sexta-feira, 28 de junho de 2013

A Imitação de Maria: Parte X


Ter amor por aqueles que são crucificados todos os dias

Por: Eduardo Moreira

Pode alguém pensar que Maria sofreu apenas pela morte de Cristo por ser Ele seu filho. Nada mais insensato! Cristo do alto da Santa Cruz deu sua Mãe a todos os homens para que, confiando nela, fossem salvos passando pelos caminhos queridos por Deus e que a Virgem Maria foi capaz de conhecê-los. Essa verdade deveria ser unânime entre os cristãos, mas mesmo entre as Igrejas Apostólicas há aqueles que mantém uma devoção fraca e cuidadosa para com a Santíssima Virgem. Essas pobres almas escondem em seu interior uma profunda soberba, pois pensam que por si próprias podem atingir o Cristo que habita nos Céus, no mais Alto e Inacessível que podemos conceber.
Maria, pois, não sofreu apenas com a morte de Cristo, Ela continua a sofrer ao ver cada filho d'Ela ser desprezado e crucificado pelos homens. E quantas almas são crucificadas todos os dias? Quantas pessoas sob as quais Cristo se esconde são ignoradas nas ruas onde estão famintas, maltrapilhas e abandonadas (Mt 25, 40)?
Maria sofreu por cada apóstolo que foi morto, cada discípulo perseguido e exilado, e continua a sofrer, mesmo hoje, ao ver com pesar que seus próprios filhos não se ajudam. Longe dos discursos socialistas que só fizeram tudo aquilo que condenaram, Maria pede-nos hoje para sermos mais humanos.
Cristo não veio ao mundo para nos ensinar a sermos Deuses, mas sim para mostrar ao homem o caminho, a via perfeita de ser plenamente homem, imagem e semelhança de Deus, demonstrando compaixão para com todos, inclusive para com os mais necessitados.
Cada vez que vemos a desigualdade social gritante se alastrar pela Terra e ficamos calados ou, pior, até apreciamos esse alastramento medonho, somos cúmplices do diabo e permitimos que a mensagem do Evangelho seja usurpada por grupos que, em nome do fim da pobreza, defendem atitudes imorais, assassinato de bebês no ventre materno, massacres das pessoas que seguem alguma religião, enfim, todo tipo de ódio que se possa imaginar. O socialismo é a soma das virtudes enlouquecidas. Esse regime coloca virtudes acima de Deus, extingue o ser humano enquanto indivíduo e provoca as piores tragédias que se conhece quando colocado em prática.
O bom cristão não pode ser socialista porque o socialismo promete apenas a ajuda material e trata o ser humano como uma parte do coletivo. O bom cristão enxerga o próximo como ser humano, não como membro de uma sociedade. Ninguém pode se dizer cristão se não tem compaixão pelo próximo ou se concorda com as mazelas mundiais da fome e da doença. Cristo disse que veio para que todos tivessem vida, e vida em abundância!
Cada vez que negamos ajudar o próximo, tratá-lo como ser humano, negamos isso ao próprio Cristo. Cada vez que ignoramos os anseios do irmão, ignoramos o próprio Cristo que, sendo Rei, veio à Terra pobre como um mendigo.
Tal como Maria teve pena de seu Filho crucificado, também nós devemos ter pena de tantos que são crucificados todos os dias. Se jejuamos, aquele alimento do qual nos abstemos não deve ser reservado, mas sim servir de sustento a quem não o tem. Cabe também a nós em cada jejum ou penitência, não só nos abstermos friamente do alimento, mas também entregar esse sofrimento a Deus pelas mãos Imaculadas de Maria para que Ela, dispenseira de todas as graças, aplique como for melhor.
Além da abstinência, da partilha e da entrega, convém também que façamos, pelo menos por um breve instante, uma reflexão acerca das pessoas que passam por esses sofrimentos todos os dias, não espontaneamente, mas sim por não ter lhes restado opção. Dessa forma certamente quando algum desses pequeninos nos vier pedir alguma coisa saberemos nos colocar em seu lugar, conseguiremos imaginar o desespero e a dificuldade que ele está passando e não pensaremos duas vezes em ajudá-lo e em tratá-los com dignidade.
As mães bem sabem de quantos sacrifícios fazem pelos filhos. Maria, naqueles tempos difíceis, certamente se absteve de muitas coisas para o bem do próximo, de Jesus e de São José principalmente. Certamente esse grande exemplo de santidade moldou grandes santos como São Francisco que ficava feliz quando, mendigando, ganhava um pão que não usava para o próprio sustento. São Francisco ficava feliz porque com aquele pão não mataria a própria fome, mas sim a fome do irmão.
Nisso se resume a passagem de 1 Cor 13 na qual podemos ver que o verdadeiro amor pensa antes no próximo que em si mesmo. Deus não pensa em Si mesmo, mas sim nos seus filhos porque não há nada de que Ele necessite. Quando procuramos imitar a Deus através da Imitação de Maria nosso egoísmo se extingue e, tal como São Francisco, ficamos felizes ao vermos que poderemos ajudar o próximo.
Também testemunhou essa virtude com profundidade Madre Tereza de Calcutá que, saindo de si mesma, foi viver na Índia cuidando de pessoas que nem católicas eram porque viu nelas não hindus, mas criaturas de Deus necessitadas de pão e compaixão. Esse é, talvez, o maior esplendor do cristianismo e também sua maior riqueza, como disse Santo Estêvão, nossa maior riqueza são os órfãos, as viúvas e os mendigos.