Do verdadeiro espírito de fé e união com Maria
Por: Eduardo Moreira
O
homem que comunga entra em comunhão com Cristo, come e bebe sua
salvação através da Divina Eucaristia. O homem que reza o Rosário,
por sua vez, entra em espírito de fé e união com Maria de forma
perfeita. Entretanto, no Rosário meditamos toda a vida de Cristo de
forma tal que há uma estreita relação entre ele e a Divina
Eucaristia.
Apesar
das Ave-Marias em maior número, o Rosário é uma oração
Cristocêntrica. Não se afasta de Cristo que o reza com fé, pelo
contrário, se aproxima d'Ele de forma perfeita. Ninguém, pois, pode
se aproximar de Cristo perfeitamente se não for em espírito de fé
e união com Maria.
Quem
comunga recebe a Cristo em seu coração, é verdade, mas para essa
recepção ser efetiva é necessário a reza do Santo Rosário. Quem
comunga e reza o Rosário, mais que se unir com Cristo, se une a Ele
de forma tão perfeita que se torna confundível com Ele. A união de
quem reza o Rosário com Cristo através da Eucaristia é mais
perfeita porque a alma que reza o Santo Rosário se apresenta
humildemente à Virgem Santíssima que a apresenta a Jesus. Da mesma
forma que há uma união perfeita entre Maria e Jesus, quem se une à
Santíssima Virgem pelo Santo Rosário se une a Cristo com laços
estreitíssimos através de tão piedosa Mãe.
Aqueles
que procuram outra via se perdem, se dispersam, porque não conhecem
os caminhos que conhece a Santa Mãe de Deus. Aqueles que procuram a
Cristo sem passar por Maria não O encontram. Mesmo que se esforcem,
sozinhos jamais poderão encontrá-lo. Deus está em caminhos
inacessíveis ao homem, em caminhos que só Maria dentre todos os
homens conhece. Só se alcança a Deus de forma perfeita passando
pelos mesmos caminhos de santidade pelos quais passou a Santíssima
Virgem e se alguém os atinge, mesmo que não saiba, é porque Ela os
apresentou.
Faz
muito bem à própria alma aquele que, ao receber a Eucaristia, pede
para que Nossa Senhora receba Jesus por nós. Em nossa
espiritualidade torpe não podemos receber o Cristo de forma
perfeita. Convém, pois, consagrarmos esse tão sublime momento à
Santa Mãe de Deus, que bem conhece seu Filho e sabe perfeitamente
como elevar nossas súplicas a Ele. Nesse exato momento, as maiores
Graças se derramam sobre a alma. Cristo se deixa conhecer através
de sua Santíssima Mãe que o apresenta à alma que o recebe.
É
essa a comunhão perfeita, aquela feita em espírito de fé e união
com Maria, a que nos une perfeitamente a Deus através da Divina
Eucaristia e do Amor da Virgem. Maria sabe como apresentar o que
temos de melhor a Cristo e devemos permitir que Ela o faça. Ela quer
nos apresentar a Cristo, mas precisamos entregar nossas almas a Ela.
Assim, Maria reveste nossas porcas virtudes com sua santidade e
eleva-as ao Pai de forma perfeita através do Pão dos Anjos, a
Divina Eucaristia. Tanto mais nos deixamos consumir por esse espírito
de fé e união com Maria, mais nos entregamos ao próprio Cristo,
mais Graças alcançamos e mais ficamos próximos da Salvação.
Pobres
almas aquelas que, não sabendo ou tendo orgulho, não procuram a via
de santidade que é Maria. Pobres daqueles que confiam nas porcas
misérias e nos deficientes méritos para tentar penetrar o
Insondável e Incompreensível. Perdem-se no caminho de sua soberba,
confundem-se, dividem-se em seu orgulho e espalham sua confusão.
Muito
mais agradável a Deus são aquelas almas que se unem a Maria para
que Ela tome conta de suas misérias e de seus méritos. Muito mais
graciosa é a oração do humilde, aquela que é ouvida por Deus, que
faz tremer a Céus e Terras e converte todo o mundo em união com a
Santíssima Virgem.
Engana-se
aquele que se acha forte o bastante para ser dono das próprias
virtudes ou sábio o bastante para cultivá-las. Tão logo o
insensato se declara santo, já vem sorrateiramente o inimigo e lhe
subtrai tudo o que pensa que tem através da mesma soberba que o
pecador usa para se declarar semelhante a Deus. Aliás, uma relação
muito estreita entre a alma soberba e Lúcifer: ambos querem ser
iguais a Deus, mas jamais conseguirão.
Devemos,
ao invés disso, consagrar todas as nossas virtudes e feitos a aquela
que esmagou a cabeça da serpente para que Ela sim faça em nós a
Vontade de Deus e tome conta de nossos ralos méritos. Sou todo
vosso, minha Rainha e minha Mãe e tudo quanto tenho vos pertence,
diz a alma contrita do humilde.
Há
quem objete pensando que, se se unir perfeitamente com a Virgem Mãe
dispondo de tudo o que tem, nada lhe sobrará para apresentar a Deus.
Esse pensamento é insensato e é bem similar ao operário que
enterrou os próprios talentos. Primeiramente, não temos via segura
alguma de guardar nossos tesouros espirituais. Se os enterrarmos, tão
logo o fazemos e a ferrugem os corrói. Se os mostramos, a soberba
no-los tira. A escolha mais sábia é entregá-los à Santíssima
Virgem que os apresentará a Deus para que sejam usados da melhor
forma que existir. Não devemos, pois, pensar que ao entregarmos tudo
a Ela ficaremos sem nada porque Maria nunca deixaria faltar nada a
quem lhe ama a ponto de se entregar completamente.
Se
quisermos ser perfeitos, devemos permitir que Maria venha habitar em
nós. Devemos nos unir a Ela com um espírito contrito e devemos
implorar para que Ela nos molde em seus caminhos para que um dia
gozemos da Pátria Celeste.
Quão
grande mistério descoberto por São Luís Maria de Montfort: quanto
mais doamos, mais ricos nos tornamos. Quanto mais nos humilhamos,
mais se exalta nosso espírito rumo ao Pai. Tanto mais pequenos nos
tornamos na Terra, maiores seremos no Reino dos Céus. Pequenas almas
rumo ao Céu, plenamente entregues à Misericórdia Divina pelas Mãos
Imaculadas da Santíssima Virgem, assim são aqueles que se lançam
nesse mar de Graça e Misericórdia.
Oração
para a Comunhão
Maria
Santíssima, recebei por mim agora seu Divino Filho, Nosso Senhor
Jesus Cristo, porque por minhas faltas e pecados não mereço ser
ouvido, não mereço recebê-lo, não mereço sequer me aproximar de
tão grande mistério.
Virgem
Santíssima, Mãe da Divina Graça, concedei-me a conversão de meu
coração pobre e pecador a fim de que melhor me aproxime de Deus.
Tomai
conta de minha alma, minha dulcíssima Mãe, e fazei-me como vós, um
espelho vivo de Cristo, de quem tu és fiel imitadora.
Mãe
de Misericórdia, peço-vos que me gereis no íntimo de vosso ventre,
a primeira morada de Cristo, o pão dos anjos, e tornai-me semelhante
a Ele que é todo Misericórdia.
Mãe
de Deus, apresentai-me a Deus em adoração perfeita. Não permitais
jamais que d'Ele me separe e nem que me afaste d'Aquele que me deu a
vida e a oportunidade de tornar-me santo.
Mãe
de Graça, que por vossa intercessão eu mereça um dia a vida eterna
em espírito de fé e união convosco e com Cristo, meu amado
Salvador.
Amém.