Uma das doutrinas que é de aceitação unânime
no meio protestante é a Sola Scriptura. Essa doutrina diz que a Bíblia é a
única fonte infalível de doutrina e cada um deve ser inspirado pelo Espírito
Santo para lê-la. É sobre essa doutrina e seus equívocos que faremos uma breve
exposição nos parágrafos abaixo.
Em primeiro lugar
devemos dizer que é importante reconhecer o grande amor às Sagradas Escrituras
que nossos irmãos protestantes têm. De fato, se pretendemos vencer o
protestantismo devemos reconhecer suas virtudes e essa é uma delas. Entretanto,
isso não nos isenta da obrigação de corrigir os equívocos e exageros originados
nessa doutrina a fim de mostrar aos nossos irmãos separados o caminho reto que
leva a Deus, isto é, a Santa Igreja Católica, o Corpo Místico de Cristo.
A
doutrina protestante se baseia em interpretações distorcidas de vários
versículos da Bíblia que, de fato, é um livro inspirado. Para uma refutação
mais detalhada que a exposta nesse artigo, recomendamos ao leitor que leia o
livro “Somente a Bíblia? 21 razões para rejeitar a Sola Scriptura” que pode ser
encontrado nesse link.
Deus nos deixou Sua
palavra para nos instruir e essa palavra é, em parte, a Bíblia. Entretanto, por
mais sagrada que seja, a Bíblia é um texto e sendo um texto Ela possui
interpretações. Os protestantes alegam que o Espírito Santo é quem deve guiar o
leitor para uma correta interpretação da Bíblia. No entanto, dizer isso é, na
prática, o mesmo que dar a quem a lê o direito à Livre Interpretação, doutrina
abertamente condenada por São Pedro em II Pd I, 20. O resultado dessa livre
interpretação protestante é uma divisão cada vez maior no seio do
protestantismo com os mais variados tipos de doutrina. De fato, as doutrinas
protestantes vão desde a negação da divindade de Cristo a aceitação do
casamento homossexual.
Não
obstante aos efeitos catastróficos da livre interpretação, é importante notar
também que a doutrina da Sola Scriptura é pautada em um absurdo chamado “raciocínio
circular”. O raciocínio circular coloca uma causa como efeito num momento e em
outro coloca o efeito como causa de forma e não dar uma resposta lógica. Dessa
forma, os protestantes afirmam que creem na Bíblia porque ela é inspirada.
Quando se pergunta a eles o porquê da inspiração, eles dizem que a própria
Bíblia diz isso. Se perguntarmos novamente por que creem no que está escrito
nela, respondem que é porque ela é inspirada. Assim sendo, o raciocínio fica
andando em círculos.
Além
disso, se o simples fato de “estar escrito” torna um texto inspirado, qualquer
um pode escrever qualquer coisa e no fim da coisa escrita dizer que a mesma é
inspirada. Entretanto, mesmo os protestantes admitirão, sem problemas, que isso
é um absurdo. Além do problema da inspiração, não há na Bíblia um cânon
definido de livros citado em nenhum lugar, portanto, nem mesmo a Bíblia define
o que é Bíblia.
Houve,
pois, alguém que definiu quais livros compõem a Bíblia e que disse que ela é
inspirada. Esse “alguém” é a Igreja Católica que, guiada infalivelmente pelo
Espírito Santo, definiu a lista dos Livros Sagrados ao longo dos séculos. Ora,
essa mesma Igreja que escreveu e selecionou os livros da Bíblia deixou-nos
também uma riquíssima Tradição, tão sagrada quanto a Bíblia e com documentos de
mesma autoria daqueles que escreveram as Sagradas Escrituras. Se os autores
sagrados deixaram ensinamentos fora da Bíblia e pediram para que os seguíssemos
como seguimos as Sagradas Escrituras, por que então os protestantes seguem uma
parte e rejeitam outra? Se os mesmos autores, os mesmos bispos disseram sob a
mesma inspiração que ambas as coisas são sagradas, por que então aceitar apenas
uma parte do que eles disseram?
A
verdade é que existe aqui uma clara negação às origens do cristianismo por
parte dos protestantes. Os autores sagrados sob ação do Espírito Santo deixaram
não apenas o Livro Sagrado, mas também uma rica Tradição igualmente inspirada.
Basta vermos que antes do Novo Testamento ser escrito ele foi anunciado por
vários anos na forma de Tradição até passar a forma escrita e só depois de tudo
isso passar a fazer parte das Sagradas Escrituras, antes compostas apenas pelos
livros do Antigo Testamento.
Alguns
podem objetar: Se Deus queria mesmo que a Tradição fosse considerada Sagrada,
por que ela não está na Bíblia? A resposta para essa pergunta está em Mt. XVI,
18: Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja. Ora, Jesus fundou
uma Igreja para transmitir a fé aos fiéis, não uma biblioteca. Fazemos, pois,
parte de uma Igreja que é um Corpo Místico, não de uma Biblioteca que é um
Corpo Místico. Essa Igreja, fundada por Cristo em São Pedro, é a Igreja
Católica, a coluna e sustentáculo da verdade (I Tm III, 15).
Os
protestantes tentam negar a fundação da Igreja em São Pedro dizendo que a pedra
à qual Cristo se refere é Ele mesmo e não São Pedro. Para isso usam algumas
interpretações errôneas do idioma grego, interpretações essas refutadas aqui,
em um artigo de Alessandro Ricardo Lima. Entretanto, mesmo sem explicações
teológicas profundas conseguimos ver que, se a pedra é Jesus e não Pedro, a
sentença de Mt. XVI, 18, perde completamente seu sentido.
Deus
nos deixou, portanto, uma Bíblia que atesta os primeiros anos do Cristianismo,
as primeiras definições e certamente uma fonte riquíssima de verdades sobre
Jesus Cristo que não deve ser desprezada. Entretanto, a Igreja vive e no
decorrer da história e vivência da Igreja foi estruturada a Tradição em plena
concordância com o Evangelho. Ademais, a própria Bíblia é parte dessa Tradição,
mas em forma escrita. Por fim, todo esse tesouro não só é guardado como também
é ensinado pela Igreja de forma infalível através do Espírito Santo. Também a
essa Igreja, formada por homens santos e pecadores, foi incumbida a missão de
interpretar todo o tesouro da fé, dando ao mesmo seu real significado. Apoiada
nesses três pilares: a Bíblia, a Tradição e o Magistério, está sustentada toda
fé da Santa Igreja, a única instituída por Cristo para a Salvação dos homens.