo, onde se enuncia: "Creio também com fé firme em tudo o que está contido na palavra de Deus, escrita ou transmitida por Tradição, e que a Igreja, quer com juízo solene, quer com magistério ordinário e universal, propõe para se crer como divinamente revelado" (4), está convenientemente reconhecido e tem a sua disposição na legislação universal da Igreja nos cânn. 750 do Código de Direito Canónico (5) e 598 do Código dos Cânones das Igrejas Orientais (6).

O terceiro parágrafo, que diz: "Adiro além disso, com religioso obséquio da vontade e da inteligência, às doutrinas que o Romano Pontífice ou o Colégio dos Bispos propõem, quando exercem o seu magistério autêntico, mesmo que não as entendam proclamar com um acto definitivo" (7), encontra o seu lugar nos cânn. 752 do Código de Direito Canónico (8) e 599 do Código dos Cânones das Igrejas Orientais (9).”

Carta Apostólica dada como "Motu Proprio" Ad Tuendam Fidem, de Papa João Paulo II.

Não se trata de mergulhar em todos os ensinamentos do Magistério, para ver o que afinal, se trata de aceitar com religioso assentimento de vontade e entendimento, sendo definitivo ou não.

Fonte:

ARRÁIZ, José Miguel. El problema fundamental del lefebvrismo. [Tradução: John Lennon J. da Silva]. Apostolado São Clemente Romano. Disponível em: http://apologeticacatolica.org/Documentos/Concilios/VaticanoII/Apologia06.html Acesso em: 19 agosto 2010.

domingo, 10 de outubro de 2010

Situação do Sudão pode ficar crítica afirma o Bispo sudanês Dom Hiiboro

Região pode “afundar na violência”, afirma Dom Hiiboro

Segundo Dom Edward Hiiboro, bispo da diocese de Tompura-Yambio, no sul do Sudão, seu país e toda região correm o risco de "afundar na violência".

A poucos meses do referendo sobre a independência do sul do Sudão, previsto para janeiro, o prelado explicou à associação caritativa Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) a situação do país.

"Há uma ameaça real e iminente à segurança do povo do Sudão e de toda região" - afirmou - após os relatos de violência cometidos pelos rebeldes do Exército de Resistência do Senhor (Lord's Resistance Army, LRA), com base em Uganda.

O prelado teme que o referendo possa provocar um desastre. Como "fiador" do Acordo Compreensivo de Paz (ACP) de 2005, que colocou fim a uma guerra civil que derramou sangue no território do Sudão durante décadas, ele afirma que a comunidade internacional deve intervir para evitar um maior surto de violência.

"Se ocorrer bem, o referendo trará paz a um país que sofreu quase cinco décadas com uma brutal guerra civil, mas se não for assim, o Sudão afundará na violência e na instabilidade, que envolverá toda região", observou o bispo.

"Os grandes do ACP - sobretudo Grã-Bretanha, União Europeia, Estados Unidos, Nações Unidas e toda comunidade internacional - devem demonstrar uma renovada vontade política de aumentar seu compromisso não apenas até o referendo, mas nos próximos meses e anos de transição."

Dom Hiiboro e outros bispos advertiram em muitas ocasiões sobre a falta de compromisso por parte dos políticos sudaneses com as diretrizes do pré-referendo, como o registro dos eleitores, o envolvimento de diversas facções políticas e de vários grupos, e o aumento da consciência entre as pessoas sobre o voto e suas implicações.

O medo é que, ao invés de trabalhar para um acordo de paz no longo prazo, alguns grupos e facções políticas estejam se preparando para o conflito, com o risco de retornarem à guerra civil que provocou mais de 2,5 milhões de mortos.

"Temos sido testemunhos de atos de uma violência e de um desapreço inimaginável pelo gênero humano", disse.

Fonte:

YAMBIO, domingo, 10 de outubro de 2010 (ZENIT.org). Disponível em: http://www.zenit.org/article-26236?l=portuguese Acesso em 10 outubro 2010.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A reencarnação nunca foi uma doutrina católica

A Carta ao Hebreus (9,27) diz: “E como é fato que os homens devem morrer uma só vez depois do que vem um julgamento…” Basta esse versículo para mostrar que a doutrina católica nunca aceitou a reencarnação.

“Acontece porém que no século III os monges discípulos de Orígenes, adotaram essa tese julgando que era doutrina do seu mestre. Na verdade, Orígenes propôs como hipótese a pré-existência das almas, mas como mera hipótese. Assim, professava até o século VI: Em 553 um sínodo de Constantinopla rejeitou radicalmente essa tese, que alias só era professada pelos origenistas. Assim, não se pode dizer que a reencarnação era doutrina comum que a Igreja eliminou do seu credo. Há tendências preconceituosas mesmo nos grandes estudiosos”.

Vejamos um pouco da reencarnação na Tradição da Igreja, como explica o saudoso D. Estevão Bettencourt em artigo citado a seguir. São Clemente de Alexandria (†215) julga ser a doutrina da reencar¬nação arbitrária, porque não se baseia nem nas sugestões da nossa cons-ciência nem na fé católica; lembra que a Igreja não a professa, mas, sim, os hereges, especialmente Basilides e os Marcionistas. (Cf.: Eciogae ex Scripturis Propheticis XVII PG 9, 706; Excerpta ex Scriptis Theodoti XVIII, PG 9, 674; Stromata Iii, 3; IV, 12 PG 1114s. 1290s). Todas as citações deste artigo estão na revista “Pergunte e Responderemos”, n. 442, 1999, pg.109.

S. Irineu († 202) observa que em nossa memória não se encontra vestígio de pretensas existências anteriores (Adv. Haer II, 33, PG7,B3Os); em nome da fé, opõe o dogma da ressurreição dos corpos: nosso Deus é bastante poderoso para restituir a cada alma o seu próprio corpo (lb. II 33, PG 7, 833).

Origenes de Alexandria (†254) propôs, apenas como hipótese, a preexistência das almas: todos os espíritos teriam sido criados desde toda a eternidade e dotados da mes¬ma perfeição inicial; muitos porém, teriam abusado da sua liberdade e pecado. Por tal pecado Deus teria criado um mun¬do material, a fim de servir de lugar de castigo e purificação. Conforme à falta cometida, cada espírito teve que tomar, em punição, um corpo mais ou menos grosseiro. Os que não se purificassem devidamente nesta vida, deveriam passar, depois da morte para “um lugar de fogo”. Mas finalmente todos seriam reintegrados na suprema felicidade com Deus; O In¬ferno não seria eterno.

Estas idéias foram propostas com reservas e a título de hipóteses (cf. Peri Archon; PG 11,224). Todavia os discípulos de Orígenes, chamados origenistas, eram monges do Egito, da Palestina e da Síria, que se beneficiavam dos escritos ascéticos e místicos do mes¬tre, mas eram pouco versados em teologia; por conseguinte, não tinham critérios para distinguir entre as verdades de fé e as proposições hipoté¬ticas de Orígenes. Os origenistas, portanto, nos séculos IV - VI professa¬ram como artigos de fé não só a preexistência das almas e a restauração final de todos na felicidade inicial, mas também a reencarnação. Contra¬riavam assim o pensamento do próprio Orígenes, que era avesso à reen¬carnação, tida por ele como “fábula inepta e ímpia” (In Rom. V. PG 14, 1015).

A tese da reencarnação, desde que começou a ser sustentada pelos origenistas, encontrou decididos oponentes entre os escritores cristãos mesmos, que a tinham como contrária à fé. Um dos testemunhos mais claros é o de Enéias de Gaza (†518) autor do “Diálogo sobre a imortali¬dade da alma e a ressurreição em que se lê o seguinte raciocínio:

“Quando castigo o meu filho ou o meu servo, antes de lhe infligir a punição, repito-lhe várias vezes o motivo pelo qual o castigo e recomen¬do-lhe que não o esqueça para que não recaia na mesma falta. Sendo assim, Deus, que estipula… os supremos castigos, não haverá de escla¬recer os culpados a respeito do motivo pelo qual Ele as castiga? Haveria de lhes subtrair a recordação de suas faltas, dando-lhes ao mesmo tempo a experimentar muito vivamente as suas penas? Para que serviria o castigo se não fosse acompanhado da recordação da culpa? Só contri¬buiria para irritar o réu e levá-lo a demência. Uma tal vítima não teria o direito de acusar a seu juiz por ser punida sem ter consciência de haver cometido alguma falta?” (ed. Migne gr:, t. LXXXV, 871).

As doutrinas dos origenistas chamaram a atenção das autoridades da Igreja. Em 543, o Patriarca Menas de Constantinopla redigiu e promulgou quinze anátemas contra Origenes, dos quais os quatro primeiros nos interessam diretamente:

1. “Se alguém crer na fabulosa preexistência das almas e na repudiável reabilitação das mesmas (que é geralmente associada àquela), seja anátema.

2. Se alguém disser que os espíritos racionais foram todos criados independentemente da matéria e alheios ao corpo, e que várias deles rejeitaram a visão de Deus, entregando-se a atos ilícitos, cada qual se¬guindo suas más inclinações, de modo que foram unidos a corpos, uns mais, outros menos perfeitos, seja anátema.

3. Se alguém disser que o sol, a lua e as estrelas pertencem ao conjunto dos seres racionais o que se tornaram a que eles hoje são por se voltarem para o mal seja anátema.

4. Se alguém disser que os seres racionais nos quais o amor a Deus se arrefeceu, se ocultaram dentro de corpos grosseiros como são os nossos, e foram em conseqüência chamados homens, ao passo que aqueles que atingiram o último grau do mal tiveram, como partilha, corpos frios e tenebrosos, tornando-se a que chamamos demônios e espí¬ritos maus, seja anátema”.

O Papa Vigílio (537-555) e os demais Patriarcas deram a sua aprovação a esses artigos. Concluímos, pois, que a doutrina da reencarnação nunca foi professada oficialmente pela Igreja Católica (contradiz ao Credo cris¬tão); todavia após Origenes (século III) foi professada por grupos particul¬ares de monges Orientais, pouco iniciados em teologia; em 543 foi sole-nemente rejeitada pelas autoridades da Igreja. A mesma condenação ocorreu nos Concílios ecumênicos de Lião (1274) e Florença (1439), que ensinam a imediata passagem desta vida para a sorte definitiva no além (DS 857 [464] e 1306 [693]). O Concílio Vaticano II, por sua vez, fala do “único curso da nossa vida terrestre (Hb 9,27)”, mostrando assim opor-¬se à teoria da migração das almas ( Cf. Lumen Gentium nº 48).

Fonte:

AQUINO, Felipe. A reencarnação nunca foi uma doutrina católica: Disponível em: http://www.cleofas.com.br/ Acesso: 11 Maio 2010.