Por
Eduardo Moreira.
Muitos
católicos não conhecem o valor inestimável da Hóstia Santa. Esse valor muitas
vezes é passado como mero simbolismo, simples sinal de Jesus ordenado na última
ceia. Entretanto, sem se dar conta essas pessoas cometem um terrível engano.
Perdem uma grande oportunidade de santificação ao negar ou negligenciar o
Cristo Vivo consagrado na Hóstia. De fato, se lermos o Evangelho vemos que
Jesus diz claramente que “Isso é o Meu Corpo” e “Isso é o Meu Sangue”.
São
Francisco de Assis ao falar de tão grande mistério diz:
“Pasme o homem todo, estremeça a terra
inteira, rejubile o céu em altas vozes quando sobre o altar, estiver nas mãos
do sacerdote o Cristo, Filho de Deus vivo! Ó grandeza maravilhosa, ó admirável
condescendência! Ó humildade sublime, ó humilde sublimidade! O Senhor do
universo, Deus e Filho de Deus, se humilha a ponto de se esconder, para nosso
bem, na modesta aparência do pão. Vede, irmãos, que humildade a de Deus!
Derramai ante Ele os vosso corações! Humilhai-vos para que Ele vos exalte!
Portanto, nada de vós retenhais para vós mesmos, para que totalmente vos receba
quem totalmente se vos dá!"
É também em termos como esses que nos fala São
Paulo em sua primeira carta aos Coríntios, no Capítulo 11. São Paulo diz que
quem come e bebe da Santa Ceia comunga o próprio Corpo e Sangue de Cristo. Não
se fala aqui de símbolo ou de presença meta-estável de Jesus na Hóstia, mas sim
de uma transformação, ou seja, isso é o Corpo e Sangue de Cristo.
E
por que o Deus infinito se faz tão pequeno? Por que Deus se coloca a disposição
dos homens no tesouro da Eucaristia, presente em Igrejas frequentadas por
pecadores em todo o mundo? Porque Deus é misericórdia.
A
Eucaristia é um Sacramento, ou seja, um sinal da graça de Deus. Não importa se
os homens são pecadores, e de fato o são, pois onde abundou o pecado
superabundou a graça (Rm 5, 20). De fato, qualquer um que, recebeu esse
Elevadíssimo Sacramento, torna-se potencialmente passível de Comungar o próprio
Deus, isto é, receber Jesus em Corpo, Sangue, Alma e Divindade.
Se
pelo Batismo somos unidos ao Corpo Místico de Cristo, o qual é a Igreja. Como
podemos permanecer unidos a esse Corpo, senão pela Graça? Entretanto, a Graça
se manifesta nos sinais visíveis de Deus, os Sacramentos. De fato, somos por
nós indignos de fazer parte da Imensa Santidade de Cristo. O homem pecador não
pode sequer se aproximar de Deus, quanto mais ser digno de fazer parte do Corpo
d'Ele. Assim sendo, a Misericórdia de Deus se aproxima de nós e nos convida,
pela Graça, a fazermos parte de Cristo.
Cristo,
inocente crucificado, adquiriu com sua Santíssima Morte e Ressurreição, os
méritos infinitos, capazes de perdoar todos os pecados. E como nós, que somos
finitos e pecadores, podemos nos beneficiar disso? Pela Graça de Cristo, a qual
Salvou o mundo. É pela Infinita Misericórdia de Deus que nós, pecadores,
passamos à plena comunhão com Cristo, o qual através dessa Graça nos transmite
os méritos de sua paixão. É por isso que nossos pecados estão perdoados, porque
nós, mesmo indignos, estamos inseridos no Corpo Místico d'Aquele que inocente
se fez culpado por nós e assim nos obteve o prêmio da Salvação Eterna.
E
onde entra a Eucaristia? A Divina Eucaristia é o mistério que nos mantém unidos
a Deus. O Corpo e Sangue de Cristo, recebidos por nós tomam conta de cada parte
de nosso corpo envolvendo-nos na Santidade de Cristo. Não nos tornamos da mesma
substância de Deus, pois ao contrário d'Ele, somos finitos e pecadores. Por
isso dizemos que “comungamos” porque entramos em comum união (comunhão) com
Deus.
Não
é ousadia demais dizer que Deus, em sua Infinita Misericórdia, não se satisfez
apenas em salvar a criatura humana, desgraçada e perdida. Deus quis deixar seu
próprio Corpo para ser recebido por nós. Pode-se dizer que essa união entre o
homem e Deus pelo Batismo é uma união desproporcional devido aos nossos pecados
e nossa natureza é infinitamente mais medíocre. Entretanto, Deus, que
superabunda a graça, nos resgatou de nossa culpa e não somente isso, Ele se fez
pequeno como um pedaço de pão para que nós pudéssemos nos estabilizar nesse
Corpo Místico. Deus se une a nós através da Divina Eucaristia. Que grande Graça!
De
fato, pelo Batismo somos unidos ao Corpo de Cristo, mas esse vínculo, embora
seja estável, é desproporcional. Dessa maneira, a Eucaristia estabiliza o homem
em Deus, acostuma nossa natureza frágil e pecadora à natureza divina que é pura
graça. Assim, da mesma maneira que temos o alimento material que nos mantém
vivos, a Eucaristia, alimento Espiritual, permite criar vínculos de amor tão
fortes que nem a morte pode separar. É pela Eucaristia que temos força para
superar nossas fraquezas humanas e assim, ultrapassando toda a expectativa
humana, atingir a Salvação Eterna.
A
alma necessita da Eucaristia, aspira por ela e não sossega até tomar contato em
seu mais íntimo com esse Deus infinito que se faz tão próximo a ponto de poder
ser comungado. Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo, Deus vivo na Hostia
Santa que nos santifica acostumando assim a frágil natureza humana à natureza
Divina com a qual teremos a Graça de conviver pela eternidade.