Por: Eduardo Moreira
Quem poderia imaginar que, em meio a tanta humildade, pudesse brotar
a maior Graça já realizada por Deus? Um casal simples, um
artesão-carpinteiro e uma mulher que, naquele tempo, era gênero sem
expressão na sociedade. Os dois receberam em sua mais profunda
“indigência” e humildade a mais importante missão que Deus pôde
dar aos mortais: gerar, criar e educar o Homem-Deus.
Para nós é difícil, pelas condições de vida atuais, imaginarmos
quanto sofrimento enfrentou pacientemente a Sagrada Família, mas,
sem dúvida alguma, sem se desesperarem porque tinham por Pai o
Altíssimo. Sequer podemos imaginar como é para uma família com uma
criança recém-nascida, vagar pelo deserto a fim de encontrar uma
morada segura para seu filho perante a perseguição de um tirano
cruel. Assim era o casal de Nazaré, São José e Nossa Senhora.
Seria completamente errôneo afirmar que São José e Nossa Senhora
eram indigentes. Talvez o fossem aos olhos do mundo, como o são as
pessoas que passam desapercebidas por não terem conseguido alguma
importância para a sociedade, mas aos olhos de Deus nunca houve e
nem jamais haverá família mais querida e mais importante.
Entretanto, mesmo tendo eles ciência disso jamais quiseram se impor
com glórias à sociedade, pelo contrário, passaram por esse mundo
despercebidos pela maioria da população mundial. Todas as grandes
histórias dessas duas grandes pessoas ficaram conhecidas apenas como
memórias póstumas, sendo que em vida não receberam mérito algum.
Seria, pois, errôneo atribuir indigência a Nossa Senhora e a São
José. Não podemos também falar em “pobre gruta de Belém”. Não
houve e nem jamais haverá castelo tão precioso quanto aquele. Não
haverá jamais lugar tão santo e tão rico. Não se trata de pobre
gruta, mas de riquíssimo castelo onde nasceu o Homem-Deus. É pobre
essa gruta em riquezas materiais, as mais pobres dentre as riquezas,
entretanto, lá ocorreu o milagre mais perfeito: o nascimento de
Cristo. É intrigante pensar como o mais nobre dos reis escolheu
nascer no mais simples dos palácios, mas as coisas de Deus não são
como as nossas. Nós vemos a aparência, Deus vê o coração.
Em meio a todo aquele cenário de dor e, para alguns, de desespero,
Nossa Senhora e São José foram espelhos de Deus. Deus consegue
tirar das coisas ruins coisas boas. Nossa Senhora e São José
transformaram todo esse sofrimento no episódio mais belo de todas as
crônicas dos reis da Terra: o nascimento do Deus-Rei.
Essa é só mais uma prova de que imitando a Maria, imitamos o
Altíssimo. Tal qual Ele, Nossa Senhora conseguiu transformar um mal,
a pobreza material, em um grande bem: o nascimento do mais rico Rei
que já existiu. Eram reis, mas viveram como escravos. Tinham tudo
para serem orgulhosos, mas foram humildes todo o tempo.
Pobreza das pobrezas, onde se gerou o Rei dos Reis! Quantas vezes
nós, pecadores como somos, reivindicamos riquezas do mundo? Quantas
vezes queremos ser coroados de ouro onde Cristo foi coroado de
espinhos? Se nem Maria teve lugar para dar à luz o Salvador, nem os
cristãos podem ter muitas exigências com um apego exacerbado às
coisas materiais.
A verdadeira riqueza é a que trazemos dentro de nós, a que faz
brotar a fé, a esperança e a caridade, virtudes que a Santíssima
Virgem conheceu de perto e tão bem que se tornou sua mais fiel
praticante. Não descansa a alma do avarento, nem do soberbo, nem do
orgulhoso e nem do ambicioso. Inquieta está a alma que não procura
imitar as virtudes da Santíssima Virgem e não achará paz enquanto
não descobrir essa fôrma e caminho de santidade.
Apenas a santidade traz paz de espírito. Apenas a virtude satisfaz a
vontade do homem. Muitos correm atrás das riquezas do mundo
esperando encontrar nelas alívio para seus sofrimentos. Enganam-se e
perdem-se esses. Maria não teve nem onde dar à luz Jesus e não
houve mulher com maior paz e nem com maior felicidade que Ela. Sua
paz e sua felicidade repousavam em Deus, não nas riquezas da Terra,
riquezas que ela não tinha.
Maria transformou suas dores e sofrimentos em uma maneira
perfeitíssima de agradar a Deus. Tanto mais se mortificava Ela, mais
Graças alcançava aos olhos do Altíssimo. Maria sabia de sua
importância na Economia da Salvação. Em cada tarefa doméstica, em
cada sofrimento, no alto da Cruz ao ver seu Divino Filho morrer
inocente, Maria entregava a Deus seus sofrimentos e certamente com
alegria por estar salvando as almas de muitos pecadores.
Sua dor de Mãe ao ver seu Filho morto transformou-se em alegria ao
contemplar quantas almas salvou no ato de entregar tão grande
sofrimento a Deus para que Ele usasse essa pena duríssima a fim
salvar os homens pecadores. Tal qual Cristo, Maria, Imaculada e sem
pecado, sofreu como os pecadores para que esses pudessem se salvar.
Na pobreza de Nazaré Maria deu ao mundo a maior riqueza: Jesus
Cristo, o Deus vivo e encarnado. No ato de ódio do mundo pelo
homem-Deus, Maria deu a esse o maior amor que poderia existir: a
Salvação. Maria nos ensinou, tal como Cristo, como tratar o ódio:
devemos sufocá-lo com o Amor Divino. Maria está a ensinar ainda
hoje a todos os cristãos que devemos transformar as coisas ruins em
coisas boas.
Ave Maria
Ave Maria, Cheia de Graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós
entre as mulheres e bendito é o Fruto do teu ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na
hora de nossa morte.
Amém