Por: Eduardo Moreira
A santidade nas
pequenas coisas e na singeleza cotidiana
Com
muita razão diz a canção: “singela, doce e pura, Maria de José”. Que singeleza
teve a maior rainha que já existiu, que colocaria qualquer outra ao escabelo de
seus pés, mas mesmo assim foi até sua prima para auxiliá-la! Na vida temos
vários reveses e contrariedades. Palavras que nos desagradam, gestos que nos
incomodam, atitudes que nos deixam profundamente irritados.
A
chave para a perfeição não consiste em fugir dessas situações, pois elas nos
dão tolerância. Por causa da baixa tolerância é que o mundo hoje se encontra
tão desunido e tão desumano. Ninguém mais tolera nada. Não se toleram as
mazelas, os reveses e os erros. Basta um deslize, mesmo não-proposital e as
pessoas querem ver o próximo preso e até morto. Que justiça implacável é essa?
É isso que Cristo nos pediu ao ordenar que déssemos a outra face? O conforto se
apossou da alma do ser humano que não quer mais buscar o sofrimento nem para
superar a si mesmo. Até os líderes cristãos pregam a prosperidade nesse vale de
lágrimas, enquanto deveriam estar se lembrando de que seu Deus morreu numa cruz.
Através do sofrimento, Deus nos deu a maior prova de amor que já existiu: o
perdão de nossas culpas.
Quão
tolos são os cotidianos que idolatram os grandes nomes, os maiores homens e
mulheres que a humanidade já conheceu e de quem, certamente, o mundo não foi
digno! A tolice não reside na admiração em si, mas na falta de compreensão.
Certamente se São Francisco de Assis ou se Maria vivessem hoje dariam uma
bofetada na cara de quem diz admirá-los, mas queixa-se continuamente de sua
sorte, evitando os reveses da vida.
Mal
sabem os espíritos mundanos que essas almas nobres eram almas humanas, que em
tudo buscavam a auto superação. Em vão buscam a paz, em vão tentam mudar-se da
noite para o dia e em grandes coisas, como se isso fosse possível. Não é assim
que as coisas ocorrem no universo sensível. O segredo da mudança de vida está
na singeleza, tal qual Maria a viveu.
Maria
viveu num mundo onde a serpente primordial havia se transformado num dragão,
como diz São João no Apocalipse. Viveu em meio à opressão do maior império da
antiguidade, em meio à gente medíocre e hipócrita, tal como nós. Foi
entregando-se a si mesma que venceu o pecado, porque era imaculada, mas
poderia, se quisesse, ter pecado. Maria poderia ter tido uma vida comum, mas
renunciou a isso e numa vida de renúncias se tornou a maior criatura de Deus,
superior até aos anjos.
Em
tudo buscou a perfeição de espírito e a retidão de coração na vida cotidiana.
Santa Teresinha do Menino Jesus, muito inferior a Nossa Senhora, em tudo buscou
a perfeição. Tal qual ela, nós também devemos busca-la. Devemos oferecer nossas
vidas em expiação dos próprios pecados e dos pecados do mundo inteiro. Nisso
consiste a perfeição, na consagração diária, na singeleza e calmaria do
coração.
Como
disse Santo Agostinho, inquieto está nosso coração enquanto não repousa em
Deus. Assim, inquietos estamos, enquanto não vivemos para o alto, sofrendo com
gosto as pequenas decepções para a maior glória de Deus e de Nossa Senhora. Os
beatos Francisco e Jacinta, videntes de Fátima, foram vítimas tão perfeitas que
todos os pequenos sofrimentos e reveses da vida ofereceram pela conversão dos
pecadores.
Tal
qual os grandes santos, como Santa Liduína, devemos também nós oferecer nossas
vidas, os pequenos e grandes sofrimentos, em reparação dos ultrajes,
indiferenças e sacrilégios com os quais o Sagrado Coração de Jesus e o
Imaculado coração de Maria são ofendidos.
Não
devemos evitar as situações de sofrimento. Devemos procurar situações que
naturalmente desagradam, porque elas nos tornam mais pacientes, fortes e
virtuosos. Por isso existe o pedido do jejum e da penitência. Por isso também
existem suplícios nos mosteiros.
As
situações que naturalmente desagradam não devem ser sofridas com desgosto, mas
com fé e alegria. A cada suplício devemos agradecer ao bom Deus por estarmos
tendo a oportunidade de conseguir a conversão dos pobres pecadores, por
estarmos podendo participar da Misericórdia Divina e do Projeto Salvífico do
Eterno.
Maria,
não satisfeita em dar-nos Jesus Cristo, que morreu na cruz por nós, deu-nos
também esse exemplo de virtudes, oferecendo as cruzes, trabalhos e decepções da
vida pela conversão dos homens, sem desespero, mas com alegria. E que exemplo
nos deixou ao contemplar seu Filho chagado e morto na cruz, tão desfigurado que
nem parecia humano, e oferecer essa tremenda dor em reparação dos ultrajes do
mundo. Certamente orou até mesmo pelos algozes de Cristo dizendo, tal como seu
Filho, perdoa-os Pai, pois não sabem o que fazem.
Da
mesma forma, devemos seguir o exemplo de tão boa Mãe. Devemos amar e perdoar
nossos semelhantes, suportar os defeitos uns dos outros e oferecer nossos
sacrifícios, tão miseráveis e pequenos quando comparados aos sacrifícios de
Cristo, em reparação dos pecados do mundo inteiro, sem queixas e sem
murmurações. Encontramos, pois, através da comunhão dos santos, o sufrágio para
as almas atormentadas pelo inimigo. Colaboramos com a salvação das almas que
jazem no Purgatório e, unindo esses sacrifícios aos de Cristo, salvamos muitas
almas que estão desviadas da virtude.
Além
de tudo, tornamo-nos mais fortes, aprendemos a evitar, como Maria, as ocasiões
de pecado e fazemos assim de nosso corpo a verdadeira morada do Espírito Santo,
na qual Ele poderá transbordar, mostrar-nos o Cristo, levar-nos a perfeição.
Com
os sofrimentos cotidianos Maria nos ensina a sermos nada. Maria ensina-nos a
nos aniquilarmos para que Cristo seja tudo em nós. Tal como disse São Paulo,
não seremos mais nós quem vivemos, mas é Cristo quem viverá em nós.
Através
dos reveses, pensaremos duas vezes antes de pecar porque saberemos que agindo
assim ferimos o Coração Sacratíssimo de Jesus, que nos dispensa tanto amor e
tanta misericórdia. Tornamo-nos sensíveis às necessidades do próximo e não
pensaremos, assim, duas vezes antes de virmos em seu socorro.
Por
tudo isso é importante sofrer, mas sofrer com fé, sofrer com alegria porque
saberemos que estaremos fazendo o bem ao próximo. Quantos lares poderiam ter
sido salvos se os esposos tivessem aprendido essa lição de sofrer um pouco, de
tolerar. Não somos perfeitos, não somos ninguém para julgar porque muito é o
que o próximo tem que tolerar em nós também.
Quantas
graças o mundo tem perdido por ter se esquecido do valor do sofrimento. Quantas
guerras poderiam ter sido evitadas, quantos santos poderiam ter surgido. Senhor
Jesus, que pela Intercessão de Maria sejamos, pois, vossos imitadores através
da Imitação da Santíssima Virgem. Que possamos contigo sofrer as amarguras do
Calvário que nos libertaram do pecado e da morte. Que possamos assim
suportarmos uns aos outros a fim de que não se perca uma só alma e para que
possamos conviver todos harmoniosamente um dia no Paraíso para nós preparado.
Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço- Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam (três vezes).
Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores