terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Mariologia (II parte)

Termo “mulher” usado por Cristo

No contexto Contemporâneo, principalmente nesta época Pós-Moderna, certas habituais e costumes ou certas praticas vistas até mesmo como virtuosas há Décadas atrás, hoje são utilizadas como velhas ultrapassadas ou seu significado e aplicação em deturpados.

No Brasil, o termo “mulher” pode parecer pouco respeitoso para a maior parte da sociedade inapropriado no relacionamento familiar e social.

Pois que Movimentos e ideais surgidos na revolução francesa no iluminismo, no renascimento Italiano, na revolução industrial acontecida na Inglaterra, o ápice e o advento do capitalismo, com a nova mentalidade normativa e onde a ética e amoral perdem espaço cada vez mais no ocidente tem destruído princípios e modos tradicionais, de comportamento, respeito, religiosidade, tem surgido novas tendências, e a situação vai se modificando bastante.

De outro lado, em alguns países latino-americanos, até hoje, um amigo dirigir-se a outro amigo usando a palavra hombre (homem) assim como no Brasil principalmente no Nordeste usa-se não só para designar um amigo como a própria esposa e etc.

Portanto, para a correta avaliação do significado das expressões, é preciso levar em conta, como se costuma dizer, não só a cultura local, como a época em que foram usadas. Não se pode usar o presente para analisar o passado é anacronismo, Este procedimento é por vezes tentado por integrantes das ciências sociais, inclusive em adaptações que se faz a liturgia católica às diferentes culturas, denominado na linguagem mais sociológica atual a chama de inculturação.

Feita a necessária reserva quanto aos abusos freqüentes a que esse procedimento tem dado lugar, trata-se no caso da presente consulta de analisar o que significava no tempo de Nosso Senhor o tratamento de “mulher”, que em mais de uma ocasião Jesus dispensou a sua Santíssima Mãe (nas bodas de Caná e no alto da Cruz)

A narração de São João da cena da Crucifixão em que Jesus encomenda sua Mãe ao discípulo amado:

“Jesus, pois, tendo visto sua Mãe e o discípulo que ele amava, o qual estava presente, disse a sua Mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí a tua Mãe. E, desta hora em diante, a levou o discípulo para sua casa” (Jo 19, 26-27).

É preciso ter um coração de pedra para não se emocionar diante desta cena ao mesmo tempo solene e tocante. E é justamente a solenidade da ocasião que comunica ao tratamento “Mulher” uma grandeza que a própria palavra “Mãe”, nesse contexto, não teria. Para expressar a forte posição e a emocionante ação.

No episódio da Ceia de Caná (Jo 2,1-11), em que Nosso Senhor também chamou sua Mãe de “Mulher”, para constatar que nada havia ali de menos respeitoso. Antes, pelo contrário, era sumamente adequado ao momento.


Tal exercício valerá como saborosa meditação sobre a imensa ternura e intimidade do relacionamento de Nosso Senhor com sua Mãe Santíssima.


(“Referencia a certa resposta dita pelo Sr. Cônego José Luiz Vilac”.)



Concepção e Assunção;


A Imaculada Conceição


O dogma católico que a Bem-aventurada Virgem Maria, desde o primeiro instante de sua conceição, foi preservada da nódoa do pecado original, por privilégio único de Deus e aplicação dos merecimentos de seu divino Filho.

Dois pontos importantes:

O primeiro é ter sido a Santíssima Virgem preservada da mancha original desde o princípio de sua conceição. Deus ab-rogou para ela a lei de propagação do pecado original na raça de Adão; ou por outra, Maria foi cumulada, ainda no começo da vida, com os dons da graça santificante.

No segundo, vê-se que tal privilégio não era devido por direito. Foi concedido na previsão dos merecimentos de Jesus Cristo. O que valeu a Maria este favor peculiar foram os benefícios da Redenção, na previsão dos méritos de Jesus Cristo, que já existiam nos eternos desígnios de Deus.

Primeiramente, é necessário esclarecer em que consiste a transmissão do "Pecado Original". A lei geral: "Todos os homens pecaram num só” (Rm 3,23) é o grande argumento dos protestantes contra a "Imaculada Conceição". Tal lei é certa e, segundo vamos demonstrar, não encontra a mínima contradição com o dogma católico.

S. Francisco de Sales, no seu "Tratado do amor de Deus", exprime essa verdade de um modo singelo e glorioso;

"A torrente da iniqüidade original veio lançar as suas ondas impuras sobre a conceição da Virgem Sagrada, com a mesma impetuosidade que sobre a dos demais filhos de Adão; mas chegando ali, as vagas do pecado não passaram além, mas se detiveram, como outrora o Jordão no tempo de Josué, aqui respeitando a arca da aliança a torrente parou; lá em atenção ao Tabernáculo da verdadeira aliança, que é a Virgem Maria, o pecado original se deteve."

Os Neo-Protestantes deveriam compreender a diferença essencial que há entre "pecar em Adão" e "pecar pessoalmente", como são coisas bem distintas pertencer a uma raça pecadora e ser pecador.


Como nos contraímos o pecado original.

A transmissão não se pode fazer pela "criação" da alma; afirmar isso seria dizer que Deus é o autor do pecado, o que é impossível e repugna e inadmissível.

Não se transmite tão pouco pelos pais, pois a alma dos filhos não se origina das almas dos pais, mas é criada por Deus. A transmissão se efetua pela "geração".

A alma é criada por Deus no estado de inocência perfeita, mas contrai a "mácula", unindo-se a um corpo formado de um gérmen corrompido, do mesmo modo que ela sofreria se fosse unida a um corpo ferido.

É o que ensinou Santo Tomás.

Santo Agostinho diz a propósito:

"Apesar de nascerem de pais batizados, os filhos vêm à luz com o pecado original, como do trigo inutilizado germina uma espiga, em que o grão é misturado com a palha."

Nesse mistério do nascimento de uma criança, pelo exposto, opera-se uma dupla conceição: a da alma e a do corpo. Foi nesse momento quase imperceptível que Deus preservou do pecado original a "pessoa" de Maria Santíssima. Criou sua alma, como criou as nossas. Os progenitores de Nossa Senhora formaram-lhe o corpo, como nossos pais formaram o nosso. Até aqui tudo é natural; o milagre da preservação limita-se ao instante em que o Criador uniu a alma ao corpo.

Desta união devia resultar a "transmissão do pecado". Deus fez parar o curso desta transmissão, de modo que nela a união se operou, como se tinha realizado na pessoa de Adão, quando Deus, depois de ter feito o corpo do primeiro homem, soprou nele o espírito, constituindo-o na perfeição da inocência e justiça original.
Maria é uma segunda Eva... Mas Eva antes de sua queda! Tal é a sublime doutrina da Igreja de Cristo.

A Exceção à Lei Geral

Seria possível objetar-se que Deus não tem poder para derrogar as leis gerais por Ele mesmo, estabelecidas em favor dos seus.

Seria negar a onipotência divina e fixar limites Àquele,que seu poder é infinito.

É uma lei geral que "todos pecaram num só". Tal fato é universal, e todas as criaturas a ele estão subordinadas. Todavia, nada impede que, antes de efetuar-se a união da alma com o corpo, Deus possa intervir e suspender "um dos seus efeitos", o qual é, precisamente, a transmissão deste "pecado original".

A Sagrada Escritura está repleta dessas derrogações de leis gerais. O movimento do sol e da lua está matematicamente fixado pela lei da natureza; entretanto, Josué não hesitou em fazê-lo parar: "Sol detem-te em Gibeon, e tu, lua, no vale de Hadjalon. E o sol deteve-se e a lua parou" (Jos. 10, 12-13).

É uma lei natural que as águas sigam a correnteza do seu curso. Entretanto,

“Moisés estendeu a mão... o mar deixou livre o seu leito, partiram-se as águas, com um muro à sua esquerda e à sua direita” (Exod. 14, 21 e 22).

É uma lei que o um morto fique morto até à ressurreição geral; entretanto, o próprio Cristo-Deus, diante do cadáver de Lázaro, já em putrefação, exclamou: "Lázaro, sai!" (Jo 11, 43 ).

E imediatamente aquele que estava morto saiu vivo.

Que prova isso, demonstra que "para Deus nada é impossível" (Lc 18, 27).

Será, então, que os protestantes acham impossível que Deus preserve Maria Santíssima da mancha Pecado Original, se a lei geral fosse superior ao poder de Deus, como ficaria o Homem-Deus? Ele, em sua natureza humana, foi preservado do pecado original, mesmo nascendo de uma mulher. Se fosse impossível a Deus manter Imaculada a sua Mãe, também seria impossível manter "imaculado" o Seu Filho único, que nasceu verdadeiro Homem e verdadeiro Deus.

Provas Bíblicas:

Depois da queda do pecado original, Deus falou ao demônio, oculto sob a forma de serpente:

"Ei de por inimizade entre ti e a mulher, entre sua raça (semente) e a tua; ela te esmagará a cabeça" (Gen 3, 15).

Basta um pouco de boa-vontade para compreender de que "mulher" o texto fala. A única mulher "cheia de graça", "bendita entre todas", na qual a "semente" ou (raça) foi Nosso Senhor Jesus Cristo (e os cristãos), é a Santíssima Virgem, a nova Eva, mãe do Novo Adão. Como atesta vários padres da Igreja o primeiro deles Santo Irineu, mais tarde também Santo Agostinho e outros.

Conforme esse texto há uma luta entre dois antagonistas: de um lado, está uma mulher com o filho; do outro, o demônio. Ora, se Nossa Senhora não fosse imaculada, essa inimizade não seria inteira e a vitória não seria total, pois Maria Santíssima teria sido pelo menos em parte, sujeita ao poder do demônio através do Pecado Original.

Em outras palavras, a inimizade entre a mulher (e sua posteridade ou seus filhos os cristãos) e a serpente, implica, necessariamente, que Nosso Senhor e Nossa Senhora não poderiam ter sido manchados pelo pecado original.

Na saudação Angélica, quando S. Gabriel diz: "Ave, cheia de graça. O Senhor é contigo”. Ora, não se exprimiria desta maneira o anjo e nem haveria plenitude de graça, se Nossa Senhora tivesse o pecado original, visto o homem ter perdido a graça após o pecado.

A maneira da saudação Angélica transparece a grandeza de Nossa Senhora, pois o Anjo a saúda com a "Ave, Cheia de Graça". Ele troca o nome "Maria" pela qualidade "Cheia de Graça", como Deus desejou chamá-la.
Ao mesmo tempo, a afirmação "o Senhor é convosco" abrange uma verdade luminosa. Se Nosso Senhor é (está) com Nossa Senhora antes da encarnação ("é convosco"). Sendo palavras anteriores à encarnação do verbo no seio da Virgem Maria, forçoso é reconhecer que onde está Deus não está o pecado. Ou seja, Nossa Senhora não tinha o "pecado original".

Prossegue o arcanjo: Não temas, Maria, pois "achaste graça diante de Deus". Aqui termina a revelação da Imaculada Conceição para começar a da maternidade divina:

"Eis que conceberás no teu ventre e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome de Jesus". (Lc 1, 31).

A conexão estreita entre duas verdades: "Maria será a mãe de Jesus, porque achou graça diante de Deus".

Mas, que graça Nossa Senhora achou diante de Deus para poder ser escolhida como a Mãe Dele. Ora, a única graça que não existia - ou que estava "perdida" - era a "graça original". Falar, pois, que: "Maria achou graça" é dizer que achou a "graça original". Ora, a "graça original" é a "Imaculada Conceição".

Os evangelhos sinóticos deixam claro que a palavra "Cheia de Graça", em grego: "Kecharitoménê", particípio passado de "charitóô", de "Cháris", é empregado na Sagrada Escritura para designar a graça em seu sentido pleno, e não no sentido corrente.

A tradução literal seria: "omnino Plena Caelesti gratia" ou "Ominino gratiosa reddita": "Cheia de graça".

Ou seja, a tradução do latim: "gratia plena" é mais perfeita do que a palavra portuguesa:
"Cheia de graça". Nossa Senhora não apenas "encontrou graça", mas estava "plena" de Graça. Corroborando o que disse o Arcanjo logo em seguida: "O Senhor é contigo".
Falando à Santíssima Virgem que Ela "achara graça",

O Arcanjo diz: Maria sois imaculada, e, por isto, sereis a Mãe de Jesus Cristo.

Também é pela própria razão que se pode concluir a Imaculada Conceição. É claro que o argumento racional não é definitivo, mas colaborou com muita conveniência - e completa harmonia, para com ele. A pesar de a Santa Tradição Apostólica sempre a Provou. Se Maria Santíssima fosse manchada do pecado original, essa mancha redundaria em menor glória para seu filho, que ficou nove, meses no ventre de uma mulher que teria sido concebida na vergonha daquele pecado. Ou seja, em consequência aos méritos de Cristo Jesus. Se qualquer mácula houvesse na formação de Maria Santíssima, teria havido igualmente na formação de Jesus, pois o filho é formado do sangue materno.

S. Paulo assim se expressa sobre o ventre de onde nasceu o menino-Deus:

"Cristo, porém, apareceu como um pontífice dos bens futuros. Entrou no tabernáculo mais excelente e perfeito, não construído por mãos humanas, nem mesmo deste mundo" (Hebr 9, 11).
Que tabernáculo é esse, "não construído por mãos humanas", por onde "entrou" Nosso Senhor Jesus Cristo, a qual atesta muitos Padres. o milagre operado em Nossa Senhora na previsão dos méritos de seu divino Filho. Negar que Deus pudesse realizar tal milagre (Imaculada Conceição) seria duvidar de sua onipotência. Negar que Ele desejaria fazer tal milagre seria menosprezar seu amor filial, pois, como afirma S. Paulo: Deus construiu o seu "tabernáculo" que não foi "construído por mãos humanas".
Ora, este tabernáculo, feito imediatamente por Deus e para Deus, devia revestir-se de toda a beleza e pureza que o próprio Deus teria podido outorgar a uma criatura.
E esta pureza perfeita e ideal se denomina: a Imaculada Conceição.

Tradição, desde os primeiros séculos:

S. Tiago Menor, o qual realizou o esquema da liturgia da Santa Missa, de Jerusalém; prescreve a seguinte leitura, após ler uns passos do antigo e do novo testamento, e de umas orações:

"Fazemos memória de nossa Santíssima, Imaculada, e gloriosíssima Senhora Maria, Mãe de Deus e sempre Virgem".

O santo Apóstolo não se limita a isso, mas torna a sua fé mais expressiva ainda. Após a consagração e umas preces, ele faz dizer ao Celebrante:

"Prestemos homenagem, principalmente, a Nossa Senhora, a Santíssima, Imaculada, abençoada acima de todas as criaturas, a gloriosíssima Mãe de Deus, sempre Virgem Maria. E os cantores respondem: É verdadeiramente digno que nós vos proclamemos bem-aventurada e em toda linha irrepreensível, Mãe de Nosso Deus, mais digna que os querubins, mais digna de glória que os serafins; a vós que destes à luz o Verbo divino, sem perder a vossa integridade perfeita, nós glorificamos como Mãe de Deus" (S. jacob in Liturgia sua).

O evangelista S. Marcos, na Liturgia que deixou às igrejas do Egito (Alexandria), serve-se de expressões semelhantes:

"Lembremo-nos, sobretudo, da Santíssima, intemerata e bendita Senhora Nossa, a Mãe de Deus e sempre Virgem Maria".

Na Liturgia dos etíopes, de autor desconhecido, mas cuja composição data do primeiro século, encontramos diversas menções explícitas da Imaculada Conceição. Uma das suas orações começa nestes termos:

“Alegrai-vos, Rainha, verdadeiramente Imaculada, alegrai-vos, glória de nossos pais. Mais adiante, é pela intercessão da Imaculada Virgem Maria que o Sacerdote invoca a Deus em favor dos fiéis: "Pelas preces e a intercessão que faz em nosso favor Nossa Senhora, a Santa e Imaculada Virgem Maria.”.

Terminamos o primeiro século com as palavras de Santo André, apóstolo, expondo a doutrina cristã ao procônsul Egeu, passagem que figura nas atas do martírio do mesmo santo, e data do primeiro século:

"Tendo sido o primeiro homem formado de uma terra imaculada, era necessário que o homem perfeito nascesse de uma Virgem igualmente imaculada, para que o Filho de Deus, que antes formara o homem, reparasse a vida eterna que os homens tinham perdido" (Cartas dos Padres de Acaia).

A doutrina da Imaculada Conceição era, pois, conhecida no primeiro século e por todos, admitida. A esse respeito, nenhuma contradição se levantou na primitiva Igreja.

No século segundo, os escritos dos Santos Padres falam da Imaculada Conceição como um fato indiscutível. Entre os escritores e oradores deste século, contamos: S. Justino, apologista e mártir; Tertuliano e Santo Irineu.

No terceiro século, existem também textos claros em defesa da Imaculada Conceição. Mas em menor quantidade.

Santo Hipólito Bispo de Porto e mártir, escreveu em 220:

"O Cristo foi concebido e tomou o seu crescimento de Maria, a Mãe de Deus toda pura". Mais além ele diz: "Como o Salvador do mundo tinha decretado salvar o gênero humano, nasceu da Imaculada Virgem Maria".

Orígenes, que viveu em 226 e pareceu resumir a doutrina e as tradições de sua época, escreveu:

"Maria, a Virgem-Mãe do Filho único de Deus, é proclamada a digna Mãe deste digno Filho, a Mãe Imaculada do Santo e Imaculado, sendo ela única, como único é o seu próprio Filho."

No século quarto, aparecem inúmeros escritos sobre a Imaculada Conceição, cada vez mais explícitos e em maior número. Temos diante de nós as figuras incomparáveis de Santo Atanásio, de Santo Efrém, de S. Basílio Magno, de Santo Epifânio, e muitos outros, que constituem a plêiade gloriosa dos grandes Apóstolos do culto da Virgem Santíssima e, de modo particular, de sua Imaculada Conceição.

Para terminar, um pequeno soneto.

Em 1823, dois sacerdotes dominicanos, Pe. Bassiti e Pignataro estavam exorcizando um menino possesso, de 12 anos de idade, analfabeto. Para humilhar o demônio, obrigaram-no, em nome de Deus, a demonstrar a veracidade da Imaculada Conceição de Maria. Para surpresa dos sacerdotes, pela boca do menino possesso, o demônio compôs o seguinte soneto:

"Sou verdadeira mãe de um Deus que é filho,E sou sua filha, ainda ao ser-lhe mãe;Ele de eterno existe e é meu filho,E eu nasci no tempo e sou sua mãe.
Ele é meu Criador e é meu filho,E eu sou sua criatura e sua mãe;Foi divinal prodígio ser meu filhoUm Deus eterno e ter a mim por mãe.
O ser da mãe é quase o ser do filho,Visto que o filho deu o ser à mãeE foi a mãe que deu o ser ao filho;
Se, pois, do filho teve o ser a mãe,Ou há de se dizer manchado o filhoOu se dirá Imaculada a mãe.”

Conta-se que o Papa Pio IX chorou, ao ler esse soneto que contém um profundíssimo argumento de razão em favor da Imaculada.

Nossa Senhora foi à restauradora da ordem perdida por meio de Eva. Eva nos trouxe a morte, Maria nos dá a vida. O que Eva perdeu por orgulho, Nossa Senhora ganhou por humildade.

“Tudo que convém a Deus pela natureza, convém a Maria pela graça.” (S. João Damasceno, Sermo 2 in Dormitione B. M.).

O Dogma da Imaculada Conceição foi proclamado pelo Papa Pio IX, cercado de 53 cardeais, de 43 arcebispos, de 100 bispos e mais de 50.000 romeiros vindos de todas as partes do mundo, no dia 8 de dezembro de 1854.

Passados apenas 3 anos dessa solene proclamação, em 11 de agosto de 1858, Nossa Senhora dignou-se aparecer milagrosamente quinze dias seguidos, perto da pequena cidade de Lourdes, na França, a uma pobre menina, de 13 anos de idade, chamada Bernadete.

No dia 25 de março, Bernadete suplicou que Nossa Senhora lhe revelasse seu nome. Após três pedidos seguidos, Nossa Senhora lhe respondeu: "Eu sou a Imaculada Conceição".

Aparição que encerra a tradição ininterrupta dos Apóstolos.



(Referência e modificações ao estudo exposto pelo Site da Associação Cultural Montfort; sobre o Dogma da Conceição Imaculada de Maria).



A Assunção de Nossa Senhora;

A Assunção de Nossa Senhora foi transmitida pela tradição escrita e oral da Igreja. Ela não se encontra explicitamente na Sagrada Escritura, mas está implícita.

Os protestantes acreditam que a Mãe de Deus, apesar de ter sido o Tabernáculo vivo, da divindade, devia conhecer a podridão do túmulo, o esquecimento da morte, o aniquilamento de sua pessoa.

O que foi transmitido pelos primeiros cristãos e transmitido pelos séculos de forma inconteste.
Na ocasião de Pentecostes, Maria Santíssima tinha mais ou menos 47 anos de idade. Depois desse fato, permaneceu Ela ainda 25 anos na terra, para educar e formar, por assim dizer, a Igreja nascente, como outrora ela educara, protegera, e dirigira a infância do Filho de Deus.

Ela terminou sua "carreira mortal" na idade de 72 anos, conforme a opinião mais comum entre os historiadores católicos e teólogos.

A morte de Nossa Senhora foi suave, chamada de "dormição".

Quis Nosso Senhor dar esta suprema consolação à sua Mãe Santíssima e aos seus apóstolos e discípulos que assistiram a "dormição" de Nossa Senhora, entre os quais se sobressai.
S
. Dionísio Aeropagita, discípulo de s. Paulo e primeiro Bispo de Paris, o qual nos conservou a narração desse fato.

Diversos Santos Padres da Igreja contam que os Apóstolos foram milagrosamente levados para Jerusalém na noite que precedera o desenlace da Bem-aventurada Virgem Maria.

S. João Damasceno, um dos mais ilustres doutores da Igreja Oriental, refere que os fiéis de Jerusalém, ao terem notícia do falecimento de sua Mãe querida, como a chamavam, vieram em multidão prestar-lhe as últimas homenagens e que logo se multiplicaram os milagres em redor da relíquia sagrada de seu corpo.

Três dias depois chegou o Apóstolo S. Tomé, que a Providência divina parecia ter afastado, para melhor manifestar a glória de Nossa Senhora, como dele já se servira para manifestar o fato da ressurreição de Nosso Senhor. S. Tomé pediu para ver o corpo de Nossa Senhora. Quando retiraram a pedra, o corpo já não mais se encontrava. Túmulo se exalava um perfume de suavidade celestial!

Os anjos retiraram o seu corpo imaculado e o transportaram ao céu, onde ele goza de uma glória inefável.

Nada é mais autêntico do que estas antigas tradições da Igreja sobre o mistério da Assunção da Mãe de Deus, encontradas nos escritos dos Santos Padres e Doutores da Igreja, dos primeiros séculos, e relatadas no Concílio geral de Calcedônia, em 451.

Como Nossa Senhora era isenta do 'pecado original', ela estava imune à sentença de morte (conseqüência da expulsão do paraíso terrestre). Todavia, por não ter acesso à "árvore da vida" (que ficava no paraíso terrestre), Maria Santíssima teria que passar por uma "morte suave" ou uma "Dormição" Em linguagem litúrgica antiga.

Por um privilégio especial de Deus, acredita-se que Nossa Senhora não precisaria morrer se assim o desejasse, ainda que não tivesse acesso à "árvore da vida".
Tudo isso, é claro, ainda poderá ser mais bem explicado com o tempo, quando a Igreja for explicitando certos mistérios relativos à Santíssima Virgem Maria que até hoje permanecem.
Muito pouco ainda descobrimos sobre a grandeza de Nossa Senhora, como bem disse S. Luiz Maria G. de Montfort em seu livro "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem".

É certo que Nossa Senhora escolheu passar pela morte, mesmo não tendo necessidade.
Quais foram, então, as razões da escolha da morte por Nossa Senhora.

Podem-se levantar várias hipóteses. O Pe. Júlio Maria (da década de 40) assinala quatro:

1) Para refutar, de antemão, a heresia dos que mais tarde pretenderiam que Maria Santíssima não tivesse sido uma simples criatura como nós, mas pertencesse à natureza Angélica.

2) Para em tudo se assemelhar ao seu divino Filho.

3) Para não perder os merecimentos de aceitação resignada da morte.

4) Para nos servir de modelo e ensinar a bem morrer.
Podemos, pois, resumir esta doutrina dizendo que Deus criou o homem mortal. Deus deu a Maria Santíssima não o direito (por não ter acesso à "Árvore da vida"), mas o privilégio, de ser imortal. Ela preferiu ser semelhante ao seu Filho, escolhendo voluntariamente a morte, e não a padecendo como castigo do pecado original que nunca tivera.

Analisemos, agora, a Ressurreição de Maria Santíssima.

Os Apóstolos, ao abrirem o túmulo da Mãe de Deus para satisfazer a piedade de São Tomé e ao desejo deles todos, não encontrando mais ali o corpo de Nossa Senhora, deduziram e perceberam que Ela havia ressuscitado.
Não era preciso ver à ressurreição para crer no fato, era uma dedução lógica decorrente das circunstâncias celestiais de sua morte, de sua santidade, da dignidade de Mãe de Deus, da sua Imaculada Conceição, da sua união com o Redentor, tudo isso constituía uma prova irrefutável da Assunção de Nossa Senhora.
A Assunção difere da ascensão de Nosso Senhor no fato de que, no segundo caso, Nosso Senhor subiu por seu próprio poder, enquanto sua Mãe foi assunta ao Céu pelo poder de Deus.

Ora, há vários argumentos racionais em favor da Assunção de Nossa Senhora. Primeiramente, havendo entrado de modo sobrenatural nesta vida, seria normal que saísse de forma sobrenatural, esse é um princípio de harmonia nos atos de Deus. Se Deus a quis privilegiar com a Imaculada Conceição, tanto mais normal seria completar o ato na morte gloriosa.

Depois, a morte, como diz o ditado latino: "Talis vita, finis ita", é um eco da vida. Se Deus guardou vários santos da podridão do túmulo, tornando os seus corpos incorruptos, muito mais deveria ter feito pelo corpo que o guardou durante nove meses, pela pele que o revestiu em sua natureza humana, etc.



Nosso Senhor tomou a humanidade do corpo de sua Mãe. Sua carne era a carne de sua Mãe, seu sangue era o sangue de sua Mãe, etc. Como permitir que sua carne, presente na carne de sua santíssima Mãe, fosse corrompida pelos vermes e tragada pela terra? Ele que nasceu das entranhas amorosíssimas de Maria Santíssima permitiria que essas mesmas entranhas sofressem a podridão do túmulo e o esquecimento da morte? Seria tentar contra o amor filial mais perfeito que a terra já conheceu. Seria romper com o quarto mandamento da Lei de Deus, que estabelece "Honrar Pai e Mãe".

Qual filho, podendo, não preservaria sua Mãe da morte. A dignidade de Filho de Deus feito homem exigia que não deixasse no túmulo Aquela de quem recebera o seu Corpo sagrado. Nosso Senhor Jesus Cristo, por assim dizer, preservando o corpo de Maria Santíssima, preservava a sua própria carne.
Ainda podemos levantar o argumento da relação imediata da paixão do Filho de Deus e da compaixão da Mãe de Deus, promulgada, de modo enérgico, no Evangelho, pela profecia de S. Simeão falando à própria Mãe:

"Eis que este menino está posto para a ressurreição de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição. E uma espada transpassará a tua alma" (Luc. 2, 34, 45).

Esta tradução em vernáculo (português, no caso) é larga. O texto latino (em latim) tem uma variante que parece ir além do texto em português. "Et tuam ipsius animam pertransibit glaudius" o que quer dizer literalmente: o mesmo gládio transpassará a alma dele e a vossa. Como seria possível que o Filho, tendo sido unido à sua Mãe em toda a sua vida, na sua infância e na sua dor, não se unisse a Ela na sua glória.

Os Evangelhos.

A Assunção de Maria Santíssima foi sempre ensinada em todas as escolas de teologia e não há voz discordante entre os Doutores. A Assunção é como uma conseqüência da encarnação do Verbo.

Se a Virgem Imaculada recebeu outrora o Salvador Jesus Cristo, é justo que o Salvador, por sua vez, a receba. Não tendo Nosso Senhor desdenhado descer ao seu seio puríssimo, deve elevá-la agora, para partilhar com Ela a sua glória. Cristo recebeu sua vida terrena das mãos de Maria Santíssima. Natural é que Ela receba a Vida Eterna das mãos de seu divino Filho. Além de conservar a harmonia em sua própria obra, Deus devia continuar favorecendo a Virgem Imaculada, como Ele o fez, desde a predestinação até a hora de sua morte. Ora, podendo preservar da corrupção do túmulo a sua santa Mãe, tendo poder para fazê-la ressuscitar e para levá-la ao céu em corpo e alma, Deus devia fazê-lo, pois Ele devia coroar na glória aquela que já coroara na terra... Dessa forma, a Santíssima Mãe de Deus continuava a ser, na glória eterna, o que já fora na terra:

"a mãe de Deus e a mãe dos homens".

Tal se nos mostra Maria na glória celestial, como cantava o Rei de sua Mãe, assim canta Deus de Nossa Senhora: "Sentada à direita de seu Filho querido" (1 Reis, 2, 19),

"Revestida do sol" (Apoc. 12, 1), cercada de glória "como a glória do Filho único de Deus" (Jo. 1, 14),
Pois é a mesma glória que envolve o Filho e a Mãe! Ele nos aparece tão belo! E ela como se nos apresenta suave em seu sorriso de Mãe, estendendo-nos os braços, num convite amoroso, para que vamos a Ela e possamos um dia partilhar de sua bem-aventurança!

Protesto do Filhos rebeldes de Maria.Assim argumenta os Neo-Protestantes.


“Ninguém subiu ao céu se não aquele que desceu do céu,o filho do homem que está no céu”(Jo 3,13)

Como já vimos à subida de Cristo ao céu se diz Ascensão, porque Cristo subiu ao céu por seu próprio poder, e ninguém a não ser Deus pode subir ao céu por si mesmo. Por isso se diz que Nossa Senhora foi levada ao céu. Assunção de Nossa Senhora ao céu quer dizer exatamente isso: que ele foi levado ao céu. Ela não subiu ao céu por seu próprio poder. Só Jesus subiu ao céu por seu próprio poder. Maria subiu realmente aos céus em corpo e alma, porque para lá foi levada por Deus.
Curioso que os protestantes reconhecem que Deus levou Enoch e Elias ao céu sem que tivessem morrido, mas não aceitam que o mesmo possa ter ocorrido com Nossa Senhora.

São Paulo nos fala de Henoc: "Pela fé, Henoc foi levado, a fim de escapar à morte e não foi mais encontrado, porque Deus o levara (...)" (Hebreus, 11,5);

O livro de Reis fala de Elias, que subindo num carro de fogo, foi arrebatado por Deus, em corpo e alma. (II Reis, II, 1-11)


Títulos e Aparições

Não existe nenhuma diferença quanto à Pessoa Venerada; trata-se sempre da mesma Virgem Maria, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo que aparece na Bíblia.

São apenas diferentes invocações ou títulos que lembram os lugares em que Ela apareceu, ou o modo como Ela se manifestou, ou algum privilégio de que Ela está adornada, ou finalmente algum aspecto especial pelo qual Ela deve ser venerada.

Exemplos:

Nossa Senhora de Fátima. Esta invocação surgiu a partir das aparições da Virgem em 1917 na Cova da Iria -- periferia de Fátima em Portugal, onde Ela se manifestou a três pastorinhos, anunciando castigos para a humanidade se esta não se convertesse, mas que por fim seu Imaculado Coração triunfaria.

Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Por que Aparecida? Porque uma imagem da Imaculada Conceição foi achada, "apareceu" no Rio Paraíba, em São Paulo, há quase trezentos anos atrás, numa pesca milagrosa, que deu início a uma série de prodígios e bênçãos para a Terra de Santa Cruz.

Nossa Senhora da Imaculada Conceição; nesta invocação os fiéis exaltam o privilégio altíssimo dado por Deus a Nossa Senhora, o fato de ter sido Ela concebida sem pecado original, ou seja, a sua concepção foi sem mácula, sem a mancha do pecado de origem, cometido por nossos primeiros pais no Paraíso. Privilégio único.

Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos -- com esta invocação a Igreja incentiva todos os fiéis que estiverem aflitos a se voltarem com especial confiança para a Virgem Santíssima. É a Mãe e Senhora da Consolação.

E, assim por diante, cada invocação de Nossa Senhora tem sua razão de ser, sua luz, seu perfume. Haja vista a Ladainha Lauretana, que é a Sua Ladainha...

Aí estão as explicações sobre as várias invocações a Nossa Senhora. E, para encerrar, como de Maria nunca é demais falar, cito as ardentes palavras de S. Luís Maria Grignion de Montfort em seu Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem:

"Jesus Cristo deu mais glória a Deus, submetendo-se a Maria durante trinta anos, do que se tivesse convertido toda a terra pela realização dos mais estupendos milagres. Quão altamente glorificamos a Deus, quando, para lhe agradar, nos submetemos a Maria, a exemplo de Jesus Cristo, nosso único modelo”.

Se examinarmos atentamente o resto da vida de Jesus, veremos que foi por Maria que Ele quis começar seus milagres. Pela palavra de Maria Ele santificou São João no seio de Santa Isabel; assim que as palavras brotaram dos lábios de Maria, João ficou santificado, e foi este seu primeiro milagre na ordem da graça. Foi ao humilde pedido de Maria, que Ele, nas núpcias de Caná, mudou água em delicioso vinho, sendo este seu primeiro milagre em público, na ordem da natureza. Ele começou e continuou seus milagres por Maria, e por mediação de Maria continuará a operá-los até o fim dos séculos. É Ela a Medianeira de todas as Graças.


Aparições;

Hoje em dia fala-se muito em aparições de Nossa Senhora, de imagens suas que choram, e de tantos outros fenômenos extraordinários.

É preciso evitar dois extremos: uma credulidade leviana e excessiva, ou um ceticismo racionalista e militante, de muitos atualmente.

Deus, em Sua sabedoria e onipotência, pode comunicar-se com as pessoas através de graças internas ou manifestações externas. Entre estas últimas figuram as aparições, revelações, milagres, etc.

A Igreja, porém, sempre recomendou a prudência diante do extraordinário. Porque, como diz São Paulo
"o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz" (2 Cor 11, 14)

. Portanto - se Deus assim o permitir -, o demônio pode simular aparições de Nosso Senhor, de Nossa Senhora, dos Santos, bem como forjar "revelações", predizer o futuro necessário (de forma apenas aproximativa), etc.
Se na História da Igreja são incontáveis as verdadeiras aparições de Nosso Senhor, de Nossa Senhora e dos Santos, também incontáveis são as falsas aparições provindas do maligno, que é o "pai da mentira"...

O proceder da Igreja.

É preciso distinguir o ceticismo da prudência. O primeiro é uma atitude ácida, atéia, orgulhosa, de quem estabelece o seu próprio julgamento como norma última de todas as coisas. A segunda procede de uma graça, é uma virtude cardeal (que dirige o agir humano) do bom filho da Igreja que, antes de se pronunciar, estuda bem a questão, pede o conselho de pessoas competentes, examina os efeitos que o fato "extraordinário" provoca etc.

Como norma, uma aparição ou revelação só deve ser aceita com toda segurança depois que a autoridade religiosa competente, isto é, o Bispo do lugar, e posteriormente a Santa Sé, após minucioso exame dos fatos e das doutrinas, pronuncia-se a respeito num sentido favorável.

Como a Revelação oficial de Deus terminou com a morte do último Apóstolo, toda revelação particular, mesmo da parte de Nosso Senhor e Nossa Senhora, tem um sentido apenas indicativo, de exortação para o aperfeiçoamento e a conversão, ou para que se incendi-e uma especial devoção.

Assim, por exemplo, as revelações feitas a Santa Gertrudes, Santa Hildegarda e Santa Margarida-Maria Alacoque sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, estimularam o estudo dos teólogos e da Santa Sé sobre a matéria, até chegar-se ao triunfo dessa devoção com a Consagração, feita pelo Papa Leão XIII, do mundo a esse adorável Coração.

Nas aparições de Nossa Senhora em La Salette, Lourdes e Fátima, reconhecidas como autênticas e aprovadas pela Igreja, as mensagens foram de penitência e oração, para a conversão do mundo. Em Fátima, Nossa Senhora deu ênfase aos perigos representados pelo comunismo e pela imoralidade.

Enquanto a autoridade eclesiástica não se pronunciar, portanto, é preciso muita cautela a respeito de aparições e revelações, sobretudo quando elas se multiplicam com muita freqüência ou são excessivamente prolongadas. A Providência não é tagarela, e nem usa de meios extraordinários continuamente. Ela exige de nós a Fé, robusta e humilde, e a confiança, sem a ansiedade pelo extraordinário.

Se nós refletirmos no extraordinário que é a Consagração no Santo Sacrifício da Missa, a Comunhão, a Absolvição sacramental, nós veremos que Deus está continuamente se manifestando a nós, embora através de misteriosos Sinais sensíveis: os Sacramentos.
O mesmo São Paulo, com aquela clareza que é toda sua, ensina aos Coríntios: nesta vida.

"Caminhamos pela fé e não pela visão" (2 Cor. 5,7)
.
Cultivemos especialmente a fundamental virtude da Fé, pela nossa vida de oração, mas também pelo estudo da doutrina católica, buscando livros e autores em cuja ortodoxia possa confiar plenamente.

As aparições de Nossa Senhora.

A sabedoria da Igreja em considerar o assunto e as imposturas diabólicas Nossa Senhora é nossa mãe. E não é de admirar que Ela queira aparecer, para ensinar e proteger seus filhos. De outro lado, porém, o inimigo de nossa salvação, que se apresenta por vezes como “anjo de luz” (II Cor 11,14), tem empenho em fabricar falsas aparições para desviar os fiéis. E há também charlatães que inventam aparições, com motivos escusos. A sapiencialidade da Igreja nesta matéria deve ser nosso modelo.

Tenhamos cuidado e analisemos cautelosamente as múltiplas notícias sobre aparições de Nossa Senhora hoje em dia. Posso acreditar no que ouço falar de tais aparições?

Nossa intenção aqui é apenas apresentar alguns dados para auxiliar o meritório labor de pessoas dedicadas a responder tais perguntas.

Um primeiro ponto a ser considerado é a seriedade com que a Igreja encara essa matéria. Divinamente inspirada, e com a experiência de 20 séculos de História, Ela analisa com muito cuidado todas as manifestações supostamente sobrenaturais. Depoimentos são tomados, analisados, revisados. Verifica-se se não há algo que deponha contra a aparição e se nenhum detalhe desabonador foi esquecido. E só após cuidadoso exame a Santa Igreja reconhece a autenticidade desta ou daquela aparição. Mais precisamente: declara-as “dignas de crédito”, sem impor aos fiéis a sua aceitação.
Para avaliar a seriedade desse trabalho, alguns dados estatísticos poderão ser de utilidade para nós.

Aparições em números

A um livreto intitulado; “Enquête sobre as aparições da Virgem”, * que procura fazer uma análise, com rigor histórico, das diversas aparições marianas ocorridas no século XX. O autor não toma posição nas controvérsias, não se manifestando a favor ou contra esta ou aquela aparição. Limita-se a registrar os fatos. A parte que nos interessa no presente artigo encontra-se no final da obra: uma tabela registrando as aparições desde 1900 até 1993; portanto, durante quase todo o século XX. No total, são 362 aparições analisadas.

Ao lado de cada uma encontra-se uma descrição do seu status. Ou seja, se as aparições foram aprovadas e, portanto, solenemente reconhecidas, no sentido acima explicado pelo bispo local; se tiveram algum culto autorizado pelas autoridades competentes, portanto algo de muito menos peso do que a aprovação, mas que representa, em todo caso, um bom sinal; se foram desautorizadas total ou parcialmente; ou se inexiste, até o presente, qualquer decisão das autoridades eclesiásticas a respeito do ocorrido.
O primeiro aspecto que chama a atenção é o baixíssimo número de aparições aprovadas: apenas quatro. Ao que saibamos, mais uma foi aprovada posteriormente totalizando cinco, portanto mas isto representa pouco mais de 1% das aparições analisadas. Outras 11 tiveram algum culto autorizado, sendo a maioria destas anteriores a 1950.
Em sentido contrário, há 79 aparições desautorizadas, ou seja, pouco mais de 20%.
Traduzidos estes números em linguagem mais simples, eles significam que a Igreja, das aparições do século XX, aprovou uma em cada 100 e desautorizou uma em cada 5. Tais dados são significativos para exprimir o rigor da Igreja Católica e especialistas ao examinar os fatos. E também revelam como os fiéis devem igualmente ser sérios e agir cautelosamente nesta matéria, não se deixando levar por ondas e sensacionalismos.





Ardis do demônio


Das cinco aparições aprovadas no século XX, duas ocorreram na Bélgica: uma em Beauraing, no ano de 1932, e outra em Banneux, em 1933.

Pouco depois começou uma onda de “aparições” naquele mesmo país. Até 1936 portanto, quatro anos depois da primeira aparição reconhecida como verdadeira surgiram ali nada menos que 15 “aparições”, sendo 10 destas condenadas pela Igreja; e a respeito das outras cinco, ainda não houve nenhuma decisão.

Não constam falsas aparições em Portugal, após os acontecimentos de Fátima. Como explicar tal diferença.

Duas táticas diabólicas

Parece-nos que o demônio, pai da mentira, utiliza duas táticas diferentes, segundo a diversidade de situações.

Num primeiro caso, tenta ele desprestigiar as manifestações sobrenaturais, multiplicando de modo desmesurado o número de “aparições”. Desta forma, normalmente as pessoas, tomando conhecimento delas que, em muitos casos, comportam “profecias” rapidamente desmentidas pela realidade ou atitudes francamente reprováveis por parte do “vidente” ou “videntes” ficam desconfiadas se a aparição verdadeira não fará parte dessa avalanche de manifestações tidas como sobrenaturais.

Igualmente, conhecendo o demônio o bem que produz nas almas tíbias ou indiferentes um acontecimento bom inesperado, procura desvirtuá-lo, pela multiplicação de outros eventos semelhantes, o que tende a tornar qualquer aparição um fato banal. Se chegam ao nosso conhecimento duas aparições verdadeiras cercadas por 10 falsas, poderá pairar uma dúvida terrível acerca das duas verdadeiras até a Igreja estudar todos os casos e se pronunciar sobre eles, o que tirará às verdadeiras aparições muito de sua eficácia. Sem falar dos charlatães...



Autenticidade X embustes



No caso de Fátima, a situação é completamente diferente. Nossa Senhora enviava uma mensagem de transcendental importância para o mundo todo, anunciando o fim de uma era histórica revolucionária e, após castigos e provações — se os homens não se arrependerem — o início do reinado de seu Imaculado Coração. Tudo isso apresentava um porte universal, e não apenas vantagens locais para os videntes ou outros. Lembremos que na última aparição teve lugar o milagre do sol, testemunhado por milhares de pessoas. Sua repercussão foi enorme, e Fátima constitui um tema polêmico até hoje. Nesse caso, para o demônio conseguir realizar fato semelhante, teria que operar um grande e autêntico milagre, o que lhe é de todo impossível.
Seria difícil ao príncipe das trevas misturar um acontecimento do magnífico porte de Fátima com várias pseudo-aparições ridículas, minguadas e até contraditórias. Então, o que faz ele? Utiliza a tática do silêncio. Procura evitar que se fale da verdadeira aparição. Se ele inventasse outras “aparições”, elas não fariam sombra aos portentos realizados por Nossa Senhora em Fátima. Pelo contrário, fariam com que o denso conteúdo das aparições fosse lembrado e comentado. Assim sendo, a tática melhor para o maligno é tentar lançar sobre elas o véu do esquecimento.


Nessa ordem de idéias, compreende-se que o diabo procure desvirtuar a mensagem de Nossa Senhora em Fátima. Oblitera-se o lado trágico da mensagem, o apelo materno a uma humanidade chafurdada no pecado, a advertência sobre os castigos que se aproximam. Por isso, nota-se um duplo jogo, que favorece o demônio: é melhor que não se fale dos eventos de Fátima; mas, sendo imperioso falar, procurar apresentá-los como acontecimentos sem maiores conseqüências para a humanidade, como que neutros, sem a idéia de castigo e de prêmio.

Muito haveria a dizer sobre as diversas aparições de Nossa Senhora e suas contrafações, inventadas ou instrumentalizadas pelo maligno. Aparecendo a oportunidade, iremos exibindo fatos e argumentos para ajudar os católicos fiéis, desejosos de uma maior segurança doutrinária nesse tema, a formar sua opinião. Assim, contribuiremos para difundir uma verdadeira devoção à Mãe de Deus,

“Interior, terna, santa, constante e desinteressada”, segundo as palavras de São Luís Maria Grignion de Montfort, em seu famoso Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem.

(“Texto Referencial a certa resposta dita pelo Sr. Cônego José Luiz Vilac”.)


Honra e Homenagem à Santa Maria

(texto estudo mais tarde será exposto e mais conceituado nos artigos apologéticos; Culto católico / Imagens / Idolatria e Veneração dos santos e das Imagens ).


O culto que prestamos á Mãe de Deus é um culto de hiperdulia,ou seja um culto de veneração maior que aos demais santos

Veneramos Nossa Senhora por ela ser a maior de todas as criaturas,por ela ser a filha predileta de Deus Pai,por ela ser a Mãe Admirável de Deus filho e por ela ser a esposa Fidelíssima de Deus Espírito Santo

Veneramos Nossa Senhora por que foi por ela que a salvação chegou até nós, porque ela é a mãe da divina graça, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Dessa forma não existe nenhuma adoração a nossa Senhora no culto católico, pois esse culto supremo nós somente prestamos a Deus Nosso Senhor. Entretanto, se Deus veio ao mundo por Maria, é também por Maria que ele deve vir a nossas almas, e é exatamente nisto que consiste a veneração da Igreja á nossa Senhora.


Objetivação dos hereges: por que se fazem tantas festas e coroações de Nossa Senhora e não se faz o mesmo a Nosso Senhor?

Objeção totalmente descabida. Pois, todas as festas da Igreja têm a Nosso Senhor como centro: Ele é o Mediador absoluto do qual Nossa Senhora é por excelência a Medianeira por participação. Até mesmo os Santos embora imensamente abaixo de Nossa Senhora -- podem também ser mediadores por participação.

Assim, ao glorificarmos a Excelsa Mãe de Deus ou um destes mediadores secundários é ao Mediador principal que estamos glorificando.

Além disso, na Igreja há inúmeras festas o Nosso Senhor. O Ano Litúrgico gira todo em torno dos Mistérios de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os cinqüenta e dois Domingos do ano celebram a Ressurreição! Eu me lembro em criança das procissões da Semana Santa, por exemplo, com Nosso Senhor morto, a célebre Procissão do Enterro, após a cerimônia das três horas da tarde; a Festa de Corpus Christi; a Festa do Sagrado Coração de Jesus, Cristo Rei etc.

Agora, se o povo manifesta ternura e entusiasmo por Nossa Senhora, é porque tem verdadeiro amor por Nosso Senhor. Porque, como dizia o grande São Luís Maria Grignion de Montfort,

"Não tem a Deus por Pai quem não tem Maria por Mãe".


As Glórias da Virgem Maria, revelada nas Escrituras


Muitas e grandiosas são as glórias de Maria Santíssima, pelas quais não cessam de propagar e cantar seus louvores todos os seus servos. Não apenas os anjos e santos nos céus, mas também nós os pecadores glorificamos com confiança todos os dias a tão excelsa mãe. Não podia, portanto, a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, calar-se a respeito da mais sublime de suas criaturas. Apresentaremos um pequeno resumo de como as Sagradas Escrituras exaltam e testemunham às glórias de Nossa Senhora.

“Entrando o anjo disse-lhe: ‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo’" ( Lc 1, 28)

Eis aqui, proclamado pelo próprio anjo Gabriel o privilégio extraordinário da Imaculada Conceição de Maria e sua santidade perene. Quando a Igreja chama Maria de;

"Imaculada Conceição" quer dizer que a mesma, desde o momento de sua concepção foi isenta - por graça divina - do pecado original. Se Maria Santíssima tivesse sido gerada com o pecado herdado de Adão ou tivesse qualquer pecado pessoal, o Arcanjo Gabriel teria mentido chamando-a de "cheia de graça". Pois, onde existe esta "graça transbordante" não pode coexistir o pecado. Por isso, esta boa Mãe é também chamada pelos seus servos de "Santíssima Virgem". Os santos ensinaram que não convinha a Jesus Cristo, o Santíssimo, ser gerado e nascer de uma criatura imperfeita. Como podia o Santíssimo Deus, Jesus Cristo ser depositado num receptáculo que não fosse digno d´Ele? Pois ele mesmo testemunha no Evangelho, que não se coloca vinho novo e bom em odres velhos e defeituosos ( conf. Lc 5, 37 ). Eis porque o Criador elevou Maria, este "Vaso Insigne de Devoção" a tão grande santidade.

"Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra" ( Lc 1, 38 )

Maria ao dizer seu "sim" incondicional ao convite de Deus, introduz no mundo o Verbo Divino, Jesus Cristo. E, fato assombroso: torna-se a única criatura a gerar o seu Criador segundo a natureza humana. Deus a amava tanto que quis precisar nascer e depender dela enquanto homem. Maria iniciou com sua sagrada gravidez o restabelecimento da concórdia entre Deus e os homens conforme está escrito:

"Por isso, Deus os abandonará, até o tempo em que der à luz aquela que há de dar à luz" ( Miq 5, 2).

Com este sim incondicional Maria cumpre também a primeira de todas as profecias registrada na história da humanidade. Porque com esta sua doação total ela fere a cabeça do demônio ( Gn 3,15 ) e começa a devastar o seu reino de morte, que será destruído totalmente pelo seu filho Jesus.

"Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada" ( Lc 1, 48 )

Os santos proclamam a profunda intimidade dela com a Santíssima Trindade: Filha de Deus Pai, esposa do Espírito Santo, mãe de Deus Filho! O Espírito Santo profetiza pelos lábios de Maria, que daquele momento em diante de geração em geração, isto é, para sempre, todos os cristãos proclamariam sua bem-aventurança. Feliz religião que a enaltece e a glorifica! Felizes os seus filhos que a exaltando e enaltecendo-a cumprem fielmente esta profecia.

”Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor?” (Lc 1, 43).

Isabel, mulher idosa e santa, esposa de Zacarias, mãe de João Batista desmancha-se em elogios àquela jovem que foi até sua casa para servir! Que lição de humildade a tantas pessoas que com sua "sabedoria" (que na verdade é pestífera loucura) evitam tributar à Santa Mãe de Deus os louvores que ela merece, temendo que isto diminua à glória devida a Jesus Cristo.

Esquecem então, que o Espírito Santo mesmo ensina que o louvor dirigido aos pais é grande honra para o filho (cf. Eclo 5-6, 13). Preferem, portanto, os verdadeiros filhos de Maria, em todos os tempos, lugares e momentos, exaltarem a Virgem, imitando o exemplo de Santa Isabel, para serem seguidores fiéis da Sagrada Escritura.

" Pois assim que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio " ( Lc 1, 44 )

Cristo testemunhou a respeito de João Batista: "dos nascidos de mulher nenhum foi maior que João" ( cf. Lc 7 28 ).

Pois bem. Este mesmo S. João Batista, que Jesus Cristo declara ter sido mais importante que todos os patriarcas, profetas e santos do Antigo Testamento, ao ouvir a doce voz de Maria "estremeceu de alegria". O Espírito Santo, que nele habitava, exultou de alegria ao ouvir a voz da doce Mãe! Não é, pois justo, a nós que somos os últimos de todos, exultarem de alegria ao ouvir o doce nome de Maria? Não nos é sumamente necessário imitar o Espírito Santo? Não é proveitoso para os cristãos imitarem o gesto de São João Batista? Bendito os servos de Deus, que não se cansam de se alegrar e cantar os louvores desta Senhora, imitando assim o gesto do Divino Esposo e de São João Batista, o maior profeta da Antiga Aliança.

"E uma espada transpassará a tua alma" ( Lc 2, 35 )

Uma lança transpassou o coração do Cristo na Cruz. Uma espada de dor transpassou o coração de Maria no Calvário! Deus revela ao profeta Simeão como Nossa Senhora estaria intimamente ligada a Jesus Cristo no momento da Sagrada Paixão. Ninguém em toda a terra, em todas as épocas, esteve mais intimamente ligado a Jesus naquele dramático momento que sua Santíssima Mãe. Portanto que, junto com o sacrifício expiatório, doloroso e único de Jesus Cristo no Calvário, subiu também aos céus, como oferta agradabilíssima diante de Deus, o sacrifício doloroso de Nossa Senhora.

"Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: ‘Eles não tem mais vinho’. Respondeu-lhe Jesus: ‘Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou’. Disse então sua mãe aos serventes: ‘Fazei o que ele vos disser’" ( Jo 2, 3 – 5 )

Na festa do casamento de Canaã Jesus iniciou seu ministério. Ministério aliás composto por pregação e "obras" (milagres). A Santíssima mãe percebeu a dificuldade daquela família, que não tinha vinho para os convidados. A boa Senhora é vigilante, e os servos dela sabem que ela vigia sobre eles, mesmo quando não se apercebem dessa vigilância. Jesus afirmou então claramente a Maria que, ainda não era o momento para iniciar seu ministério com um prodígio, pois disse: "minha hora ainda não chegou". A Santíssima mãe, conhecendo profundamente o filho, mesmo diante da aparente recusa, o "obriga" docemente a antecipar sua missão.

E assim, sem discussão, na mais plena confiança, diz aos serventes: "façam o que ele lhes disser". Grandíssima confiança! Assim, aquela que o introduziu no mundo segundo a carne, o introduz agora no seu ministério, pela sua intercessão. Feliz a família que tiver por mãe esta doce Senhora. Sua intercessão é infinitamente mais eficaz do que as orações de todos os santos que pedem sem cessar pelos habitantes da terra ( conf. Ap 6, 9-10 . 8, 3-4 ; II Mac 15,11-16 ).

"Disse-lhe alguém: ‘Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te’. Jesus respondeu: ‘Quem são meus irmãos e minha mãe? (...) Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe’. ( Mt, 12,47-50 )

Somente pertencemos a Cristo na medida em que pertencermos à nossa Mãe Santíssima. "Quem são meus irmãos e minha mãe?" pergunta o Cristo. E aponta para os seus discípulos: "eis aqui a minha família!". E, doravante, somente os que forem discípulos do mestre, ouvindo as suas palavras e as cumprindo poderão pertencer plenamente a esta família. Por isto, como doce discípula Maria "conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração" ( Lc 2, 19.51) Meditava e as guardava! Eis o exemplo da perfeita discípula. Maria, com efeito, não é mãe apenas na carne, mas na vida toda, na alma e na total obediência ao seu Divino Filho.

Alguns que ainda não amam suficientemente a Santíssima Virgem, usam estes versículos acima justamente contra ela, tentando convencer-nos de que Jesus a teria desprezado naquele momento. Esses "estudiosos da Bíblia" esquecem que Jesus jamais desprezaria sua mãe, conforme ensina o próprio Espírito Santo: "Apenas o filho insensato despreza sua mãe" ( Pr 15, 20 ). E assim, com esta interpretação desastrosa, que espalham ardorosamente, ofendem não apenas a boa Mãe, como blasfemam contra Jesus Cristo, como se o mesmo fosse violador do sagrado mandamento: "Honra teu Pai e tua Mãe" ( Ex 20,12 e Deut 5,16 ).

"Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: ‘Mulher, eis aí teu filho’. Depois disse ao discípulo: ‘Eis aí tua mãe’" ( Jo 19, 26-27 )

O apóstolo João aos pés da cruz, o único discípulo presente, representava todos os discípulos. Neste momento Jesus consagrou Maria, Mãe espiritual dos apóstolos. Mais ainda: João representava também, todos os homens e mulheres, de todos os lugares e de todos os tempos, que a partir daquele momento ganharam Maria como sua Mãe espiritual. Isto está de acordo com o testemunho do próprio São João, que em outra parte diz:: "O Dragão se irritou contra a mulher (Maria) (...) e sua descendência, aqueles que guardam os mandamentos de Deus (...)" ( Ap 12, 17 ).

Maria Santíssima não teve outros filhos naturais. Permaneceu sempre virgem, como era do conhecimento universal dos primeiros cristãos até os nossos dias. Mas, muitos insistem em "presenteá-la" com filhos naturais que ela não teve. Fazem isto, para diminuírem a glória de Jesus Cristo, bem como para esvaziarem Maria de sua maternidade universal. Se Jesus tivesse irmãos carnais, não teria entregado sua Mãe aos cuidados de João Evangelista. Seus próprios irmãos naturais cuidariam dela, como era dever sacratíssimo na época e ainda hoje. Além disso, citam aqueles que não amam a Virgem Maria algumas passagens bíblicas como a seguinte: "Não se chama a sua mãe Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?" ( Mt 13,55 ) Querendo com isto provar que Nossa Senhora teve outros filhos. Esquecem ou ignoram que nos tempos de Cristo todos os parentes se chamavam entre si de irmãos. E a própria Bíblia prova isto, pois dos quatro "irmãos" acima citados, lemos que a verdadeira mãe de Tiago e José era uma outra Maria, irmã de Nossa Senhora e casada com Cleofas (Jo 19,25 e Mc 15,40). E que Judas era irmão de Tiago Maior (Jd 1,1) filho de Alfeu ( Mt 10, 2-3). Ou seja, ninguém era filho natural de Maria e José. Eram de sua parentela, mas não de sua filiação.
Além disso, os primeiros cristãos, que conheceram Jesus e os apóstolos, nos escritos que nos deixaram, todos testemunharam que Maria sempre permaneceu virgem, não tendo jamais outros filhos. Sobre estes inventores de novidades a Bíblia nos previne:

"Haverá entre vós falsos profetas (...) muitos seguirão as suas doutrinas dissolutas (...) e o caminho da verdade cairá em descrédito" ( II Pe 2, 1-2 ).

"E desta hora em diante o discípulo a levou para a sua casa" ( Jo 19, 27 )

Daquela hora em diante, S. João levou a Santa Mãe para sua casa. Primeiramente para sua "casa espiritual", sua alma. Esse é o motivo pelo qual era o discípulo que Jesus mais amava, porque também, era o discípulo mais afeiçoado a ela. Depois, levou-a para sua casa material, seu lar. Assim também, o verdadeiro filho de Maria, a exemplo de S. João, deve levar esta boa mãe para seu "lar espiritual", no recesso mais íntimo de nossa vida espiritual. E convidá-la também para habitar nossas casas, onde sua presença maternal poderá ser recordada através de quadros e imagens. Estas imagens serão para os servos de Maria uma lembrança, contínua e consoladora de sua presença e proteção, da mesma forma que o próprio Deus, antigamente, consagrou o uso das sagradas imagens e esculturas no culto divino (cf. Nm 21, 8-9; Ex 25, 18-20 ; I Reis 6,23-28 etc ), para recordar, a sua presença amorosa no meio do seu povo, Israel.

"Todos eles perseveravam unanimemente em oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria mãe de Jesus, e os irmãos dele" (At 1,14 )

No cenáculo, no dia de Pentecostes, Maria juntamente com os discípulos suplicavam para que viesse o Espírito Santo sobre todos. E assim foi fundada a Igreja naquele dia. Maria uma vez tendo introduzido o Cristo no mundo, depois tendo inaugurado seu ministério nas bodas de Canaã, agora intercede, introduzindo e inaugurando a ação do Espírito Santo sobre a Igreja nascente. Eis a mãe da Igreja com seus filhos.

Mulher do Apocalipse Ícone Profético

"Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida de sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas" ( Ap 12, 1)

No Apocalipse, João contempla nesta visão três verdades: a Assunção de Nossa Senhora, sua glorificação, sua maternidade espiritual. O Apocalipse descreve que esta mulher "estava grávida e (...) deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações..." (Ap 12, 2.5). Qual mulher, que de fato, esteve grávida de Jesus senão a Santíssima Virgem? (cf. Is 7, 14 ). Outros contestam, dizendo que esta mulher é símbolo da Igreja nascente. Mas, a Igreja nunca esteve "grávida" de Jesus Cristo! Antes, foi Cristo que gerou a Igreja, foi ele que a estabeleceu e a sustenta. E para provar que esta mulher é exclusivamente Nossa Senhora, em outro lugar está escrito:

"O Dragão vendo que fora precipitado na terra, perseguiu a Mulher que dera à luz o Menino" (Ap 12, 13). A Igreja teria dado à luz a um Menino? Evidente que não! Portanto esta mulher refulgente é unicamente, Nossa Senhora, pois foi ela unicamente que gerou "o menino" prometido (cf. Is 9, 5 ). Diz ainda a Sagrada Escritura que: "(o Dragão) deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz (...) para lhe devorar o Filho (...) A Mulher fugiu para o deserto, onde (...) foi sustentada por mil duzentos e sessenta dias" (Ap 12, 4.6). De fato, o demônio maquinou contra a vida de Jesus desde seu nascimento, na pessoa do perseguidor Herodes. Maria fugiu então com o filho para o deserto (Egito). Lá ficou por aproximadamente mil e duzentos e sessenta dias ( três anos e meio ). Perfazendo os três anos e meio de exílio, nos quais foi sustentada pela Providência.
Portanto, todos esses versículos, confirmam primeiramente a assunção de Nossa Senhora. Pois o apóstolo a contempla revestida de sol, não só nos vivros canônicos como também nos escritos não canônicos como os “apócrifos”, onde um escritos atribuído a São João diz que ele “viu a Mãe de seu Senhor revestida do Sol” já estabelecida desde agora na glória prometida pelo seu Filho, quando diz "Os justos resplandecerão como o sol" ( Mt 13,43 ).

Confirma incontestavelmente sua realeza espiritual, pois a mesma se apresenta coroada com doze estrelas, símbolo das doze tribos de Israel e dos doze apóstolos. Portanto Rainha do Antigo e do Novo Testamento. Por fim confirma sua maternidade espiritual, pois diz o Espírito Santo: “( O Dragão ) se irritou contra a Mulher ( Maria ) e foi fazer guerra ao resto de sua descendência ( seus filhos espirituais ), os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus" ( Ap 12, 17 ). Somos de sua descendência, verdadeiros Irmãos unidos por sua Santa Igreja.



O santo Rosário



Origem e Significado

O costume de rezar em breves fórmulas de oração consecutivas constitui uma das expressões da religiosidade humana. Entre os cristãos, tal hábito já estava em uso entre os eremitas e monges do deserto nos séculos IV e V. Tomou incremento especial no Ocidente: no fim do século X, havia entre os fiéis o costume de rezar o "Pai-nosso" certo número de vezes consecutivas. Esta prática teve origem, provavelmente, nos mosteiros, onde muitos cristãos professavam a Vida Religiosa, mas não estavam habilitados a seguir a oração comum, que compreendia a recitação dos salmos.
Para favorecer esses exercícios de piedade, foi-se aprimorando a confecção das "correntes" que serviam à contagem das preces. Esses instrumentos eram chamados "Paternoster" tanto na França como na Alemanha, na Inglaterra e na Itália;
Ou, menos freqüentemente, "numeralia, fila, computum, preculae". Os seus fabricantes constituíam prósperas corporações, ditas dos "Paternostries" ou dos "Paternosterer".
Ao lado de tal prática, ia-se desenvolvendo entre os fiéis outro importante exercício de piedade, o costume de saudar a Virgem Santíssima; repetiam a saudação do anjo a Maria - "Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo" (Lc 1,28) -, acompanhada das palavras de Isabel - "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre" (Lc 1,42). A invocação subseqüente - "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém."



Em conseqüência, por volta do ano 1150, os fiéis conceberam a idéia de dirigir à Maria, 150, 100 ou 50 saudações consecutivas, à semelhança do que faziam repetindo a oração do Senhor. Cada série de saudações - intercalada pela oração do "Pai-nosso" - devia constituir uma coroa de rosas ofertada à Virgem Santíssima; daí os nomes de "rosário" e "coroa" que se foram atribuindo a tal prática; também chamada "Saltério da Virgem Santíssima", conforme as séries de 150, 100 ou 50 "Pais-nossos", que faziam às vezes de Saltério dos irmãos conversos nos mosteiros.

Por volta de 1408, o monge Cartuxo Henrique de Egher, ou de Calcar, redigiu um poema intitulado "Psalterium Beatae Mariae", no qual estimulava a recitação de um "Pai-nosso" antes de cada dezena de "Ave-Marias". Esta forma encontrou espontânea aceitação e tornou-se comum entre os fiéis.

Posteriormente, houve a associação da meditação à recitação vocal das "Ave-Marias". O dominicano Alan de La Roche, por volta de 1475, sugeria a recitação de 150 mistérios, que percorriam os principais aspectos da obra da Redenção, desde o anúncio do anjo à Maria até a morte da Virgem Santíssima e o juízo final.
Durante séculos, a maneira de celebrar o "Saltério de Maria" variou muito. Papel de relevo na orientação geral desta prática do Rosário coube à benemérita Ordem de São Domingos, à qual foi sempre muito caro esse exercício de piedade; através de Irmandades do Rosário, assim como por meio de pregações, e escritos, devocionários, os dominicanos difundiram largamente a devoção.

Foi, finalmente, um Papa dominicano, São Pio V (1566-1572) quem deu ao Rosário a sua forma atual, determinando tanto o número de "Pais-nossos" e "Ave-Marias" como o teor dos mistérios que o devem integrar. O Santo Pontífice atribuiu à eficácia dessa prece a vitória naval de Lepanto, que, aos 7 de outubro de 1571, salvou de grande perigo a Cristandade ocidental; em conseqüência, introduziu no calendário litúrgico da Ordem de São Domingos a festa do Rosário sob o nome de "Festa de Nossa Senhora do Rosário". A solenidade foi, em 1716, estendida à toda a Igreja. A devoção foi, daí por diante, mais e mais favorecida pelos Pontífices Romanos, merecendo especial relevo o Papa Leão XIII, que determinou que fosse o mês de outubro dedicado à recitação do Rosário.

Por fim, é importante notar que o Rosário não é uma oração meramente vocal. A repetição das mesmas preces tem o objetivo de criar um clima contemplativo, que permita a meditação e o aprofundamento dos grandes mistérios da nossa fé, associados a cada dezena do Rosário. O aspecto meditativo ou contemplativo é essencial à recitação do Rosário.


Os Papas a recomendam;

Pio IX:

“Assim como São Domingos se valeu do Rosário como de uma espada para destruir a nefanda heresia dos albigenses, assim também hoje os fiéis exercitando o uso desta arma — que é a reza cotidiana do Rosário — facilmente conseguirão destruir os monstruosos erros e impiedades que por todas as partes se levantam” (Encíclica Egregiis, de 3 de dezembro de 1856).

Leão XIII:
“Queira Deus — é este um ardente desejo Nosso — que esta prática de piedade retome em toda parte o seu antigo lugar de honra! Nas cidades e aldeias, nas famílias e nos locais de trabalho, entre as elites e os humildes, seja o Rosário amado e venerado como insigne distintivo da profissão cristã e o auxílio mais eficaz para nos propiciar a divina clemência” (Encíclica Jucunda semper, de 8 de setembro de 1894).

São Pio X:

“O Rosário é a mais bela e a mais preciosa de todas as orações à Medianeira de todas as graças: é a prece que mais toca o coração da Mãe de Deus. Rezai-o todos os dias”.

Bento XV:

“A Igreja, sobretudo por meio do Rosário, sempre encontrou nEla a Mãe da graça e a Mãe da misericórdia, precisamente conforme tem o costume de saudá-La. Por isso, os Romanos Pontífices jamais deixaram passar ocasião alguma, até o presente, de exaltar com os maiores louvores o Rosário mariano, e de enriquecê-lo com indulgências apostólicas”.

Pio XI:

“Uma arma poderosíssima para pôr em fuga os demônios .... Ademais, o Rosário de Maria é de grande valor não só para derrotar os que odeiam a Deus e os inimigos da Religião, como também estimula, alimenta e atrai para as nossas almas as virtudes evangélicas” (Encíclica Ingravescentibus malis, de 29 de setembro de 1937).

Pio XII:

“Será vão o esforço de remediar a situação decadente da sociedade civil, se a família, princípio e base de toda a sociedade humana, não se ajustar diligentemente à lei do Evangelho. E nós afirmamos que, para desempenho cabal deste árduo dever, é sobretudo conveniente o costume do Rosário em família” (Encíclica Ingruentium malorum, de 15 de setembro de 1951).

João XXIII:

“Como exercício de devoção cristã, entre os fiéis de rito latino, .... o Rosário ocupa o primeiro lugar depois da Santa Missa e do Breviário, para os eclesiásticos, e da participação nos Sacramentos, para os leigos” (Carta Apostólica Il religioso convegno, de 19 de setembro de 1961).

Paulo VI:

“Não deixeis de inculcar com toda a diligência e insistência o Rosário marial, forma de oração tão grata à Virgem Mãe de Deus e tão freqüentemente recomendada pelos Romanos Pontífices, pela qual se proporciona aos fiéis o mais excelente meio de cumprir de modo suave e eficaz o preceito do Divino Mestre: ‘Pedi e recebereis, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á’ (Mt. 7, 7)” (Encíclica Mense maio, de 19 de abril de 1965).

João Paulo II:

Em outubro de 2002, o Papa João Paulo II, através da Carta Apostólica "Rosarium Virginis Mariae" propôs que se acrescentassem outros cinco mistérios àqueles até então contemplados no Rosário (mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos), chamados "mistérios luminosos" (ou da luz), que compreendem a vida pública do Salvador (do Batismo no Jordão até o início da Paixão). Esta sugestão teve o objetivo de ampliar o horizonte do Rosário, afim de que seja possível a quem o recita com devoção penetrar ainda mais a fundo no conteúdo da Boa Nova e conformar sempre mais a própria existência àquela de Cristo.


(As Fontes referencio-graficas são de responsabilidade do Apostolado Defesa Católica, do Sr. Edgar Leandro da Silva a qual nos cedeu carinhosamente, este estudo que revisado e exposto por Nosso Apostolado.).