sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A Imitação de Maria - Parte V

Por: Eduardo Moreira

A santidade nas pequenas coisas e na singeleza cotidiana


Com muita razão diz a canção: “singela, doce e pura, Maria de José”. Que singeleza teve a maior rainha que já existiu, que colocaria qualquer outra ao escabelo de seus pés, mas mesmo assim foi até sua prima para auxiliá-la! Na vida temos vários reveses e contrariedades. Palavras que nos desagradam, gestos que nos incomodam, atitudes que nos deixam profundamente irritados.
A chave para a perfeição não consiste em fugir dessas situações, pois elas nos dão tolerância. Por causa da baixa tolerância é que o mundo hoje se encontra tão desunido e tão desumano. Ninguém mais tolera nada. Não se toleram as mazelas, os reveses e os erros. Basta um deslize, mesmo não-proposital e as pessoas querem ver o próximo preso e até morto. Que justiça implacável é essa? É isso que Cristo nos pediu ao ordenar que déssemos a outra face? O conforto se apossou da alma do ser humano que não quer mais buscar o sofrimento nem para superar a si mesmo. Até os líderes cristãos pregam a prosperidade nesse vale de lágrimas, enquanto deveriam estar se lembrando de que seu Deus morreu numa cruz. Através do sofrimento, Deus nos deu a maior prova de amor que já existiu: o perdão de nossas culpas.
Quão tolos são os cotidianos que idolatram os grandes nomes, os maiores homens e mulheres que a humanidade já conheceu e de quem, certamente, o mundo não foi digno! A tolice não reside na admiração em si, mas na falta de compreensão. Certamente se São Francisco de Assis ou se Maria vivessem hoje dariam uma bofetada na cara de quem diz admirá-los, mas queixa-se continuamente de sua sorte, evitando os reveses da vida.
Mal sabem os espíritos mundanos que essas almas nobres eram almas humanas, que em tudo buscavam a auto superação. Em vão buscam a paz, em vão tentam mudar-se da noite para o dia e em grandes coisas, como se isso fosse possível. Não é assim que as coisas ocorrem no universo sensível. O segredo da mudança de vida está na singeleza, tal qual Maria a viveu.
Maria viveu num mundo onde a serpente primordial havia se transformado num dragão, como diz São João no Apocalipse. Viveu em meio à opressão do maior império da antiguidade, em meio à gente medíocre e hipócrita, tal como nós. Foi entregando-se a si mesma que venceu o pecado, porque era imaculada, mas poderia, se quisesse, ter pecado. Maria poderia ter tido uma vida comum, mas renunciou a isso e numa vida de renúncias se tornou a maior criatura de Deus, superior até aos anjos.
Em tudo buscou a perfeição de espírito e a retidão de coração na vida cotidiana. Santa Teresinha do Menino Jesus, muito inferior a Nossa Senhora, em tudo buscou a perfeição. Tal qual ela, nós também devemos busca-la. Devemos oferecer nossas vidas em expiação dos próprios pecados e dos pecados do mundo inteiro. Nisso consiste a perfeição, na consagração diária, na singeleza e calmaria do coração.
Como disse Santo Agostinho, inquieto está nosso coração enquanto não repousa em Deus. Assim, inquietos estamos, enquanto não vivemos para o alto, sofrendo com gosto as pequenas decepções para a maior glória de Deus e de Nossa Senhora. Os beatos Francisco e Jacinta, videntes de Fátima, foram vítimas tão perfeitas que todos os pequenos sofrimentos e reveses da vida ofereceram pela conversão dos pecadores.
Tal qual os grandes santos, como Santa Liduína, devemos também nós oferecer nossas vidas, os pequenos e grandes sofrimentos, em reparação dos ultrajes, indiferenças e sacrilégios com os quais o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado coração de Maria são ofendidos.
Não devemos evitar as situações de sofrimento. Devemos procurar situações que naturalmente desagradam, porque elas nos tornam mais pacientes, fortes e virtuosos. Por isso existe o pedido do jejum e da penitência. Por isso também existem suplícios nos mosteiros.
As situações que naturalmente desagradam não devem ser sofridas com desgosto, mas com fé e alegria. A cada suplício devemos agradecer ao bom Deus por estarmos tendo a oportunidade de conseguir a conversão dos pobres pecadores, por estarmos podendo participar da Misericórdia Divina e do Projeto Salvífico do Eterno.
Maria, não satisfeita em dar-nos Jesus Cristo, que morreu na cruz por nós, deu-nos também esse exemplo de virtudes, oferecendo as cruzes, trabalhos e decepções da vida pela conversão dos homens, sem desespero, mas com alegria. E que exemplo nos deixou ao contemplar seu Filho chagado e morto na cruz, tão desfigurado que nem parecia humano, e oferecer essa tremenda dor em reparação dos ultrajes do mundo. Certamente orou até mesmo pelos algozes de Cristo dizendo, tal como seu Filho, perdoa-os Pai, pois não sabem o que fazem.
Da mesma forma, devemos seguir o exemplo de tão boa Mãe. Devemos amar e perdoar nossos semelhantes, suportar os defeitos uns dos outros e oferecer nossos sacrifícios, tão miseráveis e pequenos quando comparados aos sacrifícios de Cristo, em reparação dos pecados do mundo inteiro, sem queixas e sem murmurações. Encontramos, pois, através da comunhão dos santos, o sufrágio para as almas atormentadas pelo inimigo. Colaboramos com a salvação das almas que jazem no Purgatório e, unindo esses sacrifícios aos de Cristo, salvamos muitas almas que estão desviadas da virtude.
Além de tudo, tornamo-nos mais fortes, aprendemos a evitar, como Maria, as ocasiões de pecado e fazemos assim de nosso corpo a verdadeira morada do Espírito Santo, na qual Ele poderá transbordar, mostrar-nos o Cristo, levar-nos a perfeição.
Com os sofrimentos cotidianos Maria nos ensina a sermos nada. Maria ensina-nos a nos aniquilarmos para que Cristo seja tudo em nós. Tal como disse São Paulo, não seremos mais nós quem vivemos, mas é Cristo quem viverá em nós.
Através dos reveses, pensaremos duas vezes antes de pecar porque saberemos que agindo assim ferimos o Coração Sacratíssimo de Jesus, que nos dispensa tanto amor e tanta misericórdia. Tornamo-nos sensíveis às necessidades do próximo e não pensaremos, assim, duas vezes antes de virmos em seu socorro.
Por tudo isso é importante sofrer, mas sofrer com fé, sofrer com alegria porque saberemos que estaremos fazendo o bem ao próximo. Quantos lares poderiam ter sido salvos se os esposos tivessem aprendido essa lição de sofrer um pouco, de tolerar. Não somos perfeitos, não somos ninguém para julgar porque muito é o que o próximo tem que tolerar em nós também.
Quantas graças o mundo tem perdido por ter se esquecido do valor do sofrimento. Quantas guerras poderiam ter sido evitadas, quantos santos poderiam ter surgido. Senhor Jesus, que pela Intercessão de Maria sejamos, pois, vossos imitadores através da Imitação da Santíssima Virgem. Que possamos contigo sofrer as amarguras do Calvário que nos libertaram do pecado e da morte. Que possamos assim suportarmos uns aos outros a fim de que não se perca uma só alma e para que possamos conviver todos harmoniosamente um dia no Paraíso para nós preparado.

Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço- Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam (três vezes).

Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores