quinta-feira, 16 de junho de 2011

A calça comprida desmerece e fere a modéstia?

“Certos homens odeiam a verdade, por amor daquilo que eles tomaram por verdadeiro”. “Não se imponha a verdade sem caridade, mas não se sacrifique a verdade em nome da caridade”.(Santo Agostinho).


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Por Melissa Bergonso

Algumas pessoas questionam sobre o uso da calça porque dizem que a Igreja não emitiu uma notificação clara sobre a vestimenta da mulher nos dias atuais. De fato, não há uma “normativa oficial” da Igreja quanto aos trajes femininos, mas para o bom cristão, que quer agradar ao máximo a Deus e rejeitar, a todo custo, o pecado e o que pode ser ocasião de pecado para si ou para o próximo, não é necessário normas explícitas, pois as virtudes, a boa índole e a santidade é algo que todos nós temos que buscar, ter e querer sempre.

Toda mulher deve procurar vestir aquilo que mais a torna semelhante à Mãe de Deus, pois Ela é nosso modelo supremo de virtude e perfeição feminina. Vamos parar e pensar: qual peça de roupa propicia a uma mulher ficar semelhante à Virgem Pura? A calça é que não é, independente do modelo e estilo. Muito menos vestidos curtos e decotados. Dizer que há calças e “calças” é falácia. A calça, por si só, delineia o corpo feminino nas partes que mais são atrativas aos homens: bumbum, quadril e pernas. Mesmo as calças folgadas delineiam bumbum e quadril, que são partes que atraem a vista masculina. Vestidos decotados e curtos nem merecem comentários. Uma mulher que preze pela modéstia e por imitar Nossa Senhora não os usa de modo algum.

Como já abordei no artigo Roupas Femininas » Modéstia e Comprimento - e também várias pessoas que estudam sobre modéstia dizem a mesma coisa - para uma roupa ser considerada efetivamente modesta ela deve obedecer as seguintes “regrinhas”:

1) Roupas verdadeiramente modestas devem cobrir nossa pele e esconder nossa forma.

2) Roupas femininas DEVEM SER FEMININAS, observando sempre a regra número 1.

3) Roupas modestas femininas devem proporcionar total liberdade de movimento sem expor as partes íntimas do corpo aos olhares alheios.

Dizer também que a Igreja nunca se pronunciou sobre modéstia é mentira. Pode não haver uma “norma oficial”, porém existem vários documentos de Papas e Cardeias, os quais listei no artigo referenciado acima.

Muitas mulheres católicas por frouxidão e comodidade não aceitam as palavras que são das próprias autoridades eclesiásticas sob o pretexto que isso foi para determinada época. Isso é ridículo, porque ensinamento sobre moral não é para determinada época, é para todo o sempre, pois a moral não muda, muito menos o significado de modéstia. O que mudam são opiniões e gostos pessoais, que podem ou não estar de acordo com os ensinamentos da Santa Igreja (e que é péssimo se não estiverem).

Quem “acha” que o uso da calça comprida por uma mulher não é má em si, é porque ainda não entendeu o princípio que rege a moda sensual atual. Quem acha, não tem certeza, e eu tenho certeza que a calça não é uma vestimenta que propicia a modéstia feminina. Por isso, discordo sobre que “a calça feminina não desmerece a modéstia nem causa vergonha a quem usa”. A calça comprida, na mulher, desmerece a modéstia sim, pois afasta sua imagem feminina da Imagem da Santíssima Virgem Maria. Pode não causar vergonha a quem não compreende como uma calça pode ferir a modéstia e desagradar Nosso Senhor, mas quem compreende isso tem vergonha sim ao vestir uma calça. Posso afirmar isso porque eu mesma já usei calças até uns anos atrás. Graças a Deus, quanto mais aprendo sobre modéstia, pureza, castidade, busca pelas virtudes e pela santidade, mais eu me afasto das roupas que ferem ou podem ferir qualquer um desses pontos. Hoje, se tivesse que usar uma calça comprida, sentiria sim vergonha, porque sei que estaria ferindo a modéstia, que tanto agrada a Deus e que tanto nos torna (a nós mulheres) semelhantes à Virgem Pura Imaculada, e poderia estar sendo causa de queda e de pecado para outra pessoa. Essas justificativas me bastam para ter vergonha de usar calças compridas, além de dar paz ao meu coração por tê-las abolido da minha vida completa e definitivamente.

JEANS: REBELDE E SENSUAL

Também engana-se quem pensa que o jeans não fere a modéstia. Não existe jeans que seja conveniente à modéstia. Qual jeans não revela a forma de uma mulher? Ou não a masculiniza? Se a mulher perde a feminilidade, ela perde sua essência. Deus fez o homem masculino, viril, e a mulher feminina, delicada. São diferentes, mas complementares. Deus quis isso, e isso é bom.

O jeans, na história, está em sua maior parte relacionado à rebeldia. No site Portais da Moda podemos encontrar o seguinte parágrafo:

O denim atravessou o século XX, se transformando no artigo de moda mais democrático e popular existente. Na década de 40, os cowboys do asfalto montavam suas motos Harley-Davidson trajando o jeans. Mas foi na década de 50 que o jeans se transformou em símbolo de rebeldia, quando, no filme Juventude Transviada, o ator James Dean, no papel do jovem e rebelde Jim Stark, apareceu usando a combinação clássica: calça jeans e camiseta branca. Além de Dean, Marlon Brando e Elvis Presley contribuíram para que o artigo se disseminasse entre os jovens da época, que teve sua imagem intrinsecamente ao rock. A imagem rebelde do jeans se tornou tão forte, que o traje passou a ser proibido nas escolas e em lugares como cinemas e restaurantes. Logo depois, novas modelos, como Marylin Monroe, usavam o jeans com um apelo sensual.[1]

Como podemos ver, o jeans foi adotado pela juventude rebelde como “bandeira”, como “auto afirmação de imagem”, e usado pelas novas modelos com intenção de apelo sensual. Segundo ainda a mesma fonte da citação acima, o jeans brasileiro é bem cortado e arrebita o bumbum. Por este motivo ele promove a sensualidade, a valorização do corpo e o ajuste perfeito das calças.

A explosão do nosso jeans se deve as famosas que procuram a sensualidade, a valorização do corpo e o ajuste perfeito das calças aqui produzidas. Artista como Alanis Morissette, Christina Aguilera, Meg Ryan, Jennifer Lopez e Britney Spears foram as primeiras a circular com marcas brasileiras como a Gang, Forum, Zoomp, Ellus e M Officer no exterior.[2]

Pode uma roupa que tem o propósito de favorecer, propiciar e enfatizar a sensualidade e modelação perfeita do corpo ser peça adequada para uma mulher que busca a modéstia de Nossa Senhora? Com certeza não. E não adianta bater o pé (aos defensores de plantão), qualquer jeans busca isso.

No site Manequim ainda temos:

O nome “jeans” passou a ser usado na década de 1940, nos Estados Unidos, para designar calças de brim índigo blue, que nesse momento já dava os primeiros passos para virar uniforme da juventude. O termo é uma corruptela do francês Gênes (Gênova), cidade portuária italiana onde os marinheiros usavam calças de sarja grossa proveniente de Nîmes - outro nome que sofreu alteração para dar origem ao termo denim, que virou sinônimo de tecido para fazer calça jeans[3].

O “uniforme” da juventude virou uniforme de homens, mulheres e crianças. Chegamos ao ponto de hoje olharmos na rua e identificarmos pelo menos 90% das pessoas usando jeans e camiseta. Não se sabe nem mesmo quem é leigo e quem é padre hoje em dia pelo “igualitarismo de vestimenta” (já que muitos religiosos e mesmo sacerdotes gostam de usar roupa secular ao invés do hábito, batina ou clergyman). Outras vezes não conseguimos nem mesmo identificar quem é homem e quem é mulher dependendo do “modelito” que ambos usam, pertencente à tão aclamada moda “unisex” de hoje em dia, pois de costas quase que ficam idênticos, quase andróginos (quando não parecem de fato). Essa “androginia”, de uma forma ou de outra, tira a ordem, a diferença e a hierarquia natural que Deus quis e desejou para ambos, homem e mulher. Deus criou o homem e a mulher não para serem iguais, mas justamente para que sendo diferentes se completassem naquilo que lhes falta. Assim se dá o crescimento humano e espiritual. Ninguém cresce e aprende se for exatamente igual ao outro.

QUANDO O USO DA CALÇA É “TOLERADO”

Uma mulher, em determinados trabalhos e situações, talvez necessite realmente vestir-se com uma calça comprida, por questões de segurança, como é o caso de mulheres que trabalham em setor industrial, em meio à maquinários e equipamentos perigosos. Mas isso não é regra, é exceção, e não a justifica vestir-se como o mundo impõe e a moda ensina. O mundo ensina coisas que não agradam a Deus, pois o príncipe do mundo é satanás. A moda não foge à regra. Qual moda veio em favor da modéstia? Quase nenhuma, pois a maioria vem a favor da sensualização, erotização e degradação feminina.

Por esses motivos é que o Santo Padre Pio escorraçava as mulheres que iam confessar-se com ele vestidas com calças compridas. Se a calça não ferisse a modéstia ou não a desmerecesse, com certeza Padre Pio não diria nada, muito menos seria tão ferrenho nas repreensões e conselhos sobre isso. Não é à toa que na porta da Igreja dele foi posto um cartaz com a seguinte recomendação:

“A Igreja é a casa de Deus. É proibido para os homens entrar com os braços nus ou usando shorts. É proibido para as mulheres entrarem usando calças, sem um véu sobre sua cabeça, com roupas curtas, decotes baixos, roupas sem mangas ou vestidos imodestos”.[4]

Portanto, se a mulher REALMENTE necessita usar calças compridas por motivo de segurança e saúde NO TRABALHO, que use calças folgadas, amplas e compridas, não essas calças de última moda ou de corte reto e justo que colam ao corpo, evidenciam as formas femininas e marcam a roupa íntima.

MODA E VIRTUDE: BEM DA ALMA SOBRE O BEM DO CORPO

O Papa Pio XII[5], em uma de suas Alocuções às Garotas da Ação Católica, deixou bem claro que:

Mesmo seguindo a moda, a virtude está no meio. Aquilo que Deus pede é recordar sempre que a moda não é, nem pode ser a regra suprema da conduta; que acima da moda e de suas exigências existem leis mais altas e imperiosas, princípios superiores e imutáveis, que em nenhum caso podem ser sacrificados ao talante do prazer ou do capricho, e diante dos quais o ídolo da moda deve saber inclinar a sua fugaz onipotência. Esses princípios foram proclamados por Deus, pela Igreja, pelos santos e pelas santas, pela razão e pela moral cristãs, assinalados limites, além dos quais não florescem lírios e rosas, nem pairam nuvens de perfumes da pureza, da modéstia, do decoro e da honra feminina, mas aspira-se e domina um ar malsão de leviandade, de linguagem dúbia, de vaidade audaz, de vanglória, não menos de espírito que de traje. São aqueles princípios que Santo Tomás mostra para o ornamento feminino e recorda, quando ensina qual deve ser a ordem de nossa caridade, de nossas afeições: o bem da própria alma deve preceder o do nosso corpo, e à vantagem de nosso próprio corpo devemos preferir o bem da alma de nosso próximo. Não se vê, portanto, que há um limite que nenhuma idealizadora de modas pode fazer ultrapassar, a saber, aquele além do qual a moda se torna mãe de ruína para a alma própria e dos outros?

Algumas jovens dirão talvez que uma determinada forma de vestuário é mais cômoda, e também mais higiênica; mas, se constitui para a saúde da alma um perigo grave e próximo, não é certamente higiênica para o espírito: tem-se o dever de renunciar. A salvação da alma fez heroínas mártires como Inês e Cecília, em meio dos tormentos e lacerações de seus corpos virginais: e não irão vocês, suas irmãs na fé, no amor de Cristo, na estima para virtude, encontrar no fundo de seus corações a coragem e força para sacrificar um pouco do bem-estar - uma vantagem física, se vocês preferem - para conservar segura e pura a vida de suas almas?

Que Cristo, Nosso Senhor, guie nossas almas e nossos corações na busca da santidade.

Seja a Virgem Pura nosso modelo de Fé, Pureza e Bravura.

Virgem Puríssima, Modelo dos Cristãos, Rogai por nós!

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[1] Cf. Portais da Moda: A História do Jeans

[2] Cf. Portais da Moda: A História do Jeans

[3] Cf. Manequim: A História do Jeans

[4] Bishop Bernard Fellay. The Dignity of Women: The Misplaced Notions of Feminism.

[5] Alocução às Garotas da Ação Católica: Cruzada pela Pureza.
Fonte:

BERGONSO, Melissa. A calça comprida desmerece fere a modéstia? Blog Mulher Católica. Disponível em: http://www.mulhercatolica.org/2010/07/calca-comprida-desmerece-e-fere.html Acesso em: 16 Junho 2011.