domingo, 24 de fevereiro de 2013

Conhecimento, Verdade e Salvação

O homem que se salva em Deus
Todo homem quer ser feliz. Essa é uma afirmação inegável. Ninguém deseja a própria tristeza ou infelicidade. Muitos concordarão que o homem seria feliz se ele pudesse saber o sentido da sua própria vida. Quando nos colocamos a pensar e descobrimos que nós existimos nesta terra por algum motivo e que, assim, a nossa própria vida tem sentido, percebemos também que temos uma missão individual a cumprir. E que o significado dessa missão está além dos resultados conquistados no dia a dia. Antes, as nossas conquistas são ainda meios de conhecermos o por quê das atividades cotidianas.

Somos seres inteligentes. Faz parte da nossa missão utilizar essa inteligência para também cumprir essa missão. Quanto mais conhecermos, mais saberemos o que devemos fazer nesta terra para atingirmos a felicidade. Porém, inevitavelmente falharemos se não tivermos um objetivo claro e simples. E ainda se o que conhecermos ao longo do caminho for falso.

O objetivo mais claro e simples é Deus. O que parece complicado, no entanto, é saber qual deus deve ser escolhido. Mais complicado será, em seguida, conhecê-lo (At 17, 23) ou um método para isso. Não raras vezes, o deus escolhido pelo homem é o próprio homem. Ainda que o homem não preste culto a si mesmo, como acontece nas religiões, o homem se põe como fim da própria vida. Religioso ou não, esse homem pode não ter em conta a escolha que fez. Mas, ele vive assim.

O homem que se coloca como objetivo procura, então, conhecer-se. Admitindo que cada pessoa é diferente e tem sua própria missão, o homem também aceita a pluralidade de conhecimentos. O que é certo para um pode ser errado para outro. E para o homem-deus, isto não é problema, pois o que importa é conhecer para conhecer-se.

Nós, cristãos, colocamos o Deus Uno e Trino como objetivo de nossas vidas. Embora falhemos vez ou outra, Ele ainda é nossa meta final. Para atingir essa meta, ainda nos utilizamos desse mesmo Deus (Jo 14, 6), admtindo que Ele é caminho seguro. O conhecimento acompanhado da verdade traz a salvação ao homem. Para o homem-deus, o conhecimento é a salvação. Porque o homem-deus não tem o conhecimento em si mesmo, ele não se coloca como meio. Ele busca o conhecimento fora de si e se enche dele, planejando a sua felicidade que nunca chegará. O homem pode até cumprir a sua missão individual, mas não terá felicidade porque nunca se saciará com o conhecimento que possui.

Essa atitude gnóstica tem aparecido de muitos modos na atualidade. Em alguns casos, o homem deposita a sua confiança no conhecimento científico. A ciência e o conhecimento trariam a felicidade ao homem que vive infeliz neste mundo. O homem não é um pecador, mas um ignorante. Em nosso país, vejo que nos surpreendemos mais com a quantia desviada por um político do que com o ato imoral praticado. A falta do conhecimento é mais criminosa que a falta de verdade moral. Seguindo o mesmo contexto, ficamos mais espantados com a falta de conhecimento do nosso próximo em como escolher seus governantes do que com o regime e o sistema político que dão ao homem essa mesma liberdade de escolha. Em outros casos, o homem-deus coloca a sua fé em seu sucesso pessoal: ser diretor em uma multinacional, ser reitor de uma universidade, ser bispo. Há novas virtudes teologais: a fé e a esperança são o conhecimento; o amor é a inteligência, ou melhor, o conhecimento próprio atual.

Uma vez que o conhecimento é limitado e as capacidades do homem para alcançar esse conhecimento são ainda mais limitadas, não pode existir um caminho seguro para a felicidade. E se esse caminho não existir, a felicidade jamais poderá ser alcançada e o homem será infeliz. Em outras palavras, não haverá salvação. E com a salvação não podendo existir, o homem-deus jogará fora a sua vida e morrerá infeliz. É um risco que ninguém quer correr, sabendo disto ou não.

No cristianismo, admitimos que Jesus é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14, 6). E Ele próprio nos diz que apenas a Verdade nos libertará (Jo 8, 32). O conhecimento é vazio se não é buscado para percorrer o caminho que leva à Vida. O conhecimento que realiza isto é o conhecimento verdadeiro. É a própria verdade.

Aquele que sabe em quem depositou a sua fé (2 Tm 1, 12) deve estar sempre atento (Mc 14, 38) para não se colocar no lugar do verdadeiro Deus. Realizar as próprias vontades compõe metade do percurso para se encontrar com o homem-deus (Mt 12, 50). Portanto, devemos nos lembrar sempre que estamos neste mundo para conhecer, servir e amar a Deus. Este é o nosso objetivo de vida. E quando virmos a Deus no Seu Paraíso celeste, poderemos, então, ver com os nossos próprios olhos o que é a felicidade.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A Imitação de Maria - Parte V

Por: Eduardo Moreira

A santidade nas pequenas coisas e na singeleza cotidiana


Com muita razão diz a canção: “singela, doce e pura, Maria de José”. Que singeleza teve a maior rainha que já existiu, que colocaria qualquer outra ao escabelo de seus pés, mas mesmo assim foi até sua prima para auxiliá-la! Na vida temos vários reveses e contrariedades. Palavras que nos desagradam, gestos que nos incomodam, atitudes que nos deixam profundamente irritados.
A chave para a perfeição não consiste em fugir dessas situações, pois elas nos dão tolerância. Por causa da baixa tolerância é que o mundo hoje se encontra tão desunido e tão desumano. Ninguém mais tolera nada. Não se toleram as mazelas, os reveses e os erros. Basta um deslize, mesmo não-proposital e as pessoas querem ver o próximo preso e até morto. Que justiça implacável é essa? É isso que Cristo nos pediu ao ordenar que déssemos a outra face? O conforto se apossou da alma do ser humano que não quer mais buscar o sofrimento nem para superar a si mesmo. Até os líderes cristãos pregam a prosperidade nesse vale de lágrimas, enquanto deveriam estar se lembrando de que seu Deus morreu numa cruz. Através do sofrimento, Deus nos deu a maior prova de amor que já existiu: o perdão de nossas culpas.
Quão tolos são os cotidianos que idolatram os grandes nomes, os maiores homens e mulheres que a humanidade já conheceu e de quem, certamente, o mundo não foi digno! A tolice não reside na admiração em si, mas na falta de compreensão. Certamente se São Francisco de Assis ou se Maria vivessem hoje dariam uma bofetada na cara de quem diz admirá-los, mas queixa-se continuamente de sua sorte, evitando os reveses da vida.
Mal sabem os espíritos mundanos que essas almas nobres eram almas humanas, que em tudo buscavam a auto superação. Em vão buscam a paz, em vão tentam mudar-se da noite para o dia e em grandes coisas, como se isso fosse possível. Não é assim que as coisas ocorrem no universo sensível. O segredo da mudança de vida está na singeleza, tal qual Maria a viveu.
Maria viveu num mundo onde a serpente primordial havia se transformado num dragão, como diz São João no Apocalipse. Viveu em meio à opressão do maior império da antiguidade, em meio à gente medíocre e hipócrita, tal como nós. Foi entregando-se a si mesma que venceu o pecado, porque era imaculada, mas poderia, se quisesse, ter pecado. Maria poderia ter tido uma vida comum, mas renunciou a isso e numa vida de renúncias se tornou a maior criatura de Deus, superior até aos anjos.
Em tudo buscou a perfeição de espírito e a retidão de coração na vida cotidiana. Santa Teresinha do Menino Jesus, muito inferior a Nossa Senhora, em tudo buscou a perfeição. Tal qual ela, nós também devemos busca-la. Devemos oferecer nossas vidas em expiação dos próprios pecados e dos pecados do mundo inteiro. Nisso consiste a perfeição, na consagração diária, na singeleza e calmaria do coração.
Como disse Santo Agostinho, inquieto está nosso coração enquanto não repousa em Deus. Assim, inquietos estamos, enquanto não vivemos para o alto, sofrendo com gosto as pequenas decepções para a maior glória de Deus e de Nossa Senhora. Os beatos Francisco e Jacinta, videntes de Fátima, foram vítimas tão perfeitas que todos os pequenos sofrimentos e reveses da vida ofereceram pela conversão dos pecadores.
Tal qual os grandes santos, como Santa Liduína, devemos também nós oferecer nossas vidas, os pequenos e grandes sofrimentos, em reparação dos ultrajes, indiferenças e sacrilégios com os quais o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado coração de Maria são ofendidos.
Não devemos evitar as situações de sofrimento. Devemos procurar situações que naturalmente desagradam, porque elas nos tornam mais pacientes, fortes e virtuosos. Por isso existe o pedido do jejum e da penitência. Por isso também existem suplícios nos mosteiros.
As situações que naturalmente desagradam não devem ser sofridas com desgosto, mas com fé e alegria. A cada suplício devemos agradecer ao bom Deus por estarmos tendo a oportunidade de conseguir a conversão dos pobres pecadores, por estarmos podendo participar da Misericórdia Divina e do Projeto Salvífico do Eterno.
Maria, não satisfeita em dar-nos Jesus Cristo, que morreu na cruz por nós, deu-nos também esse exemplo de virtudes, oferecendo as cruzes, trabalhos e decepções da vida pela conversão dos homens, sem desespero, mas com alegria. E que exemplo nos deixou ao contemplar seu Filho chagado e morto na cruz, tão desfigurado que nem parecia humano, e oferecer essa tremenda dor em reparação dos ultrajes do mundo. Certamente orou até mesmo pelos algozes de Cristo dizendo, tal como seu Filho, perdoa-os Pai, pois não sabem o que fazem.
Da mesma forma, devemos seguir o exemplo de tão boa Mãe. Devemos amar e perdoar nossos semelhantes, suportar os defeitos uns dos outros e oferecer nossos sacrifícios, tão miseráveis e pequenos quando comparados aos sacrifícios de Cristo, em reparação dos pecados do mundo inteiro, sem queixas e sem murmurações. Encontramos, pois, através da comunhão dos santos, o sufrágio para as almas atormentadas pelo inimigo. Colaboramos com a salvação das almas que jazem no Purgatório e, unindo esses sacrifícios aos de Cristo, salvamos muitas almas que estão desviadas da virtude.
Além de tudo, tornamo-nos mais fortes, aprendemos a evitar, como Maria, as ocasiões de pecado e fazemos assim de nosso corpo a verdadeira morada do Espírito Santo, na qual Ele poderá transbordar, mostrar-nos o Cristo, levar-nos a perfeição.
Com os sofrimentos cotidianos Maria nos ensina a sermos nada. Maria ensina-nos a nos aniquilarmos para que Cristo seja tudo em nós. Tal como disse São Paulo, não seremos mais nós quem vivemos, mas é Cristo quem viverá em nós.
Através dos reveses, pensaremos duas vezes antes de pecar porque saberemos que agindo assim ferimos o Coração Sacratíssimo de Jesus, que nos dispensa tanto amor e tanta misericórdia. Tornamo-nos sensíveis às necessidades do próximo e não pensaremos, assim, duas vezes antes de virmos em seu socorro.
Por tudo isso é importante sofrer, mas sofrer com fé, sofrer com alegria porque saberemos que estaremos fazendo o bem ao próximo. Quantos lares poderiam ter sido salvos se os esposos tivessem aprendido essa lição de sofrer um pouco, de tolerar. Não somos perfeitos, não somos ninguém para julgar porque muito é o que o próximo tem que tolerar em nós também.
Quantas graças o mundo tem perdido por ter se esquecido do valor do sofrimento. Quantas guerras poderiam ter sido evitadas, quantos santos poderiam ter surgido. Senhor Jesus, que pela Intercessão de Maria sejamos, pois, vossos imitadores através da Imitação da Santíssima Virgem. Que possamos contigo sofrer as amarguras do Calvário que nos libertaram do pecado e da morte. Que possamos assim suportarmos uns aos outros a fim de que não se perca uma só alma e para que possamos conviver todos harmoniosamente um dia no Paraíso para nós preparado.

Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço- Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam (três vezes).

Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A Imitação de Maria - Parte IV



Por: Eduardo Moreira

Imitação da paciência e confiança

Suportemos as tribulações tal como suportou Maria Santíssima que jamais se queixou de sua sorte e que sempre confiou nos cuidados de Deus. Mesmo quando tiveram, Maria e José, que fugir para o Egito logo após o parto de Nosso Senhor, Maria não reclamou. Ela confiou na misericórdia do Eterno e partiu sem pensar sequer se haveria como São José sustentar aquele lar em uma terra distante, outrora algoz de Israel. Em nossa pouca fé e em nossa murmuração, qualquer um de nós estaria sujeito a reclamar e a desistir em situação semelhante. Pensaríamos nós, arrogantes e pecadores:

- Se Deus não me deu sequer um lugar digno para ter meu Filho, que também é Filho d'Ele, dar-me-ia Ele ajuda nessa terra estranha?

Mas Maria confiou e orou a Deus que nunca A abandonou. Imaginem a dificuldade de São José e de Nossa Senhora. Percorreram uma grande viagem com um recém-nascido. São José, carpinteiro, transportando suas ferramentas de trabalho e ainda guardando a vida daqueles a quem Deus lhe confiou. Como pai, São José não pôde vacilar. Não seria espantoso se também ele fosse imaculado, tal qual Maria. A Sagrada Família, em sua pobreza e humildade, teve que fugir para uma terra estrangeira, habitada por pagãos, para salvar o Menino-Deus. Que belo exemplo de confiança no Altíssimo!

Imitação da humildade:

Se o orgulho é a raiz de todos os males, a humildade é a raiz de todas as bondades. Como diz São Tomás de Aquino, a humildade é o primeiro degrau para a sabedoria. Não existe bondade onde não há humildade. No coração do orgulhoso só nascem vaidades, buscas mundanas, desejos de glórias passageiras para si. No coração do humilde está plantada a semente de Deus e através dessa semente, ainda que ele não saiba, germinam-se e arraigam todas as virtudes. Apenas uma pessoa humilde é capaz de ser obediente. Os orgulhosos não obedecem, são soberbos demais para admitirem alguma superioridade. Entretanto, a vontade de Deus se manifesta na hierarquia natural. Não há, de fato, poder que não tenha sido dado pelo alto. Assim sendo, um rei quando obedece a um bispo obedece a Deus. Um súdito, ao obedecer um monarca obedece ao Altíssimo e o mesmo súdito, ao ordenar algo a seu filho, dá a ordem do próprio Deus, investido na autoridade que lhe foi dada.
Maria é exemplo perfeitíssimo da obediência. Se n'Ela estivesse a culpa primeira, mediante à saudação do anjo Ela já teria se inchado em seu orgulho e teria dito:

- Se sou cheia de graça, sirva-me!

Mas não, de Maria isso não poderia ter vindo. Ao contrário, Maria disse: "eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim a Tua vontade". Maria, exemplo de humildade perfeitíssima logo se prontificou à causa do Reino de Deus. De modo algum objetou, porque apenas os orgulhosos objetam. De igual forma, não duvidou da Graça e nem dos Cuidados do Altíssimo. Maria pôs-se a disposição integral: "toma-me Senhor, porque tudo o que tenho pertence a Vós e tudo o que sou um dia regressará a Ti". É precisamente isso que Maria disse quando se autodenominou "escrava". Colocou-se pequena na presença de Deus e por isso mesmo não há nem nunca haverá grandeza maior que a de Maria entre as criaturas, nem mesmo nos anjos. Se Maria se sentava no chão, é porque o mundo inteiro era seu trono. Maria foi uma mulher de quem, real e literalmente, o mundo não foi digno. Tanto isso é verdade que quando partiu, não deixou aqui nem mesmo seu corpo.
Maria não é nada sem Deus de tal forma que tudo o que Ela tem, recebeu d'Ele. Entretanto, como ser humano, era portadora do livre arbítrio e se quisesse poderia ter pecado. Maria não pecou porque não quis, porque quis permanecer Santa. Também Eva foi concebida sem pecado e pecou contra Deus na primeira tentação que teve. Como bem diz São Luís de Montfort, Maria é a lua, Deus é o sol. Ninguém, por mais forte que seja, olha o sol diretamente, porque os raios ofendem a visão. Para a Lua, entretanto, qualquer um pode olhar e ficará maravilhado com a graça. Aqui nesse mundo não podemos olhar diretamente para Deus, porque Ele é Santo demais, Alto demais para o ser humano. Em contrapartida, podemos olhar para Maria, muito embora alguns se ofusquem com sua luz.
Se, pois, buscamos imitar a Santíssima Virgem, não imitamos Outro que não Deus. Não existe forma mais perfeita de imitar a Deus do que através de Maria. Por mais que queiramos, não conseguiremos jamais ser mais santos que Ela. Dessa forma, quando usamos Maria como molde, podemos olhar para a Luz Divina sem machucarmos nossos olhos e, assim sendo, podemos nos converter mais facilmente através dessa boa Mãe.
De outra maneira, se nos recusarmos a usar Maria como filtro da Luz Divina, poderemos cair no erro. A Luz Divina é tão inatingível que nos cegaria, nos faria confusos. Facilmente cairíamos na tentação da idolatria, da heresia, do paganismo. Por isso há tantos erros, tantas confusões fora da Santa Igreja, porque os homens se atreveram a olhar para Deus, a Luz Inatingível, sem usar essa lente que é Nossa Senhora. Maria sabe como chegar a Deus porque Deus concedeu isso a Ela. Ela nos leva a seu Divino Filho, o Caminho para o Pai porque Ela conhece a via de se fazer isso. Devemos, pois implorar a Ela que nos mostre o Caminho que é Jesus para que a Luz de Deus não nos confunda. A forma de se chegar a esse Caminho, é na humildade, na auto-aniquilação, no silêncio e no sim à vontade de Deus. Tudo isso conseguimos imitando as virtudes da Santíssima Virgem.

Sede em meu favor,
Virgem Soberana,
Livrai-me do inimigo
Com vosso valor.

Glória seja ao Pai,
Ao Filho e ao Amor também,
Que é um só Deus,
Em pessoas três,
Agora e sempre e sem fim,
Amém!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Deixando tudo, o homem levantou-se e seguiu-O

Texto de São Rafael Arnaiz Baron (1911-1938), monge trapista espanhol
Escritos espirituais, 15/12/1936


Por: Eduardo Moreira

Há dias em que os aviões atravessam o céu a velocidades prodigiosas, sobrevoando o mosteiro. O ruído dos seus motores assusta os passarinhos que se aninham nos ciprestes do nosso cemitério. Em frente do convento, atravessando os campos, há uma estrada alcatroada por onde circulam a toda a hora camiões e carros de turismo que não se interessam pelo mosteiro. Uma das principais vias férreas de Espanha também atravessa os terrenos do mosteiro. [...] Ouve-se dizer que tudo isto é liberdade. [...] Mas quem meditar um pouco verá como o mundo se engana no meio daquilo a que chama liberdade.
Onde se encontra então a liberdade? Encontra-se no coração do homem que apenas ama a Deus. Encontra-se no homem cuja alma não está presa nem ao espírito nem à matéria, mas apenas a Deus. Encontra-se nesta alma que não está submetida ao eu egoísta; na alma que voa por sobre os seus próprios pensamentos, os seus próprios sentimentos, o seu próprio sofrer e fruir. A
liberdade está nesta alma cuja única razão de existir é Deus, cuja vida é Deus e nada mais do que Deus.
O espírito humano é pequeno, é reduzido, está sujeito a mil variações, a altos e baixos, a depressões, a decepções, etc., e o corpo tem uma grande fraqueza. A liberdade está portanto em Deus. A alma que, passando realmente por sobre tudo isto, funda a sua vida n'Ele, pode dizer-se que goza de liberdade, na medida do possível para quem está ainda neste mundo.

Fonte:

Evangelho Quotidiano: http://www.evangelhoquotidiano.org

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O Jejum que agrada a Deus

Por: Eduardo Moreira

Homilia 16 sobre os Evangelhos de São Gregório Magno, Papa, doutor da Igreja (540 - 604 d.C.).

Ao comer do fruto da árvore proibida, Adão transgrediu os preceitos da vida (Gn 3,6). Quanto a nós, é reduzindo, na medida do possível, o que comemos que nos reergueremos e reencontraremos a alegria do Paraíso.
No entanto, que ninguém fique a pensar que basta essa abstinência. Com efeito, diz Deus pelo Seu profeta: O jejum que Me agrada é este: repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não desprezar o teu irmão (Is 58,6-7). Aí está o jejum que Deus aprova: aquele que é apresentado com as mãos cheias de esmolas e o coração cheio de amor, um jejum todo preenchido de bondade. Dá a outrem aquilo de que te privas pessoalmente e a tua penitência corporal contribuirá para o bem-estar físico dos que passam necessidades.
Assim poderás compreender a censura do Senhor pela boca do profeta: Quando jejuastes e chorastes , foi realmente em Minha honra que multiplicastes os vossos jejuns? E quando comíeis e bebíeis, não éreis vós os comedores e os bebedores? (Zc 7,5-6). Ser comedor e bebedor é consumir alimentos destinados ao sustento do corpo sem os partilhar com ninguém, já que eles foram destinados pelo Criador a toda a comunidade humana. Jejuar em proveito próprio é privar-se temporariamente de alimento, mas reservar esse fruto da auto-restrição para o consumir mais tarde. Ordenai um jejum, diz o profeta (Jl 1,14). Que a cólera cesse e as querelas desapareçam! É vã a mortificação do corpo que não impõe ao coração a disciplina para refrear desejos desordenados. Diz ainda o profeta: No dia do vosso jejum só cuidais dos vossos negócios, e oprimis todos os vossos empregados. Jejuais entre rixas e disputas, dando bofetadas sem dó nem piedade (Is 58,3-4). Com efeito, só perdoando aos nossos irmãos é que Deus não nos imputará a nossa injustiça. 

Nota:

Este resumo feito pela equipe Evangelho Quotidiano (dia 15/02/2013), sítio católico que traz o Evangelho, as Leituras e as Reflexões de cada dia segundo a Liturgia Latina. Quem se interessar pode fazer o cadastro no sítio abaixo para receber diária e automaticamente as Leituras, Evangelhos e Reflexões no próprio e-mail.

http://www.evangelhoquotidiano.org

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A Imitação de Maria - Parte III



Por: Eduardo Moreira

Da perfeita imitação da Santíssima Virgem

Para que serve o homem se não é para viver santamente? Em vão busca a sabedoria se não se submete a Cristo. Em vão procura soluções se não se vê arraigado ao Altíssimo Senhor. Cristo é a Sabedoria Encarnada, a razão de toda a ciência, a luz entre as trevas. Ora, se Cristo é tudo isso, Maria é a porta que nos abre ao Sagrado Coração de Jesus através de suas mãos imaculadas. Dispensadora das graças, Maria Santíssima, nossa amada Mãe. Porque Deus, não satisfeito com resgatar o homem do pecado, deu-lhe uma mãe, modelo e cópia de virtudes para que, através da imitação de sua santidade, se santificasse também o homem.

Feliz o homem que consegue, em sua humildade e na medida do possível, imitar a Santíssima Virgem. Feliz a boca que anuncia o Evangelho através da imitação da Santíssima Virgem. A esse, Deus olha com bom gosto e com um amor terníssimo, com um amor quase similar ao amor com o qual olha a Santíssima Virgem. Feliz aquele que na oração diária do Santo Rosário pretende se unir de forma perfeitísisma à Maria de forma tal que se torne silêncio, reduzido ao pó, para que Cristo seja tudo nele. Nisso, precisamente, consiste a verdadeira felicidade e não há outra via de perfeição senão aquela que passa por Maria. Se Deus necessitou passar por Maria para se encarnar, quem é o homem, esse verme miserável, para se negar a passar por Ela a fim de buscar a santidade?

Por que está na Terra o homem senão para buscar a santidade? Nossa vida não passa de um sopro e com a menor das tribulações podemos voltar ao pó de onde viemos. De nossos primeiros pais herdamos a culpa e Maria, pelo seu sim, permitiu que Deus se encanasse. Sejamos, pois, imitadores da Virgem, a dispensadora de todas as Graças, pois da decisão d’Ela pendeu a maior de todas as belezas e fonte de todas as Graças: a Encarnação do Verbo de Deus.



Concedei-nos Senhor, a nós que militamos sob o estandarte da Virgem, aquela plenitude de fé em Vós e de confiança em Maria, que nos assegurem a conquista do mundo. Dai-nos uma fé viva, animada pela caridade, que nos leve a praticar as nossas ações, unicamente por amor de Vós e a ver-Vos e a servir-Vos sempre no nosso próximo; uma fé firme e inabalável como a rocha, que nos conserve calmos e resolutos no meio das cruzes, trabalhos e decepções da vida; uma fé corajosa, que nos anime a empreender e a prosseguir, sem hesitação, grandes coisas, por Deus e pela salvação do próximo; uma fé que seja a Coluna de Fogo da nossa Legião que nos guie avante unidos, - para acender em todos a chama do Amor divino, - iluminar os que estão nas trevas e sombras da morte, - animar os indecisos, - restituir a vida aos mortos no pecado; e nos dirija os passos no caminho da paz; de forma que, terminada a batalha da vida, a nossa Legião possa reunir-se sem uma só perda, no Reino de Vosso Amor e Glória. Amém