terça-feira, 30 de agosto de 2011

Verdadeiro e Falso Ecumenismo

Se "Fora da Igreja não há Salvação", o que é o Ecumenismo?
Infelizmente esta é uma confusão muito comum, especialmente em certos meios ditos "progressistas"; esta confusão, na verdade, é fruto do chamado "relativismo", uma heresia já condenada pela Igreja muitas e muitas vezes.

Antes de mais nada, vejamos o que é o ecumenismo verdadeiro (não o da LBV...):

A palavra "ecumênico" sempre foi usada no sentido de uma reunião do conjunto dos bispos da Igreja. Assim, por exemplo, um Concílio que reúna os bispos do mundo todo é um concílio ecumênico, mesmo (e especialmente!) se não houver nenhum não-católico presente.

Infelizmente esta palavra começou a ser usada no fim do século passado para definir um movimento surgido nos meios protestantes, que busca fazer uma reunião meramente jurídica de todas as seitas protestantes (não devemos nos esquecer que na eclesiologia protestante a Igreja, com "I" maiúsculo, não existe visivelmente, sendo composta por uma união invisível de todas as seitas); assim este movimento pseudo-ecumênico, expresso por exemplo no Conselho Mundial de Igrejas, deseja fazer com que as seitas aceitem a validade, por exemplo, dos Sacramentos ministrados por outras seitas. No caso de seitas que não acreditem em sacramentos, o objetivo do movimento seria fazer com que admitissem que as seitas que acreditam são verdadeiramente "cristãs" no mesmo sentido que o são os membros de sua seita própria.

Ora, esta visão é incompatível com a Fé cristã. O protestantismo prega que a fé apenas salva, mas não se preocupa com a questão que evidentemente surge em decorrência desta crença: fé em quê? Para um protestante, trata-se de uma aceitação subjetiva de um "jesus" salvador, não de uma aceitação real d'O Jesus Salvador. Digo isso por uma razão simples de perceber: se cada um interpreta diferentemente a Escritura e acredita que o que Ele pede é uma coisa diferente do que outro protestante (por vezes na mesma seita!) acredita, não se está aceitando Jesus, mas sim inventando um "jesus" pessoal, um "jesus" que corresponde na verdade apenas às ânsias e preconceitos do "crente".

Assim Monique Evans e Tiazinha, por exemplo, crêem em um "jesus" que não vê absolutamente problema nenhum na difusão de pornografia, "jesus" esse radicalmente diferente, por exemplo, do "jesus" de uma senhora da "Assembléia de Deus", que não tira suas saias longas e não corta o cabelo.

Do mesmo modo o "pastor" Caio Fábio acredita em um "jesus" que permite o divórcio (em frontal contradição com as próprias palavras de Cristo registradas no Evangelho!), mas preocupa-se principalmente com problemas sócio-policiais da população favelada...

Para Monique Evans e Tiazinha, entretanto, Caio Fábio é certamente um cristão, e presumivelmente o contrário também é verdade.

Este é o "espírito ecumênico" do Conselho Mundial de Igrejas, que aliás já está tendo problemas graves devido a, por exemplo, a pregação pró-homossexualismo de algumas seitas que dele fazem parte, pregação essa que já provocou a saída de vários grupos deste Conselho.

A mensagem do falso ecumenismo é "tolerância", compreendida como na verdade mero indiferentismo: não importa em que "jesus" é a fé do "crente", importa que ele tenha fé.

O "ecumenismo" da LBV é aparentemente o paroxismo deste tipo de mentalidade indiferentista, mas na verdade o é apenas para consumo externo. Nas creches e escolas da LBV, por exemplo, as crianças são indoutrinadas na doutrina própria desta seita, que entre outras coisas ensina o reencarnacionismo, as várias revelação sucessivas (incluindo aí Allan Kardec e o próprio fundador da LBV), a inexistência do Espírito Santo (visto como uma reunião de "espíritos evoluídos"), etc.

Assim eles consideram que todas as religiões são aceitáveis, mas a verdade seria a pregada por eles. Como são reencarnacionistas, não vêem necessidade de confronto; afinal se o sujeito for um bom protestante, ou católico, ou macumbeiro, na "próxima encarnação" ele poderá ter acesso à verdade LBVista...

Estes falsos ecumenismos são totalmente diferentes da noção católica de ecumenismo. Já vimos que a palavra "ecumênico" sempre teve na Igreja a conotação de algo relativo a uma reunião de toda a Igreja, não de uma reunião interreligiosa. Vimos igualmente que o relativismo é algo totalmente contrário à fé cristã.

Como então se coloca o afã "ecumênico" da Igreja, no que diz respeito ao diálogo com os protestantes e cismáticos orientais?

Trata-se de, como Cristo, ir buscar à ovelha que está afastada, trazer para a Igreja aqueles que estão fora dela, quer formal quer materialmente. O Concílio Vaticano II pede, como norma pastoral, que isto seja feito partindo-se do que já é de conhecimento ou uso do herege ou cismático. Nisto o texto conciliar corrobora a imortal sabedoria do Doutor Angélico, S. Tomás de Aquino, que já dizia: "Ao debater com pagãos, uso a Razão; com judeus, o Antigo Testamento; com hereges, toda a Escritura".

Assim devemos perceber os reflexos da verdadeira Fé cristã que estão contidos em cada seita ou crença pessoal, para a partir destes reflexos incentivar o herege ao estudo para que ele perceba os erros e incoerências da falsa fé que tem.

"Ora", diria o indiferentista, "e os 'elementos de santificação' que existem nas seitas?" Respondo que eles existem, como podemos ver nos próprios documentos do Concílio, apenas em função da Igreja. Trata-se de, para usar uma parábola evangélica, migalhas que caem da mesa. Um batismo válido ministrado por uma seita protestante não é válido por ter sido ministrado por esta seita, mas sim apesar disto!

Assim um batismo válido ministrado por, digamos, uma seita pentecostal faz com que a pessoa que foi batizada torne-se não pentecostal, mas católica. Alguém que morra logo após um batismo válido ministrado por uma seita pentecostal morre como católico, e como tal é salvo.

Este pertencer invisível à Igreja, entretanto, não é garantia de salvação. Muito pelo contrário, aliás. Alguém que tenha nascido em um ambiente protestante, nunca tenha tido contacto algum com a verdadeira fé (situação evidentemente impossível no Brasil...) e siga a falsa fé em que foi educado após um batismo válido pode ser salvo, se, e somente se, ele nunca abandonar a Graça de Deus infusa pelo batismo.

Ora, como é abandonada esta graça? Pelo pecado mortal (pecado cometido deliberada e conscientemente em matéria grave). Assim a chance de um protestante se salvar está em não pecar nunca mortalmente após um batismo válido (e batismo é só uma vez: se ele foi batizado em criança é este o batismo válido; se o foi em adulto, não adianta reiterar o batismo: o segundo vale apenas por um banho sem sabonete...), seguindo assim sempre a sua consciência de forma irrepreensível e aceitando todas as graças dadas por Deus.

Ora, será que isso é comum? Será que é comum que uma pessoa, mais ainda, uma pessoa sem acesso ao Santíssimo Sacramento e fechada em um ambiente de mentiras e heresias, consiga sempre corresponder à graça de Deus de tal maneira que nunca, jamais peque mortalmente? Certamente que não.

Tal acontecimento é evidentemente raríssimo, mas pode existir. Devido a sua raridade e, mais ainda, à presunção em que implicaria confiar que ocorra tal comportamento, é um dever de caridade de todo católico buscar trazer à Igreja este pobre protestante, para que, tendo acesso aos Sacramentos e à Verdade, possa evitar as chamas eternas do Inferno.

A única outra chance que um protestante hipotético, nascido e criado sem contacto algum com a Igreja, poderia ter de salvar-se é uma perfeita contrição na hora da morte. O que é uma perfeita contrição? É um arrependimento completo de seus pecados, movido por um amor absoluto e perfeito a Deus. Por Deus vem o horror aos pecados, e Deus não deixaria de perdoar alguém que estivesse tão perfeitamente arrependido de seus pecados e a buscar a união com Ele.

Ora, o protestantismo desincentiva a contrição, vista por eles como demonstração de falta de fé. Afinal, eles acreditam que o pecado do homem é encoberto por Jesus, mas continua existindo; eles não acreditam em santificação do homem, mas acham que Cristo mente a Deus Pai, dizendo que o homem está sem pecado, para que ele possa entrar no Céu. Assim preocupar-se por um pecado cometido seria uma demonstração de falta de fé no "pistolão" celestial que os faria entrar no Céu mesmo sendo sempre pecadores. E é apenas, nesta heresia, a falta de fé que pode fazer com que alguém não seja salvo...

No caso de um católico que apostate e venha a ser, digamos, batista ou pentecostal, a situação é muito mais grave, assim como é gravíssima a situação de um protestante nascido em país católico (e que assim teve contacto com a Verdade). Isto ocorre por uma razão muito simples: a Verdade atrai quem a busca, e a graça da conversão é sempre dada por Deus a todos, mesmo os piores pecadores.

O próprio fato de um católico apostatar da Verdadeira Fé e unir-se a uma seita é na verdade um ato de afastamento de Deus, de negação de Sua Graça. O nosso protestante hipotético que nunca tivesse conhecido a Igreja nem cometido pecado mortal, por exemplo, seria indubitavelmente alguém que, pela oração, pela caridade, pelos meios que estivessem a seu dispor, procurara sempre aceitar a graça de Deus. Este protestante hipotético, caso tivesse qualquer chance de contacto com a Igreja (nem que fosse pela TV ou pela Net), aceitaria a graça que Deus sempre está a oferecer a todos os pecadores e hereges e se converteria.

Assim um protestante em país católico ou, pior ainda, um católico que se tornou protestante é alguém que se negou a aceitar uma graça dada por Deus, escolhendo separar-se de Deus. Vemos assim como é perigosa esta situação. A pessoa escolheu, movido provavelmente por interesses outros (possibilidade de segundas núpcias, desejo de ser o árbitro final do certo e do errado - a exemplo de Adão e Eva no Paraíso...), abandonar a Cristo e inventar seu próprio "jesus", negando-se assim a aceitar aquilo que Deus pede dele e para o quê Ele oferece a cada instante os meios (a graça da conversão).

Mesmo que esta pessoa tenha cometido este ato (negar-se a aceitar a graça) sem ter consciência de seu erro, isto não deixou de ser um ato de separação de Deus. Trata-se de ao mesmo tempo a comprovação de uma negação provavelmente habitual da graça (posto que se ele estivesse habitualmente disposto a aceitar as graças dadas por Deus não teria negado a mais importante!) e uma decisão de não mais aceitar a reconciliação com Deus (feita pelo Sacramento que Cristo instituiu) após um pecado mortal que ele venha a cometer.

Além disso, provavelmente não durará muito para ele cometer um pecado mortal, visto o seu fechamento, doravante habitual, para a graça. Não podemos esquecer que é apenas pela graça de Deus livremente aceita que podemos não pecar; a nossa natureza sozinha nos leva a pecar. "Abyssus abyssum invocat", o abismo atrai abismo. Quanto mais a pessoa peca, quanto mais ela se afasta da graça de Deus, mais fácil se torna pecar.

O dogma (um dogma é algo que é Verdade Revelada, que deve ser crida por todo cristão; um exemplo disso é a Santíssima Trindade, Três Pessoas e Um Só Deus) nos afirma claramente que "Fora da Igreja não Há Salvação". Não é possível salvar-se fora da Igreja, que é a Comunhão dos Santos. Não é possível salvar-se em estado de pecado mortal, não é possível salvar-se em uma seita herética.

A eventual salvação de um herege vem de sua conversão ou, no caso de alguém que nunca, jamais, tenha tido acesso à Igreja, pela aceitação de todas as graças dadas por Deus, o que levaria a uma conversão caso ele tivesse a oportunidade; é a isto que se refere o documento *Diálogo e Anúncio* do Pontifício

Conselho para o Diálogo Inter-religioso: "Em muitos casos, eles já podem ter

respondido implicitamente à oferta de Deus de salvação em Jesus Cristo; um

sinal disto pode ser a prática sincera das próprias tradições religiosas, à

medida que elas contêm autênticos valores religiosos. Podem já ter sido

atingidos pelo Espírito e, de certo modo, estar associados, sem o saberem,

ao Mistério Pascal de Jesus Cristo (cf. GS 22)."

É o caso de alguém nascido protestante ou até pagão, sem jamais ter tido contacto com a Fé Cristã verdadeira, que tenha sempre, ao longo de sua vida, respondido "sim" a tudo o que Deus dele pediu, praticando sinceramente as práticas religiosas de sua comunidade, no que elas contém de conforme à Lei Natural. Assim alguém que tenha sido criado, digamos, em uma comunidade de adoradores de ídolos que fazem sacrifícios humanos não poderia jamais tomar parte nos ditos sacrifícios, abomináveis à luz da Lei Natural que todos nós já temos inscrita em nosso coração e que não precisamos aprender de fontes externas.

A associação deste hipotético pagão ou protestante com a Igreja, Corpo Místico de Cristo, ocorreria sem que ele o soubesse; sua resposta habitual de aceitação das graças dadas por Deus corresponderia, na Infinita Misericórdia do Senhor, a uma aceitação da oferta de Deus de Salvação no Cristo Jesus. Esta oferta só não foi aceita de forma explícita por não ter sido conhecida, pelo fato deste protestante ou pagão hipotético nunca ter visto um só católico em toda a sua vida.

Esta pessoa está assim unida de forma invisível à Igreja; ela está materialmente na Igreja, mas não formalmente, e só não está formalmente na Igreja por falta de oportunidade. Enquanto ela se mantiver dentro da Igreja, ainda que desta forma invisível, ela pode ser salva. Se um dia, porém, ela deixar de aceitar as graças dadas por Deus e pecar consciente e deliberadamente em matéria grave, ela só poderá voltar à Igreja se tiver uma perfeita contrição, já que não tem acesso ao Sacramento da Confissão.

Assim, portanto, é o dever de todo católico unir-se ao afã ecumênico da Igreja, buscando a conversão dos hereges e cismáticos, buscando trazê-los de volta à Igreja, fora da qual não há Salvação.

O Santo Padre João Paulo II, através de organizações com este objetivo, trata desta nobre missão no âmbito mais amplo, buscando fazer com que seitas e grupos cismáticos voltem à Igreja em bloco. Até agora já foram vários grupos a abandonar seus erros e voltar à fidelidade e obediência ao Romano Pontífice, condição necessária (ao menos implicitamente) para a salvação.

A nós cabe fazê-lo no âmbito individual, trazendo pessoas (amigos, conhecidos, vizinhos...) de volta à Igreja, de volta a Cristo, de volta à possibilidade de Salvação.

Sugiro, para facilitar este diálogo, especialmente com os protestantes, uma visita à página de meu programa de rádio, A Hora de São Jerônimo, onde podem ser encontrados argumentos para iniciar um debate que faça com que o herege perceba os erros de sua seita. Sugiro fortemente que o primeiro programa a ser ouvido seja o sobre a Bíblia, que explica o erro de base do protestantismo.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Fonte:

RAMALHETE, Carlos. Verdadeiro e Falso Ecumenismo. Blog A hora de São Jerônimo. Disponível em: http://www.hsjonline.com/2011/07/verdadeiro-e-falso-ecumenismo.html#more Acesso em : 30 Agosto 2011.

sábado, 27 de agosto de 2011

Por que Deus se fez homem? (III parte)


Por: Eduardo Moreira¹ e Mariana Prado Borges².

Considerações sobre o evolucionismo

Quase na redação do quarto artigo da série “Por que Deus se fez homem?” cabe, talvez de forma tardia, dizer algumas palavras as quais certamente responderão perguntas já feitas pelos leitores em suas mentes. Quem vos escreve é um cientista, não um filósofo ou teólogo, que dista em muito das áreas biológicas, mas que sabe um mínimo acerca do evolucionismo darwiniano. Todavia, esse mesmo cientista possui contatos que lhe são capazes de assegurar que seu pronunciamento sobre essa teoria é verdadeiro. Tomando, pois, o mínimo conhecimento e a opinião de uma bióloga, Mariana Prado Borges, fica livre o autor para tecer alguns comentários acerca dessa teoria.

Distam-se quase nove séculos desde a redação da obra de Santo Anselmo a partir da qual foram feitos os raciocínios da série de artigos na qual esse se encontra. Todavia, embora antiga, a obra de Santo Anselmo parece atual e não é a ignorância do Santo Sábio Doutor da Igreja (que existe por razões óbvias) acerca do evolucionismo que tira dela os méritos e a profundidade do raciocínio que se lhe tem. Essa obra é pautada no raciocínio filosófico, dentro das limitações científicas da era chamada “medieval”.

Entretanto, é bom alertar ao leitor sobre certos equívocos e injustiças que se têm cometido em nome da assim chamada Teoria da Evolução. Muitos já são os cientistas céticos dessa teoria, que traz consigo verdades e dúvidas. O Gênesis não é, pois, um livro científico. A Igreja subsidiou pesquisas acerca do Big Bang, as quais foram desenvolvidas primordialmente por um padre jesuíta, Georges Lemaître, e a Igreja sabe perfeitamente que o universo não foi criado em sete dias como afirma Livro Sagrado. Esse, por sua vez, não trata de questões científicas e no que tange a criação, o próprio Santo Anselmo já afirma que os dias da Criação não são os nossos dias. Logo, os sete dias da criação não passam de uma poesia, uma narrativa belíssima da criação do mundo que atesta a maior verdade de todos os séculos: O universo foi criado e desejado por Deus.

No que diz respeito à teoria da evolução, o Papa Pio XII em 1938 escreveu uma encíclica chamada “Humani Generis”, a qual pode ser encontrada no sítio oficial do Vaticano e onde ele dá total liberdade dos fiéis em estudarem o evolucionismo monogenista. Não há, assim (e o mesmo Papa já disse isso na citada encíclica), qualquer liberdade para crer no poligenismo, que não é nem sustentado pela Ciência que revela através de análises do DNA mitocondrial que somos sim descendentes de uma só mulher (Teoria da Eva Mitocondrial).

Até então, entretanto, o ponto de vista oficial da Igreja é o criacionismo, muito embora seja dado aos fiéis o livre arbítrio para estudar e até crer no evolucionismo, não esquecendo, é claro, de que o homem é a obra prima de Deus, criada racional para conhecer o certo e o errado e assim amar ao Criador. Logo, não importando o caminho, o homem foi querido e criado por Deus. Assim como no passado a Igreja Católica (e as comunidades protestantes) sustentaram o geocentrismo até se ter uma prova concreta do heliocentrismo, hoje o catolicismo defende o criacionismo.

É bom dizer que a ciência não é “maldita”, posto que o Papa Beato João Paulo II disse que a ciência pode purificar a religião dos equívocos e das superstições e ele mesmo elogiou em certo pronunciamento público a teoria de Darwin, dizendo que é possível conciliá-la com a Teologia. Logo, aqueles que quiserem ler os artigos da série “Por que Deus se fez homem?” à luz do evolucionismo e/ou do criacionismo têm toda a liberdade para tal.

Para finalizar esse “parêntese” da série, deixo que a teoria da evolução também não tem todo crédito que certos cientistas pretendem que ela tenha. É uma questão de justiça dizer que essa teoria não pôde ainda ser reproduzida em laboratórios e que enfrenta diversas perguntas ainda sem respostas. Não se sabe, por exemplo, por que uma célula evolui quando na verdade todos seus mecanismos celulares são para preservar a estrutura do DNA impedindo que haja mudanças nele, mudanças essas necessárias para a evolução.

A evolução orgânica da matéria, todavia, é praticamente inquestionável. O que não é ainda inquestionável é se essa evolução é capaz de causar mudanças brutais nas espécies. Na opinião de quem vos escreve, o evolucionismo é uma hipótese (e não uma teoria), ainda não comprovada, mas que merece e deve ser estudada a fim de subsidiar o conhecimento do homem para bem servi-lo. Em nada essa teoria retira a Onipotência Divina, pelo contrário, só a revela ainda mais, assim como revela a capacidade do homem de compreender a natureza, criada por Deus tendo o homem como obra prima.

Notas:

Eduardo Moreira¹: Bacharel e licenciado em Química pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mestre em físico-química (eletroquímica ambiental) e doutorando em Química Quântica Avançada pela Universidade de São Paulo (USP).

Mariana Prado Borges²: Bacharel e licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mestre em Ecologia Vegetal e Conservação de Recursos Naturais pela mesma universidade.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O padre que usa amicto!

Por John Lennon J. da Silva.

No mês passado escrevi artigo intitulado “As arbitrariedades contra a Sagrada Liturgia” tratei de como anda a liturgia no Brasil, e fiz menção aos erros que têm cercado a vida litúrgica de muitas Igrejas, pois bem entre as minhas afirmações sobressai-se para o leitor, o descuido que têm tido parte do clero em relação à celebração da Sagrada Liturgia. Prova disso é a falta dos paramentos litúrgicos e de um verdadeiro “espírito litúrgico” entre os fieis.

Falar desta situação parece não ser tarefa das mais animadoras, já que uma celebração correta como pede a Igreja tornou-se coisa rara. Mas para glória de Deus muitos padres e bispos zelosos quanto à liturgia, tem demonstrado vigor e testemunho trazendo consigo exemplos peculiares que se constituem pérolas de esperança na restauração do que fora perdido.

Uma destas pérolas que eu pude ver com meus próprios olhos no último domingo dia 21/08, e quero compartilhar com todos os leitores do site nesta época de crise na fé e secularização. No domingo pela noite me dirigi junto com minha namorada para participarmos da Santa Missa pelas 18:00 horas em Igreja aqui de Caruaru. A Santa Missa foi celebrada pelo Revmo. Pe. Francisco Xavier Ribeiro [foto do lado direito] um piedoso e conhecido padre aqui da Diocese de Caruaru, participei de toda a celebração na forma ordinária e ao final acompanhei minha namorada que tem o Revmo. Pe. Francisco como diretor espiritual e desejava presenteá-lo com uma pequena lembrança. Então depois de rápida conversa com ele após a benção final, fomos o seguindo até a sacristia e ficamos próximos a porta de entrada aguardando o padre retirar as vestes litúrgicas para que minha namorada entrega-se seu presente.

Eu particularmente observava tudo atentamente, naquele momento o padre Francisco estava a tirando a estola, casula, cíngulo e a alva pensava eu que havia ele concluído a retirada das vestes litúrgicas e logo apareceria sua veste ordinária. Mas observei em volta do pescoço dele sobre os ombros uma pequena veste, cuja em baixo ele dava um nó nas duas pontas, eu espantei-me por nunca ter visto um padre com um “amicto”¹ [observe a imagem da postagem] só havia visto aquela veste em fotos ou ilustrações litúrgicas, já que há muitas décadas parece ter ela caído em desuso. Naquele momento minha namorada percebeu a veste com estranheza e até comentou o excesso de vestes ao padre, que respondeu com um sorriso rápido.

Logo após o ocorrido pensava e refletia aquele fato, tão raro, tão simples e rico. Raro por que em nossos dias a liturgia tem enfrentando uma crise de identidade e muitos padres encontram-se cômodos quanto ao uso das vestes litúrgicas como manda o Magistério e a Tradição, tal descuido litúrgico já foi condenado várias vezes o Beato João Paulo II dizia; "Deixar de observar as prescrições litúrgicas sobre a exigência dos parâmetros à celebração é interpretado como falta de respeito à Eucaristia". O gesto e o cuidado daquele sacerdote inflamavam em mim esperança, pois mesmo em tempos de crise, secularização e perigo para a fé católica: muitos padres mantêm a fé e cuidado com as orientações que sempre marcaram a vida litúrgica da Igreja.

E durante a volta para casa comentava rapidamente com minha namorada, o valor e a piedade que demonstrava aquele sacerdote ao utilizar aquela veste que aos olhos de muitos é estranha, pois quase não é vista já que caiu em desuso por sacerdotes de diversas paróquias e dioceses do país. Dizia a ela que era coisa raríssima ver um sacerdote usá-la e que o Pe. Francisco se distinguia em meio a uma multidão de analfabetos em liturgia.

Queria trazer este exemplo zeloso para que os leitores e amigos saibam que existem muitos valorosos heróis na Fé, que se tornaram anônimos depois da tempestade que produziram na Igreja Católica os heterodoxos e homens de má fé. Rezemos por sacerdotes dignos e verdadeiros e peçamos a Deus que mantenha fieis os corações de inúmeros bispos, e padres como este sacerdote de pouco mais de 57 anos, assim como religiosos e leigos que têm corajosamente a mando do Senhor Jesus anunciado a boa nova e pelejado pela verdade e pela preservação do que fora legado a única Igreja de Cristo. E mantenha-nos unidos ao sucessor de Pedro.

Notas:

Amicto¹: É a primeira veste que o Sacerdote coloca sobre os ombros e em volta do pescoço. Representa o elmo da salvação que defende o Sacerdote das insídias de Satanás. Ao vesti-la é rezada a seguinte oração: "Colocai, Senhor, na minha cabeça o elmo da salvação para que possa repelir os golpes de Satanás".

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Por que Deus se fez homem? (II parte)


Por: Eduardo Moreira.


O que é o pecado e como ele deve ser perdoado:

Num primeiro artigo foi exposto o porquê de Deus ter redimido o homem através do sacrifício do Homem-Deus. Nesse artigo abordar-se-á o tema do pecado quanto à sua natureza e como ele deve ser perdoado à luz da misericórdia Divina. Esse artigo parte para um campo apologético, haja vista que há no mundo atual uma mentalidade antropoteísta deveras pueril que diz que se Deus é misericórdia ele deve perdoar os pecados por pura bondade. Partimos, pois, do pressuposto que Deus existe, como demonstrado de forma bastante clara e diria incontestável através das cinco vias de Santo Tomás de Aquino.

Santo Anselmo define que o pecado é nada mais nada menos que não render à Deus o culto que Lhe é devido. Esse culto é uma dívida perpétua do homem, uma expressão de gratidão por sua criação. Em outro artigo tratar-se-á da criação do homem, isto é, do porquê de sua criação e se ele foi sempre desejado nos planos divinos.

Devemos sumariamente saber que Deus é amor e é bondade. O homem deve, pois, render a Deus a gratidão pela criação, ou seja, pelo dom da existência. Logo, homens e anjos não pecariam se rendessem a Deus o que Lhe devem e de forma análoga, o pecado é o ato do homem não render a Deus o que se Lhe deve.

Dessa maneira, homens e anjos têm uma dívida de gratidão para com Deus por ocasião de sua existência contingente. Como a existência humana e angelical uma vez criada existe perpetuamente, homens e anjos devem perpetuamente gratidão a quem lhes deu a existência, que no caso é Deus. Portanto, o culto é a retidão da vontade, à qual devemos à Deus e é só o que Ele requer de nós. Aquele que não rende à Deus essa honra que Lhe é devida O desonra, pois rouba Sua posse e isto é precisa e exatamente o pecado. Além disso, quem não repara esse débito permanece na culpa.

Quem permanece na culpa por ter desonrado à Deus não só deve pagar o valor do roubo da honra, mas também algo mais, uma pena devido ao desprezo oferecido e à má inclinação do homem ao cometer o absurdo de ofender e desonrar a infinita bondade de Deus que é infinito. É conveniente pensar nisso como se fosse alguém que retira a saúde de um trabalhador impedindo-o de trabalhar. Ora, não é justo que esse alguém pague apenas pelo reparo salutar, mas que pague, outrossim, pelo tempo de trabalho ao qual ficou o trabalhador impossibilitado de trabalhar. Dessa forma quem peca deve devolver à Deus a honra que Lhe roubou.

Há, após essa explicação, quem certamente objetará que Deus deve perdoar o pecador por simples misericórdia. Esses são os mesmos que fazem a terrível e danosa confusão entre amor e fraqueza. Dizem eles que quem ama não castiga ou pior, dizem que Deus é injusto se castigar e que Ele sendo capaz de tudo pode perdoar não só por misericórdia infinita como também pela onipotência Divina. Acontece que Santo Anselmo através da Filosofia Escolástica prova que pelo castigo Divino não há injustiça e tampouco clivagem da onipotência de Deus.

Da maneira como exposto no texto até o presente, perdoar consiste em punir. Ora, se não é justo cancelar o pecado sem punição, perdoar o pecado por pura misericórdia é agir contra a justiça e retidão. Logo, se o pecado não é punido há desordem, como quando uma criança que rouba um doce, percebendo a facilidade e a impunidade do ato torna a roubar. Como o Reino de Deus é perfeito, não convém que nenhuma desordem adentre n’Ele e assim é justo e salutar que Deus puna quem O desonra.

Foi mostrado, pois, que o pecado deve ser remido pela punição, mas não ainda não está claro o seguinte item: Por que o pecado deve ser punido para que haja justiça? Ora, se Deus usa Sua onipotência para perdoar um pecado por pura misericórdia e não pela punição, o pecado e a desordem estão mais à vontade que a justiça e a ordem. A conclusão fatal é que o pecador e o não pecador teriam méritos iguais perante o Pai, o que seria o mesmo que dizer que o pecado é igual à justiça. Como pode ser notado, seria absurdo dizer isso de Deus, senão deveras injusto dizer que Deus não difere a justiça da injustiça.

Para melhor entendimento, deve-se considerar que a justiça dos homens está submetida à lei de forma tal que a justiça Divina está submetida também à uma lei. Em maior ou menor magnitude a justiça dos homens se assemelha à justiça de Deus. Logo, se o pecado não é punido, tampouco está submetido à lei de Deus, o que leva a crer que o pecado está mais a vontade que a justiça e isso é ilógico. Dizer que o pecado pode ser perdoado apenas pela misericórdia é dizer automaticamente que o pecado é similar a Deus, que não está submetido à nenhuma lei, pois sendo Deus plenamente perfeito, Ele não é submisso a nada, afinal, só deve haver submissão de algo menos perfeito à algo mais perfeito. Se dizemos assim que o pecado não está submetido à lei de Deus, dizemos que o pecado é tão perfeito quanto Deus, o que é absolutamente intolerável.

Há ainda quem possa lançar alguma objeção dizendo que se Deus nos obriga a perdoar os pecados contra nós cometidos Ele é injusto para conosco, pois nos sobrecarrega com um fardo tão pesado que Ele mesmo não carrega. Acontece, pois, que não cabe ao homem vingar-se dos pecados cometidos contra ele, pois isso caracteriza vingança e ódio, o que é desordem. Cabe, assim, às autoridades, legítimas vingadoras da lei que fazem da lei objeto para manter no mundo a ordem natural, o dever de vingar os crimes. Devemos entender que quando as autoridades cumprem a justiça é o próprio Deus que o quer e que cumpre a lei através do poder que é certamente dado do alto quando cumpre o bem.

Constitui, pois, um abuso intolerável não dar a Deus a honra que se Lhe deve como, outrossim, constitui uma injustiça intolerável que Deus suporte esse abuso intolerável. Se assim não há nada maior ou melhor que Deus, não há nada mais justo que a suprema justiça que mantém a honra de Deus na disposição das causas, o que não é outra coisa senão o próprio Deus. Logo, não há nada mais justo do que Deus conservar sua honra e sua dignidade pelo bem da própria disposição universal.

Não devemos, entretanto, pensar que Deus perde sua honra, pois ou o pecador devolve espontaneamente ou pela força o que retirou de Deus. Se o homem devolve espontaneamente a honra de Deus ele devolve a si próprio a ordem natural do universo na qual constitui a felicidade para a qual o homem foi criado. Se doutra forma o homem não devolve a honra que ao Pai pertence, a infelicidade é o salário do pecado, pois sendo o homem criado para a felicidade não seria jamais infeliz se não tivesse pecado. A própria infelicidade já tira por si só do homem o que pertence a ele para que haja a restituição da honra Divina.

A honra de Deus em si não pode, todavia, ser retirada, pois assim como uma operação matemática não pode alterar em nada o módulo do algarismo infinito, uma ação humana é desprezível ainda que com esforço para retirar algo da honra de Deus que é infinita, imutável e, portanto, incorruptível. O homem não pode com o culto de forma idêntica prover nada na honra Divina, que já é perfeita. Isso não escusa, ao contrário, só agrava a atitude do homem em tentar desonrar a Deus, afinal, não Lhe dando a honra que Lhe é devida, desonra a beleza e a disposição do universo na qual foi criado o homem, mas de modo algum ofusca ou prejudica a honra e a dignidade de Deus. O homem prejudica só a beleza da criatura-universo através da ruptura da disposição natural, o que tange indiretamente em desonrar a Deus que tudo criou.

Não adianta assim o homem tentar fugir da submissão natural, pois está confinado na criação e de sua conduta depende a beleza daquela. Tentar ir contra a disposição natural de Deus é agir dentro do que criou Deus de forma não natural, o que implica dizer que se o homem não honra a Deus pela manutenção da ordem criada, o desonra automaticamente, ainda que em nada ofusque a perfeição Divina que está fora do mundo e que é independente dela. Portanto, o pecado do homem verte-se não contra Deus diretamente, mas contra o próprio homem, cabendo a Deus fazer justiça contra os que prejudicam o todo pelo pecado. É dessa forma que existe o pecado e é assim que o pecado agride a honra divina, não sendo, pois, Sua própria honra que é infinita, mas a honra da criação naturalmente boa e criada por Deus.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A verdadeira face de Lutero

Por John Lennon J. da Silva.


É pela primeira vez que indico aos leitores do site, um vídeo do canal Santa Igreja no youtube. Canal que sem dúvida alguma tem feito um trabalho espetacular ao produzir vídeos de explanação história e melhor compreensão de fatos polêmicos que cercam a Igreja entre o mundo, assim como temas ligados a doutrina Católica e ao Cristianismo.

Nesta última semana tomei conhecimento de um vídeo intitulado “A verdadeira face de Lutero” produzido pelo Santa Igreja. O vídeo trás uma serie de afirmações e declarações de Lutero que foram registradas em alguns livros da época posterior a Reforma Protestante no século XVI.

São afirmações que induzem ao leitor a concluir o quanto era maléfico e de má fé o pensamento do “Pai dos protestantes”. Algumas das citações presentes no vídeo foram apresentadas por mim semanas atrás no programa que gravei chamado “Lutero e a Reforma Protestante” para o programa Credo in Ecclesia, cujo vocês podem ouvir ou baixar por aqui.

Vocês iram notar também que as frases de Lutero são desconhecidas do público Brasileiro em geral, mais especialmente pelos próprios protestantes que desconhecem o que ensinava aquele que deu origem a maior rebelião contra à unidade cristã na Europa.

Vejam o vídeo do Canal Santa Igreja abaixo:

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Lutero e a Reforma Protestante [Programa Credo in Ecclesia]

Por John Lennon J. da Silva.


No último dia 27 de Julho, foi ao ar programa Credo in Ecclesia, cuja temática foi “Lutero e a Reforma Protestante” em pouco mais de 1 hora tratei da época em que a Reforma desenvolve-se, partindo dos pré-reformadores John Wycliffe e Jan Hus e suas concepções eclesiológicas. Além dos motivos que proporcionaram a Reforma Protestante, fazendo uma pequena síntese especificamente da pessoa de Martinho Lutero seu pensamento, suas idéias e doutrinas.

Abaixo como de costume aqui no site passo o arquivo para que os leitores interessados baixem e ouçam o programa.


O programa vai ao ar todos os sábados apartir das 18:30 hs pelo Radio-web Resgate.

sábado, 13 de agosto de 2011

Por que Deus se fez homem?


Por Eduardo Moreira.

Que não é justo o homem se livrar do pecado pelo sacrifício de qualquer ente que não o próprio homem. Os opositores da fé católica dizem que Deus foi injusto ao matar seu próprio Filho para salvar a humanidade. Santo Anselmo de Cantuária em sua obra “Por que Deus se fez homem?” já desmascarou esse argumento. Nosso objetivo com o texto abaixo é pensar com um olhar atual para as reflexões da Filosofia Escolástica de Santo Anselmo a fim de esclarecer melhor o motivo que levou Deus a se tornar homem por amor ao homem.

Crê e ensina o Cristianismo que Deus criou o homem. A narração de Gênesis diz que o homem estava só e isso pode ser entendido como que o homem é um ser a parte, diferente dos demais. Nenhum animal é igual ao homem e nem é tão perfeito. A política de tratar o homem como mais um animal é uma falácia, pois se o homem é igual aos demais animais, não poderíamos ter edificado universidades, hospitais e outras benfeitorias sociais, haja vista que nenhum animal senão o homem fez tamanha proeza.

Ao contrário do que as pessoas insistem em ensinar, o homem é um animal diferente, dotado de raciocínio. Isso não é o único adjetivo que difere o homem dos demais animais, pois o homem possui de forma racional o livre arbítrio, podendo escolher racionalmente entre o bem e o mal. Além disso, o homem possui uma característica que nenhum outro animal possui, a capacidade de conhecer e amar a Deus.

Partindo do raciocínio acima, sabemos que o homem é dotado de vontade e dotado do livre arbítrio racional. Com a origem do homem, é lógico que ele tinha a capacidade de optar pelo bem ou pelo mal. O homem é criado à imagem e semelhança de Deus para substituir os anjos caídos que traíram a Deus, completando a obra bendita.

Entretanto, o homem glorioso, criado para viver junto de Deus, dotado de alma e dotado de vida imortal cai em sua desgraça pelo pecado. Iludido pelo demônio, o homem cai numa tragédia, porque tendo a opção de escolher entre o bem e o mal, comete o mesmo pecado dos anjos ao querer ser igual a Deus.

Deus então, cheio de amor e compaixão qual Pai que jamais esquece do filho, faz uma aliança com seu povo e promete um dia a restauração de sua natureza gloriosa através de uma nova e eterna aliança, o sacrifício do próprio Filho de Deus, Jesus Cristo, que sacrificando-se inseriria os homens em seu corpo. Mortos para o pecado, os homens como Cristo, os homens presentes no Corpo de Jesus se tornariam algo superior aos anjos, filhos de Deus. Muitas pessoas objetam essa aliança dizendo que é impróprio de Deus, pura bondade, exigir o sacrifício de seu amado e único filho, Deus de Deus para restaurar a humanidade.

Acontece que o homem em sua origem foi quem pecou. Sendo que o homem pecou, ele escolheu o mal e se tornou escravo do pecado. O pecado passa de geração em geração como se fosse um mal hereditário. Isso tanto é verdade que se é possível perceber a corrupção em todo ser humano, por mais santo que seja. Dessa maneira, só o sacrifício de um homem sem mancha pode livrar a mancha do homem.

Assim sendo, alguém pode dizer que Deus não precisaria se encarnar para salvar a humanidade, pois isso poderia ser feito gerando um homem sem mancha, capaz de suportar a culpa do pecado. Todavia, se Deus fizesse isso ele não poderia livrar o homem do pecado, pois criaria de um pecador um não-pecador e isso é impossível, pois conforme já vimos o pecado é transmitido. Doutra forma, criar um homem não pecador de um pecador usando a onipotência divina seria injusto, pois se o homem tornou-se escravo do pecado não é justo que Deus liberte apenas um homem do pecado para salvar a humanidade, haja vista que se o homem caiu por livre e espontânea vontade e por livre e espontânea vontade deveria se livrar de sua queda.

O homem libertador deve ser, portanto, livre do pecado desde o início até o fim, mas também não pode ser um anjo. Se um anjo se encarnasse seu sacrifício não livraria o homem do pecado, pois o homem foi a criatura que pecou e não os anjos. O homem libertador deve ser obrigatoriamente livre do pecado e, principalmente, deve ter valor infinito, pois o pecado é uma ofensa infinita a Deus, conforme mostrar-se-á em outro artigo.

Só Deus é infinito e assim sendo, o homem libertador deve ser ao mesmo tempo Deus e homem, que por livre e espontânea vontade queira libertar a humanidade como homem, sem deixar de ser Deus, infinito. Logo, não se trata de meio homem e meio Deus, um híbrido. Se trata de pleno homem e pleno Deus. Só esse homem-Deus, sacrificado na cruz, é capaz de libertar a humanidade.

Se as naturezas de Cristo são separadas, então o sacrifício crucial foi limitado, finito, e por isso não serve para livrar o homem do pecado, pois a divindade infinita não morre nunca e se as naturezas humana e divina são separadas, quem morreu na cruz foi um homem. Isso mostra que o Deus-homem deve ser homem e Deus em tudo. Assim, a divindade se fez homem em tudo, até na morte e morrendo sacrificou-se de forma infinita livrando o homem da pena infinita e da escravidão perpétua do pecado. Logo, para satisfazer a libertação do homem o ente libertador deve obrigatoriamente ser Deus.

Há ainda outro motivo que leva o sacrifício a ser o sacrifício de um Deus-homem. Mesmo o Deus-homem nascendo para ser puro, Ele poderia ser contaminado com a mancha do pecado enquanto homem. Nesse caso, o homem-Deus poderia não ser gerado, pois em Deus não pode haver pecado e se houvesse pecado no homem-Deus, esse sequer poderia existir. Logo, o Deus-homem deve ser puro desde a concepção, livre do pecado. O sacrifício deveria livrar a progenitora do Deus-homem do pecado para que esse não contaminasse o ente libertador. Só mesmo um sacrifício atemporal poderia livrar Maria do pecado original antes do sacrifício ocorrer no tempo.

Pelos argumentos acima apresentados, nota-se que a libertação do homem só pôde ser feita pelo homem e ao mesmo tempo por Deus. Assim sendo, o ente libertador deve ser plenamente Deus e plenamente homem. Dessa maneira, vemos que o sacrifício de Cristo não foi uma injustiça, mas sim a justiça e a misericórdia infinita de Deus.

OBS: Este é o primeiro artigo, logo vira a segunda parte em outro artigo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Revelação Divina [Programa Credo in Ecclesia]

Por John Lennon J. da Silva

No último dia 16/07 comecei a apresentar o programa “Credo in Ecclesia”. O primeiro tema apresentado foi a “Revelação Divina” em cerca de 1 hora, tratei de como Deus se comunicou ao homem pela história especialmente por meio do povo eleito [os hebreus], por conseguinte, as Sagradas Escrituras, a Sagrada Tradição; a formação do cânon bíblico. As divergências entre o Protestantismo e a Igreja Católica a respeito do assunto.

O programa vai ao ar todos os sábados pela Rádio-web Resgate, a partir das 18:30 hs no site da Comunidade Católica Resgate.

Agora passo para os leitores o áudio para download, você também pode escutá-lo por intermédio do 4shared. Abaixo segue o arquivo.



sábado, 6 de agosto de 2011

O fim dos "evangélicos"

O presente artigo visa desmascarar a lenda de que “crescem” as seitas protestantes, evangélicas, crentes, ou seja lá como gostam de serem chamadas.

Presidente da sociedade teológica evangélica retorna à Igreja Católica:

WASHINGTON DC, 08 Mai. 07 (ACI).- Francis Beckwith renunciou esta semana a seu cargo de Presidente da Sociedade Teológica Evangélica (ETS). O motivo: retornou à Igreja a Católica onde cresceu e que abandonou para abraçar o protestantismo. Beckwith relata que começou sua volta à fé em que cresceu, quando decidiu ler alguns bispos e teólogos dos primeiros séculos da Igreja. “Em janeiro, por sugestão de um amigo querido, comecei a ler os Padres da Igreja assim como alguns trabalhos mais sofisticados sobre a justificação em autores católicos. Comecei a convencer-me que a Igreja primitiva é mais católica que protestante e que a visão católica da justificação, corretamente compreendida, é bíblica e historicamente defensável”. Por isso, em 28 de abril passado recebi o sacramento da Confissão”.
http://www.acidigital.com/noticia.php?id=9899

Igreja Católica para de perder fiéis no Brasil:

Para a desgraça geral dos evangélicos, mais recentemente, pouco antes da vinda do Papa Bento XVI, em 2007, a Fundação Getúlio Vargas divulgou em pesquisa, que: A Igreja Católica parou de perder fiéis no Brasil. Na década de 1990, o número diminuía cerca de 1% a cada ano. A partir de 2000, não houve mais queda.
http://g1.globo.com/Noticias/Economia/0,,MUL30239-5599,00.html

As pesquisas do IBGE acontecem a cada 10 anos, veja que contrariando a falsa notícia de que o número de católicos é cada vez menor, provamos que o número de católicos, é, e sempre foi, cada vez maior que na pesquisa da década anterior, confira:

Segundo o IBGE, em 1940 no Brasil havia 39,2 Milhões de católicos; em 1950, 48,6 Milhões; em 1960, 65,3 Milhões; em 1970, 85,5 Milhões; em 1980, 105,9 Milhões; em 1991, 121,8 Milhões; em 2003, 139,24 Milhões.

Este é todo compêndio de pesquisas feita desde 1940 pelo IBGE. (Fonte: IBGE).

Nos USA cai vertiginosamente o número de evangélicos e cresce o de católicos:

Um estudo feito pelo instituto Gallup indicou que, desde a Segunda Guerra Mundial, o número de católicos subiu de 20% para 27% da população norte-americana, enquanto os protestantes diminuíram de 69% para 59% e os judeus caíram de 5% para 1%.>>
http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20020425/pri_Rel_250402_275.htm

O número de católicos nos Estados Unidos ultrapassa o de evangélicos no Brasil:

No maior país evangélico do mundo, que são os Estados Unidos, os católicos lá, conta 66 milhões e 400 mil católicos, com um incremento anual de 2%, índice igual ao crescimento demográfico. Este número é quase três vezes o número de evangélicos aqui no Brasil, e nunca os católicos, pilheriaram dizendo que os Estados Unidos são uma “nação católica”. (Fonte: http://www.veritatis.com.br/article/2879 )

O papa João Paulo fez crescer o número de católicos no Brasil e no mundo:

Veja a evolução do número de católicos no Brasil e no mundo, conforme dados da ONU e IBGE: quando João Paulo II iniciou seu pontificado, a Igreja Católica tinha 757 milhões de católicos, ao fim de seu pontificado tem 1 Bilhão e 98 milhões de católicos. Nos Estados Unidos o número de Católicos saltou para 74 milhões (esse número é quase três vezes maior que o número de evangélicos no Brasil). No Brasil, quando o Papa João Paulo II assumiu, em 1978, tinha 85,5 milhões, agora tem 125 milhões de católicos. O Papa ampliou a presença da Igreja de 110 para 180 países. (Fontes: IBGE, ONU).

Outra notícia espetacular acaba de ser divulgada:

Cresce número de católicos no mundo:

Escândalos de padres desviados não afastam fiéis nos Estados Unidos. A Igreja Católica cresce e o protestantismo definha:

Noticiou o jornal O Correio: Os vários casos de padres pedófilos não interromperam o aumento na quantidade de fiéis da Igreja de Roma nos Estados Unidos. Segundo dados do Vaticano, o país tem hoje mais de 74 milhões de católicos. Um estudo feito pelo instituto Gallup indicou que, desde a Segunda Guerra Mundial, o número de católicos subiu de 20% para 27% da população norte-americana, enquanto os protestantes diminuíram de 69% para 59% e os judeus caíram de 5% para 1%.

Diz site evangélico: “Há algo errado com o povo chamado evangélico”

Outro site evangélico questiona: “o que aconteceu com os evangélicos?”
Quando Paulo Romeiro escreveu ‘Evangélicos em Crise’ em meados da década de 90, ele apenas tocou em uma das muitas áreas em que o evangelicalismo havia entrado em colapso no Brasil: a sua incapacidade de deter a proliferação de teologias oriundas de uma visão pragmática e mercantilista de igreja, no caso, a teologia da prosperidade. Fica cada vez mais claro que os evangélicos estão atualmente numa crise muito maior, a começar pela dificuldade – para não falar da impossibilidade – de ao menos se definir hoje o que é ser evangélico. (Augustus Nicodemus Lopes).

Católicos partem para ser maioria na Inglaterra

LONDRES, 2007-02-16 (ACI).- Os católicos no Reino Unido aumentam cada dia mais, devido à intensa imigração dos últimos anos, sobre tudo dos países do leste europeu como a Polônia, e poderiam chegar a superar o número de anglicanos no país. Assim o assinala um relatório do instituto Von Hugel, de Cambridge, que foi publicado ontem no jornal The Times, segundo o qual as paróquias católicas vêem crescer fortemente o número de fiéis. Enquanto em alguns lugares, a Igreja Católica respondeu positivamente a esse fenômeno, em outros se viu “afligida” pela magnitude do desafio que representa a maciça afluência de novos fiéis, explica o relatório.

Grupo de anglicanos solicita ingressar “em massa” à Igreja Católica:

Luteranos finlandeses querem voltar ao catolicismo:

Os Luteranos finlandeses manifestaram a intenção de fazer parte da Igreja Católica. Após o apelo à unidade lançado por Bento XVI na sua primeira viagem do Pontificado, a Bari, o Bispo luterano de Helsínquia explicou que a verdadeira intenção de Martinho Lutero “não era fundar uma nova Igreja, mas renová-la”.

D. Eero Huovinen, que também participou no Congresso Eucarístico Nacional Italiano de Bari, afirmou à Agência Ecclesia que “nós, os Luteranos finlandeses, queremos fazer parte da Igreja Católica de Cristo”, numa declaração de intenções que poderá ter consequências nos próximos tempos.
Uma delegação desta Igreja visita todos os anos o Vaticano por ocasião da Festa de S. Henrique, patrono do país. “Junto com os irmãos e irmãs católicos, rezamos para poder ser uma só carne em Cristo”, conclui D. Huovinen, líder da Igreja a que pertencem cerca de 85% dos finlandeses. Fonte: Jaime Francisco de Moura – CN em 26 Maio de 2005./Zenit/

Converte-se ao catolicismo o maior espalhador de calúnias contra a Igreja:

Dr. Scott Hahn ex-pastor presbiteriano, hoje é professor na Franciscan University of Steubenville – Ohio. Tornou-se um dos maiores pregadores católicos dos EUA. Ele foi um ferrenho aliciador de jovens católicos para o protestantismo, tendo distribuído inúmeras cópias do livro Roman Catholicism, de Loraine Boettner , conhecido como a bíblia do anti-catolicismo, mais de 450 páginas contendo todo o tipo de distorções e mentiras sobre a Igreja Católica. O cd do seu testemunho de conversão atingiu o maior número de cópias distribuídas em todos os tempos. O seu testemunho pode ser acessado pelo site:
ou em português no site:

Grande grupo de pastores se converte ao catolicismo:

A revista norte-americana Sursum Corda Special Edition 1996, noticiou que nos últimos anos, cinqüenta pastores protestantes se converteram ao Catolicismo, sendo que outros mais estão a caminho da Igreja Católica. O artigo respectivo, da autoria de Elizabeth Althau, tem por título Protestant Pastors on the Road to Roma, (pp. 2-13).

Alan Stephen Hopes, “ex-pastor” e “bispo” Anglicano, convertido ao Catolicismo, foi nomeado Bispo auxiliar de Westminster por João Paulo II, após ter sido padre por vários anos. (Para ver os testemunhos destes “ex-pastores” e outros mais, leiam o livro: “Por que estes ex-protestantes se tornaram Católicos”. Editora ComDeus – São José dos Campos. Pedidos:

TV católica está convertendo os norte-americanos:
Marcus Grodi – ex-pastor presbiteriano convertido ao catolicismo, nos Estados Unidos, tem um programa às segundas-feiras, às 20h, na televisão EWTN (católica) com uma ótima audiência, no qual sempre entrevista um ex-protestante convertido. Muitos ligam durante o programa para perguntar algo e terminam dizendo que já estão se convertendo. Saltou para 74 Milhões o número de católicos nos Estados Unidos, esse número é quase três vezes maior que o de evangélicos no Brasil.

Para constatar a corrida dos evangélicos para a Igreja Católica de Jesus Cristo, consulte o Livro: “Porque estes ex-protestantes se tornaram católicos! “ Autor: Jaime Francisco de Moura Editora COMDEUS Págs: 52-54.

Essa foi ótima:

Ex-protestante convertido aponta 150 razões por ter virado católico:

Outra notícia maravilhosa: Igreja Pentecostal Maranata decide se tornar católica:

Acesse:http://br.geocities.com/jf_m2001/31.htm , e veja os testemunhos fantásticos do pastor, de sua família e dos ex-protestantes dessa igreja, que viraram católicos depois de descobrir qual a verdadeira igreja de Cristo.

Em meio a estas notícias espetaculares para os católicos, os sites evangélicos confessam:

Igrejas evangélicas “pedem socorro”, com tanto “pastor” pornográfico.

“64% dos pastores evangélicos e evangélicos são pornográficos e 25% são adulteros:

Patrick Means, em seu livro Men’s Secret Wars (As Guerras Secretas dos Homens), numa pesquisa entre os “evangélicos” destaca: 64 por cento dos “pastores evangélicos” e leigos têm problemas com vício sexual, inclusive pornografia e outras atividades sexuais secretas. Especificamente, 25 por cento confessaram ter cometido adultério depois de casados e depois de se tornarem “evangélicos”. Diz o Artigo de Julio Severo, no site evangélico:

Na Europa e nos USA já estão vendendo as igrejas evangélicas:

Já aflorou até uma liquidação de venda de igrejas protestantes. Na página
http://www.property.org.uk/unique/ch.html é possível ver várias. Algumas já foram convertidas em residências particulares ou hotéis.

Na Suécia, Dinamarca, Grã-Bretanha, Alemanha e Holanda, dezenas de templos protestantes, foram convertidos em bancos, supermercados, museus e repúblicas estudantis em razão da perda de fiéis e dos escassos meios econômicos.

Enquanto isso, o Islã espera converter-se na segunda religião na próxima década, logo atrás do Catolicismo. As confissões alemãs precisam de dinheiro para manter sua burocracia; no entanto, este dinheiro torna-se escasso em razão da diminuição de fiéis e paralisação econômica, fatores que repercutem no chamado imposto religioso, isto é, uma quantidade que o Estado retira dos cidadãos e repassa para a igreja a que pertence cada contribuinte. Por isso, os pastores têm optado pela venda dos templos. Na Alemanha, berço do protestantismo, 50% dos alemães já não crêem em Deus. (Fontes consultadas: La Razón – 21.01.2004), (Instituto Emnid), (Popular/Quentinhas do site Terra 31/01/2006).

Depois de experimentar o enxofre das seitas, como o filho pródigo, voltam os dispersos a casa do Pai.


terça-feira, 2 de agosto de 2011

Papa Pio XII salvou 11.000 judeus romanos

Dados publicados pela fundação Pave the Way
Por Jesús Colina

Conforme documentação descoberta recentemente por historiadores, a ação direta do papa Pio XII salvou a vida de mais de 11.000 judeus em Roma durante a II Guerra Mundial.

O representante da fundação Pave the Way na Alemanha, o historiador e pesquisador Michael Hesemann, descobriu muitos documentos originais de grande importância ao pesquisar os arquivos da igreja de Santa Maria dell'Anima, a igreja nacional da Alemanha em Roma.

A Pave the Way, com sede nos Estados Unidos, fundada pelo judeu Gary Krupp, anunciou o achado em declaração enviada a ZENIT.

“Muitos criticaram Pio XII por guardar silêncio durante as prisões e quando os trens partiram de Roma com 1.007 judeus, que foram enviados para o campo de concentração de Auschwitz”, declarou Krupp. “Os críticos não reconhecem nem sequer a intervenção direta de Pio XII para dar fim às prisões, em 16 de outubro de 1943”.

“Novos achados provam que Pio XII agiu diretamente nos bastidores para impedir as prisões às 2 horas da tarde do mesmo dia em que elas começaram, mas não conseguiu deter o trem que tinha aquele destino tão cruel”, acrescentou.

Segundo um estudo recente do pesquisador Dominiek Oversteyns, havia em Roma 12.428 judeus no dia 16 de outubro de 1943.

“A ação direta do papa Pio XII salvou a vida de mais de 11.400 judeus”, explica Krupp. “Na manhã de 16 de outubro de 1943, quando o papa soube da prisão dos judeus, enviou imediatamente um protesto oficial vaticano ao embaixador alemão, que sabia que não teria resultado algum. O pontífice mandou então seu sobrinho, o príncipe Carlo Pacelli, até o bispo austríaco Alois Hudal, cabeça da igreja nacional alemã em Roma, que, conforme relatos, tinha boas relações com os nazistas. O príncipe Pacelli disse a Hudal que tinha sido enviado pelo papa e que Hudal devia escrever uma carta ao governador alemão de Roma, o general Stahel, pedindo que as prisões fossem canceladas”.

A carta do bispo Hudal ao Generale Stahel dizia: “Precisamente agora, uma fonte vaticana [...] me informou que nesta manhã começou a prisão dos judeus de nacionalidade italiana. No interesse de um diálogo pacífico entre o Vaticano e o comando militar alemão, peço-lhe urgentemente que dê ordem para parar imediatamente estas prisões em Roma e nas regiões circundantes. A reputação da Alemanha nos países estrangeiros exige esta medida, assim como o perigo de que o papa proteste abertamente”.

A carta foi entregue em mãos ao general Stahel por um emissário de confiança do papa Pio XII, o sacerdote alemão Pancratius Pfeiffer, superior geral da Sociedade do Divino Salvador, que conhecia Stahel pessoalmente.

Na manhã seguinte, o general respondeu ao telefone: “Transmiti imediatamente a questão à Gestapo local e a Himmler pessoalmente. E Himmler ordenou que, considerado o status especial de Roma, as prisões sejam interrompidas imediatamente”.

Estes fatos são confirmados também pelo testemunho obtido durante a pesquisa do relator da causa de beatificação de Pio XII, o padre jesuíta Peter Gumpel.

Gumpel declarou ter falado pessoalmente com o general Dietrich Beelitz, que era o oficial de ligação entre o escritório de Kesselring e o comando de Hitler. O general Beelitz ouviu a conversa telefônica entre Stahel e Himmler e confirmou que o general Stahel tinha usado com Himmler a ameaça de um fracasso militar se as prisões continuassem.

Institutos religiosos isentos de inspeções nazistas

Outro documento, “As ações para salvar inumeráveis pessoas da nação judaica”, afirma que o bispo Hudal conseguiu, através dos contatos com Stahel e com o coronel von Veltheim, que “550 instituições e colégios religiosos ficassem isentos de inspeções e visitas da polícia militar alemã”.Só numa destas estruturas, o Instituto San Giuseppe, 80 judeus estavam escondidos.

A nota menciona também a participação “em grande medida” do príncipe Carlo Pacelli, sobrinho de Pio XII. “Os soldados alemães eram muito disciplinados e respeitavam a assinatura de um alto oficial alemão... Milhares de judeus locais em Roma, Assis, Loreto, Pádua e outras cidades foram salvos graças a esta declaração”.

Michael Hesemann afirma que é óbvio que qualquer protesto público do papa quando o trem partiu teria provocado o recomeço das prisões.

Ele ainda explica que a fundação Pave the Way tem no seu site a ordem original das SS de prender 8.000 judeus romanos, que deveriam ser enviados para o campo de trabalho de Mauthausen e ser retidos como reféns, e não para o campo de concentração de Auschwitz. Pode-se pensar que o Vaticano acreditasse em negociar a libertação deles.

Soube-se também que o Vaticano reconheceu que o bispo Hudal ajudou alguns criminosos de guerra nazistas a fugir da prisão no fim do conflito.

Por causa de sua postura política, o bispo era persona non grata no Vaticano, e foi repreendido por escrito pelo secretário de Estado vaticano, o cardeal Giovanni Battista Montini (futuro papa Paulo VI), por sugerir que o Vaticano ajudasse os nazistas a fugir.

Gary Krupp, diretor geral da Pave the Way, comentou que a fundação “investiu grandes recursos para obter e difundir publicamente todas estas informações para historiadores e peritos. Curiosamente, nenhum dos maiores críticos do papa Pio XII se deu ao trabalho de vir até os Arquivos Vaticanos abertos (e abertos completamente, desde 2006, até o ano de 1939) para fazer estudos originais. Também não consultaram o nosso site gratuito”.

Krupp afirma ter a sincera esperança de que os representantes dos peritos da comunidade judaica romana pesquisem o material original, que se encontra a poucos passos de sua casa.

“Creio que descobriram que mesma existência hoje da que o papa Pio XII chamava ‘esta vibrante comunidade’ deve-se aos esforços secretos deste papa para salvar cada vida”, disse. “Pio XII fez o que pôde, quando estava sob a ameaça de invasão, de morte, cercado por forças hostis e com espiões infiltrados”.

Elliot Hershberg, presidente da Pave the Way Foundation, acrescenta: “No serviço de nossa missão, nos empenhamos em tentar oferecer uma solução para esta controvérsia, que atinge mais de 1 bilhão de pessoas”.

“Temos usado nossos links internacionais para obter e inserir em nosso site 46.000 páginas de documentos originais, artigos originais, testemunhos oculares e entrevistas com especialistas para oferecer esta documentação pronta a historiadores e especialistas.”

“A publicidade internacional deste projeto tem levado, a cada semana, nova documentação, que mostra como estamos nos movendo para eliminar o bloqueio acadêmico que existe desde 1963.”

Fonte:

ROMA, sexta-feira, 29 de julho de 2011. Disponível em: http://www.zenit.org/article-28585?l=portuguese