domingo, 23 de junho de 2013

A Imitação de Maria: Parte IX

Da capacidade de transformar coisas ruins em boas

Por: Eduardo Moreira

Quem poderia imaginar que, em meio a tanta humildade, pudesse brotar a maior Graça já realizada por Deus? Um casal simples, um artesão-carpinteiro e uma mulher que, naquele tempo, era gênero sem expressão na sociedade. Os dois receberam em sua mais profunda “indigência” e humildade a mais importante missão que Deus pôde dar aos mortais: gerar, criar e educar o Homem-Deus.
Para nós é difícil, pelas condições de vida atuais, imaginarmos quanto sofrimento enfrentou pacientemente a Sagrada Família, mas, sem dúvida alguma, sem se desesperarem porque tinham por Pai o Altíssimo. Sequer podemos imaginar como é para uma família com uma criança recém-nascida, vagar pelo deserto a fim de encontrar uma morada segura para seu filho perante a perseguição de um tirano cruel. Assim era o casal de Nazaré, São José e Nossa Senhora.
Seria completamente errôneo afirmar que São José e Nossa Senhora eram indigentes. Talvez o fossem aos olhos do mundo, como o são as pessoas que passam desapercebidas por não terem conseguido alguma importância para a sociedade, mas aos olhos de Deus nunca houve e nem jamais haverá família mais querida e mais importante. Entretanto, mesmo tendo eles ciência disso jamais quiseram se impor com glórias à sociedade, pelo contrário, passaram por esse mundo despercebidos pela maioria da população mundial. Todas as grandes histórias dessas duas grandes pessoas ficaram conhecidas apenas como memórias póstumas, sendo que em vida não receberam mérito algum.
Seria, pois, errôneo atribuir indigência a Nossa Senhora e a São José. Não podemos também falar em “pobre gruta de Belém”. Não houve e nem jamais haverá castelo tão precioso quanto aquele. Não haverá jamais lugar tão santo e tão rico. Não se trata de pobre gruta, mas de riquíssimo castelo onde nasceu o Homem-Deus. É pobre essa gruta em riquezas materiais, as mais pobres dentre as riquezas, entretanto, lá ocorreu o milagre mais perfeito: o nascimento de Cristo. É intrigante pensar como o mais nobre dos reis escolheu nascer no mais simples dos palácios, mas as coisas de Deus não são como as nossas. Nós vemos a aparência, Deus vê o coração.
Em meio a todo aquele cenário de dor e, para alguns, de desespero, Nossa Senhora e São José foram espelhos de Deus. Deus consegue tirar das coisas ruins coisas boas. Nossa Senhora e São José transformaram todo esse sofrimento no episódio mais belo de todas as crônicas dos reis da Terra: o nascimento do Deus-Rei.
Essa é só mais uma prova de que imitando a Maria, imitamos o Altíssimo. Tal qual Ele, Nossa Senhora conseguiu transformar um mal, a pobreza material, em um grande bem: o nascimento do mais rico Rei que já existiu. Eram reis, mas viveram como escravos. Tinham tudo para serem orgulhosos, mas foram humildes todo o tempo.
Pobreza das pobrezas, onde se gerou o Rei dos Reis! Quantas vezes nós, pecadores como somos, reivindicamos riquezas do mundo? Quantas vezes queremos ser coroados de ouro onde Cristo foi coroado de espinhos? Se nem Maria teve lugar para dar à luz o Salvador, nem os cristãos podem ter muitas exigências com um apego exacerbado às coisas materiais.
A verdadeira riqueza é a que trazemos dentro de nós, a que faz brotar a fé, a esperança e a caridade, virtudes que a Santíssima Virgem conheceu de perto e tão bem que se tornou sua mais fiel praticante. Não descansa a alma do avarento, nem do soberbo, nem do orgulhoso e nem do ambicioso. Inquieta está a alma que não procura imitar as virtudes da Santíssima Virgem e não achará paz enquanto não descobrir essa fôrma e caminho de santidade.
Apenas a santidade traz paz de espírito. Apenas a virtude satisfaz a vontade do homem. Muitos correm atrás das riquezas do mundo esperando encontrar nelas alívio para seus sofrimentos. Enganam-se e perdem-se esses. Maria não teve nem onde dar à luz Jesus e não houve mulher com maior paz e nem com maior felicidade que Ela. Sua paz e sua felicidade repousavam em Deus, não nas riquezas da Terra, riquezas que ela não tinha.
Maria transformou suas dores e sofrimentos em uma maneira perfeitíssima de agradar a Deus. Tanto mais se mortificava Ela, mais Graças alcançava aos olhos do Altíssimo. Maria sabia de sua importância na Economia da Salvação. Em cada tarefa doméstica, em cada sofrimento, no alto da Cruz ao ver seu Divino Filho morrer inocente, Maria entregava a Deus seus sofrimentos e certamente com alegria por estar salvando as almas de muitos pecadores.
Sua dor de Mãe ao ver seu Filho morto transformou-se em alegria ao contemplar quantas almas salvou no ato de entregar tão grande sofrimento a Deus para que Ele usasse essa pena duríssima a fim salvar os homens pecadores. Tal qual Cristo, Maria, Imaculada e sem pecado, sofreu como os pecadores para que esses pudessem se salvar.
Na pobreza de Nazaré Maria deu ao mundo a maior riqueza: Jesus Cristo, o Deus vivo e encarnado. No ato de ódio do mundo pelo homem-Deus, Maria deu a esse o maior amor que poderia existir: a Salvação. Maria nos ensinou, tal como Cristo, como tratar o ódio: devemos sufocá-lo com o Amor Divino. Maria está a ensinar ainda hoje a todos os cristãos que devemos transformar as coisas ruins em coisas boas.

Ave Maria

Ave Maria, Cheia de Graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o Fruto do teu ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte.
Amém