quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A Imitação de Maria - Parte IV



Por: Eduardo Moreira

Imitação da paciência e confiança

Suportemos as tribulações tal como suportou Maria Santíssima que jamais se queixou de sua sorte e que sempre confiou nos cuidados de Deus. Mesmo quando tiveram, Maria e José, que fugir para o Egito logo após o parto de Nosso Senhor, Maria não reclamou. Ela confiou na misericórdia do Eterno e partiu sem pensar sequer se haveria como São José sustentar aquele lar em uma terra distante, outrora algoz de Israel. Em nossa pouca fé e em nossa murmuração, qualquer um de nós estaria sujeito a reclamar e a desistir em situação semelhante. Pensaríamos nós, arrogantes e pecadores:

- Se Deus não me deu sequer um lugar digno para ter meu Filho, que também é Filho d'Ele, dar-me-ia Ele ajuda nessa terra estranha?

Mas Maria confiou e orou a Deus que nunca A abandonou. Imaginem a dificuldade de São José e de Nossa Senhora. Percorreram uma grande viagem com um recém-nascido. São José, carpinteiro, transportando suas ferramentas de trabalho e ainda guardando a vida daqueles a quem Deus lhe confiou. Como pai, São José não pôde vacilar. Não seria espantoso se também ele fosse imaculado, tal qual Maria. A Sagrada Família, em sua pobreza e humildade, teve que fugir para uma terra estrangeira, habitada por pagãos, para salvar o Menino-Deus. Que belo exemplo de confiança no Altíssimo!

Imitação da humildade:

Se o orgulho é a raiz de todos os males, a humildade é a raiz de todas as bondades. Como diz São Tomás de Aquino, a humildade é o primeiro degrau para a sabedoria. Não existe bondade onde não há humildade. No coração do orgulhoso só nascem vaidades, buscas mundanas, desejos de glórias passageiras para si. No coração do humilde está plantada a semente de Deus e através dessa semente, ainda que ele não saiba, germinam-se e arraigam todas as virtudes. Apenas uma pessoa humilde é capaz de ser obediente. Os orgulhosos não obedecem, são soberbos demais para admitirem alguma superioridade. Entretanto, a vontade de Deus se manifesta na hierarquia natural. Não há, de fato, poder que não tenha sido dado pelo alto. Assim sendo, um rei quando obedece a um bispo obedece a Deus. Um súdito, ao obedecer um monarca obedece ao Altíssimo e o mesmo súdito, ao ordenar algo a seu filho, dá a ordem do próprio Deus, investido na autoridade que lhe foi dada.
Maria é exemplo perfeitíssimo da obediência. Se n'Ela estivesse a culpa primeira, mediante à saudação do anjo Ela já teria se inchado em seu orgulho e teria dito:

- Se sou cheia de graça, sirva-me!

Mas não, de Maria isso não poderia ter vindo. Ao contrário, Maria disse: "eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim a Tua vontade". Maria, exemplo de humildade perfeitíssima logo se prontificou à causa do Reino de Deus. De modo algum objetou, porque apenas os orgulhosos objetam. De igual forma, não duvidou da Graça e nem dos Cuidados do Altíssimo. Maria pôs-se a disposição integral: "toma-me Senhor, porque tudo o que tenho pertence a Vós e tudo o que sou um dia regressará a Ti". É precisamente isso que Maria disse quando se autodenominou "escrava". Colocou-se pequena na presença de Deus e por isso mesmo não há nem nunca haverá grandeza maior que a de Maria entre as criaturas, nem mesmo nos anjos. Se Maria se sentava no chão, é porque o mundo inteiro era seu trono. Maria foi uma mulher de quem, real e literalmente, o mundo não foi digno. Tanto isso é verdade que quando partiu, não deixou aqui nem mesmo seu corpo.
Maria não é nada sem Deus de tal forma que tudo o que Ela tem, recebeu d'Ele. Entretanto, como ser humano, era portadora do livre arbítrio e se quisesse poderia ter pecado. Maria não pecou porque não quis, porque quis permanecer Santa. Também Eva foi concebida sem pecado e pecou contra Deus na primeira tentação que teve. Como bem diz São Luís de Montfort, Maria é a lua, Deus é o sol. Ninguém, por mais forte que seja, olha o sol diretamente, porque os raios ofendem a visão. Para a Lua, entretanto, qualquer um pode olhar e ficará maravilhado com a graça. Aqui nesse mundo não podemos olhar diretamente para Deus, porque Ele é Santo demais, Alto demais para o ser humano. Em contrapartida, podemos olhar para Maria, muito embora alguns se ofusquem com sua luz.
Se, pois, buscamos imitar a Santíssima Virgem, não imitamos Outro que não Deus. Não existe forma mais perfeita de imitar a Deus do que através de Maria. Por mais que queiramos, não conseguiremos jamais ser mais santos que Ela. Dessa forma, quando usamos Maria como molde, podemos olhar para a Luz Divina sem machucarmos nossos olhos e, assim sendo, podemos nos converter mais facilmente através dessa boa Mãe.
De outra maneira, se nos recusarmos a usar Maria como filtro da Luz Divina, poderemos cair no erro. A Luz Divina é tão inatingível que nos cegaria, nos faria confusos. Facilmente cairíamos na tentação da idolatria, da heresia, do paganismo. Por isso há tantos erros, tantas confusões fora da Santa Igreja, porque os homens se atreveram a olhar para Deus, a Luz Inatingível, sem usar essa lente que é Nossa Senhora. Maria sabe como chegar a Deus porque Deus concedeu isso a Ela. Ela nos leva a seu Divino Filho, o Caminho para o Pai porque Ela conhece a via de se fazer isso. Devemos, pois implorar a Ela que nos mostre o Caminho que é Jesus para que a Luz de Deus não nos confunda. A forma de se chegar a esse Caminho, é na humildade, na auto-aniquilação, no silêncio e no sim à vontade de Deus. Tudo isso conseguimos imitando as virtudes da Santíssima Virgem.

Sede em meu favor,
Virgem Soberana,
Livrai-me do inimigo
Com vosso valor.

Glória seja ao Pai,
Ao Filho e ao Amor também,
Que é um só Deus,
Em pessoas três,
Agora e sempre e sem fim,
Amém!