segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Por que não existe direito ao aborto?

Por: Eduardo Moreira

Algumas noções básicas de direitos e deveres andam esquecidas pela sociedade que já se acostumou ao odor podre de punir inocentes e inocentar os criminosos. Fato é que temos hoje uma linha polêmica da criminologia, à qual chama-se de “Criminologia Crítica”, de cunho marxista e que, por sua vez, tenta quebrar tudo o que a sociedade já entendeu de direito de propriedade e crimes diversos. Para algumas escolas da criminologia crítica, quem está errada é a sociedade, não os bandidos. Segundo essas escolas, o bandido é uma espécie de justiceiro social enquanto que a sociedade é uma máquina movida por interesses econômicos e que ela própria, por sua estrutura de criminalizar, gera os criminosos.

Não raras as vezes vemos pessoas desonestas de grande intelecto se dizendo inocentes. Muitas delas se dizem inocentes porque, de fato, não veem nada de errado em sua maneira de agir. Para esses criminosos quem está errada é a sociedade que o criminalizou, não seu comportamento condenável.

Em contrapartida, milhares de inocentes são brutalmente assassinados ao redor do mundo. Uns vítimas de regimes sedentos de sangue como o comunismo, outros, vítimas dos erroneamente chamados “direitos humanos” como o direito ao aborto. Entretanto, cabe refletir: existe direito ao aborto?

Em primeiro lugar devemos considerar as diferenças entre legalidade e legitimidade. Na Alemanha nazista era plenamente legal o extermínio de judeus, mas isso jamais foi legítimo. O termo “legal” diz respeito somente a um conjunto de normas criadas por um parlamento, por exemplo, a fim de defender certos interesses. Nem sempre esses interesses são 1) a vontade do povo que elegeu o parlamento e 2) a justa moral.

Pelas considerações acima feitas fica claro que nem tudo que é legal é legítimo. Mas então, o que seria legitimidade? Uma consideração importante da legitimidade é a questão do atropelamento dos direitos. Não existe direito de um indivíduo “A” que atropele os direitos do indivíduo “B”. Assim sendo, um indivíduo qualquer só terá como direito aquilo que não agrida a outros indivíduos. É por isso que, nessa questão, se enquadra o aborto.

O aborto é, como disse o Papa João Paulo II, uma violência, um crime demasiadamente injusto porque se trata de um ser humano adulto decidindo tirar a vida de um ser humano ainda não nascido e, portanto, plenamente indefeso. Alguém pode objetar: uma mulher tem o direito de abortar porque é direito dela decidir se quer ou não gerar algum filho. Esse direito é falso porque o ato da mulher decidir se quer ou não gerar um filho reflete, automaticamente, no atropelamento do direito do filho à vida!

O direito à vida é um dos direitos mais sagrados que existe e, a não ser em casos de extrema necessidade, não existe justificativa lícita para se retirar a vida de uma pessoa. Assim sendo, abortar não é um direito porque esse “direito” implica, automaticamente no atropelamento de um outro, por sinal, maior que o primeiro: o direito à vida.

O que dizer então dos casos estupro e gravidez de risco? O primeiro caso fala de uma gravidez contraída injustamente, é claro, mas mesmo assim o direito de abortar não existe. Filhos não pagam pelos crimes dos pais e, portanto, quem deve arcar com as consequências do estupro não é a criança, mas sim o estuprador. No segundo caso temos um empate de direitos, sendo que o direito à vida de uma mãe não é maior que o direito à vida da criança que ela traz no ventre. Assim sendo, não cabe ao homem decidir quem deve viver, mas ao próprio Deus.

Assim sendo, não existe direito ao aborto por um meio lícito e forçar esse direito implica automaticamente em ir contra a outros direitos, esses sim legítimos. Mesmo que todos os estados do mundo legalizem o aborto, cometendo essa violência contra a legitimidade, esse ato jamais será lícito e jamais estará dentro dos planos de Deus.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O homem e a mulher nos planos de Deus

Por: Eduardo Moreira


Uma das características da modernidade é o igualitarismo entre homem e mulher. Entretanto, cabe pensar em que homens e mulheres são iguais? Em quase nada, essa é a verdade.


Uma mulher, mesmo que se esforce, jamais será como um homem. Sua natureza gritará dizendo o contrário. O oposto também é verdadeiro, sendo que o homem jamais poderá ser igual a uma mulher.

Além das diferenças notórias entre os corpos de homens e mulheres, há diferenças psicológicas e comportamentais que fazem plena distinção entre os sexos. Caberia, talvez, perguntar qual dos dois é superior? A resposta é simples: nenhum! Homem e mulher são iguais em dignidade, sendo, portanto, complementares.

A mulher dá ternura ao lar enquanto o homem é seu defensor. Em casos onde falta um dos dois, apenas um sexo deve fazer os dois papéis e muitas vezes o faz bem. Entretanto, numa família tradicional, homem e mulher têm papéis distintos.

Com a crise do igualitarismo, de cunho marxista, os papéis do homem vêm ficando cada vez mais esquecidos. Um desses papéis é a virilidade, isto é, a capacidade do homem de não se acovardar perante seus medos, de não sucumbir diante das dificuldades. O homem deve ser viril, deve enfrentar a vida de frente e deve defender sua família sempre que for necessário. Um homem sem virilidade é como um automóvel sem combustível: não serve pra quase nada e, aliás, perde, uma de suas principais funções.

O que pensar de um homem que não pode defender seu filho quando um adulto covarde o agride? Ou o que pensar de um homem que não é capaz de se impor, de erguer sua voz contra as pessoas que buscam oprimi-lo? O homem, como guardião da casa, deve ser capaz de proteger a si mesmo e à sua família.

A mulher tem um papel mais nobre e de menos bravura. Não que as mulheres não tenham valor, afinal, é uma tarefa árdua ser mulher em meio a uma sociedade muitas vezes recheada de preconceitos errôneos contra o sexo feminino. À mulher cabe ensinar os filhos a terem ternura. Mesmo aos homens as mulheres devem ensinar a ternura, afinal, se um menino aprende apenas a ser homem, ele será mais um troglodita que não sabe respeitar os direitos dos outros e nem a sua própria família. É por isso que os homens, para serem bons pais de família, devem aprender muito com suas mães antes de prosseguirem seus caminhos.

Alguns homens abusam de sua pretensa autoridade e isso deve acabar. Há quem diga que foi a própria moral cristã quem trouxe isso, o que é falso e injusto. Numa das cartas de São Paulo, por exemplo, o Apóstolo diz: Ora, assim como a Igreja é submissa a Cristo, assim também o sejam em tudo as mulheres a seus maridos. Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (Ef 5, 24-25).

Se pensamos que esse versículo diz que apenas a mulher deve ser submissa ao marido, devemos pensar também que só os maridos devem amar suas mulheres, o que é falso. É evidente que a submissão deve ser recíproca assim como o amor. Nenhum homem, por melhor que se julgue, pode usar a Bíblia para justificar uma pretensa relação desproporcional com sua esposa, a menos, é claro, que não se importe em não ser amado por ela.

Os planos de Deus para homem e mulher são, então, planos de plena dignidade, de reciprocidade e amor. Deus não criou um para ser superior ao outro, mas para serem complementares e, assim, para constituírem bem suas famílias, a Igreja Doméstica de Cristo. Como diz a Teologia, a mulher foi retirada da costela. Não da cabeça, porque não é superior. Não dos pés, porque não é inferior. A mulher foi retirada da costela porque está no mesmo nível do homem.

domingo, 21 de outubro de 2012

Lançamento de livro: A Doutrina do Purgatório – sua interpretação e ensino no Magistério da Igreja


Por John Lennon J. da Silva.

É com imensa alegria com que venho anunciar a todos os leitores(as) do site que nesta última semana a Editora ComDeus finamente lançou no mercado o primeiro livro de minha autoria chamado “A Doutrina do Purgatório: sua interpretação e ensino no Magistério da Igreja”. O livro é fruto de dois anos de trabalhos e pesquisas sobre um tema que hoje parece ter caído no esquecimento catequético na mentalidade de muitos católicos pelo país, não aponto no livro os fatores para esta problemática. O livro de coloca como um compêndio de textos, documentos e citações do Magistério da Igreja sobre o purgatório. Convido todos os leitores(as) católicos(as) a adquiri-lo, por aqui ( no valor de 15 reais).

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O que é obsessão demoníaca?


Por Carina Caetano*

Obsessão é um dos tipos de manifestações demoníacas e pode, dependendo do autor que disserta sobre esse tema, ter sentidos mais amplos ou mais restritos a respeito de seu conceito.
 Importante saber que a obsessão demoníaca é diferente da obsessão tratada pela psicologia. Na referida área, a palavra obsessão é normalmente reservada para o pensamento, ou seja, as obsessões estão relacionadas a idéias e pensamentos que são repetitivos, insistentes e persistentes.

Abaixo, três referências oferecidas pelo DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), da Sociedade Americana de Psquiatria.

Segundo o DSM-IV, as Obsessões, são definidas por:

(1) Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum momento durante a perturbação, são experimentados como intrusivos e inadequados e causam acentuada ansiedade ou sofrimento;

(2) Os pensamentos, impulsos ou imagens não são meras preocupações excessivas com problemas da vida real;

(3) A pessoa tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens, ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação.(A)*

(A)*Fonte: Psicologia na Net,  http://www.psicologiananet.com.br/pensamentos-obsessivos-%E2%80%93-obsessao-%E2%80%93-transtorno-obsessivo/1610/ 


 Já nos casos de obsessão demoníaca, a caracterização desse fenômeno se dá de outra forma.

 Frei Elias Vella (OFM Conv), exorcista da Ilha de Malta, por exemplo, caracteriza a obsessão demoníaca como um ataque por parte do demônio em uma determinada área onde a pessoa atacada seja mais vulnerável (1)*, e atribui a maior ocorrência desses casos a pessoas de vida santa.

  (1)* Vella, Elias (Fr, OFM Conv). O leão que ruge ao longo do caminho. São Paulo: Palavra & Prece, 2007.


 Já o Padre Corrado Balducci (SJ), renomado demonólogo, refere-se a obsessão demoníaca como infestação pessoal e a descreve como uma tentação particularmente violenta e prolongada que é caracterizada por fenômenos externos assustadores.

 Segundo o padre Balducci, também pode acontecer por meio de visões, sentimentos diversos (raiva, desespero, medo, etc), maus odores, barulhos estranhos, palavras ou canções obscenas e/ou blasfemas, tapas, arranhões, empurrões, etc.(2)*

 Também ele atribui a maior parte da ocorrência em pessoas de vida santa, como podemos verificar ao longo da história da Igreja:

 Santa Catarina de Sena (1343-1380), São Francisco Xavier (1506-1552), Santa Tereza de Ávila (1515-1582), Santa Madalena de Pazi (1566-1607), Santa Rosa de Lima (1586-1617), São João Maria Vianney (1786-1859), São João Bosco (1815-1888), Santa Gema Galgani (1878-1903).

(2)* Balducci, Corrado. O Diabo, vivo e atuante no mundo. São Paulo: MIR Editora, 2004.

 O padre espanhol José Fortea classifica-a como influência (externa ou interna, dependendo da fenomenologia), além do renomado padre Amorth que também oferece em seus livros um embasamento mais profundo acerca deste e dos outros tipos de manifestação demoníaca.

 A partir da conceituação desses e de outros padres exorcistas a respeito desse fenômeno podemos perceber que a obsessão demoníaca apresenta uma gama de sintomas que vão além da obsessão puramente psicológica, pois os mesmos não restringem-se a idéias permanentes e aparentemente inconvenientes. Além do mais, muitos casos de obsessão ultrapassam o campo das idéias e pensamentos, chegando a causar danos físicos a vítima, como foram os casos de padre Pio e de São João Maria Vianney.

 À pessoa que sofre este tipo de ataque por parte do inimigo classifica-se como obsesso e não obcecado, pois o significado deste termo remete a obscurecido; cego de entendimento, enquanto que o termo obsesso se refere a alguém que está dominado por uma obsessão; atormentado ou Indivíduo que se supõe influenciado ou dominado pelo demônio.
 Também o termo obsidiado é válido, visto que obsidiar significa pôr cerco a; estar à volta de.(B)*

(B)* Fonte: Dicionário Online de Português, http://www.dicio.com.br

Nota:

*Colaboração de Caio Pereira

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O conhecimento na Idade Média: desmistificando preconceitos históricos


Por Jennifer Gama.

O conhecimento na Idade Média não era difuso como o atual, de modo que não é possível querer conceituar a hermenêutica da mesma forma, ou compará-la à sua aplicação atual, uma vez que hoje os meios tecnológicos de comunicação facilitam sobremaneira a difusão do conhecimento, o que não se afigurava possível na época em questão.

Na Idade Média, a produção de livros era um dificultoso e vagaroso processo, pois, tendo em vista que não havia máquinas de foto-cópia, tal como a sociedade contemporânea hoje dispõe, nem mesmo gráficas ou impressoras, os livros eram copiados manualmente, pelos monges, que estudavam sobremaneira nas escolas destinadas a eles, as quais também aceitavam estudantes de fora. No interior dos mosteiros existiam as bibliotecas, às quais tinha acesso a população, uma vez que grande parte dos cientistas da época eram padres e demais religiosos, e muitas escolas e universidades foram construídas nesta Era, o que possibilitou, à maneira da época, a difusão do conhecimento científico para a população medieval.

No Concílio de Vaison, datado de 529, por exemplo, ouviu-se São Cesário de Arles a expor as razões pelas quais era imperiosa a criação de escolas para a população rural. Mais tarde, no Concílio de Latrão, em 1179, Alexandre III emite instruções a todo o clero para que crie escolas em toda a região, a fim de instruir gratuitamente as crianças, inclusive as pobres.

Como instituição de enorme importância na Idade Média, a Igreja Católica foi responsável pela transmissão do conhecimento a muitas camadas da população, como afirmam os historicistas hodiernos, especialistas em Idade Média, entre os quais o P.H.D. Thomas Woods, autor da obra "Como a Igreja Católica construiu a Civilização Ocidental", e Daniel Rops, autor de “Igreja das Catedrais e das Cruzadas”. A Igreja foi responsável, junto à sociedade da época, pela difusão - no sentido medieval do termo - de cultura e conhecimento, emoldurando a realidade social da época, e trazendo os indivíduos das camadas inferiores a um processo de aprendizagem, inclusive de alfabetização. A Igreja alfabetizou e evangelizou, inclusive, muitos povos bárbaros, mediante o ensino da catequese, que não era apenas um simples ensino religioso, de ética e moral que contribuíram enormemente para a solidez moral da sociedade da época e para as futuras gerações, mas também permitia aos indivíduos uma melhor visualização de si mesmos, um olhar para o interior, para a própria essência que possuíam enquanto seres humanos.

A Igreja possibilitou um aumento da auto-estima na sociedade medieval, contribuindo para que os indivíduos volvessem os olhos para a essência de sua própria dignidade, e isso o fez, além da catequese, por meio da alfabetização que promoveu, possibilitando aos membros da sociedade do Medievo uma distinta visão de mundo, calcada no conhecimento científico, que passou a se desenvolver, da criação das Universidades, e do Magistério da Igreja, que sempre se ocupou das mais diversas questões concernentes à humanidade, e dentre estas, com a necessidade de difundir o conhecimento científico, o que fez de maneira imperiosa, considerando-se as possibilidades da época, como acima elencado.

Todos estes fatores contribuíram para um aperfeiçoamento da hermenêutica, que ao longo dos tempos foi sendo transmitida a setores ainda maiores da população, com o advento dos instrumentos tecnológicos que possibilitaram esta difusão de conhecimento. Dados históricos comprovam que a hermenêutica teológica foi um "gérmen" da hermenêutica concebida em eras posteriores, e que muito auxiliou na concepção atual da teoria da interpretação. Isso porque as leis canônicas foram os primeiros ordenamentos jurídicos mundiais, possibilitando a interpretação e que, conforme ensinam os historiadores atuais, em muito contribuíram para nortear uma visão de mundo mais completa, o que é, em suma, o principal objetivo da hermenêutica.

Como dito anteriormente, apesar dos processos de transmissão de conhecimento propiciados pela Igreja na Idade Média - os quais foram sendo aperfeiçoados por ela e por outras instituições, ao longo do tempo -, os conhecimentos da época ainda não permitiam uma difusão de conhecimento nos moldes atuais, mas com certeza a iniciativa católica foi sobremaneira importante para uma fase inicial de compreensão da arte de interpretar.

Fontes:

AQUINO, Felipe. Uma história que não é contada.
ROPS, Daniel. Igreja das Catedrais e das Cruzadas.
WOODS, Thomas. Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental.
ANDRADE, André Luis Botelho de. A Igreja e o conhecimento. Disponível em: http://www.pantokrator.org.br/blogs/?p=1227 Acesso em: Outubro de 2011.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

A imitação de Maria como caminho de Salvação


Por: Eduardo Moreira
         
Certa vez assistindo ao filme “O Senhor dos anéis”, inspirado no livro de mesmo título e de autoria de John Ronald Reuel Tolkien, católico fervoroso, grande apologista, deparei-me com o mago Gandalf dizendo ao hobit Frodo:

− Não seja tão apressado em julgar as pessoas.

Por muito tempo, mesmo após uma suposta conversão, me perdi julgando demais, e como disse Madre Teresa, quem julga muito as pessoas não tem tempo para amá-las. Cristo também nos adverte quanto aos julgamentos dizendo para não julgarmos, pois da mesma forma que julgamos seremos julgados e na mesma medida que medirmos, seremos medidos (Mt 7, 1-2). Acontece que as pessoas que mais usam esse trecho das Escrituras Sagradas são as que mais julgam. Dizem não julgueis quando recebem uma simples admoestação e assim, utilizando a Bíblia para se justificar, se fecham em seu orgulho extremo mesmo existindo na mesma Bíblia o conselho de admoestar os irmãos (Gl 6, 1).

A questão é, como admoestar sem julgar? E como admoestar sem condenar? Eis algo difícil, mas em momento algum Cristo disse que seria fácil segui-l’O e é tão difícil fazê-lo justamente por um fato: a temperança. Deus está sempre no equilíbrio de dois extremos. Deus não está com aqueles que têm um relativismo cego, que faz vista grossa para erros crassos sob o pretexto falso do “não julgueis” e não está também com aqueles que, inebriados por um orgulho cego e uma vaidade sem limites, não reconhecem seus próprios erros. Se acham melhores que todos e olham de forma não caridosa para com o semelhante. Quando chamam a atenção de alguém não o fazem com e na caridade, mas sim na soberba e no orgulho como quem quer apenas se elevar à custa de humilhar o próximo. Creio eu ter estado nesse segundo nível: o dos soberbos.

De fato, é tentador aos que estudam a doutrina e observam o quadro lastimável no qual se encontram os fiéis católicos, passar a pisar em todos e subir em um orgulho próprio, mas isso não provém de Deus. O conhecimento sem oração e sem humildade traz o orgulho e nos aproxima muito mais do ateísmo do que do cristianismo. É tentador o conhecimento que nos leva a viver como se Deus não existisse. Certamente isso ocorre porque o Diabo, o adversário tinhoso, sabe como usar todas as coisas, até as mais belas, em seu favor. Não é isso que Deus quer de nós. Aliás, a quem muito é dado, muito é cobrado, e se Deus nos dá sabedoria e entendimento para abstrair a doutrina não é para nos engrandecer, mas para salvar as almas que andam tão desesperadas e ávidas tanto pela doutrina quanto por Deus. Isso certamente é fruto da Teologia da Libertação que até hoje anda pelo Brasil fazendo com que as pessoas abandonem a fé. Antigamente as pessoas ouviam falar de Deus nas Missas, hoje elas aprendem marxismo. É melhor até que não leiam os comentários dos folhetos dominicais e muitas vezes temos que dizer “tende piedade de nós” ao invés de “atendei-nos” na oração da assembleia, não raras as vezes recheada da doutrina socialista materialista que se opõe frontalmente ao Evangelho.

Entretanto, esse mau tempo felizmente está passando. Deus tem suscitado entre os jovens uma grande quantidade de pessoas ortodoxas e bem formadas, as quais certamente reconstruirão a Igreja em ruínas, tal qual fez São Francisco outrora. É a primavera da Igreja, a poeira do Concílio Vaticano II que está abaixando e permitindo ver agora, mais claramente, os frutos desse Concílio. Ainda há muito que fazer, mas aos poucos Deus está colocando no coração das pessoas o desejo de restaurar a fé. Enganaram-se aqueles que pensaram ter desferido um golpe mortal na Igreja, pois como disse Santo Agostinho, A Igreja é o próprio Cristo e Cristo não vacila. A Igreja permanecerá intacta, até o fim dos tempos, porque Cristo, sendo Deus, é imortal.

Aos jovens fica então a mensagem: não é por méritos nossos que isso está ocorrendo, mas sim pela Graça e nesse aspecto tem especial papel a Imitação da Santíssima Virgem. Maria não passa de um reflexo da bondade de Deus, é verdade e muito feliz foi o teólogo que disse isso. Sejamos, pois, humildes, um mero reflexo, uma imagem insignificante da Virgem Mãe de Deus, a mais perfeita criatura.

Para a restauração da Igreja não precisamos tanto de montanhas de livros, muito embora sejam necessárias. Não é somente com calos nos olhos e na língua que faremos isso, mas com calos nos joelhos. Essa é a única batalha que não se vence de pé, mas de joelhos. A batalha espiritual não é vencida com fúria, mas com mansidão. Não é essa batalha obtida com orgulho, mas sim com humildade e com corações contritos, tal qual fez Maria ao vencer o demônio dando-nos o Salvador, o qual morreu na cruz por nossos pecados. Foi com aparência de derrota que a maior vitória já vista foi atingida: a Salvação. Como são belas as coisas de Deus! É também assim que nós iremos salvar a Igreja, mover jovens, converter multidões: com o poder da oração.

Enquanto estudamos, contamos com nossas forças, mas quando entregamos nossos intentos a Deus, o divino nos socorre e contra Ele não há quem possa. É, pois, imitando Maria que ganharemos o mundo. Foi assim que aconteceu na primeira vez, é assim que acontece hoje. Sejamos também nós, o Espelho da Justiça, aliás, o Espelho é Nossa Senhora então sejamos o espelho do Espelho, pois não há quem imite Maria que não esteja automaticamente imitando o próprio Deus.

O desapego às coisas do mundo, a oração, o jejum, a mortificação e por fim o estudo: tudo isso é imitação de Maria e tudo isso nos faz humildes e preparados para a Batalha Espiritual. Outrora ouvi com gosto os elogios dos leitores. Parabéns, diziam uns. Que qualidade de argumentos, diziam outros. Hoje nada disso importa, aliás, não quero mais viver se não for por Cristo. Não quero ser eu quem vive, mas quero que Cristo viva em mim para que, a meu exemplo, as almas sejam conquistadas. E aqui entra a imitação de Maria, pois Ela é quem mais plenamente conseguiu imitar o Cristo. Que como Maria, eu seja nada, para que Cristo seja tudo em mim, porque é dessa forma que Deus age e é no silêncio que Ele se manifesta. Não sejamos nós jovens barulhentos, mas pessoas profundamente humildes que se esforçam por imitar a Deus e por amar as pessoas.

Por fim, como disse São Paulo em 1 Cor 13, 1: ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Ou ainda, em 1 Cor 13, 13: por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade. Não há imitação de Maria sem caridade e não há imitação de Deus que não passe pelos mesmos passos que seguiu a Santíssima Virgem. Que a exemplo de São Luís Maria Grignion de Montfort, sejamos todos verdadeiros devotos da Santíssima Virgem. Aliás, seria excelente que os jovens ortodoxos formassem uma legião de Consagrados à Santíssima Virgem através da escravidão de amor proposta por esse Santo.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Por que Deus se fez homem? (Artigo V)

Por Eduardo Moreira.
O homem, o Pecado Original e a Eucaristia
Iniciando mais um artigo da série “Por que Deus se fez homem?” que é baseada (mas não é literalmente) na obra de título igual e de autoria de Santo Anselmo de Cantuária, falaremos sobre o homem, a queda e a Eucaristia.
Graças aos avanços da ciência, sabemos hoje que provavelmente a narração do Gênesis é uma metáfora. O Papa Pio XII dá total direito aos católicos de pensarem assim, muito embora afirme que a posição oficial da Igreja é o criacionismo (Vide Encíclica Humani Generis). Entretanto, quanto à criação do universo já é hipótese praticamente consolidada na Cátedra de São Pedro que esse surgiu pelo Big Bang, conforme propôs o Padre Jesuíta Georges Lemaître ao dar o escopo dessa Teoria. O que a Igreja não admite (e com razão e obrigatoriedade científica) é que a criação esteja aqui por acaso, sem uma razão e sem um propósito. Em termos científicos, é irracional falar em “acaso”. Na verdade, em ciência clássica não se aceita o acaso como explicação, pelo contrário, a ciência vive de encontrar causas dos fenômenos observados empiricamente.
Mas então, como o homem surgiu? Essa pergunta é intrigante, mas é teologicamente irrelevante. Sabemos que o homem é bom, pois foi criado bom. O argumento moral da existência de Deus demonstra muito bem que o homem não se compraz com o mal, a menos que esteja deformado, é claro. Logo, o homem, embora esteja deformado pelo mal, é intrinsecamente bom.
Em termos teológicos, o homem foi criado por Deus e tudo o que Deus fez é bom. Logo, o homem não pode ser mal e o próprio comportamento social apoia essa hipótese. Tanto é verdade isso que existem em todas as sociedades, códigos de conduta que, se violados, resultam na pena temporal de um poder judicial qualquer.
Ora, se o homem é bom, por que ele faz o mal? São Paulo diz que “não faz o bem que quer, mas o mal que não quer” (Rm 7, 19). De fato, o homem pode agir mal por descuido ou por pura maldade. É difícil imaginar, entretanto, que alguém que age mal não se arrependa mais tarde. Se não se arrepende é porque não pensa no que fez, pois se pensar certamente se arrependerá.
Podemos então dizer que o homem é bom, mas está corrompido. E o que corrompeu o homem? O que corrompe o homem? Por que, mesmo tendo raciocínio, o homem age mal? Aí entra a Teologia. Para a Teologia, o homem sabe o que é bom e o que é mau, o que é certo e o que é errado, mas age mal porque, em algum momento da história, por algum motivo ele se corrompeu. Talvez seja até ingênuo pensar que foi um casal que comeu o fruto proibido e por isso se corrompeu, mas isso pode ser uma figura de linguagem ou mesmo algo tido como real pelos judeus. Esses últimos são muito ligados à questão das impurezas e sendo o Gênesis um livro judeu, é normal que haja referência à cultura deles. Assim, o judeu do passado (quiçá o moderno) pode crer de fato que a injestão de um fruto pode provocar a queda do ser humano. Entretanto, Cristo diz aos cristãos que não é o que entra, mas o que sai da boca do homem que é impuro (Mt 15, 11), pois a boca fala do que o coração está cheio (Lc 6, 45) e se o homem fala impurezas, é porque impuro está seu coração.
Acerca da queda, o Padre Paulo Ricardo diz que ela gerou o pecado original, que nada mais é que a vontade do homem de expulsar Deus de sua vida, tal qual fizeram os construtores da Torre de Babel. Assim sendo, há várias interpretações para esse pecado. Ele pode ser o orgulho, a vontade do homem de ser igual a Deus ou simplesmente a tendência do homem de negar a Deus. Diz-nos o Gênesis que Deus passeava com o homem durante as tardes pelo jardim do Éden. Ora, isso é a visão beatífica, da qual estamos privados. De fato, ninguém vê a Deus. Podemos dizer então que o pecado original nos colocou de costas para Deus.
Cristo não podia estar de costas pra Deus, pois do contrário, não o conheceria. Podemos dizer então que Cristo não tinha o pecado original, o orgulho, a vontade de viver sem Deus. Nossa Senhora de forma igual, não poderia ser também portadora desses males, pois do contrário não teria se colocado tão prontamente a serviço do Altíssimo.
Tendo esclarecido, ao menos de forma vaga o que é o pecado original, devemos esclarecer agora o que é e para que serviu o Sacrifício de Cristo. Ora, esse sacrifício limpou-nos de nossos pecados que agora podem ser perdoados. Digamos assim que o pecado, por mais leve que seja, é uma ofensa tão grande que o homem não pode limpá-la por sacrifício algum. Assim sendo, o homem necessita do Sacrifício de Cristo, que tem valor infinito. Mas, se Cristo morreu na cruz, como o homem se beneficia desse Sacrifício?
O homem se beneficia através do Batismo. Através do Batismo somos mortos para esse mundo e nossa vida passa a estar escondida em Cristo (Cl 3, 1). Além disso, o Batismo nos torna parte do Corpo de Cristo e aí está a misericórdia. Quem não tinha pecado se fez vítima por misericórdia. Cristo se deu na cruz para nos livrar do pecado e nos permitiu, não por nossos méritos, mas pela graça, sermos inseridos em seu Corpo. Dessa forma, os méritos infinitos de Cristo se aplicam a nós e com o Batismo já não temos mais a mancha do Pecado Original.
Entretanto, a Teologia diz que todos os sofrimentos do homem são decorrentes do Pecado Original. Então, por que mesmo sendo batizados nós sofremos? Talvez os fatos que causam sofrimentos existissem, mesmo sem o pecado original, mas a forma de encarar esses fatos seria diferente. Santo Agostinho diz que a alma que ama a Deus não se inquieta, pois Deus é tudo pra  ela. Assim sendo, as coisas da terra não lhe causam mal, pois a maior riqueza essa alma já tem que é a riqueza de Deus. Isso não responde, entretanto, a questão inicial desse parágrafo. Na melhor das hipóteses isso nos dá uma dimensão sobre quanta falta nos faz a visão beatífica que, dando-nos certeza da existência de Deus, nos dá também a certeza da Salvação e força para encarar essa vida. São Tomás de Aquino nos responde a questão inicial desse parágrafo dizendo que, embora o pecado original seja retirado nessa vida, os méritos desse perdão só serão “pagos” no século futuro. Assim, embora não tenhamos mais a mancha do Pecado Original, temos que passar por uma provação nessa Terra para nos mostrarmos dignos do Paraíso Celeste. Há algo ilógico nisso? De forma alguma, afinal, não recebemos nessa vida glória alguma por nossos feitos. É na outra vida que depositamos nossa confiança. Aqui, como diz a oração da Salve Rainha, é um vale de lágrimas, um lugar de provações onde caminhamos confiantes em Deus e depositamos n'Ele todas as nossas esperanças. É após a morte que o homem aparecerá glorioso, isto é, como foi criado pra ser.
Mas não é apenas a Salvação que nos é garantida pela morte de Cristo. Também devemos nos alegrar dessa morte porque por ela nos tornamos capazes de sermos filhos de Deus. Não somos filhos de Deus por mérito nosso, mas porque pela morte de Cristo e pelo Batismo, somos inseridos ao Corpo de Cristo que é filho de Deus. Assim, pela graça nós, que não somos da mesma substância de Deus, nos tornamos parte de Deus e por isso somos seus filhos adotivos. "Quão gloriosa fostes, ó morte de Cristo, que nos tornou filhos de Deus. Quão digno de louvor és, ó Cristo, que através de sua encarnação nos ensinou do modo mais divino, como é ser humano."
Alguns teólogos dizem que Cristo, ao se encarnar, ensinou o homem a viver como tal. Outros dizem que Cristo se encarnou para acostumar o homem à divindade e para acostumar Deus à humanidade para que no Corpo Místico de Cristo pudessem conviver harmoniosamente. Por fim, outros, como Santo Anselmo, dizem que o Sacrifício de Cristo permitiu ao homem decaído se elevar à dignidade de Deus, não pelos méritos do homem, mas pela Graça Salvífica.
E onde entra a Eucaristia? Ora, é muito simples. Pelo pecado nos apartamos da Graça e pela Penitência nos reaproximamos. Note que aqui não falamos de uma penitência qualquer, mas da Penitência, isso é, do Sacramento. A Eucaristia é, pois, o alimento espiritual que aproxima a nossa natureza decaída da natureza agraciada da divindade. Assim como o corpo precisa de alimento material para se nutrir, a alma precisa de alimento espiritual para se manter forte. O Espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mt 26, 41b). Então o nosso Espírito, que é a parcela da Alma onde habita Deus, pode ficar cheio de Deus e pode, ipso facto, viver na Graça mesmo sendo indigno dela. A Eucaristia então acostuma o homem à natureza divina, nos faz ainda mais semelhantes a Deus e nos torna menos indignos do Paraíso. 
Pensando bem, a Hóstia Santa é algo que, de certo modo, é muito frágil. Deus, pura Graça e Majestade, se faz tão pequeno e frágil como um pedaço de pão. Aí está a Misericórdia, porque Deus, sabendo de todos os riscos e blasfêmias aos quais estará sujeito na matéria, se faz pequeno na Hóstia Santa. A Eucaristia é, pois, verdadeiro Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Cristo. Só quem já viveu uma vida de Comunhão Diária sabe quão grande é essa graça.
Na Eucaristia podemos receber o próprio Deus, que sendo Misericórdia Infinita, corre o risco de ser comungado até mesmo por pessoas com os mais terríveis pecados. Mas Deus assim mesmo se sujeita, se faz pequeno por amor, se entrega ao homem para que o homem se fortaleça e goze um dia do Paraíso Eterno em Sua presença.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Ao Sagrado Coração de Jesus

Por Carina Caetano

Meu doce amado Jesus,

Quis hoje lhe escrever. Sim. Olhando teu sagrado coração, pude ouvir tua voz serena a me inspirar e a ter ânimo novo, neste dia em que celebramos o teu coração precioso. Dele correram sangue e água. Nele vimos tua humanidade, mesmo sendo Deus. E sendo Senhor de todas as coisas, morreu por nós na cruz. Quanto mistério! Tu te dás na simplicidade de um pão e ao mesmo tempo és o Rei dos Reis. O pequeno e o tão grande!

Os limites, extremos. Soberano de todas as coisas.

Pensando neste sentido, vejo o homem, na sua pequenez. Me vejo, Senhor, pobre e fraca. Vivendo só pela sua misericórdia. 

O homem busca grandes coisas, a se beneficiar de tudo, ser o maior de todos, conquistar status e posição de vantagem perante os outros. Busca freneticamente sua felicidade em coisas vãs e passageiras. Se frustram. Alguns sucumbem e buscam a morte, inocentemente achando que esta é a maneira de cessarem seus problemas. Meu Deus! Bendito seja o teu

Coração chagado e sagrado também por estas pessoas que são fechadas ao teu mover.

O homem chegou à Lua, lutou por isso, para conquistar o Universo, outros planetas e quiçá gostariam até de ver outras galáxias de perto. E tocá-las. 

Ó meu Deus, piedade! Piedade de mim que busco, tantas vezes, a felicidade em coisas passageiras... Em querer ir longe demais, quando o meu repouso está neste teu coração.

O homem se aproxima da Lua, e se distancia de Deus. Quisera, Senhor, visitá-lo no Sacrário, para sentir teu coração pulsar, e lá encontrar uma fila de pessoas com a mesma intenção. 

Hoje vemos pessoas vazias, bancos de igrejas vazias, filas de confissão vazias. Onde estão as pessoas? Em filas de cinemas, de bancos, de shows. Isso é proibido? Não. É necessário. Vã é a nossa vida se vivemos longe do Cristo, da Divina Eucaristia e sob a intercessão da bem aventurada Virgem Maria.

Senhor, é o teu coração que queremos. Coloca-nos junto de Ti e nos lava com o teu sangue, nos redima pelos nossos pecados. Sede Nosso auxílio e proteção!

Oração


Recordai-vos, oh! Sagrado Coração de Jesus! de tudo o que haveis feito por salvar nossas almas, e não as deixeis perecer.
Recordai-vos do eterno e imenso amor que haveis tido por elas; não desprezeis estas almas que vêem a Vós, agoniadas sob o peso de suas misérias oprimidas sob o de tantas dores.
Comovei-vos à vista de nossa debilidade, dos perigos que nos rodeam por todas as partes, dos tantos males que nos fazem suspirar e gemer.
Cheios de confiança e amor, viemos a vosso Coração, como o coração do melhor dos pais, do mais terno e mais compassivo amigo.
Recebei-nos, oh! Coração Sagrado! em vossa infinita ternura; fazei-nos sentir os efeitos de vossa compaixão e de Vosso amor; sede nosso apoio, nosso mediador perante vosso Pai, e em nome de vosso precioso sangue e de vossos méritos, concedei-nos a força em nossas debilidades, consolo em nossas penas, e a graça de amar-vos no tempo e de possui-vos na eternidade.
Coração de Jesus, eu venho a Vós porque sois meu único refugio, minha unica mas certa esperança; Vós sois o remedio de todos os meus males, o alívio de todas as minhas misérias, a reparação de todas as minhas faltas, a segurança de todos os meus pedidos serem atendidos, a fonte infalivel e inesgotávelpara mim, e para todos a luz, força, constância, paz e benção.
Estou seguro que não vos cansareis de mim e que não cessareis de amar-me, proteger-me e ajudar-me, porque me amais com um amor infinito.
Tende piedade de mim, segundo vossa grande misericórdia, e fazei de mim, por mim, e em mim tudo o que queirais, porque eu me abandono a Vós com inteira confiança de que Vós não me abandonareis jamais. Assim seja.

domingo, 10 de junho de 2012

O que fazem os demônios?

Por Carina Caetano*

No artigo dessa semana, resolvi abordar o contexto acerca das potências inerentes aos anjos e por consequência aos demônios.

Espero poder ajudar a quem ler este artigo, de forma a tirar algumas dúvidas que são cada vez mais frequentes quanto a este tópico. Espero também desmistificar alguns contos que ouvimos por aí, contos esses muitas vezes que nos são relatados por pessoas com grande tempo de caminhada e que, partindo de pressupostos, cometem equívocos que acabam sendo passados adiante. Sobretudo, peço que o Espírito Santo, pela intercessão da Virgem Santíssima possa, por meio deste artigo, fazer cair por terra certos escrúpulos que temos acerca do demônio.

Comecemos falando dos milagres:

Muitos têm essa dúvida: “O demônio pode fazer milagres?” “Pode se passar por Deus por meio de um milagre realizado na vida de alguém?” “Ouvi tal pessoa de caminhada dizendo que o demônio, assim como Deus, também tem esse poder. Isso ocorre de fato?”

Não! O demônio não pode fazer milagres, e isso por uma razão muito simples: só Deus pode operar um milagre. Mas você vai me dizer “Ah, mas eu já vi casos de pessoas que foram curadas de doenças humanamente incuráveis em lugares que não professam a fé em Cristo”. Certo, isso de fato existe, porém, não denominamos uma ação extraordinária desse tipo por parte do demônio de milagre. O que um demônio pode realizar é um prodígio, uma maravilha, um sinal extraordinário. É o que nos afirma o famoso exorcista Maltês, Frei Elias Vella, em seu livro “O Leão que ruge ao longo do Caminho”.

Para confirmar esse conceito, o padre José Antonio Fortea nos diz em sua grande obra “Summa Daemoniaca”, que o demônio tem o poder, por sua capacidade angélica, de tirar uma pedra no rim, porém, não tem o poder de criar um olho numa cavidade vazia da faze, tem poder para curar uma dor de ouvido, mas não tem poder para criar um tímpano. Apenas Deus tem esse poder! O demônio pode transformar alguma coisa existente, mas nunca criar algo.

Para guardarmos bem esse conceito, tenhamos sempre em mente que ação do homem é uma ação de caráter natural, isto é, se dá dentro das limitações impostas pela natureza física; a ação dos anjos (e dos demônios) é de caráter preternatural. A palavra “preternatural” significa “mais além da natureza”, como acontece quando o demônio age nos exemplos citados acima, fazendo com que seja caracterizado um possível prodígio, uma maravilha, como lemos acima. Deus, e somente Deus, age em caráter sobrenatural, isto é, acima de qualquer natureza criada.

Importante ter sempre em consideração que, o demônio, ao dar com uma mão, toma com duas; ao beneficiar alguém por meio de uma cura física ou psicológica, sempre está tirando muito mais no lado espiritual e, com o passar do tempo, em outras áreas da vida humana.

Deus, ao contrário, sempre pode nos dar o milagre do qual realmente precisamos, sempre nos fazendo crescer em Sua graça. E Sua Poderosa ação fica ainda mais evidente quando é alcançado o milagre da nossa conversão.

* Colaboração de Caio C. Pereira.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A Divina Eucaristia

Por Eduardo Moreira.

Muitos católicos não conhecem o valor inestimável da Hóstia Santa. Esse valor muitas vezes é passado como mero simbolismo, simples sinal de Jesus ordenado na última ceia. Entretanto, sem se dar conta essas pessoas cometem um terrível engano. Perdem uma grande oportunidade de santificação ao negar ou negligenciar o Cristo Vivo consagrado na Hóstia. De fato, se lermos o Evangelho vemos que Jesus diz claramente que “Isso é o Meu Corpo” e “Isso é o Meu Sangue”.

São Francisco de Assis ao falar de tão grande mistério diz:

Pasme o homem todo, estremeça a terra inteira, rejubile o céu em altas vozes quando sobre o altar, estiver nas mãos do sacerdote o Cristo, Filho de Deus vivo! Ó grandeza maravilhosa, ó admirável condescendência! Ó humildade sublime, ó humilde sublimidade! O Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, se humilha a ponto de se esconder, para nosso bem, na modesta aparência do pão. Vede, irmãos, que humildade a de Deus! Derramai ante Ele os vosso corações! Humilhai-vos para que Ele vos exalte! Portanto, nada de vós retenhais para vós mesmos, para que totalmente vos receba quem totalmente se vos dá!"

 É também em termos como esses que nos fala São Paulo em sua primeira carta aos Coríntios, no Capítulo 11. São Paulo diz que quem come e bebe da Santa Ceia comunga o próprio Corpo e Sangue de Cristo. Não se fala aqui de símbolo ou de presença meta-estável de Jesus na Hóstia, mas sim de uma transformação, ou seja, isso é o Corpo e Sangue de Cristo.

E por que o Deus infinito se faz tão pequeno? Por que Deus se coloca a disposição dos homens no tesouro da Eucaristia, presente em Igrejas frequentadas por pecadores em todo o mundo? Porque Deus é misericórdia.

A Eucaristia é um Sacramento, ou seja, um sinal da graça de Deus. Não importa se os homens são pecadores, e de fato o são, pois onde abundou o pecado superabundou a graça (Rm 5, 20). De fato, qualquer um que, recebeu esse Elevadíssimo Sacramento, torna-se potencialmente passível de Comungar o próprio Deus, isto é, receber Jesus em Corpo, Sangue, Alma e Divindade.

Se pelo Batismo somos unidos ao Corpo Místico de Cristo, o qual é a Igreja. Como podemos permanecer unidos a esse Corpo, senão pela Graça? Entretanto, a Graça se manifesta nos sinais visíveis de Deus, os Sacramentos. De fato, somos por nós indignos de fazer parte da Imensa Santidade de Cristo. O homem pecador não pode sequer se aproximar de Deus, quanto mais ser digno de fazer parte do Corpo d'Ele. Assim sendo, a Misericórdia de Deus se aproxima de nós e nos convida, pela Graça, a fazermos parte de Cristo.

Cristo, inocente crucificado, adquiriu com sua Santíssima Morte e Ressurreição, os méritos infinitos, capazes de perdoar todos os pecados. E como nós, que somos finitos e pecadores, podemos nos beneficiar disso? Pela Graça de Cristo, a qual Salvou o mundo. É pela Infinita Misericórdia de Deus que nós, pecadores, passamos à plena comunhão com Cristo, o qual através dessa Graça nos transmite os méritos de sua paixão. É por isso que nossos pecados estão perdoados, porque nós, mesmo indignos, estamos inseridos no Corpo Místico d'Aquele que inocente se fez culpado por nós e assim nos obteve o prêmio da Salvação Eterna.

E onde entra a Eucaristia? A Divina Eucaristia é o mistério que nos mantém unidos a Deus. O Corpo e Sangue de Cristo, recebidos por nós tomam conta de cada parte de nosso corpo envolvendo-nos na Santidade de Cristo. Não nos tornamos da mesma substância de Deus, pois ao contrário d'Ele, somos finitos e pecadores. Por isso dizemos que “comungamos” porque entramos em comum união (comunhão) com Deus.

Não é ousadia demais dizer que Deus, em sua Infinita Misericórdia, não se satisfez apenas em salvar a criatura humana, desgraçada e perdida. Deus quis deixar seu próprio Corpo para ser recebido por nós. Pode-se dizer que essa união entre o homem e Deus pelo Batismo é uma união desproporcional devido aos nossos pecados e nossa natureza é infinitamente mais medíocre. Entretanto, Deus, que superabunda a graça, nos resgatou de nossa culpa e não somente isso, Ele se fez pequeno como um pedaço de pão para que nós pudéssemos nos estabilizar nesse Corpo Místico. Deus se une a nós através da Divina Eucaristia. Que grande Graça!

De fato, pelo Batismo somos unidos ao Corpo de Cristo, mas esse vínculo, embora seja estável, é desproporcional. Dessa maneira, a Eucaristia estabiliza o homem em Deus, acostuma nossa natureza frágil e pecadora à natureza divina que é pura graça. Assim, da mesma maneira que temos o alimento material que nos mantém vivos, a Eucaristia, alimento Espiritual, permite criar vínculos de amor tão fortes que nem a morte pode separar. É pela Eucaristia que temos força para superar nossas fraquezas humanas e assim, ultrapassando toda a expectativa humana, atingir a Salvação Eterna.

A alma necessita da Eucaristia, aspira por ela e não sossega até tomar contato em seu mais íntimo com esse Deus infinito que se faz tão próximo a ponto de poder ser comungado. Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo, Deus vivo na Hostia Santa que nos santifica acostumando assim a frágil natureza humana à natureza Divina com a qual teremos a Graça de conviver pela eternidade.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Por que Deus se fez homem? (Artigo IV)

Por Eduardo Moreira.
Quem é o homem e por que ele foi criado?
Continuando os artigos anteriores, é conveniente saber quem é o homem e por que ele foi criado. Não se fala mais hoje sobre o que dizia o pensamento medieval acerca do homem enquanto ser racional, criado a Imagem e Semelhança de Deus para amá-lo, tendo o livre arbítrio para decidir que caminho seguir.
Na obra Por que Deus se fez homem de Santo Anselmo consta que há um número perfeito planejado por Deus a ser preenchido com criaturas racionais para gozarem junto do criador dum paraíso. Logo, os anjos foram criados racionais para desfrutarem desse paraíso divino, mas um número dos anjos caiu e assim o número perfeito ficou distante de ser preenchido.
Falando primeiramente dos anjos, sabemos que os que caíram sofreram a queda por algum motivo. A primeira possibilidade é que foram criados mais anjos que o número perfeito, o que fez com que alguns anjos tivessem que cair posto que Deus não pôde ter calculado mal esse número. Tendo-se que Deus é imensamente sábio e bom, essa hipótese é absurda, pois seria o mesmo que dizer que Deus criou de má fé um número excedente de anjos, já pensando em deixar que alguns caíssem. A segunda possibilidade é que os anjos foram criados para fazerem parte do número perfeito, mas não prevaleceram nesse número e assim usando sua racionalidade e seu livre arbítrio, escolheram sem retorno a queda no pecado. Em outra oportunidade mostrar-se-á o porquê dos anjos caídos não poderem se reconciliar, mas por hora ficará apenas que a segunda hipótese é a mais lógica.
Se havia um número perfeito, esse número deve ser preenchido a fim de manter a perfeição natural querida por Deus. Esse número deve ser preenchido ao menos substituindo o número dos anjos caídos, mas ficará claro adiante que é superior. O número perfeito pode ser atingido mediante a criação de anjos ou de homens, todavia, a geração de novos anjos não pode seguir a reta justiça de Deus.
Os anjos são andróginos e por isso são incapazes de gerar novos anjos. Logo, ou Deus poderia criar novos anjos, ou poderia criar outro ente dotado de raciocínio que fosse capaz ao menos de substituir os anjos caídos e quiçá completar o número perfeito. Assim uma das hipóteses deveria ser cumprida para que a obra de Deus fosse perfeita.
Em uma análise vê-se que se Deus criasse anjos novos seria injusto posto que os anjos caídos, se não tivessem pecado seriam mais dignos de glória que os novos anjos. Os anjos que caíram se não tivessem caído seriam mais dignos do mesmo elogio que os anjos novos. Os antigos anjos que não pecaram, vendo o castigo dos anjos pecadores perseveraram, mas não foi por isso que ficaram de pé e sim por seu estado de plenitude e amor a Deus que escolheram, ou seja, por seu próprio mérito. Se houvesse de cair algum anjo para que os outros se confirmassem na fé, ou todos cairiam ou deveria necessariamente haver a queda de alguns para que os outros perseverassem. Como ambas hipóteses são absurdas, vemos que os anjos confirmados se confirmaram por seu próprio mérito. Assim nota-se que anjos novos e antigos não seriam iguais e isso seria, de fato, indigno.
Pelo raciocínio acima observa-se que novos anjos não podem ser criados para substituir os antigos, pois isso seria injusto e nenhuma injustiça pode vir de Deus. Vários motivos impedem que anjos se reconciliem com Deus, impedindo que anjos maus voltem a fazer parte do número perfeito. Os anjos, ao contrário dos homens, não  descendem de um mesmo anjo e por isso não podem ser remidos por um Deus-anjo comum posto que cada anjo é único em gênero e teria que remir a si mesmo. Deus não pode encarnar em cada anjo caído para remi-lo. Como os anjos não têm descendência, Deus não pode se encarnar em um único anjo para remi-los todos. Anjos não são mortais e assim não existiria o sacrifício de um Deus-anjo bem como não pode haver encarnação de Deus num anjo posto que anjos não têm carne. Por fim, os anjos estão em estado de plena consciência atemporal, conhecendo no ato de sua rebeldia todas as conseqüências dessa sendo assim incapazes de se arrependerem de alguma ação. Logo, uma vez cometido um pecado por um anjo, ele não pode mais voltar atrás e após pecar certamente cairá.
Partindo dos dois parágrafos anteriores vemos que Deus não pode remir os anjos e que não pode criar novos anjos, posto que a criação de novos anjos seria uma desigualdade e uma injustiça no que tange os méritos angelicais. Ver-se-á agora que se os anjos existiam em perfeito número, os homens foram criados apenas para substituí-los. Por outro lado, se não havia anjos em perfeito número, os homens foram criados de forma a substituir os anjos réprobos e completar o número perfeito e, portanto, deverá haver mais homens que anjos prevaricadores.
Se Deus criou os anjos em perfeito número, tem-se que o homem foi criado após os anjos e exclusivamente para substituir esses. Todavia, isso seria perverso, pois não pode ser digno de Deus criar o ser humano unicamente para substituir os anjos caídos, afinal, isso soa como um mero capricho divino. Tem-se que, por outro lado, se homens e anjos foram criados juntos e sendo que anjos não deixam descendência, coube aos homens o papel de completar o número imperfeito e, eventualmente se houvesse queda de anjos, substituir esses anjos que caíram. Ora, o homem então por esse segundo raciocínio, é, embora frágil e mortal, capaz de se elevar ao tão perfeito estado dos anjos e com isso o homem pode certamente substituí-los. Deus certamente em sua infinita sabedoria já estava ciente de que tanto homens como anjos poderiam prevaricar, mas seguramente a defesa de Deus em relação aos homens é maior devido à sua maior fragilidade. Dessa maneira, é mais lógico que homens e anjos foram criados em número imperfeito e cabe aos homens tanto substituir os anjos réprobos como completar o número perfeito.
Outro argumento mostra que seria perverso dizer que os homens foram criados apenas para substituir anjos caídos: se assim fosse a felicidade da salvação dos homens seria a mesma felicidade de se contemplar a queda dos anjos, afinal, aquela dependeria dessa. Deus, que é infinita bondade, não pode criar um ente que se regozije com a desgraça alheia. Logo, homens e anjos foram criados juntos pela infinita justiça de Deus. Alguém pode objetar dizendo que foi pela negação dos judeus que os demais povos conseguiram a redenção, o que seria tão injusto quanto criar homens apenas para completar o número de anjos caídos. Esse argumento é, entretanto falso. O Messias veio para todos os homens, independentemente da aceitação dos judeus ou não. Logo, os apóstolos não pregaram aos gentios porque os judeus não aceitaram a salvação, mas aproveitaram que os judeus negaram o Cristo para levar o Evangelho aos que queriam ouvi-lo, que no caso eram os gentios, pois toda pessoa que teme à Deus e pratica o bem lhe é agradável (At 10, 35).
Se, pois, é um inconveniente que o homem se alegre com a queda dos anjos e se não pode haver inconveniente na Jerusalém Celeste, então é de todo impossível que os homens tenham sido criados apenas para preencher um número de anjos caídos. Além disso, é um número misterioso a soma dos anjos caídos com o número de homens que falta para completar a Cidade Gloriosa, o que parece mais lógico aos insondáveis desígnios de Deus, pois não cabe aos homens saber quantos homens hão de se salvar. É bom dizer aqui também que não é digno de Deus criar homens para que se percam. Deus, portanto, criou os homens sendo todos eles passíveis de alcançarem a Salvação.

sábado, 12 de maio de 2012

O cerne de uma alma que busca humilhar-se

Por Tiago de Oliveira P. Correia



“Mãe, ensine-me a ser nada, para que Cristo seja tudo em mim. Amém”.

Partindo dessa premissa, eu inicio: ah, se fôssemos humildes como a Mãe de Deus! Ah, grande espelho de virtude, humildade e beleza! Oh, grande exemplo de amor e servidão à Verdade, verdade essa que é imutável e Eterna!

Oh, Virgem Maria, assim como Santa Teresinha disse: “Prestai atenção ao que faz Maria; imitai-a... e esse Deus de bondade recompensará vossa fé". Ah, Deus meu, Deus de bondade, dai-me essa graça!

Sim, minha Mãe, rogue por mim a Deus para que eu possa ser inexorável ao que é imoral e que eu possa estar nos trilhos dos planos de Deus em minha vida, igual à Senhora, minha Mãe, pois não deixou brecha para o pecado em sua vida, ó Cheia de Graça. Mariae, Gratia Plenam Dominus tecum! Foi a Senhora quem disse: “Ecce ancilla Domini; fiat mihi secundum verbum tuum ” (Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se de mim segundo a tua palavra).

Sim, Senhor, dai-me essa graça!

Deus meu, muitas vezes me entristeço, pois, freqüentemente, sou fraco e frouxo! Como S. Josemaría Escrivá disse: "Não sejas frouxo, mole. Já é tempo de repelires essa estranha compaixão que sentes por ti mesmo." Sim, Senhor, quantas vezes fui e sou assim! Quantas vezes fui frouxo e mole, temendo as humilhações e tribulações? O que temo, Pai? Dai-me o desejo de mortificar-me a cada dia mais, dai-me o desejo de ser humilhado por Vós, Senhor! Dai-me um incessante desejo de lutar por Vós, em Vossa defesa, em defesa da Vossa Santa Mãe, dos Vossos Santos, em defesa da Vossa Santa Igreja Católica! Ah, Deus meu! Como eu quero, como eu quero!

Quando poderei dizer o que Santa Teresinha do Menino Jesus disse, Dominum nostrum? "Não tenho decepções, pois a quem só espera sofrimentos a mínima alegria o surpreende."

Como é difícil entender que não devo acreditar nas pessoas, pois elas mudam tão facilmente; mudam como o vento. Só decepção, que insensatez! Sensato mesmo é crer somente em Vós, meu Deus! Decepção nenhuma encontrarei em Vós, Deus de minh’alma!
Ah, Pai, quantas vezes hesito, dai-me vossa graça!

Vejo tantas seitas, tantos hereges, tanta gente que precisa de Vós, oh Pai! Entristece-me muito ver que na sua Santa Igreja existem pessoas com pensamentos rasteiros e mundanos, profanando o templo do Espírito Santo, servindo a satanás e a seus anjos decaídos! Entristece-me ver a falta de humildade dessas pessoas, pois preferem crer na verdade que elas mesmas fizeram e não na Verdade que Sois, não na Verdade Eterna e Imutável! Deus meu, não duvido que, devido à soberba e à pretensão desses homens, um dia dirão que 1+1 não são 2! Piedade, Senhor! Tende misericórdia desses tolos, insensatos, lascivos, néscios e idólatras, pois se fazem como deus.

Sim, Deus meu, como são doces vossas Leis, tão doces e deliciosas quanto o mel.  Como é bom caminhar por este caminho tão estreito e tão longo. Vosso Caminho, Senhor, é ladrilhado com as mais belas e valiosas pedras! Cada pedra representa vossas verdades reveladas à Vossa Santa Igreja Católica, fora da qual não há salvação. Esse conjunto de ladrilhos, Senhor, forma um só caminho, pois como há um Só Senhor, não poderá haver outro Caminho para chegar até Vós; sensato é o que vê, crê, obedece e comunga a fé da Igreja Una.

Em última análise, Senhor, humildade é deixar de lado o nosso querer e submeter-nos ao vosso querer. É ser radical no vosso propósito para conosco, Domine! Humildade é dizer como Santo Inácio de Loyola: “Acredito que o branco que vejo é negro, se a hierarquia da Igreja assim o tiver determinado." Humildade é ser como o doutor angélico, São Tomás de Aquino: “Espero nunca ter ensinado nenhuma verdade que não tenha aprendido de Vós. Se, por ignorância, fiz o contrário, revogo tudo e submeto todos os meus escritos ao julgamento da Santa Igreja Romana.” Aaaaaah, Senhor, quanta humildade, dai-me essa graça.

Pauper e humilis, Domine! Sim, Senhor, quero ser pobre e humilde; e, como Santa Teresinha do Menino Jesus: “Eu vos suplico, ó meu Deus, enviar-me uma humilhação cada vez que eu tentar me elevar acima dos outros”.

Santa Teresinha ainda diz: “Não quero ser santa(o) pela metade. Não me faz medo sofrer por Vós. A única coisa que me dá receio é a de ficar com minha vontade. Tomai-a Vós, pois “escolho tudo” o que Vós quiserdes!...”  

 Ah, ser humilde como São Francisco! "Tanto é o bem que espero... que todo sofrimento para mim é alegria.”

Santa Teresinha do Menino Jesus, São Francisco de Assis, ora pro nobis, orem para que o Senhor dê-me essa graça e para que eu possa imitá-los, pois imitaram a Cristo!

Sensatos foram os Santos! Ah, sim, Senhor, é belo ver a bravura com que os Santos lutaram por Vós. Quero isso para mim, Pai. Os Santos jogaram os seus nomes na lama por Vós, meu Deus. Dai-me essa graça!

Ah, Senhor, clamo-Vos para que façais Justiça (Ap 6, 10); pois cheguei num momento em que não estou suportando mais! Anseio por aquele dia em que Vós direis: “Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te.” (Ap 3,15-16)

“Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos? Toda árvore má dá maus frutos. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Pelos seus frutos os conhecereis.”

“Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus!” (Mt 7, 16-23).

O Papa São Pio X dizia: "os homens vos acusarão de papistas, retrógrados, intransigentes; Orgulhai-vos disso!" Assim, dai-me a graça de um dia receber a coroa da vitória e da justiça.

Sim, Senhor, desejo isso para mim. Queira o Senhor que um dia possa ver-Vos, junto com Vossa Mãe, todos os Santos, anjos e arcanjos! Amém