quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A Imitação de Maria: Parte XIII



Do apego às coisas do alto e desapego às coisas da Terra: deseje as primeiras, use as segundas

Por: Eduardo Moreira

Uma das tristes consequências do capitalismo desenfreado é a busca do homem em satisfazer seus anseios nas coisas, esquecendo-se de Deus. Temos, pois, dois mundos, um sensível aos olhos e outro sensível à alma e ao espírito. Um é o mundo da carne, dos prazeres, das coisas que passam, o outro é o mundo não sensível ao corpo, o deleite da alma onde enfim nosso espírito cansado encontra refúgio. Como disse o sermão da montanha, o mundo onde os fracos, os que choram, os que têm fome e os demais sofredores serão consolados (Mt 5, 1-12).
Certamente, se Nossa Senhora tivesse pensado na dimensão carnal não teria aceitado ser mãe de Deus e com isso sabe-se lá por quais vias Deus nos salvaria. Ao contrário, Ela que foi desejada pelo Pai antes dos séculos disse seu sim a Deus, enterrando para sempre as riquezas da Terra, mas ajuntando um tesouro infinito junto ao Pai, tesouro esse dispensado diariamente aos seus fiéis imitadores.
Novamente, aos pés da Cruz Deus lhe deu outra missão, mas dessa vez falando pela boca de Deus Filho: a missão de ser mãe de todos os batizados. Mais uma vez Maria nos dá um sinal de fidelidade porque sozinhos, isto é, sem o amparo de Nossa Senhora, embora o Céu estivesse já aberto seria muito difícil atingi-lo porque seríamos como cegos procurando por uma porta em um quarto gigante.
Mais uma vez Nossa Senhora deu uma prova de seu desapego às coisas do mundo e de seu amor a Deus. Maria, melhor que ninguém, usou as coisas da Terra e viveu intensamente as coisas do Céu, desejando-as mais que o ouro ou a prata.
Exatamente por isso, basta fazermos uma simples comparação para entendermos que Maria foi o mais sábio dos seres humanos. Por um acaso não é considerado um tolo o homem que troca todo um rebanho de gado por uma galinha? Então, por que consideramos sábio o homem que em busca das riquezas da Terra esquece-se de Deus, trocando os bens que passam pelos que não passam? Ora, muito mais insensato é esse homem do que os piores negociantes porque esses perdem seus bens, o outro perde sua alma. Assim sendo, ninguém usou tanta sabedoria para levar sua vida.
Oxalá tivéssemos, ao invés de comida perdendo nos celeiros do mundo afora, essa mesma comida transbordando pelas portas das despensas das casas dos pobres e esfomeados, porque, dessa forma saberíamos que o homem estaria enfim disposto a partilhar o que tem, tornando-se um fiel imitador de Maria e encontrando um tesouro no Céu.
De fato, nas Sagradas Escrituras não vemos, em momento algum, citações de Nossa Senhora partilhando o pão com as pessoas muito embora ela certamente o tenha feito inúmeras vezes ainda mais naquele tempo de grande miséria na Palestina. Entretanto, o pão era o bem mais pobre que Ela tinha. Ela partilhou conosco seu único Filho para que Ele pudesse nos salvar. Além disso, Ela partilhou com os homens seu amor de Mãe, dispensado carinhosamente ao homem-Deus, Jesus Cristo Vivo e Encarnado.
Maria partilhou, pois, sua maior riqueza. Partilhou conosco o Deus escondido em Seu Divino Filho, o qual só Ela conhecia. Ela nos Deus Jesus que nos salvou, portanto, Maria deu ao mundo a Salvação de Deus. Ela, que por ser livre da mancha do pecado já estava salva mas, não satisfeita com a salvação de si mesma nos deu também o Cristo, o homem-Deus para que Ele nos salvasse, compartilhando assim a Graça com toda a humanidade.
Maria, melhor que ninguém soube abraçar as coisas do alto e fazer com que os talentos dados por Deus a Ela frutificassem de forma abundante. Seu talento de ser Mãe foi frutificado de tal forma que quando se completou o tempo, tornou-se Ela mãe de todos nós. Como diz a Escritura, a quem é fiel no pouco Deus muito confia. Maria, sendo Mãe fiel do Salvador e cumprindo religiosamente suas obrigações maternais, foi dada a todos nós como mãe, muito embora já o fosse quando se deu como Mãe a Jesus Cristo tornando-se Mãe de Seu Corpo Místico do qual somos parte pelo Batismo.
De forma idêntica, em sua pureza cada vez mais voltada para o Altíssimo, Maria conseguiu ser mais pura que os anjos, as mais perfeitas criaturas do Altíssimo.
A questão não é ignorar a vida na Terra ou os bens materiais. A Terra e a matéria são criações de Deus e Deus, sendo bom, não pode criar nada ruim. Nem mesmo o diabo é ruim porque até ele é obra de Deus. O diabo é moralmente ruim, mas não é o mal em si mesmo porque esse não existe. Assim sendo, podemos viver até com certo conforto na Terra, não nos esquecendo jamais que essa Terra, embora boa, passa ao passo que a vida eterna é eterna e, portanto, não passará jamais. Por essa razão, o bom cristão deve priorizar sempre as coisas do alto.
Certamente um dos maiores ódios das almas desgraçadas no Inferno é justamente o ódio de verem, com pesar, que preferiram as coisas da Terra às coisas do Alto. Ah, se tivessem se entregado ao bom Deus e se tivessem se colocado a imitar Sua Santíssima Mãe, quão felizes estariam hoje no Céu...
Deus, entretanto, permite que façamos escolhas. Muitas vezes escolhemos mal e justamente por causa disso podemos perder boas oportunidades na vida, oportunidades dadas por Deus para que tivéssemos melhores condições. Às vezes ficamos tão cegos pela ambição, que, no desejo às coisas do mundo acabamos perdendo todas elas, mesmo que as busquemos intensamente.
Ora, se entregarmos nossa vida a Deus e se n’Ele confiarmos, o que de mal nos poderá acontecer? Na pior das hipóteses, a morte, mas não é ela que nos levará para junto do Pai? Pensemos, pois, nisso e passemos a nos comportar com confiança buscando aspirar as coisas do alto com a vontade mais profunda de nosso ser.

Oração a Nossa Senhora do Sagrado Coração

Coração de Maria, perfeita imagem do Coração de Jesus, fazei que nossos corações sejam semelhantes aos vossos. Amém

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Sola Scriptura: uma doutrina insustentável em si mesma

Por: Eduardo Moreira.


Uma das doutrinas que é de aceitação unânime no meio protestante é a Sola Scriptura. Essa doutrina diz que a Bíblia é a única fonte infalível de doutrina e cada um deve ser inspirado pelo Espírito Santo para lê-la. É sobre essa doutrina e seus equívocos que faremos uma breve exposição nos parágrafos abaixo.

Em primeiro lugar devemos dizer que é importante reconhecer o grande amor às Sagradas Escrituras que nossos irmãos protestantes têm. De fato, se pretendemos vencer o protestantismo devemos reconhecer suas virtudes e essa é uma delas. Entretanto, isso não nos isenta da obrigação de corrigir os equívocos e exageros originados nessa doutrina a fim de mostrar aos nossos irmãos separados o caminho reto que leva a Deus, isto é, a Santa Igreja Católica, o Corpo Místico de Cristo.

            A doutrina protestante se baseia em interpretações distorcidas de vários versículos da Bíblia que, de fato, é um livro inspirado. Para uma refutação mais detalhada que a exposta nesse artigo, recomendamos ao leitor que leia o livro “Somente a Bíblia? 21 razões para rejeitar a Sola Scriptura” que pode ser encontrado nesse link.

Deus nos deixou Sua palavra para nos instruir e essa palavra é, em parte, a Bíblia. Entretanto, por mais sagrada que seja, a Bíblia é um texto e sendo um texto Ela possui interpretações. Os protestantes alegam que o Espírito Santo é quem deve guiar o leitor para uma correta interpretação da Bíblia. No entanto, dizer isso é, na prática, o mesmo que dar a quem a lê o direito à Livre Interpretação, doutrina abertamente condenada por São Pedro em II Pd I, 20. O resultado dessa livre interpretação protestante é uma divisão cada vez maior no seio do protestantismo com os mais variados tipos de doutrina. De fato, as doutrinas protestantes vão desde a negação da divindade de Cristo a aceitação do casamento homossexual.

            Não obstante aos efeitos catastróficos da livre interpretação, é importante notar também que a doutrina da Sola Scriptura é pautada em um absurdo chamado “raciocínio circular”. O raciocínio circular coloca uma causa como efeito num momento e em outro coloca o efeito como causa de forma e não dar uma resposta lógica. Dessa forma, os protestantes afirmam que creem na Bíblia porque ela é inspirada. Quando se pergunta a eles o porquê da inspiração, eles dizem que a própria Bíblia diz isso. Se perguntarmos novamente por que creem no que está escrito nela, respondem que é porque ela é inspirada. Assim sendo, o raciocínio fica andando em círculos.

            Além disso, se o simples fato de “estar escrito” torna um texto inspirado, qualquer um pode escrever qualquer coisa e no fim da coisa escrita dizer que a mesma é inspirada. Entretanto, mesmo os protestantes admitirão, sem problemas, que isso é um absurdo. Além do problema da inspiração, não há na Bíblia um cânon definido de livros citado em nenhum lugar, portanto, nem mesmo a Bíblia define o que é Bíblia.

            Houve, pois, alguém que definiu quais livros compõem a Bíblia e que disse que ela é inspirada. Esse “alguém” é a Igreja Católica que, guiada infalivelmente pelo Espírito Santo, definiu a lista dos Livros Sagrados ao longo dos séculos. Ora, essa mesma Igreja que escreveu e selecionou os livros da Bíblia deixou-nos também uma riquíssima Tradição, tão sagrada quanto a Bíblia e com documentos de mesma autoria daqueles que escreveram as Sagradas Escrituras. Se os autores sagrados deixaram ensinamentos fora da Bíblia e pediram para que os seguíssemos como seguimos as Sagradas Escrituras, por que então os protestantes seguem uma parte e rejeitam outra? Se os mesmos autores, os mesmos bispos disseram sob a mesma inspiração que ambas as coisas são sagradas, por que então aceitar apenas uma parte do que eles disseram?

            A verdade é que existe aqui uma clara negação às origens do cristianismo por parte dos protestantes. Os autores sagrados sob ação do Espírito Santo deixaram não apenas o Livro Sagrado, mas também uma rica Tradição igualmente inspirada. Basta vermos que antes do Novo Testamento ser escrito ele foi anunciado por vários anos na forma de Tradição até passar a forma escrita e só depois de tudo isso passar a fazer parte das Sagradas Escrituras, antes compostas apenas pelos livros do Antigo Testamento.

            Alguns podem objetar: Se Deus queria mesmo que a Tradição fosse considerada Sagrada, por que ela não está na Bíblia? A resposta para essa pergunta está em Mt. XVI, 18: Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja. Ora, Jesus fundou uma Igreja para transmitir a fé aos fiéis, não uma biblioteca. Fazemos, pois, parte de uma Igreja que é um Corpo Místico, não de uma Biblioteca que é um Corpo Místico. Essa Igreja, fundada por Cristo em São Pedro, é a Igreja Católica, a coluna e sustentáculo da verdade (I Tm III, 15).

            Os protestantes tentam negar a fundação da Igreja em São Pedro dizendo que a pedra à qual Cristo se refere é Ele mesmo e não São Pedro. Para isso usam algumas interpretações errôneas do idioma grego, interpretações essas refutadas aqui, em um artigo de Alessandro Ricardo Lima. Entretanto, mesmo sem explicações teológicas profundas conseguimos ver que, se a pedra é Jesus e não Pedro, a sentença de Mt. XVI, 18, perde completamente seu sentido.

            Deus nos deixou, portanto, uma Bíblia que atesta os primeiros anos do Cristianismo, as primeiras definições e certamente uma fonte riquíssima de verdades sobre Jesus Cristo que não deve ser desprezada. Entretanto, a Igreja vive e no decorrer da história e vivência da Igreja foi estruturada a Tradição em plena concordância com o Evangelho. Ademais, a própria Bíblia é parte dessa Tradição, mas em forma escrita. Por fim, todo esse tesouro não só é guardado como também é ensinado pela Igreja de forma infalível através do Espírito Santo. Também a essa Igreja, formada por homens santos e pecadores, foi incumbida a missão de interpretar todo o tesouro da fé, dando ao mesmo seu real significado. Apoiada nesses três pilares: a Bíblia, a Tradição e o Magistério, está sustentada toda fé da Santa Igreja, a única instituída por Cristo para a Salvação dos homens.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A Imitação de Maria: Parte XI


Maria e a Eucaristia no mistério da Igreja

Por: Eduardo Moreira 

Erroneamente hoje se difunde que a Igreja Católica é uma mera instituição, ou uma religião qualquer, ou ainda, mais uma dentre tantas “igrejas” cristãs. A verdade é que existe apenas uma Igreja, uma única esposa de Cristo e não várias, fora da qual não existe salvação.
Cristo ao se dar numa cruz pela humanidade ganhou méritos infinitos com sua morte. Esses méritos são de Cristo, mas Ele quis cedê-los, pela Graça, ao homem para que ele se salve. O homem, por sua vez, esse verme e arrogante pecador é nada mais que pó e por mais que queira jamais passará de uma sombra aos pés do Criador. O homem caiu na desgraça do pecado através de nossos primeiros pais e dela não pôde sair por si mesmo porque, sendo o homem finito, não pode limpar a mancha infinita do pecado.
O homem ao se colocar como redentor de si mesmo comete um absurdo metafísico porque, sendo o homem cometedor de faltas infinitas contra Deus, não pode jamais se limpar por mais que se esforce. Assim sendo, a humanidade depende da misericórdia divina para se salvar. Essa misericórdia deu-nos Jesus Cristo, o Filho único de Deus para que Esse, morrendo numa cruz, obtivesse méritos infinitos capazes de reparar as faltas dos homens.
Entretanto, esses méritos são de Cristo, não dos homens. Os homens que desejam abraçar essa Salvação conquistada por Cristo têm que abraçar o Batismo para que, através dele e pela Graça, entrem na comunhão do Corpo Místico de Cristo que é a Igreja e só assim possam ser salvos porque Cristo, embora tenha morrido por todos, deu apenas aos batizados a Graça de se salvarem.
Os pagãos e os não-católicos, de alguma forma podem se salvar por caminhos que só Deus conhece, mas com certeza passarão pela Igreja Católica afinal, a Salvação só existe porque nós, fazendo parte do Corpo de Cristo que é a Igreja, tomamos parte do mistério salvífico.
Entretanto, mesmo com o perdão de Deus o homem não deixou de pecar. Muito embora a mancha do pecado original seja retirada no Batismo, o homem permanece com o coração duro, incapaz de evitar integralmente o pecado. Não raras as vezes o homem comete faltas tão violentas contra Deus e contra a razão que se aparta por completo da Graça. Se permanece no erro, o homem se condena eternamente. Assim sendo, está clara nossa fragilidade e nossa dependência constante da Graça e da Misericórdia de Deus.
Deus, não satisfeito em dar a nós a Salvação através de seu Divino Filho, deu-nos também o Espírito Santo, guia infalível da Igreja, Maria, nossa mãe bondosa e exemplo de vida, Graça e Santidade e, enfim, deixou-nos também a Eucaristia, o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo, o alimento de nossas almas, pão dos anjos, fonte inexaurível de paz e suavidade. Como o corpo precisa do alimento e de água, a alma precisa do Corpo e Sangue de Cristo. Por misericórdia, Deus também deixou-nos o sacramento da Confissão através do qual, se cairmos em pecado, podemos nos reconciliar.
Assim sendo, podemos concluir sem erro que a Igreja, representada na figura do Papa, é a graça de Deus, o mistério da Salvação ao qual somos ligados pelo Batismo e mantidos pela Eucaristia e pela União com Maria. Maria é quem nos dá os passos a seguir para que não nos desvinculemos da Graça. A Eucaristia é o alimento espiritual que faz com que Deus habite em nosso Espírito, garantindo-nos o Estado de Graça.
Maria é aquela que nos dá os caminhos a seguir e as forças necessárias para não desanimarmos e para voltarmos à comunhão com Deus quando saímos. Maria, essa Mãe bondosa, é também quem melhor pode fazer render os frutos da Eucaristia que comungamos.
Nós, sendo parte do Corpo de Cristo que é a Igreja, nos tornamos também por adoção, filhos de Deus e de Maria, tal qual o próprio Cristo, muito embora não herdemos sua substância. Maria é pois, a geratriz do homem novo, nascido de Cristo.
Feliz aquele que reconhece sua pequenez e recorre ao auxílio desses dois tesouros. Maria foi o primeiro Sacrário por portar o Cristo Vivo em seu seio. Também Ela hoje está sem cessar a nos apresentar o Filho de Deus através da Eucaristia e a nos convidar a adorá-lo e amá-lo a fim de que nos matenhamos unidos à Graça Salvífica presente no mistério da Santa Igreja, o Corpo Místico de Cristo. Feliz aquele que encontra esse tesouro e muito mais feliz ainda será na outra vida ao poder contemplar Deus face a face ao lado de Nossa Senhora, a mais perfeita criatura.
Se pelo Batismo somos anexados ao Corpo de Cristo, pelo amor de Maria nos mantemos atrelados a Ele também com o auxílio da Eucaristia. A Eucaristia aproxima a natureza frágil e decaída do homem à natureza Gloriosa e Puríssima de Deus. Maria é a mãe capaz de unir essas duas naturezas. A Eucaristia nos dá a força, mas sem um caminho a seguir, toda a força do mundo torna-se vã e dispersa. Assim sendo, Maria é a luz que nos mostra o caminho da Salvação, o qual devemos percorrer com a força dispensada pelo Pão dos Anjos, a Eucaristia. Alguns podem pensar que isso é negar o poder de Deus. Respondo, pois, que não há nada mais insensato porque também a Virgem Santíssima é manifestação do poder infinito de Deus.
Eis duas colunas indispensáveis ao cristão para que ele consiga se manter na Graça. Maria, de forma similar àquela feita com Cristo, nos une a Deus, como Ela uniu o Verbo Divino à natureza humana. De forma parecida, Nossa Senhora une seus filhos ao corpo de Cristo, Deus, para que eles se tornem pela Graça merecedores da Salvação obtida por Cristo e filhos do Pai Eterno.
Certamente Deus não privou Nossa Senhora das provações as quais submeteu todos seus filhos. Ela venceu o pecado por seus próprios méritos. Conforme já dito inúmeras vezes, Deus deu o Livre Arbítrio a todos, inclusive à Nossa Senhora. Entretanto, ao contrário de nós que, tendo o livre arbítrio escolhemos deliberadamente o pecado, Nossa Senhora que sempre esteve em plena comunhão com seu Divino Filho escolheu a santidade.
Maria é a nova Eva. Pelo sim de Eva, o pecado entrou no mundo e tornou toda a humanidade decaída. Pelo sim de Maria, ao dizer sim à geração do Salvador, a redenção entrou no mundo. Dessa maneira, de certa forma a Salvação do mundo e até a vontade de Deus estão submetidas à Virgem Santíssima. Confiemos, pois, a Ela nossas dificuldades e peçamos a Ela: Mãe, mostra-nos Teu Filho.

Oração
Santa Maria, Rainha dos céus, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhora do mundo, que a nenhum pecador desamparais nem desprezais; ponde, Senhora, em mim os olhos de Vossa piedade e alcançai-me de Vosso amado Filho o perdão de todos os meus pecados, para que eu que agora venero com devoção a Vossa santa e Imaculada Conceição, mereça na outra vida alcançar o prêmio da bem-aventurança, por mercê do Vosso benditíssimo Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina para sempre. Amém.

domingo, 4 de agosto de 2013

Há salvação fora da Igreja Católica?

Por: Eduardo Moreira

 Uma recente polêmica que vem esquentando a rede social Facebook motivou esse texto. A polêmica ocorreu por causa de algumas declarações do vocalista da banda de rock católico Rosa de Saron, Guilherme de Sá, as quais o Padre Paulo Ricardo respondeu em forma de um vídeo condenando as frases do cantor como sendo heréticas. Em outras vezes já cometemos erros no Apostolado São Clemente Romano em julgar apressadamente as pessoas, mas é evidente que o vocalista dessa banda precisa esclarecer melhor o que ele disse porque, afinal de contas, ficou mesmo confuso, muito embora em sua defesa ele tenha citado a Encíclica Redemptoris Missio do Papa João Paulo II.
A questão polêmica é sobre o dogma, em princípio enunciado por São Cipriano de Cartago que diz “extra Ecclesiam nulla salus” (não há salvação fora da Igreja Católica). Entretanto, essa declaração forte do bispo de Cartago, um grande orador que viveu no século III, tem também que ser interpretada para que não se cometam equívocos como muitas pessoas realmente fazem. Primeiramente é mister dizer que a verdade é que a doutrina da Igreja não muda, ou seja, aquilo que era dogma há 2000 anos continua sendo dogma hoje e, portanto, a afirmação desse santo (que foi elevada a dogma) vale para os dias atuais. Também Santo Agostinho, o grande bispo e doutor de Hipona se posicionou em defesa desse dogma e assim sendo nada nos resta a não ser concordar com ele. Cabe aqui, entretanto, esclarecer 1) o que é Igreja Católica e 2) o que é o dogma em questão e o porquê das coisas serem assim.
É importante dizer que Igreja Católica não é uma mera instituição como foi difundido pela cultura moderna, especialmente após a Reforma Protestante como uma via de desmoralizar a Igreja. A Igreja antes de tudo é o Corpo Místico de Cristo, do qual Cristo é a cabeça invisível e o Papa é a cabeça visível. É bom dizer também que não é qualquer um que se salva, afinal, o homem não é redentor de si mesmo porque se assim fosse, o Sacrifício de Cristo teria sido inútil. Afirmar que o homem pode limpar a si mesmo do pecado é cair na heresia gnóstica, uma heresia primitiva irracional que prega, dentre outras coisas, a negação da matéria e a reencarnação.
O homem ao pecar comete uma ofensa infinita contra Deus, que é infinito. Ora, se o homem comete uma ofensa infinita então ele precisa reparar de forma infinita, mas o homem sendo finito é incapaz de fazer isso. Pra reparar as faltas dos homens, Deus, por misericórdia, morreu na cruz e adquiriu um sacrifício reparatório capaz de limpar qualquer pecado. Entretanto, Deus adquiriu o mérito pra todos os homens, mas nem todos os homens tomam parte desse tesouro tão facilmente. Para que tenhamos os méritos de Cristo devemos formar um corpo com Ele e esse corpo, conforme já mencionado, é a Igreja Católica, o Corpo Místico de Cristo do qual fazemos parte através do Batismo (para mais detalhes leia a obra “Por que Deus se fez homem? de Santo Anselmo de Cantuária). Ora, se Cristo possui méritos infinitos e se nós fazemos do Corpo d'Ele, então também nós, pela graça e não por nosso merecimento, tomamos parte nesses méritos. A nossa conduta de vida em evitar o pecado nos garante a comunhão com a Graça, o que nos garante a Salvação. Assim sendo, não é a conduta de vida que nos salva, ela apenas nos mantém unidos à Salvação que nós já recebemos de Deus. A salvação vem pela graça, não por nossos méritos.
Aqui já sabemos que é condição para a salvação que sejamos parte do Corpo Místico de Cristo. Entretanto, pela misericórdia Deus estende esse Corpo a pessoas que não estão fisicamente na Igreja Católica quando em vida, mas apenas espiritualmente. De fato, a Igreja Católica é muito maior do que podemos ver. Pessoas que estão em um estado de ignorância invencível, não pelos méritos próprios, mas pela misericórdia de Deus também podem se salvar.
Aqui devemos fazer alguns esclarecimentos para que não haja nenhum equívoco. 1) não é a religião que a pessoa segue fora da Igreja Católica que salva (embora todas religiões tenham elementos da verdade, apenas a Igreja Católica tem a verdade revelada plenamente), 2) não é o homem que se salva, mas a misericórdia de Deus e 3) não é por merecimento, mas por graça, misericórdia e justiça divinas que os não católicos se salvam.
Ora, se em um ponto remoto da Terra existe um povo que nunca teve entre eles um pregador, será mesmo que Deus seria justo em cobrar deles algo que não conhecem? É claro que não! Por causa disso as pessoas que tiveram uma boa conduta de vida fora da Igreja Católica serão julgadas não pela sua fé, mas pela sua conduta. Deus deixou uma lei moral sensível ao homem, isto é, há um criador (a beleza do mundo nos revela isso) e não devemos fazer com os outros o que não queremos que façam conosco (amarás o teu próximo como a ti mesmo).
Os pagãos ao morrerem se encontram com Cristo e Ele, por sua Infinita Misericórdia, concede a eles seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade para que tomem parte do riquíssimo tesouro de Cristo. Dessa maneira a Igreja crê e ensina que aqueles que não pertenceram à fé católica, a única onde está revelada integralmente a verdade divina, devem entrar em comunhão com a Igreja, o Corpo Místico de Cristo, após a morte para que sejam salvas. Para ver um belíssimo testemunho acerca disso recomendamos que o leitor procure o “Livro da Vida” que conta a história de Glória Polo, uma colombiana que teve uma experiência de quase-morte e visualizou um índio recebendo a Eucaristia antes de entrar no Céu.
Assim sendo, o dogma da Igreja permanece válido até hoje. Cristo de fato morreu por todos, a Igreja existe pra todos, qualquer um pode ser batizado e tomar parte dessa grande graça, mas sem a Igreja não há salvação. Qualquer afirmação que seja diferente dessa é herética e condenada pela Igreja e com justa razão. Esperamos que nossos leitores não sejam divagadores de heresias cujo pensamento é distinto do que ensina a Santa Madre Igreja.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O Brasil e o que é iniquidade institucionalizada


Por: Eduardo Moreira

Na véspera das eleições muita gente dizia “sou cristão, voto Dilma”. Entretanto, que cristã é essa que sanciona integralmente uma lei que, na prática, libera o aborto? Muitos questionarão: mas ela não sabia, não era intenção dela. Mentira!
Na véspera das mesmas eleições citadas muito alvoroço foi feito. Incontáveis vídeos de Dilma defendendo abertamente o aborto foram apresentados, mas mesmo assim estavam lá os católicos dizendo que a Dilma era católica, afinal, ela até tinha ido no Santuário de Aparecida. Mais ainda, muitos diziam que as questões morais não importavam frente ao desenvolvimento social (suposto) que o Brasil vinha tendo durante a gestão do PT. A esses católicos eu digo, sinto muito, vocês não são católicos. Digo mais, não existe desenvolvimento social que compense a ruína moral de uma nação posto que uma sociedade sem moral não sobrevive tempo o bastante pra colher os frutos de seu desenvolvimento.
Entretanto, vamos esquecer os péssimos católicos que votaram na Dona Dilma Roussef, a mesma que antes das eleições jurou de pés juntos que jamais faria algo pra liberar o aborto no Brasil. Vamos apenas falar da iniquidade institucionalizada. Entretanto, o que é iniquidade? Iniquidade é a incapacidade do indivíduo se incomodar com o pecado. Uma pessoa que comete a iniquidade é uma pessoa que peca deliberadamente e aquilo já não lhe deixa horrorizada porque está acostumada, anestesiada pela maldade. É o pecado arraigado no mais íntimo do ser.
É exatamente isso que vemos nos abortistas e nos que apoiam suas causas. São pessoas que não se compadecem com o sofrimento alheio. Uma pessoa que tem um pouco de humanidade olharia com horror para aqueles pequenos corpos dilacerados e choraria. Não obstante, uma pessoa normal ficaria tomada de tanta fúria que iria querer fazer justiça àquele pobre feto que foi brutalmente assassinado. Entretanto, infelizmente não é isso que muitos católicos têm pensado.
Em nome de mais concursos públicos, isto é, de mais dominação do estado em nossas vidas, as pessoas se tornaram fiéis praticantes dos pecados mais terríveis. A iniquidade está sendo institucionalizada e poucas pessoas têm lutado contra ela. A máquina estatal nas mãos do Partido dos Trabalhadores e de sua base aliada tem cada vez mais instalado o pecado entre nós e Deus não aguentará isso por muito tempo.
Quando digo as pessoas riem de mim achando que estou exagerando, mas chegaremos em breve a um tempo em que as Igrejas Cristãs serão obrigadas a não só se calarem perante à maldade do estado como também a cumprir tudo o que o mesmo quer. Vão vendo: se a máquina estatal não parar, haverá tempos em que os padres serão obrigados a casarem homossexuais nas Igrejas. Vide que já existem advogados que vão à justiça secular revogar excomunhões, como se o estado pudesse interferir em temas da Igreja.
Muitos já estão pensando que isso é exagero, afinal, a constituição garante a liberdade de culto. Ora, a constituição também garante o direito à vida, entretanto, o aborto foi legalizado debaixo de nossos olhos, mesmo com a constituição proibindo que isso fosse feito e mesmo com todos os juramentos da Sra. Dilma Roussef.
A questão é que os cristãos, a maioria nesse país, necessitam urgentemente retomar as rédeas do Brasil e livrá-lo das mãos da esquerda. É preciso urgentemente que acordemos para o que está se passando em nosso país. Leis esdrúxulas vêm sendo aprovadas ou colocadas em votação e as pessoas não têm feito nada. Não existe mobilização nas paróquias, não existe uma palavra dos bispos, padres e diáconos e a conivência dos leigos é completa.
Católicos de todo o Brasil, acordem! Vocês estão colocando uma forca no próprio pescoço e não estão percebendo.