sexta-feira, 21 de junho de 2013

A Imitação de Maria: Parte VIII


Do verdadeiro espírito de fé e união com Maria

Por: Eduardo Moreira

O homem que comunga entra em comunhão com Cristo, come e bebe sua salvação através da Divina Eucaristia. O homem que reza o Rosário, por sua vez, entra em espírito de fé e união com Maria de forma perfeita. Entretanto, no Rosário meditamos toda a vida de Cristo de forma tal que há uma estreita relação entre ele e a Divina Eucaristia.
Apesar das Ave-Marias em maior número, o Rosário é uma oração Cristocêntrica. Não se afasta de Cristo que o reza com fé, pelo contrário, se aproxima d'Ele de forma perfeita. Ninguém, pois, pode se aproximar de Cristo perfeitamente se não for em espírito de fé e união com Maria.
Quem comunga recebe a Cristo em seu coração, é verdade, mas para essa recepção ser efetiva é necessário a reza do Santo Rosário. Quem comunga e reza o Rosário, mais que se unir com Cristo, se une a Ele de forma tão perfeita que se torna confundível com Ele. A união de quem reza o Rosário com Cristo através da Eucaristia é mais perfeita porque a alma que reza o Santo Rosário se apresenta humildemente à Virgem Santíssima que a apresenta a Jesus. Da mesma forma que há uma união perfeita entre Maria e Jesus, quem se une à Santíssima Virgem pelo Santo Rosário se une a Cristo com laços estreitíssimos através de tão piedosa Mãe.
Aqueles que procuram outra via se perdem, se dispersam, porque não conhecem os caminhos que conhece a Santa Mãe de Deus. Aqueles que procuram a Cristo sem passar por Maria não O encontram. Mesmo que se esforcem, sozinhos jamais poderão encontrá-lo. Deus está em caminhos inacessíveis ao homem, em caminhos que só Maria dentre todos os homens conhece. Só se alcança a Deus de forma perfeita passando pelos mesmos caminhos de santidade pelos quais passou a Santíssima Virgem e se alguém os atinge, mesmo que não saiba, é porque Ela os apresentou.
Faz muito bem à própria alma aquele que, ao receber a Eucaristia, pede para que Nossa Senhora receba Jesus por nós. Em nossa espiritualidade torpe não podemos receber o Cristo de forma perfeita. Convém, pois, consagrarmos esse tão sublime momento à Santa Mãe de Deus, que bem conhece seu Filho e sabe perfeitamente como elevar nossas súplicas a Ele. Nesse exato momento, as maiores Graças se derramam sobre a alma. Cristo se deixa conhecer através de sua Santíssima Mãe que o apresenta à alma que o recebe.
É essa a comunhão perfeita, aquela feita em espírito de fé e união com Maria, a que nos une perfeitamente a Deus através da Divina Eucaristia e do Amor da Virgem. Maria sabe como apresentar o que temos de melhor a Cristo e devemos permitir que Ela o faça. Ela quer nos apresentar a Cristo, mas precisamos entregar nossas almas a Ela. Assim, Maria reveste nossas porcas virtudes com sua santidade e eleva-as ao Pai de forma perfeita através do Pão dos Anjos, a Divina Eucaristia. Tanto mais nos deixamos consumir por esse espírito de fé e união com Maria, mais nos entregamos ao próprio Cristo, mais Graças alcançamos e mais ficamos próximos da Salvação.
Pobres almas aquelas que, não sabendo ou tendo orgulho, não procuram a via de santidade que é Maria. Pobres daqueles que confiam nas porcas misérias e nos deficientes méritos para tentar penetrar o Insondável e Incompreensível. Perdem-se no caminho de sua soberba, confundem-se, dividem-se em seu orgulho e espalham sua confusão.
Muito mais agradável a Deus são aquelas almas que se unem a Maria para que Ela tome conta de suas misérias e de seus méritos. Muito mais graciosa é a oração do humilde, aquela que é ouvida por Deus, que faz tremer a Céus e Terras e converte todo o mundo em união com a Santíssima Virgem.
Engana-se aquele que se acha forte o bastante para ser dono das próprias virtudes ou sábio o bastante para cultivá-las. Tão logo o insensato se declara santo, já vem sorrateiramente o inimigo e lhe subtrai tudo o que pensa que tem através da mesma soberba que o pecador usa para se declarar semelhante a Deus. Aliás, uma relação muito estreita entre a alma soberba e Lúcifer: ambos querem ser iguais a Deus, mas jamais conseguirão.
Devemos, ao invés disso, consagrar todas as nossas virtudes e feitos a aquela que esmagou a cabeça da serpente para que Ela sim faça em nós a Vontade de Deus e tome conta de nossos ralos méritos. Sou todo vosso, minha Rainha e minha Mãe e tudo quanto tenho vos pertence, diz a alma contrita do humilde.
Há quem objete pensando que, se se unir perfeitamente com a Virgem Mãe dispondo de tudo o que tem, nada lhe sobrará para apresentar a Deus. Esse pensamento é insensato e é bem similar ao operário que enterrou os próprios talentos. Primeiramente, não temos via segura alguma de guardar nossos tesouros espirituais. Se os enterrarmos, tão logo o fazemos e a ferrugem os corrói. Se os mostramos, a soberba no-los tira. A escolha mais sábia é entregá-los à Santíssima Virgem que os apresentará a Deus para que sejam usados da melhor forma que existir. Não devemos, pois, pensar que ao entregarmos tudo a Ela ficaremos sem nada porque Maria nunca deixaria faltar nada a quem lhe ama a ponto de se entregar completamente.
Se quisermos ser perfeitos, devemos permitir que Maria venha habitar em nós. Devemos nos unir a Ela com um espírito contrito e devemos implorar para que Ela nos molde em seus caminhos para que um dia gozemos da Pátria Celeste.
Quão grande mistério descoberto por São Luís Maria de Montfort: quanto mais doamos, mais ricos nos tornamos. Quanto mais nos humilhamos, mais se exalta nosso espírito rumo ao Pai. Tanto mais pequenos nos tornamos na Terra, maiores seremos no Reino dos Céus. Pequenas almas rumo ao Céu, plenamente entregues à Misericórdia Divina pelas Mãos Imaculadas da Santíssima Virgem, assim são aqueles que se lançam nesse mar de Graça e Misericórdia.


Oração para a Comunhão
Maria Santíssima, recebei por mim agora seu Divino Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, porque por minhas faltas e pecados não mereço ser ouvido, não mereço recebê-lo, não mereço sequer me aproximar de tão grande mistério.
Virgem Santíssima, Mãe da Divina Graça, concedei-me a conversão de meu coração pobre e pecador a fim de que melhor me aproxime de Deus.
Tomai conta de minha alma, minha dulcíssima Mãe, e fazei-me como vós, um espelho vivo de Cristo, de quem tu és fiel imitadora.
Mãe de Misericórdia, peço-vos que me gereis no íntimo de vosso ventre, a primeira morada de Cristo, o pão dos anjos, e tornai-me semelhante a Ele que é todo Misericórdia.
Mãe de Deus, apresentai-me a Deus em adoração perfeita. Não permitais jamais que d'Ele me separe e nem que me afaste d'Aquele que me deu a vida e a oportunidade de tornar-me santo.
Mãe de Graça, que por vossa intercessão eu mereça um dia a vida eterna em espírito de fé e união convosco e com Cristo, meu amado Salvador.
Amém.