Maria, a Mãe do Evangelho Vivo
Por: Eduardo Moreira
Maria na história da Salvação não cumpre apenas o papel de
primeiro apóstolo e mestre de Nosso Senhor. Ela é a própria figura
da mudança da Antiga para a Nova Aliança. Assim como o Povo de Deus
passa de um povo diminuto para todo o mundo, como se os judeus
estivessem dando à luz o cristianismo, assim também é Maria, uma
mulher judia, dando a luz ao Cristo, o primeiro cristão. Maria é,
pois, muito mais que uma mulher. Ela é a Mãe do Evangelho Vivo e
Encarnado.
Formosa como a lua e brilhante como o sol, se ela não nos desse à
luz a Glória de Deus, nós mesmos poderíamos pensar que ela é o
próprio Deus. Entretanto, como é toda humildade essa Boa Mãe, Ela
nos mostra quem são o Pai, o Filho e o Espírito Santo e
humildemente se coloca no lugar de criatura, ocupando assim na
hierarquia natural o mais alto posto que se pode pensar, acima dos
anjos, dos homens e de tudo o que se conhece abaixo de Deus.
Entretanto, engana-se aquele que pensa que Maria foi essencial à
economia da Salvação apenas na geração de Cristo. Assim como Deus
nos deu Cristo por Maria, é da vontade d'Ele que sigamos o mesmo
Cristo com Maria, imitando seus passos e suas virtudes. Ora, se a
vida terrena é um continente e o Paraíso é outro, sem dúvida
alguma o tempo de vida equivale a um oceano turbulento que nos
separa. Assim sendo, precisamos de um barco para chegarmos ao Céu e
esse barco não pode ser qualquer um. Esse barco deve ter condições
muito específicas para que nos leve onde devemos ir. Com toda
certeza esse barco é Maria. Ela conhece o Coração do Filho melhor
que ninguém e Ela é quem melhor pode nos apresentar esse Coração.
Ela o gerou, Ela o criou, Ela o acompanhou como fiel discípula, Ela
esteve de pé na Cruz, o momento mais importante para nossa salvação.
Ora, tudo isso prova que Ela não só deu a luz a Cristo como também
se faz necessária na caminhada dos cristãos para a salvação
deles.
Se olharmos para a história de Cristo, em todos os momentos
importantes esteve Nossa Senhora. Na crucifixão, no primeiro milagre
e, é claro, em toda a infância e formação de Nosso Senhor. Se é
por Maria que Cristo veio ao mundo, também é por Ela que Ele deseja
ser conhecido e amado. Nossa vontade é torpe. Hoje estamos firmes,
amanhã podemos nos tornar os piores pecadores. De fato, não foram
poucos aqueles que, ao começarem uma caminhada em odor de grande
santidade, morreram heréticos e devassos. Um pequeno olhar para um
pequeno pecado pode, pois, desencadear todo o processo de queda desde
que alimentemos nosso orgulho.
Se não estamos unidos fortemente a Cristo, não resistimos ao
pecado. Se não resistimos ao pecado, por menor que seja ele, logo
nos tornamos totalmente podres. Só se mantem firme na fé aquele
cristão que se apega a essa tão boa Mãe, que suavemente nos
apresenta o Filho por caminhos que apenas ela conhece.
Aquele que se deixa moldar por Maria, tanto mais se deixa moldar,
tanto mais se consome por tão grande amor, mais se aproxima do
Evangelho Vivo, mais se torna semelhante ao Cristo. Esse é o poder
da Mãe de Deus de formar os santos de forma que quanto mais nos
aproximamos d'Ela, mais nosso espírito se enche de Deus.
Se nos entregamos a Ela sem reservas, a Palavra de Deus se torna
nossa amiga e nesse espírito de fé e união com Maria, os trabalhos
e as cruzes da vida parecem ser mais brandas do que realmente são.
Por mais que se acheguem atribulações, sempre há uma esperança
incandescente no coração daquele que busca a Mãe de Deus e que
procura imitar em sua vida as virtudes d'Ela. Não existe via mais
perfeita de salvação do que aquela que passa por Maria.
Voltando à metáfora dos dois continentes, não que seja impossível
atravessar o tão grande e tão turbulento oceano da vida, mas será
muito mais difícil e penoso e certamente serão muito remotas as
possibilidades de se chegar ao outro lado sem o auxílio de nossa
Mãe.
Alguns podem objetar dizendo que leem com frequência as Sagradas
Escrituras ou que oram em casa para o deus no qual creem ou ainda que
sua fé não precisa de tantos cuidados por já ser uma fé madura e
consolidada. Completo, pois, que esses estão muito mais próximos da
condenação do que quaisquer outros.
Deus ouve a todos, mas ouve mais aqueles que lhe são próximos. Onde
reina a soberba, Deus não está. Só mesmo com muita soberba e
cegueira espiritual para podermos dizer que somos suficientes a nós
mesmos ou à nossa própria fé. Todas as almas que fiam-se em si
próprias para a sua salvação correm grave risco de serem
condenadas porque já não conseguem ver suas próprias limitações
e já não recorrerão à ajuda de quem melhor conhece a Deus, no
caso, Maria. Eis o grave erro dos que buscam a santidade por seus
achismos ou por sua própria soberba. Certamente não foram poucas as
almas que se condenaram por aderir a tais pensamentos.
Não importa quantas páginas das Sagradas Escrituras se leu ou se
conhece. Não interessa quantas horas de balbuciamentos foram feitas.
Não importa, tampouco, quanta fé julga ter aquele que ora a seu
deus particular. Se tudo o que foi feito não o foi em espírito de
fé e união com Maria, ainda que inconscientemente, de nada valeu
aos olhos de Deus. Só Ela alcançou graça aos olhos do Altíssimo
que a planejou desde a eternidade. Por esse exato motivo, mesmo os
profetas do Antigo Testamento fizeram tudo nesse mesmo espírito,
isto é, imitando a Santíssima Virgem, muito embora Ela ainda não
existisse no tempo e no espaço.
Embora Maria não existisse no tempo da Antiga Aliança, o caminho de
santidade seguido por Ela é o caminho de santidade que mais agrada a
Deus, que desejou criá-la desde sempre. Por esse exato motivo, esse
caminho de santidade foi seguido por todos aqueles que foram santos
ao longo da história e esse mesmo caminho só se concretizou de
forma máxima, sem precedência ou sucessão, em Maria Santíssima.
Nenhum homem comum foi tão santo quanto Ela e nenhum jamais será.
A Mãe do Evangelho Vivo viveu tão bem o Evangelho que já o vivia
antes da encarnação temporal do Verbo. Ela foi desejada e planejada
por Deus desde a eternidade e ninguém jamais se comparou a Ela. Ela
foi a imitação perfeita de Cristo, logo, ela foi a descrição
humana mais exata da vivência do Evangelho.
Maria foi a luz que guiou os santos de toda a história, o
referencial de santidade que sempre existiu, o caminho de salvação
atemporal querido por Deus e planejado por Ele por todos os séculos
dos séculos. Todos os santos da história, de uma forma ou de outra,
foram doutores em imitar a Santíssima Virgem.
Não há virtude que não exista em Maria em grau máximo. Ao
entregar, tal qual Cristo, seu espírito ao Pai na Cruz, ao
contemplar seu Filho imolado, ela foi a maior mártir da História.
Ao aceitar ser escrava de Deus e fazer em tudo a vontade dele, Ela
foi a doutora da humildade. Ao dar a luz a Cristo, Ela foi a maior
evangelista e a maior profetisa que já existiu. Se aqueles que
disseram algumas palavras acerca da Antiga Lei, ainda imperfeita,
mesmo assim foram chamados profetas, que dizer então daquela que
muito mais que dizer, gerou a Lei Perfeita, o Evangelho Vivo, Cristo
Jesus em seu ventre? Não houve pregação mais eficiente que a
pregação de Maria, muito embora quase não se encontrem palavras
ditas por Ela no Evangelho. Ao ser entregue por Cristo como Mãe de
João, Ela é, pois, Mãe de toda a Igreja e Mãe espiritual de todos
os fiéis.
Evangelizou, embora não tenha dito quase nada. Não o disse, de
fato, porque se tivesse dito teria sido idolatrada pelos judeus, um
povo ritualista que não tinha contemplado Deus face a face. O
silêncio de Maria foi importante para que Cristo aparecesse e fosse
reconhecido como Deus de Deus, Luz da Luz, Deus Verdadeiro de Deus
Verdadeiro. Maria aniquilou-se para Cristo aparecer e também nós
precisamos fazer isso. Entretanto, esse caminho de salvação se
revelou a nós como uma Misericórdia de Deus para que pudéssemos
através d'Ela elevar a Ele nosso espírito e para podermos, um dia,
merecer o paraíso.
O Segredo de Maria (Monsenhor Jonas Abib e Luzia Santiago)
Trabalhe e reze. Fique em silêncio, reze, ame e reze. Escute e
reze.
Não discuta, não queira ter razão: cale-se.
Não julgue, não condene: ame.
Não olhe, não queira saber: abandone-se.
Não arrazoe, não entre na profundidade dos problemas: creia.
Não se agite, não procure fazer: reze.
Não se inquiete, não se preocupe: tenha fé.
Quando você fala, Deus se cala e você diz coisas equivocadas.
Quando você discute, Deus é esquecido e você peca.
Quando você argumenta, Deus é humilhado e você pensa em coisas
vãs.
Quando você se apura, Deus é distanciado e você tropeça e cai.
Quando você se agita, Deus é lançado fora e você fica na
obscuridade.
Quando você julga o irmão, Deus é crucificado e você se julga
a si mesmo.
Quando você condena o irmão, Deus morre e você condena a si
mesmo.
Quando desobedece, Deus fica distante e você morre.