segunda-feira, 17 de junho de 2013

A Imitação de Maria: Parte VII


Maria, a Mãe do Evangelho Vivo

Por: Eduardo Moreira

Maria na história da Salvação não cumpre apenas o papel de primeiro apóstolo e mestre de Nosso Senhor. Ela é a própria figura da mudança da Antiga para a Nova Aliança. Assim como o Povo de Deus passa de um povo diminuto para todo o mundo, como se os judeus estivessem dando à luz o cristianismo, assim também é Maria, uma mulher judia, dando a luz ao Cristo, o primeiro cristão. Maria é, pois, muito mais que uma mulher. Ela é a Mãe do Evangelho Vivo e Encarnado.
Formosa como a lua e brilhante como o sol, se ela não nos desse à luz a Glória de Deus, nós mesmos poderíamos pensar que ela é o próprio Deus. Entretanto, como é toda humildade essa Boa Mãe, Ela nos mostra quem são o Pai, o Filho e o Espírito Santo e humildemente se coloca no lugar de criatura, ocupando assim na hierarquia natural o mais alto posto que se pode pensar, acima dos anjos, dos homens e de tudo o que se conhece abaixo de Deus.
Entretanto, engana-se aquele que pensa que Maria foi essencial à economia da Salvação apenas na geração de Cristo. Assim como Deus nos deu Cristo por Maria, é da vontade d'Ele que sigamos o mesmo Cristo com Maria, imitando seus passos e suas virtudes. Ora, se a vida terrena é um continente e o Paraíso é outro, sem dúvida alguma o tempo de vida equivale a um oceano turbulento que nos separa. Assim sendo, precisamos de um barco para chegarmos ao Céu e esse barco não pode ser qualquer um. Esse barco deve ter condições muito específicas para que nos leve onde devemos ir. Com toda certeza esse barco é Maria. Ela conhece o Coração do Filho melhor que ninguém e Ela é quem melhor pode nos apresentar esse Coração. Ela o gerou, Ela o criou, Ela o acompanhou como fiel discípula, Ela esteve de pé na Cruz, o momento mais importante para nossa salvação. Ora, tudo isso prova que Ela não só deu a luz a Cristo como também se faz necessária na caminhada dos cristãos para a salvação deles.
Se olharmos para a história de Cristo, em todos os momentos importantes esteve Nossa Senhora. Na crucifixão, no primeiro milagre e, é claro, em toda a infância e formação de Nosso Senhor. Se é por Maria que Cristo veio ao mundo, também é por Ela que Ele deseja ser conhecido e amado. Nossa vontade é torpe. Hoje estamos firmes, amanhã podemos nos tornar os piores pecadores. De fato, não foram poucos aqueles que, ao começarem uma caminhada em odor de grande santidade, morreram heréticos e devassos. Um pequeno olhar para um pequeno pecado pode, pois, desencadear todo o processo de queda desde que alimentemos nosso orgulho.
Se não estamos unidos fortemente a Cristo, não resistimos ao pecado. Se não resistimos ao pecado, por menor que seja ele, logo nos tornamos totalmente podres. Só se mantem firme na fé aquele cristão que se apega a essa tão boa Mãe, que suavemente nos apresenta o Filho por caminhos que apenas ela conhece.
Aquele que se deixa moldar por Maria, tanto mais se deixa moldar, tanto mais se consome por tão grande amor, mais se aproxima do Evangelho Vivo, mais se torna semelhante ao Cristo. Esse é o poder da Mãe de Deus de formar os santos de forma que quanto mais nos aproximamos d'Ela, mais nosso espírito se enche de Deus.
Se nos entregamos a Ela sem reservas, a Palavra de Deus se torna nossa amiga e nesse espírito de fé e união com Maria, os trabalhos e as cruzes da vida parecem ser mais brandas do que realmente são. Por mais que se acheguem atribulações, sempre há uma esperança incandescente no coração daquele que busca a Mãe de Deus e que procura imitar em sua vida as virtudes d'Ela. Não existe via mais perfeita de salvação do que aquela que passa por Maria.
Voltando à metáfora dos dois continentes, não que seja impossível atravessar o tão grande e tão turbulento oceano da vida, mas será muito mais difícil e penoso e certamente serão muito remotas as possibilidades de se chegar ao outro lado sem o auxílio de nossa Mãe.
Alguns podem objetar dizendo que leem com frequência as Sagradas Escrituras ou que oram em casa para o deus no qual creem ou ainda que sua fé não precisa de tantos cuidados por já ser uma fé madura e consolidada. Completo, pois, que esses estão muito mais próximos da condenação do que quaisquer outros.
Deus ouve a todos, mas ouve mais aqueles que lhe são próximos. Onde reina a soberba, Deus não está. Só mesmo com muita soberba e cegueira espiritual para podermos dizer que somos suficientes a nós mesmos ou à nossa própria fé. Todas as almas que fiam-se em si próprias para a sua salvação correm grave risco de serem condenadas porque já não conseguem ver suas próprias limitações e já não recorrerão à ajuda de quem melhor conhece a Deus, no caso, Maria. Eis o grave erro dos que buscam a santidade por seus achismos ou por sua própria soberba. Certamente não foram poucas as almas que se condenaram por aderir a tais pensamentos.
Não importa quantas páginas das Sagradas Escrituras se leu ou se conhece. Não interessa quantas horas de balbuciamentos foram feitas. Não importa, tampouco, quanta fé julga ter aquele que ora a seu deus particular. Se tudo o que foi feito não o foi em espírito de fé e união com Maria, ainda que inconscientemente, de nada valeu aos olhos de Deus. Só Ela alcançou graça aos olhos do Altíssimo que a planejou desde a eternidade. Por esse exato motivo, mesmo os profetas do Antigo Testamento fizeram tudo nesse mesmo espírito, isto é, imitando a Santíssima Virgem, muito embora Ela ainda não existisse no tempo e no espaço.
Embora Maria não existisse no tempo da Antiga Aliança, o caminho de santidade seguido por Ela é o caminho de santidade que mais agrada a Deus, que desejou criá-la desde sempre. Por esse exato motivo, esse caminho de santidade foi seguido por todos aqueles que foram santos ao longo da história e esse mesmo caminho só se concretizou de forma máxima, sem precedência ou sucessão, em Maria Santíssima. Nenhum homem comum foi tão santo quanto Ela e nenhum jamais será.
A Mãe do Evangelho Vivo viveu tão bem o Evangelho que já o vivia antes da encarnação temporal do Verbo. Ela foi desejada e planejada por Deus desde a eternidade e ninguém jamais se comparou a Ela. Ela foi a imitação perfeita de Cristo, logo, ela foi a descrição humana mais exata da vivência do Evangelho.
Maria foi a luz que guiou os santos de toda a história, o referencial de santidade que sempre existiu, o caminho de salvação atemporal querido por Deus e planejado por Ele por todos os séculos dos séculos. Todos os santos da história, de uma forma ou de outra, foram doutores em imitar a Santíssima Virgem.
Não há virtude que não exista em Maria em grau máximo. Ao entregar, tal qual Cristo, seu espírito ao Pai na Cruz, ao contemplar seu Filho imolado, ela foi a maior mártir da História. Ao aceitar ser escrava de Deus e fazer em tudo a vontade dele, Ela foi a doutora da humildade. Ao dar a luz a Cristo, Ela foi a maior evangelista e a maior profetisa que já existiu. Se aqueles que disseram algumas palavras acerca da Antiga Lei, ainda imperfeita, mesmo assim foram chamados profetas, que dizer então daquela que muito mais que dizer, gerou a Lei Perfeita, o Evangelho Vivo, Cristo Jesus em seu ventre? Não houve pregação mais eficiente que a pregação de Maria, muito embora quase não se encontrem palavras ditas por Ela no Evangelho. Ao ser entregue por Cristo como Mãe de João, Ela é, pois, Mãe de toda a Igreja e Mãe espiritual de todos os fiéis.
Evangelizou, embora não tenha dito quase nada. Não o disse, de fato, porque se tivesse dito teria sido idolatrada pelos judeus, um povo ritualista que não tinha contemplado Deus face a face. O silêncio de Maria foi importante para que Cristo aparecesse e fosse reconhecido como Deus de Deus, Luz da Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro. Maria aniquilou-se para Cristo aparecer e também nós precisamos fazer isso. Entretanto, esse caminho de salvação se revelou a nós como uma Misericórdia de Deus para que pudéssemos através d'Ela elevar a Ele nosso espírito e para podermos, um dia, merecer o paraíso.

O Segredo de Maria (Monsenhor Jonas Abib e Luzia Santiago)

Trabalhe e reze. Fique em silêncio, reze, ame e reze. Escute e reze.
Não discuta, não queira ter razão: cale-se.
Não julgue, não condene: ame.
Não olhe, não queira saber: abandone-se.
Não arrazoe, não entre na profundidade dos problemas: creia.
Não se agite, não procure fazer: reze.
Não se inquiete, não se preocupe: tenha fé.
Quando você fala, Deus se cala e você diz coisas equivocadas.
Quando você discute, Deus é esquecido e você peca.
Quando você argumenta, Deus é humilhado e você pensa em coisas vãs.
Quando você se apura, Deus é distanciado e você tropeça e cai.
Quando você se agita, Deus é lançado fora e você fica na obscuridade.
Quando você julga o irmão, Deus é crucificado e você se julga a si mesmo.
Quando você condena o irmão, Deus morre e você condena a si mesmo.
Quando desobedece, Deus fica distante e você morre.