quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A Imitação de Maria: Parte XIII



Do apego às coisas do alto e desapego às coisas da Terra: deseje as primeiras, use as segundas

Por: Eduardo Moreira

Uma das tristes consequências do capitalismo desenfreado é a busca do homem em satisfazer seus anseios nas coisas, esquecendo-se de Deus. Temos, pois, dois mundos, um sensível aos olhos e outro sensível à alma e ao espírito. Um é o mundo da carne, dos prazeres, das coisas que passam, o outro é o mundo não sensível ao corpo, o deleite da alma onde enfim nosso espírito cansado encontra refúgio. Como disse o sermão da montanha, o mundo onde os fracos, os que choram, os que têm fome e os demais sofredores serão consolados (Mt 5, 1-12).
Certamente, se Nossa Senhora tivesse pensado na dimensão carnal não teria aceitado ser mãe de Deus e com isso sabe-se lá por quais vias Deus nos salvaria. Ao contrário, Ela que foi desejada pelo Pai antes dos séculos disse seu sim a Deus, enterrando para sempre as riquezas da Terra, mas ajuntando um tesouro infinito junto ao Pai, tesouro esse dispensado diariamente aos seus fiéis imitadores.
Novamente, aos pés da Cruz Deus lhe deu outra missão, mas dessa vez falando pela boca de Deus Filho: a missão de ser mãe de todos os batizados. Mais uma vez Maria nos dá um sinal de fidelidade porque sozinhos, isto é, sem o amparo de Nossa Senhora, embora o Céu estivesse já aberto seria muito difícil atingi-lo porque seríamos como cegos procurando por uma porta em um quarto gigante.
Mais uma vez Nossa Senhora deu uma prova de seu desapego às coisas do mundo e de seu amor a Deus. Maria, melhor que ninguém, usou as coisas da Terra e viveu intensamente as coisas do Céu, desejando-as mais que o ouro ou a prata.
Exatamente por isso, basta fazermos uma simples comparação para entendermos que Maria foi o mais sábio dos seres humanos. Por um acaso não é considerado um tolo o homem que troca todo um rebanho de gado por uma galinha? Então, por que consideramos sábio o homem que em busca das riquezas da Terra esquece-se de Deus, trocando os bens que passam pelos que não passam? Ora, muito mais insensato é esse homem do que os piores negociantes porque esses perdem seus bens, o outro perde sua alma. Assim sendo, ninguém usou tanta sabedoria para levar sua vida.
Oxalá tivéssemos, ao invés de comida perdendo nos celeiros do mundo afora, essa mesma comida transbordando pelas portas das despensas das casas dos pobres e esfomeados, porque, dessa forma saberíamos que o homem estaria enfim disposto a partilhar o que tem, tornando-se um fiel imitador de Maria e encontrando um tesouro no Céu.
De fato, nas Sagradas Escrituras não vemos, em momento algum, citações de Nossa Senhora partilhando o pão com as pessoas muito embora ela certamente o tenha feito inúmeras vezes ainda mais naquele tempo de grande miséria na Palestina. Entretanto, o pão era o bem mais pobre que Ela tinha. Ela partilhou conosco seu único Filho para que Ele pudesse nos salvar. Além disso, Ela partilhou com os homens seu amor de Mãe, dispensado carinhosamente ao homem-Deus, Jesus Cristo Vivo e Encarnado.
Maria partilhou, pois, sua maior riqueza. Partilhou conosco o Deus escondido em Seu Divino Filho, o qual só Ela conhecia. Ela nos Deus Jesus que nos salvou, portanto, Maria deu ao mundo a Salvação de Deus. Ela, que por ser livre da mancha do pecado já estava salva mas, não satisfeita com a salvação de si mesma nos deu também o Cristo, o homem-Deus para que Ele nos salvasse, compartilhando assim a Graça com toda a humanidade.
Maria, melhor que ninguém soube abraçar as coisas do alto e fazer com que os talentos dados por Deus a Ela frutificassem de forma abundante. Seu talento de ser Mãe foi frutificado de tal forma que quando se completou o tempo, tornou-se Ela mãe de todos nós. Como diz a Escritura, a quem é fiel no pouco Deus muito confia. Maria, sendo Mãe fiel do Salvador e cumprindo religiosamente suas obrigações maternais, foi dada a todos nós como mãe, muito embora já o fosse quando se deu como Mãe a Jesus Cristo tornando-se Mãe de Seu Corpo Místico do qual somos parte pelo Batismo.
De forma idêntica, em sua pureza cada vez mais voltada para o Altíssimo, Maria conseguiu ser mais pura que os anjos, as mais perfeitas criaturas do Altíssimo.
A questão não é ignorar a vida na Terra ou os bens materiais. A Terra e a matéria são criações de Deus e Deus, sendo bom, não pode criar nada ruim. Nem mesmo o diabo é ruim porque até ele é obra de Deus. O diabo é moralmente ruim, mas não é o mal em si mesmo porque esse não existe. Assim sendo, podemos viver até com certo conforto na Terra, não nos esquecendo jamais que essa Terra, embora boa, passa ao passo que a vida eterna é eterna e, portanto, não passará jamais. Por essa razão, o bom cristão deve priorizar sempre as coisas do alto.
Certamente um dos maiores ódios das almas desgraçadas no Inferno é justamente o ódio de verem, com pesar, que preferiram as coisas da Terra às coisas do Alto. Ah, se tivessem se entregado ao bom Deus e se tivessem se colocado a imitar Sua Santíssima Mãe, quão felizes estariam hoje no Céu...
Deus, entretanto, permite que façamos escolhas. Muitas vezes escolhemos mal e justamente por causa disso podemos perder boas oportunidades na vida, oportunidades dadas por Deus para que tivéssemos melhores condições. Às vezes ficamos tão cegos pela ambição, que, no desejo às coisas do mundo acabamos perdendo todas elas, mesmo que as busquemos intensamente.
Ora, se entregarmos nossa vida a Deus e se n’Ele confiarmos, o que de mal nos poderá acontecer? Na pior das hipóteses, a morte, mas não é ela que nos levará para junto do Pai? Pensemos, pois, nisso e passemos a nos comportar com confiança buscando aspirar as coisas do alto com a vontade mais profunda de nosso ser.

Oração a Nossa Senhora do Sagrado Coração

Coração de Maria, perfeita imagem do Coração de Jesus, fazei que nossos corações sejam semelhantes aos vossos. Amém