sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Igreja Católica não usava a bíblia? A escondia do povo?

Na Semana passada, um leitor do nosso site, nos remeteu a seguinte pergunta: “Eu tambem quero saber o porque que A Igreja Católica não publicou alguns livros da bíblia e os escondem? Pois se são da palavra de Deus, porque não os publicam?” Resposta postada no site encontra-se em parte abaixo.

3º O uso das Escrituras

Não ficaram especificados quais são os livros que supostamente a Igreja esconde ou não publicou seria os “escritos apócrifos” do latim: “apócryphus” que em português significa: oculto diria ‘não autentico’ estas obras não detém autoridade doutrinaria não fazem parte do Canon (lista de livros santos expostas e reunidas na bíblia que fazem parte da Revelação) são escritos atribuídos a personagens e figuras cristãs que foram utilizados de forma cuidadosa pela Igreja entre os séculos por terem varias heresias e terem sua origem em grupos sectários e cismaticos do Cristianismo como os Gnósticos. Atualmente encontra-se varias destas obras publicadas nas editoras mundo a fora.

Farei outra pequena observação sobre uma acusação que tem andado por ai de que a Igreja não usava ou proíba a veiculação da bíblia durante a Idade Média.

Sobre esta acusação é falsa a primeira tradução da bíblia fora feita por São Jerônimo no Séc. IV chamada de “vulgata” a mando do Papa Damaso I, esta disponibilizada em Latim língua cujo a Igreja usou e usa. Já entre os séculos VI e XIII antes da invenção da Imprensa por Gutemberg, no séc. XV, nestas épocas as escrituras eram copiladas e editadas pelos monges nos monastérios a serviço da Igreja.

Durante a Idade Média ninguém tinha ou possuía Bíblia em domicilio, 80% das populações européias eram analfabetas o uso delas ficava restrito as clérigos, pois eles possuíam uma rica formação na literatura cristã e assim como na oratória e retórica, neste contexto auxiliado pela missão do Magistério de ensinar e exortar na fé aos cristãos como ensinado e ordenado por Cristo cf. Mt 28, 19-20. O Evangelho era pregado na forma áudio visual, como no tempo dos apóstolos durante as homilias em língua vernácula. Os textos da Bíblia eram ilustrados nas imagens das igrejas como também fora no inicio com a Igreja primitiva. Haviam cerca de sete mil cenas bíblicas do Antigo e do Novo Testamento na Catedral de Chartres, na França no séc. XIII.

Sem entender estes fatores, muitos propagam que a Igreja negligenciou o uso da Bíblia e não disponibilizou-a ao povo, coisa inacessível para época. Ao contrário de hoje em que a contextualização e modernidade são outras.

Após a Invenção da Impressa;

Em 1454 surge a primeira impressão da Bíblia, Um católico chamado Gutenberg causou grande excitação quando no outono daquele ano exibiu uma amostra na feira do comércio de Frankfurt. Gutenberg rapidamente vendeu todas as 180 cópias da Bíblia da Vulgata latina até mesmo antes da impressão estar acabada. (The Bible Through the Ages: 1996, Readers Digest Association, New York).

É bom lembrar que ao contrario do que afirmam por ai Lutero não foi o primeiro a traduzir a bíblia para o Alemão em 1466, a Igreja Católica disponha à Alemanha, a primeira versão bíblica alemã impressa, isto foi cinqüenta oito anos antes de Lutero produzir sua versão da Bíblia em alemão em 1524. Nestes cinqüenta e oito anos os católicos imprimiram 30 diferentes edições alemãs da Bíblia. (Holman Bible Dictionary. 1991).

Em alguns autores protestantes contestam que a Igreja usou as Sagradas Escrituras e sempre deteve apreço e amor a elas;

"Nunca houve um tempo na História da Igreja ocidental durante a Idade "Média", ou das "Trevas", em que as Escrituras foram oficialmente degradadas. Ao contrário, elas eram consideradas infalíveis e inerrantes, e mantidas na mais alta honra." (Peter Toon, Protestants and Catholics, Ann Arbor, MI: Servant Books, 1983, p. 39).

"O Catolicismo Romano tem um alto respeito pelas Escrituras vendo nelas uma fonte de conhecimento... De fato, o ensinamento oficial da Igreja Católica acerca da inerrância e inspiração das Escrituras satisfariam o mais rigoroso dos fundamentalistas protestantes." (Robert McAfee Brown, The Spirit of Protestantism, Oxford: Oxford Univ. Press, 1961, pp. 172-173).

O próprio Heresiarca Lutero já testemunhava sobre as diversas traduções católicas versadas nas varias línguas das outras nações europeias.

"foi um efeito do poder de Deus que o papado preservou, em primeiro lugar, o santo batismo; em segundo, o texto dos Santos Evangelhos, que era costume ler no púlpito na língua vernácula de cada nação..." (De Missa privata, ed by Jensen, VI, Pg 92).

A Igreja nunca proibiu a leitura da Bíblia nem seus uso, sim as deturpações e más interpretações sobre as Sagradas Escrituras que representam um perigo a Unidade, fato que comprova-se analisando o livre-exame das Escrituras proclamado por Lutero, fazendo que haja no mundo mais de 600 mil seitas e comunidades protestantes que dize-se “Igrejas Verdadeiras”. Leve-se em conta também a situação histórica das populações junto ao contexto social e educacional da época o que não atrapalhava aos mais humildes de conhecer as Escrituras, quando ouviam as pregações.

Entre as normas da Igreja Católica, naqueles séculos especificamente no ano de 1480 antes da Reforma Protestante, contava.

"Todos os cristãos devem ler a Bíblia com piedade e reverência, rezando para que o Espírito Santo, que inspirou as Escrituras, capacite-os a entendê-las... Os que puderem devem fazer uso da versão latina de São Jerônimo; mas os que não puderem e as pessoas simples, leigos ou do clero...devem ler a versão alemã de que agora se dispõe, e, assim, armarem-se contra o inimigo de nossa salvação" (The publisher of the Cologne Bible [1480] ).

São Paulo mandava seu discípulo Tito exortar aos jovens que a exemplo do mesmo discípulo exprimissem a verdade “numa linguagem digna e irrepreensível, para que o adversário, nada tendo a dizer contra nós, fique envergonhado” Tt 2,6-8: Assim elucidadas as perguntas do irmão, me despeço também peço desculpa por ter me alongado, mas era necessário.

Tenha cuidado com as “vãs discussões” (I Tm 1, 5-6) que não levam a nada quando não ha caridade na verdade, como bem ensinou recentemente o papa Bento XVI, antes testemunhemos em nossa vida com os nossos olhos e corações voltados para Cristo o consumador de Nossa fé, cf. Hb 12,1. Esse é meu conselho como Irmão em Cristo.

Ad Majorem, Gloriam Dei
John Lennon J. da Silva

Fonte:

http://www.apologeticacatolica.com.br/?pg=noticia3&id=4